Mural da História – 2015

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S.O.S Hipotipose – lutar com palavras é a luta mais sã

Noventa e nove por cento dos escritores não sabem o que é hipotipose. O 1% restante simplesmente dá de ombros. Não é doença de cavalo, já aviso. Calma. Leia isto: “Algumas vezes, na praia, começava a chover subitamente, as nuvens deslocando-se velozmente sobre o mar, como cavaleiros negros em arrasadora carga de cavalaria, os raios cortando o céu como golpes de cimitarras zangadas. As moças correriam para seus suéteres e bolsas de praia, alguém recolheria o toca-discos portátil e o álbum de 45-rpm, os rapazes ergueriam o cobertor sobre a cabeça como uma marquise e todos buscariam a segurança da calçada do restaurante mais próximo. Lá ficariam eles contemplando a praia batida pela chuva, os canudinhos de Coca-Cola, torcidos e manchados de batom, dentro das garrafas vazias”.

Você começou a entender o que é hipotipose. Talvez possa se dizer que é coisa antiga, da literatura antiga. Bem de quando as pessoas sentavam quietas numa chaise-longue e se deleitavam com os romances. No caso, esse parágrafo acima é de uma novela policial de Ed McBain. Hipotipose seria a descrição pormenorizada de uma cena, com pouca ou nenhuma análise por parte do autor. Trataria da apresentação objetos visíveis em vez de elucubrações espirituais. Acho que ela ainda é interessante pra autores que ganham por palavra — falo dos estrangeiros, claro! As caudalosas descrições ajudam a encher linguiça e produzir mais um best-seller.

Pra exemplificar, diria que Os sertões, do Euclides da Cunha, seria hipotipótico por excelência. Nota dez. E o Dalton Trevisan de hoje tiraria zero. E seria a nota máxima, pois tirar dez significa ter mãos pesadas e estilo oceânico.

Outro exemplo que tirei do livro O perfume, de Patrick Süskind. Logo no capítulo 1, segundo parágrafo, pra situar toda a ação do livro, o autor descreve assim a cena: “Na época de que falamos, reinava nas cidades um fedor dificilmente concebível por nós, hoje. As ruas fediam a merda, os pátios fediam a mijo, as escadarias fediam a madeira podre e bosta de rato; as cozinhas, a couve estragada e gordura de ovelha; sem ventilação, as salas fediam a poeira, mofo; os quartos, a lençóis sebosos, a úmidos colchões de pena, impregnados do odor azedo dos penicos. Das chaminés fedia o enxofre; dos curtumes, as lixívias corrosivas; dos matadouros fedia o sangue coagulado. Os homens fediam a suor e a roupas não lavadas; sua boca fedia a dentes estragados, seu estômago fedia a cebola e, o corpo, quando não era bem mais novo, a queijo velho, a leite azedo e a doenças infecciosas”. E vai por aí.

Uma fedentina que causa arrepio e engulho. Só não concordo com o autor quando ele diz que o fedor daquela época seria inconcebível pra nós, né? Ou será que ele disse isso de propósito, pra gente rir?

*Rui Werneck de Capistrano é autor de Nem Bobo Nem Nada

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Flagrantes da vida real

Troféu Gralha Azul – Homenagem a Rosy de Sá Cardoso. © Maringas Maciel

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Mural da História – 2014

O cartunista obsoleto que vos digita e Robert Amorim, Le Pomme de Terre (Beto Batata), Sampa, na frente do Inferno, Rua Augusta. Eu usava a camiseta (presente de Tiago Recchia) de um conhecido presidente, que, na época, ainda era negro.  © Vera Solda

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A união dos desunidos

União Brasil e PP voltaram a discutir a formação de uma federação que, agora, inclua o Republicanos. Fontes dos partidos se dizem animadas, mas, na prática, os problemas que impediram inicialmente a junção das legendas no primeiro semestre de 2023 continuam iguais – e até com agravantes.

Antes, a disputa pelos comandos regionais impedia o acordo. A federação precisa de um único presidente nacional e um único comando local. Nas eleições municipais do ano que vem, por exemplo, será este comando regional que decidirá as posições da federação.

Oficializada a federação, os três partidos precisam estar juntos por quatro anos. Mas, agora, há outro problema: a disputa pelo comando da Câmara no início de 2025.

As três legendas têm candidatos para a sucessão de Arthur Lira (PP-AL). O União Brasil quer Elmar Nascimento (BA); o PP, Aguinaldo Ribeiro (PB); e o Republicanos, o deputado Marcos Pereira (SP), seu presidente.

Um deputado que participa dos debates internos disse ao Bastidor que, apesar da animação das lideranças dos partidos, as chances de nada sair do lugar são ainda maiores que na primeira tentativa.

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Mural da História – 1984

Beto Bruel, Milzi Guiz e o cartunista que vos digita, 1984. Foto de quem estava lá.

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Saul Bass

1955|Bom Dia Tristeza, direção de Otto Preminger, Estados Unidos.

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Redemption Song – Bob Marley (Band version)

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Mural da História – 2019

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Mais faceiro que mosca em tampa de xarope.

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O que você não vai ler nos jornais

A pizza não tem sexo. A revelação, feita durante o Congresso Anual dos Plantadores de Orégano, provocou revolta entre os participantes do encontro, que se negaram a almoçar e se esbofetearam violentamente, imaginando genitálias misturadas com presunto, queijo, atum e fatias de salame. Segundo o representante da Bavária, a afirmação de que a pizza é assexuada não passa de um blefe, na tentativa de impor ao mercado um novo tipo de empada, mais feminina, para acompanhar as novas tendências da moda. O encontro, previsto para durar três dias, terminou com a intervenção da polícia, que apreendeu a maioria das latas de azeite de oliva e todos os guardanapos manchados de ketchup.

Os ventiladores suecos atingem a maioridade aos 10 anos de idade, em virtude dos fortes ventos vindos da Inglaterra, entre a primavera e o verão. Antes da puberdade, no entanto, são incapazes de refrescar uma sala contígua, por mais acionados que sejam. Esse fato se deve , em partes, à crescente falta de calor humano no mundo.

Os Países Baixos, principais exportadores de anões para os Estados Unidos, manifestaram descontentamento ante o boicote americano ao salto alto, alegando quebra de acordo assinado entre ambas as partes. A nota oficial adverte o mundo livre do perigo que correm as nações subdesenvolvidas, eternamente submissas às grandes potências, cujas exigências e imposições fazem dessas nações gato e sapato. Um grupo de estudantes europeus, revoltado com o boicote, ocupou a lanchonete Bob’s, mantendo 324 hambúrgueres como reféns. Até agora os estudantes não se manifestaram quanto às reivindicações, embora todos tenham pedido sanduíche de pasta de galinha e suco de laranja com bastante açúcar. O presidente americano continua em silêncio. E de chinelos.

Um frigorífico canadense acaba de lançar no mercado um novo tipo de bife, inteiramente de plástico, para as pessoas sem fome. A novidade do produto consiste nos quistos adicionados ao produto, semelhantes aos consumidos nos bifes de origem animal. Em diversas cores e tamanhos, o bife de plástico pode ser encontrado em qualquer bijuteria. Acompanha o bife um estojo para extração dos quistos.

Foi preso na Tchecoslováquia o matemático Zaiko Treimus, por ter promovido manifestações públicas em favor das bolinhas de sabão quadradas. Treimus, 87 anos, principal articular do movimento Arroto Universal, de tendência sedentária, nada declarou no momento da prisão, apenas esboçando um sorriso amarelo, cheio de bolinhas vermelhas.

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Flagrantes da vida real

É proibido beber antes, durante e depois do expediente. ©Maringas Maciel

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Fraga

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Você acha que só os outros envelheceram?

Já aconteceu de você, ao olhar para uma pessoa da mesma idade, pensar: “eu não sou assim tão velho”? Isso acontece também quando encontra um velho amigo, alguém que conheceu na juventude ou estudou com você?

Como nossa percepção da passagem do tempo é subjetiva, acabamos nos acostumando com as mudanças que acontecem ao nosso redor, e elas passam a parecer menos radicais… Por isso, quando vemos nossos amigos de tempos atrás, as mudanças que eles sofreram parecem mais acentuadas, assim como se nosso espelho fosse mais camarada…

Costumo brincar com minha mulher usando uma frase que aprendi com o Jaime Lerner após ter acompanhado ao elevador um ator de TV e teatro que o visitou no Palácio Iguaçu. Ao voltar à sala dele comentei:
– “Você viu como ele envelheceu?”
A resposta foi de bate-pronto, ao estilo JL:
– “E nós não, né?”

A história a seguir mostra isso com muito bom-humor:

“Estava sentada na sala de espera para a consulta com um novo dentista, quando observei o seu diploma na parede.

Li o seu nome e recordei de um moreno alto que tinha esse mesmo nome. Era da minha classe do colegial, uns 30 anos atrás e eu me perguntei se seria o mesmo rapaz por quem eu tinha me apaixonado à época.

Entrei na sala de atendimento e, imediatamente, afastei esse pensamento.

Esse homem grisalho e quase calvo, baixo, gordo, enrugado, era demasiadamente velho e desgastado para ter sido o meu amor secreto.

Depois que ele examinou os meus dentes, perguntei se ele tinha estudado no Colégio Santa Cecília.
– “Sim” – ele respondeu.
– “Quando se formou?” – perguntei.
– “Em 1973. Porque esta pergunta?”
– “É que… Bem… Você era da minha classe” – exclamei.

E então aquele velho horrível, cretino, careca, barrigudo, flácido, lazarento, esclerosado, filho da puta, me perguntou:
– “A senhora era professora de quê?”

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