Posto no mar gelado procuro nadar e tudo é escuro e medo. O Titanic despede-se dos oceanos onde nunca navegou, soltando um mugido doído como vaca que perdeu o rebanho. Pelo menos, Leonardo não virá mais deitar fogo em nossa Amazônia. É Celine Dion, esta que encaminha o barco que nunca chegará até mim?
Correndo na pista, o coração em fogo. Ultrapasso um, alcanço outro, o suor encharcando a camisa. Antes de chegar ao final a dor no peito me acorda e estou na cama procurando por ar.
Fiz um saque perfeito e corri para minha posição no meio da quadra. A bola já vinha voltando e caiu na minha mão. Passei para a linha de frente e o cara levantou, eu saí da posição para dar uma cortada sen-sa-cio-nal. Virei para outro lado e dormi satisfeito porque, mesmo em sonho, ainda era o bambambam no vôlei.
OFERTAS DA SEMANA
Vendo moral ilibada. Sem uso. Artigo pétreo.
Troca-se a frase todos os homens nascem iguais por todos os homens são iguais depois que morrem.
Alugo: Vergonha na cara. Especial para inquilinos dos Três Poderes. Precinho a combinar.
Como se costuma dizer com marginais, a casa caiu para os fabricantes de fake news ligados ao bolsonarismo em suas mais altas esferas. O Fantástico trouxe neste domingo um apanhado do que esse pessoal andou aprontando. O material exclusivo do programa da Rede Globo traz detalhes inéditos da investigação do Facebook, no trabalho interno da plataforma que derrubou páginas em redes sociais ligadas ao presidente Jair Bolsonaro e a políticos do PSL. O STF também investiga os farsantes que fabricam fake news.
O jogo sujo consiste basicamente em criar notícias falsas e ataques a adversários do presidente, também com conteúdo falso, para manipular o debate público. Isso cria também falsamente uma aparência de força política do governo e desprestígio da oposição. Tudo é apresentado como notícia verdadeira, usando para isso linguagem imitada do jornalismo, até com páginas que se apresentam como jornalísticas, mas que na verdade foram abertas pelo esquema de desinformação.
Claro que isso custa dinheiro, não só para o pagamento dos farsantes como para manter a estrutura material, que não custa pouco. O inquérito do STF provavelmente já chegou às fontes milionárias dessa farsa, que é criminosa não só em razão dos ataques e da manipulação, mas pelo aspecto financeiro, podendo conter inclusive aquela famosa ilegalidade que levou Al Capone para a cadeia: a sonegação de impostos. Ao que consta, existem empresários por trás, financiando tudo.
O material revelado pelo Fantástico é apenas uma parte dessa articulação criminosa. No entanto, a reportagem mostra muita coisa, como, por exemplo, o perfil dos integrantes da trama. Um deles é assessor especial do presidente Jair Bolsonaro e trabalha dentro do Palácio do Planalto, recebendo um salário de mais de R$ 13 mil. Ele é Tércio Tomaz, que além de uma conta pessoal, mantinha outras duas, anônimas, chamadas Bolsonaro News.
Segundo a reportagem, o esquema tem mais integrantes pagos com dinheiro público. Pelo menos oito páginas falsas eram da responsabilidade de Leonardo Rodrigues de Barros, que trabalhava no gabinete da deputada estadual Alana Passos, do PSL do Rio, com salário de mais de R$ 6 mil. Também sobre este criador de fake news, Bolsonaro não pode dizer que não sabia de nada. O presidente chegou a gravar um vídeo para uma de suas páginas.
Postagens feitas por Leonardo eram compartilhadas pela noiva, Vanessa Navarro, assessora do deputado estadual Anderson Moraes, do PSL. Sete páginas ligadas a Vanessa foram derrubadas pelo Facebook.
A rede de contas falsas era operada por dois assessores ligados ao deputado federal Eduardo Bolsonaro, o Eduardo Bananinha, filho do presidente. Um deles é Eduardo Guimarães. A CPI das Fake News já havia descoberto que ele usou um computador da Câmara dos Deputados para criar uma conta de ataques virtuais. Outro assessor do deputado Bananinha é Paulo Eduardo Lopes, que se apresenta como Paulo Chuchu. Seis contas dele foram derrubadas.
Em quatro ele praticava a fraude de que falei: se passavam por redações jornalísticas, como The Brazilian Post, The Brazilian Post ABC e Notícias São Bernardo do Campo, segundo o Facebook. A investigação também aponta a participação de funcionários ligados ao senador Flávio Bolsonaro. Toda a família Bolsonaro se negou a dar sua versão para o programa.
A reportagem do Fantástico faz uma devassa reveladora nesta jogada desonesta, que começou na campanha eleitoral, o que causa muito medo em Jair Bolsonaro e seus parceiros. Se houve crime eleitoral, o processo pode chegar até sua cassação. O programa de Rede Globo tem acesso aberto, para o qual coloco abaixo o link. A matéria apresenta muito bem o funcionamento dessa forma de manipulação política, revelando a relação direta dos fake news com o governo de Jair Bolsonaro.
O MINISTRO DA JUSTIÇA, André Mendonça, demitiu o coronel que orientou a formação de dossiê sobre policiais antifascistas. Um setor só para isso, quando a quantidade dos fascistas em ação na presidência da República e no ministério Bolsonaro é imensa.
Na operação contra os supostos antifascistas, o ministro instituiu a proteção aos fascistas. Na obediência cega a Bolsonaro, André Mendonça ainda faria dessas. Sua credencial de ministro vem de ser filho de assessor e velho amigo do presidente, a quem deve chamar de tio.
O sobrinho do capitão sonha com o STF. Como o tio não cai, o sobrinho fascistoide ainda sobe.
Em setembro de 2011, após um engavetamento de 200 carros na Rodovia dos Imigrantes, a concessionária que fatura com o pedágio nesta via e na Anchieta interditou a estrada em decorrência da neblina e a baixa visibilidade. A partir daí, nessa situação, os trajetos são feitos com comboios e, periodicamente, a rodovia é interditada em alguns trechos em decorrência da neblina.
É o dever de segurança da concessionária para os usuários.
Normalmente existem os deveres operacionais expressos que contêm o da elaboração e implantação de planos e esquemas para atendimento a situações de emergência, tais como incêndios, neblina, acidentes com produtos perigosos, desabamento, inundações e outros que possam afetar diretamente a fluidez e a segurança do tráfego – ou prevenir eventos que provoquem consequências ambientais.
Tudo isto está inserido nas obrigações de eficiência, conforto, fluidez do tráfego e segurança.
Os pedágios no Paraná têm uma longa história para contar. Em resumo, tudo foi mostrado nas notícias policiais sobre corrupção, desvio de dinheiro e superfaturamento que redundaram num acordão de leniência que livrou os responsáveis de prisão. Segundo a Lava-jato foram 20 anos de corrupção e os desvios chegaram a 8,4 bilhões de reais por meio de supressões de obras rodoviárias e aumento de tarifas em concessões.
A CCR, que opera a BR 277, reconheceu a propina em pedágio e em março de 2019 informava a redução do valor em 30%, além de somar 350 milhões em abatimentos (Folha SP).
O acidente da manhã de ontem em São José dos Pinhais, que envolveu mais de 20 carros, várias motos, matou 8 pessoas e deixou feridos outros tantos, ressalta a questão dos deveres das concessionárias; neblina, falta de visibilidade, queimadas e enchentes, tudo isto, deve estar no radar operacional das empresas para, se for o caso, se proceda a interdição da via até as causas cessarem. Nunca é demais saber,por exemplo, que meio metro de visibilidade em neblina e queimada equivalem a altíssimo risco de acidentes – portanto, deve ser evitado.
Quando se trata de processar, punir ou culpar os grupos econômicos no Brasil, é quase sempre assim, os processos se arrastam por décadas e, ao final, ninguém responde por nada e fica tudo como está para ver como é que fica.
Me chamaram do hospital. O aviso é que ele estava lá na pedra. Pedra é o local para onde vão os que morreram. Na pedra se troca a roupa, faz-se a barba, enfim, prepara-se o morto para o caixão e o velório. Naquela cidade os que são apenas corpo ainda são velados na sala de suas casas. No local havia apenas um funcionário. Meu pai estava lá, com o olho esquerdo aberto. Cristalino. Passei a espuma no rosto e ao começar a deslizar a lâmina do aparelho em seu rosto, comecei a conversar com ele. Contei que pela primeira e última vez via seu corpo nu. Falava e olhava para dentro daquele olho. De alguma foram sabia que estava sendo ouvido.
Ele sempre se manteve magro, ossudo, rosto vincado como um mocinho ou bandido de faroeste. Meu herói sempre foi calado, mas falava pelo olhar – e todos entendiam. Assim, depois que partiu, fui apresentado para o que Jorge Amado popularizou como estrovenga.
Brinquei dizendo que aquele era um dos motivos para a baixinha, mulher dele, nunca o ter abandonado. Ele riu. Vi agora, na lembrança, o sorriso raro. Terminei o serviço, coloquei a roupa dele e o deixei naquela pedra. Depois ajudei a engavetá-lo na outra, no cemitério simples e encravado no meio a uma plantação – perto do sítio onde nasceu e eu fui feito. Ao longe, dá para ver dali, sobre a cidade, um c.
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