Mural da História

bebum-06-01-20116 de janeiro|2011

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A moda tem dois lados

Clarah-Celso-TavaresClarah Averbuck – © Celso Tavares

A moda tem dois lados. Não, acho que dois é pouco. Deve ter mais, bem mais, mas eu não conheço o assunto profundamente e acho que foi uma boa maneira de começar. Vamos de novo, então.

A moda tem dois lados: a arte e a escravidão. A arte quando vemos todas aquelas belas criações, explosões de cores e criatividade e uma inspiraçãozinha roubada da rua, que ninguém inventa do nada, umas boas idéias e todos aqueles tecidos e aqueles saltos, uma perna atrás da outra, um, dois, flashes, todos aqueles paetês – porque eu gosto de paetês, não sei se nesta estação existem paetês, mas dane-se, porque eu uso paetês quando quero, não quando mandam.

Quando mandam é a escravidão, a parte ruim. Pode, não pode. In, out. Peso, cabelo, maquiagem.

Não, obrigada, eu sei me vestir, ninguém precisa me dizer o que fazer. Estilo e moda, na minha cabecinha de roqueira retrógrada, são duas coisas bem diferentes. Às vezes andam juntas, e é quando funciona. Afinal, os criadores se chamam estilistas, certo? Não modistas. Estilistas. Estilo não sai de moda. Eu acho. Eu acho também que chamaram a pessoa errada para escrever sobre o assunto, mas agora é tarde.

É que eu tenho uma concepção sobre estilo que não combina muito bem com esse negócio de moda por estação. Estilo é algo que engloba a sua cultura, sua personalidade e o seu modo de vida refletidos na maneira como você se veste, e sua cultura e sua personalidade não mudam de seis em seis meses, certo? Isso se você tem uma. Como, vá lá, os hippies, que são péssimos, mas vamos admitir que tinham estilo. Isso lá na época deles, porque hippie fora de época não dá. Não me entenda mal, não quero dizer que uma vez hippie, hippie para sempre. Claro que as coisas passam, mas não tão rápido quanto ditam: elas passam quando passam. Vamos mudar de exemplo, isso tudo está muito confuso. Veja os punks; quando o estilo segue um movimento, um acontecimento cultural e histórico, as coisas fazem sentido.

Mas quando alguém decide, assim, out of the blue, que é hora de usar as polainas dos anos 80, aí eu já não entendo nada. Como não entendo chegar em uma loja e escutar “olha, essa aqui está saindo muito”. Moça, se está saindo muito eu não quero! Por que eu vou querer algo que todo mundo tem? Não, obrigada.

No mundo onde peças exclusivas custam uma grana absurda, prefiro inventar minhas roupas aqui em casa, que é mais barato e menos perigoso, além de muito mais divertido. Porque aqui em casa, a moda só tem um lado: o meu. E é assim que vai ser até o fim dos meus dias, amém.

*Clarah Averbuck, escritora, gosta de estampa de oncinha, tachinhas e olheiras (Somewhere over the rainbow).

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© Tomas Rucker

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O livro que ensina mães a não lerem livros

“Bebês e Suas Mães”, de Winnicott, mostra importância de seguir a intuição materna

“Quando vejo alguém que claramente está prestes a ter um bebê, sou tomado pela mesma sensação que tinha durante a guerra, quando me encontrava com pilotos da Força Aérea[…]”. Essa é uma das muitas afirmações que comprovam como o famoso psicanalista e pediatra Donald W. Winnicott, referência mundial em questões da infância, conseguia dimensionar a mudança ocasionada pela maternidade na vida de uma mulher.

“Bebês e Suas Mães”, por exemplo, é um livro que todas as grávidas e mães (e qualquer pessoa interessada no despertar da vida humana, em criar crianças e em psicanálise) deveriam ler. E, o mais curioso, trata-se de uma obra que tem como tema central a seguinte lei: não leia livros, não escute os outros, toda genitora bem conectada ao seu filho sabe o que deve ser feito.

O livro teve origem nas emissões da rádio BBC, em que Winnicott tratava de questões fundamentais da primeira infância. Em boa parte das suas falas, se dirige a enfermeiras que se metiam demais na vida das puérperas. O autor chega a dizer, décadas antes do surgimento do termo “violência obstétrica”, que nos hospitais, ou mesmo nos partos em casa, eram cometidas atrocidades com as mulheres, o que dificultava tremendamente a relação delas com seus filhos.

Ele tem resposta para tudo. Até para as zelosas e culpadas, que tratam seus reizinhos como divindades absolutas e temem que eles se tornem jovens com dificuldade para frustrações, o psicanalista diz: “Não é só depois de ser Deus que os seres humanos encontram a humildade própria da individualidade humana?”.

Se mesmo depois de Winnicott dizer que não precisa ler livros, você achar importante ler este, que é um dos melhores sobre o tema, ficam aqui alguns dos fabulosos ensinamentos (só pra te dar um gostinho):

O bebê necessita de um ambiente suficientemente bom para que seu crescimento seja contínuo. Falhas no ambiente nesse estágio acarretam problemas psíquicos que podem durar por toda a vida.

A mãe sabe o que fazer com o seu rebento porque está identificada com ele e também porque já foi uma recém-nascida (e guarda essa lembrança em seu inconsciente). O inconsciente do bebê é o inconsciente da mãe.

O bebê se sustenta psiquicamente através do suporte egoico materno. O bebê se comunica através do seu desamparo. O bebê pensa no seio da mãe e o seio da mãe aparece; ele então acha que criou uma demanda a partir do seu desejo e aprende a confiar na mãe e, posteriormente, no mundo e na vida.

Quando o bebê bate ou chuta a mãe, ele precisa compreender que ela sobrevive à sua violência. A mãe vai falhar o tempo todo e reparar essa falha. Isso é humano e suficientemente bom. A falta é importante para que a criança saiba fantasiar. Mas, se a reparação demorar a acontecer, a intensidade do pânico da criança na fase da dependência absoluta (sensação de desintegração e ansiedade desmedida) pode ser traumática.

Mães, apostem em seu bom senso e em sua capacidade de amar! Isso deveria bastar.

Publicado em Tati Bernardi - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Justiça determina que Bolsonaro use máscara

Está na cara que ele usa máscara. Antes, máscara de Capitão, agora, máscara de Presidente de um país com mais de 50 mil mortes pelo Coronavírus e envolvido em tantas trapaças, vide Queiroz, Flávio, Carlos e Eduardo Bolsoraro, Abraham Weintraub, Frederick Wassef et caterva. Que país é este?

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Agora acho que sim

RAFAEL GRECA, nosso prefeito, pegou fama de indeciso tantas vezes muda suas decisões na pandemia. Indecisão é doença incurável, nada resolve ou ajuda seguir o conselho de decidir pronto, rápido, sem pensar – depois é depois, conserta-se ou o mal está feito. O indeciso não consegue sequer decidir se aposta no erro. Simplesmente não consegue decidir. Quando tenta, torna-se patético (a palavra ressurgiu no governo Bolsonaro).

Conheci um grande indeciso, vou chamá-lo Milton. Sofria com as gozações sobre sua indecisão. Um dia perguntamos por que não fazia tratamento. Psicanálise, hipnose, descarrego, passe espírita, exorcismo evangélico. Alguma entidade convicta baixou nele nessa hora. Milton deu um murro na mesa e gritou, “Agora, eu acho que sim”. Esperemos que o prefeito ache o sim ou o não. E que um e outro durem pelo menos quinze dias.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Deixar um comentário
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Playboy|1960

1965|Hedy Scott. Playboy Centerfold

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Quando o X em questão pode salvar uma vida

Em tempos de pandemia, não há como deixar de falar sobre a ocorrência de violência doméstica nos lares brasileiros.

A crise e a insegurança socioeconômica tende a aumentar essa triste realidade e, consequentemente, à violência. Quando o ambiente convive o desemprego, medo, insegurança, níveis altíssimos de stress, tensão e depressão, surgem as brechas para a violência.

Atualmente, temos uma realidade em que as mulheres atuam mais do que os homens no mercado informal de trabalho, mas em tempos de crise, com desemprego crescente, elas tendem a se tornarem mais dependentes economicamente de seus companheiros.
Ademais, esta quarentena tem exposto as mulheres a uma situação de maior vulnerabilidade, as margens de uma violência eminente, e isso deve-se a uma maior convivência dentro de casa criando, muitas vezes, um ambiente de tensão, favorável a discussões, levando à violência psicológica, moral e física.

Segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, no Brasil, cerca de 9% nas denúncias realizadas no Disque 180, são em razão de violência doméstica. (1)  Frente a todos esses problemas e lamentável realidade, em que muitas mulheres têm dificuldade para denunciar o agressor, principalmente ante o isolamento social, surge uma recente campanha “Sinal vermelho para a violência doméstica”, lançada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Associação dos Magistrados Brasileiros.

O intuito é que mulheres, vítimas de violência doméstica, encontrem ajuda nas farmácias. Para tanto, o pedido de socorro deve ser manifestado por meio de um “X” na mão ou feito em um pedaço de papel com batom vermelho.

O atendente deverá ligar imediatamente para a Polícia Militar, via o telefone 190, bem como oferecer um local de espera até a chegada dos policiais. Caso a vítima não possa esperar, o atendente deverá colher o máximo de informações, como nome completo, RG, CPF e endereço da vítima, para adoção das medidas cabíveis.

No Brasil, são aproximadamente dez mil farmácias cadastradas para prestar esse tipo de atendimento. Vale salientar que as farmácias já estão treinando seus funcionários para atuarem quando visualizarem o sinal. Os farmacêuticos e atendentes que estiverem em contato com a mulher agredida não precisarão prestar depoimento.

A lista de farmácias conveniadas está disponível no site do CNJ (Conselho Nacional de Justiça – https://www.cnj.jus.br/)  Infelizmente, ações como essa não vão acabar com a violência doméstica nem em tempo de pandemia, ou fora dela, mas, seguramente, surge a esperança e, principalmente, a confiança de que juntos temos condições e responsabilidades no enfretamento da violência covarde e cruel.  Agora, temos novos aliados contra a violência, quem sabe outros parceiros surgirão e aos poucos vamos transformar o silêncio de uma, na voz de todos.

MINISTÉRIO DA MULHER, DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS HUMANOS. Coronavírus: sobe o número de ligações para canal de denúncia de violência doméstica na quarentena. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2020-2/marco/coronavirus-sobe-o-numero-de-ligacoes-para-canal-de-denuncia-de-violencia-domestica-na-quarentena

*Rafaela Lupion é advogada, Vice Presidente do Conselho Comunitário de Segurança – CONSEG da Área Central de Curitiba e Ex Presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Estado do Paraná – CEDM/PR

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Uma história com final feliz?

O que está por detrás da saída do ministro da educação para o Banco Mundial?

Quatro ministros do atual presidente, segundo a mídia nacional, mentiram em seus currículos e Weintraub está entre eles (Folha de SP). Completam o time dos sonhos: Ricardo Vélez Rodrigues (ex-ministro da Educação); a inoxidável ministra Damares (de Paranaguá-PR) e o descolado de óculos coloridos, Ricardo Salles (Meio Ambiente).

Weintraub, teve como último ato a revogação das cotas para negros e indígenas as pós-graduações e, em grande estilo, anunciou sua ida para o Banco Mundial.

Exonerado, a pedido, em edição extraordinária de 20 de junho (sábado), enquanto voava para Miami, EUA.

O salto triplo na carreira pública para o Banco Mundial levanta algumas questões.

Vamos aos registros corridos de Weintraub junto ao Supremo Tribunal Federal: 01) Pet/8620, Calúnia; 02) Pet/8612, Calúnia; 03) Pet/8606, Difamação; 04) HC/186070, Injúria; 05) HC/186297, Investigação Penal; 06) Pet/8850, Difamação; 07) Pet/8776, Crimes Resultante de Preconceito de Raça ou de Cor; 08) Pet/8870, Crimes contra a Segurança Nacional; 09) Pet/8617, Calúnia; 10) Pet/8619, Calúnia; 11) Pet/8625, Crimes contra a Honra; 12) Pet/8645, Crimes contra a Honra; Inq/4827, Investigação Penal; 13) HC/186296, Investigação Penal, Trancamento; 14) Pet/8896, Crimes de Responsabilidade.

Um processo criminal no STF já é um problema. Agora, imagina, mais de dez.

Sem contar o processo da multa de R$2.000,00 (Dois mil reais) por não usar máscara em vias públicas em Brasília-DF. Falar nisto, quanto será que está a conta das multas devidas pelo presidente e assessores?

Voltemos a Weintraub (pronuncia-se Vái-traubi).

Corre o boato, em Brasília, que ele caiu por causa o Centrão, pois não repassava as verbas aos aliados de fidelidade canina ao Presidente, em troca é claro, de favorezinhos, nomeações, repasses e tudo mais, que até as paredes dos restaurantes chiques de Brasília conhecem.

No Banco Mundial há regras de imunidades aos seus membros (art. VI, s. 1): “Para que a Corporação cumpra as funções que lhe são confiadas, cada país membro lhe conceder personalidade jurídica, imunidades e privilégios em seu território estabelecido neste artigo.”

O foro administrativo do Banco Mundial julga controvérsias de seus funcionários como foro alternativo para fins de denegação da justiça estatal em relação a imunidade internacional.

Resumindo: pode-se argumentar que a ficha corrida de investigações e processos no STF (14) estão fora da imunidade do Banco Mundial, mas pode-se afirmar que o foro alternativo administrativo do Banco Mundial pode suspender os feitos no Brasil, ajudando na prescrição dos possíveis crimes cometidos pelo ex-ministro que vai se transformar em alto executivo internacional.

O Banco Mundial seria um valhacouto para a fuga da jurisdição nacional?

Reza a lenda, que atualmente está em Miami, fazendo compras para distrair a cabeça.

De repente pode ser deportado, pois agora é um ninguém, sem cargo ou prestígio, mas pode ter um final feliz no Banco Mundial e dar uma banana aos processos no STF, e àqueles que ele chamou de “vagabundos”, neste último caso, seria um belo final feliz.

 Referências:

Imunidades internacionais: tribunais nacionais ante a realidade das organizações internacionais. Instituto Rio Branco. IRBr. http://funag.gov.br/biblioteca/download/878-Tribunais_Nacionais_Ante_a_Realidade_das_Organizacoes_Internacionais.pdf

Banco Mundial: http://pubdocs.worldbank.org/en/367461541184297811/IFCArticles-of-Agreement-spanish.pdf

Banco Mundial: https://www.bancomundial.org/es/about/leadership

Supremo Tribunal Federal: http://portal.stf.jus.br/

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A suspensão dos pagamentos dos estudantes ao FIES

Foi à sanção presidencial projeto de lei que suspende os pagamentos dos estudantes ao Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) em razão do estado de calamidade pública decretado em virtude da pandemia.

Prevaleceu o texto final do Senado que prevê que terão direito à suspensão dos pagamentos os estudantes em dia com as prestações do financiamento e aqueles com parcelas em atraso por, no máximo, 180 dias, contanto que tenham sido devidas até 20 de março de 2020, pois a partir dessa data contam com suspensão.

Essa suspensão passa de 60 dias para até 31 de dezembro de 2020. No caso de quitação integral, até 31 de dezembro de 2020, haverá redução de 100% dos encargos moratórios.

Na regra atual, a redução é de 50% desses encargos. Como o parcelamento começa do zero, podem ser incluídas as parcelas não quitadas até a data de publicação da futura lei (Agência Senado).

Para os contratos firmados de 2018 em diante, o projeto de lei deixa claro que os estudantes estarão dispensados de pagar, temporariamente, as multas aos bancos por atraso no pagamento, a amortização do saldo devedor e as prestações de parcelamentos anteriores.

O presidente poderá sancionar, rejeitar integralmente ou vetar itens do texto aprovado. Caso vete algum dispositivo, a medida terá que voltar para análise do Congresso Nacional. Seguindo as recentes tendências, se ele vetar, o Congresso derrubará os vetos.

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Ashley-Roberts-Le-PressAshley Roberts. © LePress

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Frederick Bozo Wasseff

O advogado Frederick Wassef disse em entrevista à CNN Brasil que está deixando o caso do senador Flávio Bolsonaro, no inquérito que investiga se o filho do presidente Jair Bolsonaro pegou a maior parte do salário de funcionários nomeados em seu gabinete quando era deputado estadual no Rio de Janeiro.

Tudo o que esta família Bolsonaro tem feito no poder serve como objeto de estudo de comunicação e política, com elucidadoras passagens inclusive pelo terreno do Direito, na linha daquelas lições que alertam sobre o que não deve ser feito, afinal não é qualquer equipe de governo que faz o chefe passar vergonha com a devolução de uma MP pelo Senado, como ocorreu com a medida provisória que dava poder ao ministro Abraham Weintraub, da Educação, para nomear reitores de universidades federais.

Neste caso da saída de Wassef da defesa de Flavio Bolsonaro, o advogado procurou estabelecer uma imagem honrosa para ele mesmo, afirmando que ligou para o senador e pediu para sair. Segundo o que disse durante a entrevista, Flavio insistiu para que não deixasse o caso, mas ele manteve com firmeza a decisão. “Faço isso para que não me usem para continuar atacando injustamente e criminosamente o presidente da República e ao Flavio Bolsonaro”, ainda disse, como garantia da sua lealdade e respeito ao cliente.

Bem, não houve nem tempo para o desenlace causar emoção entre a opinião pública porque quase no mesmo momento Flavio Bolsonaro publicava no Twitter uma mensagem com o mesmo conteúdo, praticamente com as mesmas palavras ditas por Wassef na entrevista. Claro que a justificativa de uma saída honrosa foi combinada, do mesmo modo que é usual em muitas demissões politicamente delicadas.

A diferença é que o método da família Bolsonaro não obedece nem a um intervalo razoável entre o que um e outro diz, para que a desculpa não seja tão ridiculamente esfarrapada. É tudo destrambelhado. Encenações bolsonaristas costumam ter toda a carpintaria à mostra e não é nenhuma modernidade, não. É falta de inteligência mesmo. É a mesma causa de mancadas como o plano de fuga do ex-ministro Abraham Weintraub, usando um passaporte diplomático entre as poucas horas entre pisar em solo americano e sair sua demissão no Diário Oficial.

Tudo bem, a gente sabe que política tem muito de combinações de bastidores, com assessores e marqueteiros tomando cuidado para que não transpareça o que deve ser escondido e haja um realce no que favorece a imagem do governo, mas esse pessoal comandado por Jair Bolsonaro tem deixado muito a desejar em suas enganações.

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Estantes no vídeo

Ninguém dá entrevistas online na frente da geladeira ou do armário das panelas

Aldir Blanc, uma das grandes perdas impostas pela Covid, não podia ver uma foto em jornal de alguém diante de uma estante. Saía de lupa a ampliar a foto para ler os títulos nas lombadas dos livros. Aldir queria saber o que aquela pessoa gostava de ler e se tinha livros que ele ainda não tivesse e talvez precisasse ter. Lia dia e noite, sem parar. As fotos o mostravam em seu apartamento, na Muda da Tijuca, quase soterrado por eles. Se Aldir não tivesse sucumbido ao coronavírus, estaria hoje dando entrevistas online cercado por seu mundo de livros. Não seria exibicionismo e nem ele teria escolha. Eles tomavam os aposentos.

Transmissões online abundam agora na programação, e todo mundo aparece com uma estante ao fundo razoavelmente suprida de livros. Ou as pessoas leem mais do que imaginávamos ou descobriu-se que a estante é o móvel mais nobre da casa, donde ser o cenário ideal. Não vi até agora ninguém se postar na frente da geladeira ou do armário das panelas. Não que não sejam também móveis da maior dignidade —mas talvez uma parede com caçarolas não tenha o mesmo appeal de uma prateleira de livros.

Devido à alta incidência de estantes no vídeo, eu próprio passei a tentar decifrar os títulos nas lombadas e, pelo que já vi, cada entrevistado está bem servido de livros sobre sua especialidade. Os comentaristas políticos têm biografias de políticos; os esportivos têm histórias sobre futebol; os economistas, teorias econômicas.

Com uma exceção. Sempre que vejo o ministro da Economia Paulo Guedes na TV, ele está, sim, diante de uma estante, mas tristemente vazia exceto por alguns bibelôs e objetos não identificados. Zero livros.

Como o ministro se gaba de conhecer todas as teorias econômicas —“no original”, frisou—, imagino que tenha feito isso por correspondência. O que sua prática no ministério de Jair Bolsonaro, por sinal, demonstra.

Publicado em Ruy Castro - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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The Bozo

Com os advogados que  Jair Bolsonaro arranja,
ele não precisa nem cometer crimes.

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© Helmut Newton

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