Doze pontos com um furo só

O NOVO MINISTRO, do novo ministério das Comunicações, chama-se Fábio Farias. É do Centrão e deputado federal pelo Rio Grande do Norte, rebento da oligarquia que comanda o Estado desde o Império. Agora deputado, avança nos privilégios das oligarquias: ganhou o ministério para captar mais apoio do sogro a Jair Bolsonaro. A primeira leitura é que Bolsonaro gastou um ministério à toa, como o falso malandro que gasta fortunas com a prostituta que se apaixonou por ele. Como o falso malandro, Bolsonaro paga por aquilo que teria de graça, pois Silvio Santos tem uma única ideologia, a de estar sempre ao lado do poder. Ex-paraquedista da Aeronáutica, Sílvio ganhou a televisão porque servira sobre o comando do brigadeiro Délio Jardim de Mattos, depois ministro das Comunicações sob Figueiredo.  Partilha essa origem com Bolsonaro, paraquedista do Exército.

O SBT de Sílvio Santos não será empanzinado com as verbas do ministério – esse é o domínio de Fábio Wajngarten, o czar da midícia fakenazi. Na sua origem, o ministério das Comunicações cuidava de concessões de rádio e televisão – seu grande momento o governo Sarney, com o ministro Antonio Carlos Magalhães a comprar com rádios e televisões os cinco anos de mandato (na época não tinha reeleição). O Brasil fez há muito sua revisão de Marx. Aqui a história se repete como tragédia. Haverá mais um festival de concessões, sem dúvida. Nosso padre Reginaldo Manzochi – um Dorian Gray de sacristia – terá sua televisão, agora que viaja com o diabo e a ele oferece sua devoção. Fábio Farias é aquele brasileiro, definido pelo saudoso publicitário Sérgio Mercer ao me apresentar a um amigo: “ele é genrente da empresa do sogro.

O FUTURO MINISTRO até hoje se destacou apenas como “rabo de cometa”, o cara que sempre namora uma estrela, do cinema, da música, da televisão. Fábio entrou na história do Brasil como rabo de cometa. Quando deputado, Fábio era pegador de famosas, como Eliane Galisteu e Luana Piovani. Um dia estourou o escândalo, como deve ser: ele usava sua verba parlamentar para pagar passagens para as namoradas, não raro para as mães das namoradas. O moço é o típico self made man brasileiro: de oligarca passa a rabo de cometa, evolui para genrente e chega a ministro. Seu destino está ligado às mulheres desde o útero de mamãe oligarca potiguar. No tempo da loteria esportiva de cartela com furinhos, o velho Sérgio Mercer complementou sobre o amigo que casara com a moça rica: “ele fez os 12 pontos com um furo só”.

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Padrelladas

Nesse tempo de encerramento doméstico, quando não se poder sair à rua nem para as necessidades básicas, como seja dar um trato nessa cabeleira que se espalha como mato ruim pensei e tornei a pensar e decidi passar na farmácia para comprar um desses produtos modernos que domesticam o cabelo. Entrei. O fantasma talvez do amor materno tomou-se as mãos, o pranto jorrou-me em ondas, mas não era amor materno, era um cara da farmácia que já foi dando esporro porque eu estava sem máscara, “Máscara do Zorro não serve” – disse ele “tem que ser do Durango Kid”.

Então, eu disse a que vinha. No caso, a que ia. Queria comprar um pacotinho de pó para fazer Gumex em casa, que sai mais em conta do que comprar o Gumex pronto. O menino tinha nascido no século XXI e não sabia o que era Gumex. Então, me traga Glostora mesmo, não gosto do perfume de flor de cemitério, mas se presta para a ocasião. Não tinha Glostora e nem sabia sabia o que era isso. ‘E Fixbril?”

Balançou a cabeça com preguiça de dizer não. Já percebi que era a fim de me empurrar aquele produto que pouca gente curte, que cria pó nas prateleiras, por isso fui logo dizendo: “Quina Petróleo não quero”. Me olhou como se eu tivesse dito que sei os segredos de Fátima, e são quatro, não os três que as pastorinhas disseram”. Vim-me embora. Me recusei a comprar esses produtos mais modernos que custam os ovos da cara.

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A vida imita a arte

Oscar Wilde disse que a vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida. No dia 21 de fevereiro de 1986 a Globo exibia às 20h00 o último capítulo da novela Roque Santeiro, a novela de maior sucesso da história da emissora.

Na pequena cidade de Asa Branca, Roque Santeiro foi um antigo morador, que fazia milagres e morreu como mártir, defendendo a cidade de um bandido: – tudo mentira. Porcina se dizia a viúva do mártir, outra balela.

Sinhozinho Malta (Lima Duarte) era um poderoso fazendeiro e chefe político local, apaixonou-se pela alegre viúva Porcina (Regina Duarte). Roque Santeiro (José Wilker) era tido como morto, mas estava vivo e retornou à cidade.

A novela transcorre na dúvida com qual dos dois personagens a viúva ficaria. Havia três finais possíveis para a novela: no primeiro Porcina ficaria com Sinhozinho Malta; no segundo, com Roque Santeiro e, no terceiro, a viúva ficaria com Rodésio (Tony Tornado), seu motorista, este último nunca foi divulgado pela emissora.

A novela da vida real começou com o convite para a atriz Regina Duarte assumir a Secretaria Especial de Cultura, em 17 de janeiro, e se enrolou, como novela, até 4 de março de 2020, com uma posse teatral, cercada de pompa e circunstância.

Neste meio tempo, certa ala do governo, descobriu fotos nos arquivos do Serviço Nacional de Informação (SNI) de Regina com Fidel Castro, em junho de 1984, ela era vigiada pelo então serviço secreto do governo, que mais tarde passaria a se chamar ABIN. Imaginem só, os militares da época não admitiam na novela as palavras de baixo calão e censuraram a palavra “bosta”, para hoje, participarem de reuniões ministeriais, nas quais, os palavrões são como vírgulas em cada frase proferida.

A novela Roque Santeiro, teve uma primeira versão que foi censurada pela Ditadura em 1975, Betty Faria seria a Viúva Porcina, Francisco Cuoco, Roque e Lima Duarte seria Sinhozinho Malta, somente ele manteve o personagem na novela seguinte.

No final, a viúva Porcina fica com o poderoso local, Sinhozinho Malta. Na vida real o papel da atriz na Secretaria de Cultura terminou no dia 10 de maio de 2020. Para ela foi prometida a Cinemateca de São Paulo, porém nunca a assumiu pois o cargo prometido, sequer existe.

Na novela Roque Santeiro Porcina não era a suposta viúva de Roque Santeiro, mas nem o conhecia, e o mito do herói salvador era outra farsa, cultivada pela elite da cidade. Assim a realidade imita a arte.

Regina Duarte sequer conhecia o atual presidente, ele também é uma criação mítica das redes sociais, fake news, e da televisão, aliás, como alguns de seus ex-ministros e todos aqueles que se aproveitaram da onda eleitoral, pseudomoralista, para abocanharem seus mandatos no legislativo e no executivo.

Todos os dias temos um capítulo desta novela do gênero tragédia, cujo enredo tem um Sinhozinho, que monta cavalo, destrata a imprensa, maquia dados da pandemia, considera as mortes como mera estatística e, essencialmente, descumpre as leis e a Constituição.

A diferença é que a novela da vida real, não é ficção.

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Tempo

No Original Beto Batata, Lina Faria, Lucília Guimarães e Dóris Teixeira, na 1ª Swainzada de Curitiba, em algum lugar do passado. © Vera Solda

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O general e o inverno

O BRASIL tem poucos nomes consagrados na ciência e na arte mundo afora. Não adianta culpar o português como língua insignificante porque há prêmios Nobel em línguas ignotas, como o búlgaro e o finlandês. As grandes cabeças que produzimos, ignoramos ou perseguimos. Para ficar nos perseguidos. Por exemplo, dom Helder Câmara foi indicado duas ou três vezes para o Nobel da Paz. Se ganhasse, a ditadura militar que combatia mandaria fechar os aeroportos, prenderia o cardeal ou censuraria os jornais para não noticiarem – como fazia a URSS.

No geral são caçados pelas nossas ditaduras porque, como a imensa maioria dos homens da cultura, têm visão crítica da realidade, das causas que levam às deficiências e ao atraso, os responsáveis e beneficiários deles, e os remédios para combatê-los. Aqui vale lembrar dois. Um, Paulo Freire, consagrado mundialmente como teórico da educação, e execrado pelos arautos do atraso, que nunca o leram, mas o criticam sem a menor noção. Por acaso, Freire é uma das bestas-feras do bolsonazismo instalado.

Outro foi Josué de Castro, médico de formação e um dos maiores geógrafos do século XX. Perseguido na ditadura militar como perigoso comunistas (os geógrafos não conseguem fugir da pecha de esquerdistas, mérito deles), respeitadíssimo no mundo e formador de escola no Brasil, autor do clássico ‘A geografia da fome’. Morto em 1973, resgatado postumamente por Lula, Josué de Castro é um dos abominados pelo pensamento militar há, pasmem, 56 anos. Alguém da Escola Superior de Guerra o leu? Duvido. É contagioso.

Finalmente o pensamento militar – 56 anos depois – encontrou um substituto de Josué de Castro. Não é médico de formação, como Josué, mas dita as regras da saúde pública do Brasil. Mas tem o melhor dos atributos para nosso ensaio de ditadura militar: é general do Exército e sabe obedecer ao chefe, mesmo de patente e formação inferior, militar inclusive. Chama-se Eduardo Pazuello e tem mais medo de Jair Bolsonaro que do coronavírus. Militar de formação, com todos os cursos que levam ao generalato, deveria conhecer geografia.

Na reunião estranhamente educada do ministério, na semana, o general-ministro da Saúde, em malemolente sotaque carioca, ingressou no seleto e escasso quadro dos grandes geógrafos da raça. Ao analisar o alastramento da pandemia, culpou o general inverno, como fez outro general, Napoleão Bonaparte, ao ser corrido da Rússia. E situou a disposição das tropas do inimigo: “O Norte e o Nordeste do Brasil estão na região do inverno do hemisfério norte; o Sul e o Sudeste, na região do inverno do hemisfério sul”. Então talquei!

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Weintraub se aproveita da pandemia para adotar mais uma medida antidemocrática na Educação

O governo deixou claro mais uma vez seu caráter autoritário. O presidente Jair Bolsonaro editou uma Medida Provisória que permite que o ministro da Educação escolha reitores temporários nas Universidades durante a pandemia. A medida da Presidência da República e do ministro Abraham Weintraub é arbitrária. Desde o primeiro dia no poder eles conspiram contra a autonomia universitária e a democracia na gestão de órgãos públicos de universidades e institutos federais.  

É difícil realizar um processo eleitoral, como estabelece a lei, em meio à pandemia. Mas reitores e ex-reitores me explicam que há alternativas. A regra prevê debates, campanhas e votos de toda a comunidade acadêmica: professores, alunos e funcionários. Nesse momento, fica complicado realizar um processo complexo como esse. Mas ao invés da indicação de um reitor biônico, o cargo pode ser ocupado nesse período pelos vice-reitores. Eles foram eleitos depois dos reitores e podem assumir.

 Outra opção é nomear um reitor pro-tempore, sim, mas não de forma autocrática, pelo presidente da República. A comunidade acadêmica pode ser consultada de forma online. São saídas democráticas. Mas o ministro Weintraub está aproveitando a pandemia para impor mais uma das suas medidas autoritárias.

Desde seu começo no governo, Weintraub ataca as universidades federais, chamou de antro e balbúrdia, fez acusações que não conseguiu provar. Ele sempre fez isso em relação à autonomia e à gestão das universidades. A lista das polêmicas de Weintraub não cabe em um texto como esse. Na reunião ministerial do dia 22 de abril, ele em nenhum momento falou sobre os problemas da educação. O ministro se omite. O Conselho Nacional de Educação já teve que suprir essas omissões de Weintraub. Ele se aproveita da pandemia para mais uma medida antidemocrática na Educação. Miriam Leitão|O Globo

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Bombeiro é preso em assassinato de Marielle

Um cabo do Corpo de Bombeiros, Maxwell Simões Corrêa, foi preso nesta quarta-feira. Ele é acusado de ser cúmplice dos assassinos de Marielle Franco – os policiais Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz. “O bombeiro é acusado de ter cedido um carro para a quadrilha de Lessa e de esconder as armas por uma noite”, diz O Globo.

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Fraga

Pra puxar o saco do chefe terraplanista,
além de sinistro interino da saúde
Pazuello tornou-se invernoplanista.

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‘O mez da grippe’: livro fora de catálogo há 22 anos vira hit na pandemia, é disputado por colecionadores e ganhará nova edição

Obra experimental do paulistano Valêncio Xavier (1933-2008) está esgotada nos sebos brasileiros

Tesouro esquecido da literatura nacional, “O mez da grippe” saiu enfim do esconderijo. Lançado em 1981, o pequeno experimento do paulistano Valêncio Xavier (1933-2008) é um dos livros de cabeceira do escritor e ilustrador Lourenço Mutarelli, uma das grandes influências do jornalista Ivan Mizanzuk (do podcast “Caso Evandro”) e uma referência de escrita pós-moderna para autores como Joca Terron e Veronica Stigger, além de ter gerado muitos trabalhos acadêmicos.

Composta a partir da colagem de elementos reais da gripe espanhola na cidade de Curitiba em 1918 (recortes de jornal, anúncios publicitários, letras de música, depoimentos de sobreviventes…), a obra andava esquecida, limitada a iniciados. Mas veio a Covid-19 e, junto com ela, a busca por informações sobre epidemias do passado. Assim como “A peste”, de Albert Camus (que virou best-seller mundial), “O mez da grippe” é agora um hit nos sebos on-line. Entre março e maio, os exemplares chegaram ao preço de R$ 300 na internet — e se esgotaram.

Diferentemente do romance de Camus, “O mez da grippe” está há 22 anos fora de catálogo, o que fez dele um inesperado objeto de colecionador. Algo que mudará em breve: a editora paranaense Arte e Letra prepara uma nova edição que deve sair já no mês que vem.

— Como há um tempo o livro vinha ficando mais raro e mais caro nos sebos, estava um tanto esquecido — diz Thiago Tizzot, um dos sócios da Arte e Letra. — O contexto atual atrai atenção para a obra, a Gripe Espanhola é uma das maiores referências para o que vivemos agora. Mas a verdade é que foi uma coincidência: estávamos negociando o relançamento desde o ano passado.

Colcha de retalhos reais

“O mez da grippe” trabalha com fragmentos de realidade do tempo da gripe espanhola, uma espécie mashup pioneiro. Curiosamente, alguns documentos da época parecem ter sido publicados nesta semana, como a reportagem que denuncia “um interesse das autoridades sanitárias de ocultar a verdadeira situação”. Ou ainda o depoimento (que pode ser real ou não) de uma suposta sobrevivente dizendo que o governo escondeu o número de mortos “para não alarmar”.

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Bolsonaro

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O melhor dos dois bundos

NEYMAR – o Júnior – é processado pelo grupo LGBT+ por ter insinuado que gostaria de enfiar um “cabo de vassoura no ânus de um senhor gay”. Não disse o nome, mas todo mundo sabe que se dirigia ao namorado da mãe, moço bonito assumidamente bissexual. Vai além e chama o “senhor gay” de “viadinho”. Deve conhecer muitos no futebol.

Esse menino, o Júnior, passou da idade do complexo de Édipo. Está certo que entre a mãe e a irmã dele, Rafaela, não tem erro, qualquer homo, hétero ou bissexual não vacila, fica com a mãe, que é bonita, bem fornida, sem tatuagens escandalosas e acima de tudo discreta. Quanto a chamar o rapaz de “viadinho”, ora por favor.

De viadinho, o moço só tem os antigos namorados. Mas agora, pegando a mãe do craque, ele, se não assina a ficha do clube hétero, pelo menos passa aos pegadores uma baita inveja. Ainda que o moço use cabo de vassoura, como édipo júnior quer, hoje os cabos são macios, de borracha, flexíveis e cômodos – inclusive para varrer.

Tem mais. O viadinho em questão não se veste como tal. Nem se exige com mulheres lindas, que logo descarta, como como o gay que sai do armário para buscar jogo no closet. Em texto esquecido, Millôr discorreu sobre a vantagem do bissexual. Diz que os bissexuais têm o melhor dos dois bundos, perdão, mundos.

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Vai e vem…

Cinco dias depois de publicar portaria, governo revoga transferência de R$ 83,9 milhões do Bolsa Família para Secom. A medida foi assinada pelo secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, também responsável pelo ato da última quinta-feira 

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Trupe de Elite

Ricardo Corrêa, Marina Willer, Eugênio Thomé, Ligia Kempfer e Vinícius Alzamora; atrás: o cartunista que vos digita e Luciano Toaldo. Umuarama Publicidade, década de 90. © Gustavo Rayel Jr.

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Mural da História

Blog do Fábio Campana

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Um país colostomizado

Lama.
Lama, lama infinita, lama por toda parte.
Lama de todas as cores, odores e horrores.
Lama muito além do vergonhoso mar de lama
a que estamos acostumados.
Lama que escorre da política, se esparrama
pelos governos, se espalha na justiça.
Lama na indústria, no comércio, nos serviços,
enxurrada de negligências na infraestrutura.
Lama desde longe, do eterno lodaçal da nação,
lá do fundo do lamaçal da história.
Lama a invadir a alma, a inundar o dia a dia,
tsunami de lama a enlutar o país.
Lama no solo e no subsolo, nos dejetos e rejeitos,
lama sem jeito.
Lama misturada a lodo e engodos, ao barro e ao sarro.
Lama do corporativismo, do fisiologismo, do nepotismo.
Lama na Bolsa, nos bolsos que embolsam tudo e
também na bolsa bolsonara.
Lama na faca enlameada, nos carros enlameados
do Queiroz, nos depósitos enlameados dos laranjas.
Lama a encobrir os assassinos de Marielle Franco.
Lama que enterrou Mariana, soterrou Brumadinho
e atola Brasília.
Lama que desterra milhares, aterra 206 milhões,  
arrasta todos, arrasa tudo.
Lama tão impune que deixa o Brasil mais insone.
Lama, lama, lama, lama.

Onde se lê lama pode ser lido merda.

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