Intuitus ladronae

O MINISTRO Félix Fischer, do STJ, revogou a prisão domiciliar de Fabrício Queiroz, antes concedida por João Noronha, presidente do tribunal (que a negou a milhares de outros presos, pelo mesmo fundamento que a concedeu ao rachadeiro da família Bolsonaro).

A matéria agora baixa ao TJ/RJ para decidir habeas corpus anterior de Queiroz, e pelo ministro Gilmar Mendes, do STF – o mesmo assunto do mesmo preso. Os códigos de processo, sempre atrasados, ainda não deram nome a isso. Chama-se gangorra judicial.

Se no Brasil as decisões sobre corruptos e seus auxiliares seguem o princípio da intuitus personae (mais importante o criminoso mais amena a justiça), dê-se um basta à essa ida e vinda de prisões para Fabrício Queiroz. Que cumpra prisão domiciliar no Palácio do Alvorada.

Acoitado pelo próprio advogado, qual o problema em ser acoitado pelo chefe? Reduz a população carcerária, sem prejuízo da ação da justiça; tem a AGU para orientar na defesa, os médicos da presidência para o coração rachado – e volta a pescar com o compadre no laguinho do Alvorada.

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Pia. © IShotMyself

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Que esquerda tola nós somos!

Minha vaidade não serve de nada na lama em que nos metemos

São mais de 100 mil mortes e um presidente genocida. É obrigação minha, como cronista do maior jornal do país, escrever sobre mais de 100 mil mortes e um presidente genocida, mostrando que eu não sou uma absoluta alienada (como fiz parecer nas últimas colunas, na tentativa de resgatar alguma criatividade, algum humor —porque não aguento mais ler e escrever sobre o óbvio— mas falhei completamente, não fui nem engraçada nem profissional, e agora me envergonho um tanto).

Contudo, eu, que senti muito nesses cinco meses, que intoxiquei meu fígado com remédios para enxaqueca e encarocei todos os músculos das minhas costas com um tenso inconformismo, apenas parei. Não consigo mais sentir nada.

Eu, que sou contra “tocar a vida” ante mais de 100 mil mortes e um presidente genocida, começo aos poucos a tocar a minha. Deixei minha filha brincar no parquinho, fiz sessões de fisioterapia, tenho pensando em cortar o cabelo. Fracassei miseravelmente. A ânsia de resgatar costumes e o desejo egoísta de seguir minha vidinha de branca da zona oeste venceram.

Eu, que fui convidada a fazer um minuto de silêncio no último domingo, não fiz. Não quis. Não acredito que isso resolva qualquer coisa. Que emocione as pessoas. A mim não causa nada. Ao meu pai, eleitor do Bolsonaro, não causa nada. A alguns funcionários que trabalham no prédio onde moro, eleitores do Bolsonaro, esse tipo de manifestação nem chega. Eu cansei de fazer bonito pra minha bolha.

De sentir um frio na barriga porque a jornalista famosa militante me chamou de “necessária”. De esperar o like do intelectual progressista gato que me esnobou no passado. Minha vaidade não serve de nada na lama em que nos metemos.

Como eu posso escrever uma crônica sobre mais de 100 mil mortes e um presidente genocida se comprei várias máscaras pretas porque “ficam bem com qualquer roupa”? Como posso me considerar feminista se estou aqui rindo da galera que passa sangue de menstruação no rosto e chama isso de máscara facial boa pra pele? Todas com aquele sotaque-sinusite de escola cara de Pinheiros. Eu não gosto de menstruar. Acho uma merda. Eu não postei foto gatinha em preto e branco no Instagram. Que esquerda tola nós somos. Pra mim, sagrado feminino é quando, apesar do machismo, vendo uma ideia de roteiro, ganho bem e falo “aleluia!”. E ver esses vídeos, esses desafios, essa besteirada toda me dá vontade de passar sêmen no cabelo e chamar de gel orgânico.

Eu, que participei de muitos grupos de WhatsApp para pensar o que fazer contra o horror, o descaso, a tristeza, apenas parei. Saí de todos os grupos, eu não suporto mais as pessoas que fazem parte deles falando umas para as outras “ai, você é foda”, “ai, para, você que é um gênio”. E os 30% que ainda defendem o Bolsonaro seguem intactos. E nós, culpados pelo fascismo operante, caminhamos com nossas máscaras-focinheiras, pedindo desculpas apenas pelos áudios longos sobre sonhos e queixas.

Que esquerda é essa que deixou isso acontecer e segue deixando? Por que eu nadei em uma piscina no dia em que o número de mortes, certamente defasado, atingiu 100 mil? Porque tenho plano de saúde e porque não tenho caráter.

Eu não suporto mais ir além de mim. Meu corpo tem doído demais e os analgésicos estão perdendo o efeito. E por que eu estou falando da minha dor, do meu limite, quando deveria escrever sobre a dor dos milhares de pessoas que perderam amigos e parentes queridos? Porque, infelizmente, como uma parte significativa da esquerda desse país, eu sou autocentrada e idiota. Estamos na merda.

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Mural da História

7|fevereiro|2010

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Pedágios, a história se repete?

Segundo a operação Lava-jato foram 20 anos de corrupção e os desvios chegaram a 8,4 bilhões de reais por meio de supressões de obras rodoviárias e aumento de tarifas em concessões.

Resumo da roubalheira: ninguém foi preso, tudo acabou um acordão de leniência e plaquinhas de desculpas nas estradas, com a real possibilidade de que os mesmos donatários continuem no domínio das novas concessões.

Como ficaram as obras que deverão ser executadas?

Se os contratos forem encerrados como ficam estas obras futuras?

O governo Temer editou uma medida provisória para resolver isto com a invenção da re-licitação, serviu muito bem para o estado do Rio de Janeiro e outros.

Neste conjunto de ações legislativas foi criada a arbitragem pública para as novas concessões e para afastar o perigo de liminares do poder judiciário e das auditorias dos Tribunais de Contas, e fundamentalmente, afastar o povo disto tudo.

Nomeiam-se advogados privados das empresas concessionárias para que eles decidam as pendências milionárias.

Não se fala em pedágio público para ser administrado por empresas públicas e nem no rigor das bilhetagens das cancelas que são a enorme caixa preta para ocultar os valores arrecadados.

Os primeiros e segundos contratos foram feitos com muitos, mas muitos direitos e pouquíssimos deveres para tornar o negócio atraente e fizeram nascer bilionários, que, atualmente, nem mais residem no Brasil.

Agora quem quer abocanhar as praças de pedágios é o mercado financeiro, e os alguns barões que já enriqueceram às custas de contratos mal feitos e uma modelagem altamente lucrativa com baixíssimo retorno ao povo e tarifas nada módicas.

Também por longos décadas jamais tivemos agência reguladora, com o DER completamente desmontado. Diferente de outros estados que possuem estradas duplicadas com até quatro ou mais vias por sentido.

Os novos modelos são de total interesse do governo federal e seus representantes financeiros e são eles que prevalecerão no Estado. É apenas questão de tempo.

De novo, o povo ficará completamente fora do debate, mas pagará a conta no final, sempre alta.

Ninguém fala em plebiscito para saber se o povo paranaense quer ser espoliado por mais vinte ou trinta anos com pedágios, pois somente assim saberíamos qual o desejo de quem sustenta o Estado do Paraná e esta máquina de fazer fortunas.

Abrir para o povo dizer “sim” o “não” para a continuidade dos pedágios e instalar uma ampla discussão sobre os modelos e sobre as oligarquias que querem se assenhorar das estradas paranaenses é o mínimo que uma democracia deveria fazer.

Havia um projeto de plebiscito para os pedágios na Assembleia Legislativa, mas foi arquivado. Como afirmou o ministro do meio ambiente, em meio à pandemia, devemos passar a boiada.

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Modus in rebus

 

A JUÍZA DE CURITIBA foi infeliz, preconceituosa e refletiu o recôndito racismo do brasileiro branco ao lembrar na sentença que o ladrão era negro. É inaceitável, incompreensível que um magistrado experiente desvende o preconceito. Os magistrados não são imunes aos preconceitos, mas os sufocam na camisa de força do dever de julgar na forma da lei. E a lei não permite condenar o delinquente pela agravante da cor.

Mas é absurdo – menor, compreensivel pela indignação humana e cívica, mas sempre um absurdo – afirmar sem maior análise que a juíza condenou porque o delinquente era negro. A sentença apresentou os fatos que levaram à condenação. Chamar a atenção para a cor sem dúvida causa indignação, mas a sentença será inválida se ficar demonstrado que a cor – e o preconceito – sobrepesaram ao fato criminoso.

O racismo da sentença, isoladamente visto – e aqui se incorre no zelo indignado dos críticos -, pode não ter reflexo no conjunto dos fatos do processo, como sabem até os eminentes advogados que a condenam. Chama-se a isso obiter dictum, aquela parte do raciocínio que pode ser descartada sem prejudicar a conclusão da sentença. O obiter dictum foi infeliz, reprovável e mancha a biografia da juíza.

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elas

Fernanda Torres.  © Jorge Bispo

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CXLVI

Confesso que fiquei impressionado com a sentença de uma juíza de Curitiba. Ela condenou um réu afirmando que sua raça era uma evidência de que pertencia a um grupo de ladrões.

De um modo geral, sempre comentamos o caso de policiais que suspeitam de uma pessoa porque ela é negra. Às vezes, é até um processo subconsciente.

Mas essa juiza, chamada Inês Zerpelon condenou uma pessoa argumentando com sua cor e, mais do que isso, escreveu isto na página 109 da sentença.

O ideal seria extrair essa página e colocar num museu com a indicação de que a sentença foi proferida na segunda década do Século XX.

Leio que o governador de São Paulo está com covid19. A pandemia atingiu em cheio, desde o presidente aos governadores e também no mínimo oito ministros.

De um modo geral, todos se saíram bem. Mas não deixa de ser uma atividade perigosa essa da política em tempos de pandemia.

Leio também que Trump já comprou vacinas para o dobro da população americana. Não entendo isso. Será que vai revender vacinas, distribuir para governos amigos?

Houve uma revoada no governo. Saíram os responsáveis pela privatização e pela reforma administrativa. Isto significa que, depois da luta contra a corrupção, o governo pode colocar na gaveta duas de suas bandeiras.

Algumas estatais são improdutivas e mereciam ser privatizadas. Por outro lado, a reforma administrativa é algo essencial, para tornar a pesada máquina do governo algo mais efetiva.

Mas o acordo com o Congresso dificilmente permitirá que Bolsonaro avance nesse campo. Como entregar cargos a políticos e esperar que aceitem vender as empresas para a iniciativa privada? Como racionalizar a máquina diante da grande pressão corporativa?

Bolsonaro precisa gastar para se reeleger e, ao mesmo tempo, precisa mudar de base eleitoral.

É o figurino tradicional que nos levou a tantos impasses e ao próprio Bolsonaro.

Escrevi hoje um artigo sobre isso.

Não há sistema politico que resista a tanto tempo de decadência. A democracia não é eterna. Pelo contário, é uma construção cotidiana. O tempo deve mudar na quinta. Está previsto. Foi uma linda semana no Rio.

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Tempo de desalento e fúria

Dias desses, eu quis tirar o time de campo. Encaminhei uma mensagem ao mestre Zé Beto argumentando não entender mais este mundo e muito menos este nosso país. De repente, mocinho virou bandido e bandido, mocinho. Aqui, mesmo em meio a uma brutal pandemia, só se pensa em levar vantagem, enganar o próximo. Não há mais inocentes. Os especuladores estão em plena ação; os destruidores da floresta, os invasores de terras indígenas e a garimpagem ilegal e predadora contam com o apoio governamental. E eu me sinto um idiota, sustentando os meus conceitos e princípios ultrapassados. Afirmei que já havia dito (e até repetido) tudo o que achava necessário dizer. Por isso, chegara a hora de parar.

Reiterei que hoje reina o ódio no Brasil, irmão contra irmão, amigo contra amigo. Não há mais espaço para discussão civilizada, troca de ideias, manifestação de opinião. Perto de me tornar octogenário, conclui que o meu tempo já passou. Não me é dado mais o direito de ser ingênuo, iludir-me e ter a esperança de dias melhores – a não ser, talvez, daqui a uns cem anos.

Como exemplo, citei a Operação Lava-Jato. Subitamente, virou maldita. Não obstante, para mim continua sendo a coisa mais importante que aconteceu no país nos últimos tempos. Nunca, em tempo algum, bandidos de carteirinha, notórios e tradicionais larápios do erário, como a família Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS, Andrade Gutierrez, Lula, Sérgio Cabral e que tais foram tirados de circulação e recolhidos ao xadrez. Sem falar dos bilhões de reais restituídos aos cofres públicos pela ação da Lava-Jato e do juiz Moro. Ah, mas foi a Lava-Jato que elegeu o Bolsonaro… Não foi. Quem elegeu o capitão foi Lula e seus asseclas e a imbecilidade do eleitor brasileiro.

Houve excesso no procedimento. Talvez, mas não lhe ofuscou o brilho. Os procuradores Dallagnol, Santos Lima, Pozzobon e os demais integrantes da força-tarefa em Curitiba agiram em consonância com o juiz Sérgio Moro? Ótimo. Na defesa do patrimônio público, são aliados. O Ministério Público não é parte; é uma instituição, assim como o Judiciário. E na luta contra o Mal, os do Bem devem unir-se. Ou alguém ainda acha que os Odebrecht, Lula, Sérgio Cabral, Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Eike Batista, Nestor Cerveró, Antônio Palocci, Eduardo Cunha e João Vacari Neto, entre outros, são inocentes injustiçados? Só aquela triste banda de beca autodenominada Grupo Prerrogativas, notórios petistas e defensores de Lula, Dilma, Temer, Sarney, Aécio e Serra. Aliás, o denunciado “conluio” precisaria incluir também os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e ministros do STJ e do STF (Teori Zavascki e Edson Fachin).

Quem pensa assim, não tem mais lugar no pedaço. Além do que, por não ser fascista, corre o risco de ter o seu nome arrolado no dossiê preparado pelo atual Ministério da Justiça para ser entregue ao império norte-americano.

Zé Beto não aceitou o meu pleito. Ainda que concorde com os meus argumentos, afirma que eu preciso continuar expondo o meu pensamento em meio a essa balbúrdia incompreensível que é o Brasil hoje. Diz que a escrita sustenta a nossa alma. E, citando Nelson Rodrigues, “um pouco de clareza para olhar em volta a gente tem”. Em seguida, sublinha: “Você me apresentou o seu mestre Rubem Alves e eu vou apresentando ele e você a quem nos lê. Se faz sentido a eles ou não, aí já não posso dizer, mas sei que estamos cumprindo uma missão”.

Que assim seja, meu querido ZB. Cumpramos a nossa (ingrata) missão e vejamos até onde podemos ir. Eu comecei com quinze leitores, desde os tempos do extinto O Estado do Paraná, de Mussa José Assis. Era o conhecido “Grupo dos 15”, assim nominado pelo Mário Montanha Teixeira Filho. Depois, os quinze foram reduzidos a nove; hoje, tenho dois ou três que ainda me leem. Que concordam comigo, nem tantos.

A coluna continuará, possivelmente sem a regularidade tradicional. Às vezes, sairá do ar. Para o descanso de todos. Especialmente deste que aqui digita. Ter consciência (e raciocinar) no atual Brasil é doloroso.

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Mural da História

República dos Bananas 10 de março|2016

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Todo dia é dia

Thiago E, além de gago, é poeta, compositor, cantor, agitador cultural, faz parte da banda Validuaté, de Teresina e tem labirintite. Revista AO – Academia Onírica – Teresina|Piauí – número 02.

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Bolsos quentes

A FAMÍLIA BOLSONARO só faz negócios em dinheiro vivo. Flávio paga imóveis no cartório com R$ 87 mil, cash. Sua mãe, Rogéria, paga R$ 95, na bufunfa. O assessor Fabrício Queiroz desconta dinheiro dos funcionários de seu gabinete, no dia do pagamento, na boca do caixa e repassa em seguida para família de Flávio. Estranho no Rio de Janeiro, cidade insegura, com 1 assaltante por metro quadrado.

Como os Bolsonaros carregam tanto dinheiro e não são assaltados? Devem ter proteção da polícia ou das milícias, onde Queiroz tem amigos e parceiros, e Flávio, como deputado aprovava comendas a milicianos notórios. Os Bolsonaros não têm só bolsos quentes. Também têm costas quentes. E o deputado Geddel Vieira Lima foi preso por guardar R$ 57 milhões em dinheiro

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Playboy|1970

1972|Mercy Rooney. Playboy Centerfold

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Ad infinitum…

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