Desçam as cortinas!

As informações públicas devem ser transparentes e divulgadas de forma ampla. São assim os orçamentos, as obras públicas, medidas sanitárias, os atos de governo e tudo mais de interesse público.

Em 2019 o governo federal elevou o número de autoridades e as informações secretas de governo, este decreto (n. 9.690/2019), felizmente, foi revogado pelo Senado.

O então ministro Moro recusou a divulgar detalhes sobre uma reunião com a empresa Taurus, que financiou diversas campanhas eleitorais (G1).

O sigilo dos gastos com cartões corporativos foi derrubado pelo STF em 2019 – e não por vontade do atual governo, que não moveu uma palha sequer para a revogação.

Atualmente o INPE não pode divulgar dados sobre desmatamento e o IBGE não pode divulgar dados a respeito do desemprego no Brasil. Sempre há a mesma desculpa esdrúxula: a metodologia dos dados.

A Controladoria Geral da União (CGU) limitou o acesso a documentos solicitados por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Pareceres jurídicos emitidos por todos os ministérios que forem enviados para orientar o presidente na sanção ou veto de projetos aprovados no Congresso são considerados sigilosos a partir de agora (Globo).

A recente mudança da fórmula de calcular as vítimas da pandemia e a queda do site de informações do Ministério da Saúde são mais um capítulo do gradativo fim da transparência. Acabaram também as coletivas diárias e o balanço diário das medidas tomadas e os dados em redes sociais. Menos destaques às vítimas e aos contaminados e mais acento na divulgação dos recuperados.

O mundo está com medo do Brasil, pelo descontrole da pandemia. Como disse a atriz Regina Duarte, a breve, numa campanha eleitoral anos atrás, agora é o brasileiro consciente que grita: “Eu tenho medo!”

Completa este enredo a desistência do empresário bilionário, ex-dono de uma mega rede de escolas de inglês, que iria assumir um cargo no ministério da Saúde, falou um absurdo sobre os números da pandemia e foi embora, sem nunca ter sido.

A perda da transparência pública significa o fim do estado democrático.

Em resumo, quanto menor a transparência, mais fácil é esconder, ocultar ou maquiar as coisas que acontecem contra os interesses do governo.

Desçam as cortinas!

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Ensaio de ditadura

A DITADURA MILITAR faz ensaio no ministério da Saúde. Trinta militares coronéis e o general ministro da Infantaria reprimem a informação sobre o número das vítimas do coronavírus. Mas é apenas treino, o jogo ainda nem começou; o ditador do ministério continua ditador do ministério. A ditadura brasileira, como a de Uganda, virá pelas mãos do generalíssimo sargento da Infantaria.

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Clima entre técnicos do Ministério da Saúde é de medo e perseguição

Comentário interno é de que nunca se viu tamanho controle dos dados divulgados, nem mesmo durante a ditadura militar. (revista Veja)

© César Marchesini

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22 de setembro|2009

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Mondrian

© Tonho Oliveira

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Olavo de Carvalho vive lavando roupa suja nas redes sociais

Olavo de Carvalho vive lavando roupa suja nas redes sociais, daquele jeito grosseiro que já virou uma marca pessoal de tal nível que seria injustiça classificar como conversa de lavadeira. Pois na madrugada desse sábado o guru de Jair Bolsonaro postou um vídeo descendo o sarrafo no próprio presidente. No vídeo, entre vários xingamentos e lamentando que Bolsonaro não o defende de ataques que diz estar sofrendo, Olavo fala em “derrubar a merda” do governo. No vídeo, o escritor reclama que Bolsonaro nada faz para defendê-lo e diz que o presidente apenas se “aproveitou” dele. Ele ainda afirma que Bolsonaro se comporta como um “covarde”.

O desabafo tem todo o jeito de ser conseqüência de algum desacerto de bastidores com Bolsonaro e demais figuras deste destrambelhado esquema de poder. Na lamentação da madrugada, o velho professor da Virgínia também faz duras críticas ao empresário Luciano Hang, de um modo que dá a entender que os dois andaram em tratativas sobre algo que não vem trazendo respostas satisfatórias do dono da rede de lojas Havan. Bem, certamente Olavo não deve estar esperando ideias filosóficas de Luciano Hang.

Vejam o que ele disse:

“Esse seu Havan vem aqui dizer: ‘ah, vou ajudar’. Vai ajudar o caralho, você vai comprar aviãozinho e se vestir de Zé Carioca, você é um palhaço. Isso que você é, eles têm toda a razão. É por causa de empresário como você que o Brasil tá nessa merda. Gente que não tem cultura e não gosta de quem tem. Bando de invejosos filhos da puta”.

Olavo anda bastante exasperado nos últimos tempos e certamente deve ter suas razões. Uma delas pode ser o rumo das investigações do inquérito das fake news, que pode ter descobertos segredos perigosos de figurões do bolsonarismo. Um dos suspeitos de financiar distribuição de fake news é o empresário Luciano Hang, por exemplo, que segundo o escritor foi até ele e disse “ah, vou ajudar”. Estará Olavo de Carvalho precisando que o dono da Havan lhe mande umas sábias ponderações sobre as idéias filosóficas de Aristóteles?

Do que se sabe das complicações do guru que está fulo da vida, uma delas muito séria é com Caetano Veloso, que teve uma decisão favorável em um processo movido contra Olavo pelo descumprimento de decisão judicial e não remover de suas redes sociais “mensagens que relacionem o cantor à pedofilia”. A multa milionária a ser paga com a derrota no processo é citada no vídeo em ele diz que vai derrubar “essa merda de governo”, caso Bolsonaro “continue covarde”.

A advogada de Caetano foi implacável. Anotou todas as vezes que o escritor continuou publicando as mensagens mesmo depois da decisão da Justiça pela retirada, comprovando o número de dias do descumprimento, cada um com sua devida multa. A conta ficou alta — R$ 2,8 milhões — e dificilmente Olavo conseguirá derrubar a decisão da Justiça em novo recurso. Está aí uma desconstrução que será difícil de ser feita com xingamentos ou mesmo fake news.

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Foto-de-Helmut-Newton-espelho© Helmut Newton

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Memórias de uma conje judiciária

ROSÂNGELA – Eu Moro com Ele – MORO estaria a escrever suas memórias do governo Bolsonaro. Em rigor seriam lembranças, porque cobrem um período curto, os 18 meses em que o marido foi ministro. Se escreverá de próprio punho ou com ghost writer, o colaborador profissional, como Thaís Oyama, ainda não se sabe.

O próprio punho interessa os futuros leitores, para tirar a cisma de que era o marido quem escrevia os textos da senhora Moro, ela  pseudônimo dele, “uma coisa só”, como Bolsonaro & Moro. Presunção legítima, pois nos textos os efeitos sempre brigam com as causas. possível maldade. No direito e na lógica, Moro só conhece a petição de princípio.

Como analista do casal, o Insulto sugere à futura autora que amplie o tema. Ousa mesmo sugerir o título. A historiografia viria enriquecida com as ‘memórias de uma conje judiciária’, que compreendesse o tempo de Sérgio Moro como juiz da Lava Jato – quando ele fez a desastrada opção de vida, causa instrumental da atual tragédia do Brasil.

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Sessão da meia-noite no Bacacheri

filme-juliaDuas amigas de infância trilham caminhos diferentes: a mais rica, Julia (Vanessa Redgrave), foi estudar em Viena e a outra, Lillian Hellman (Jane Fonda), se tornou escritora, que quando alcança a fama é convidada para ir a União Soviética.

Julia, que vive na Europa, lhe pede que contrabandeie dinheiro através da Alemanha para ajudar as vítimas do nazismo, que se encontrava em ascensão meteórica. A missão apresentava perigo, pois Lillian era uma intelectual judia que rumava para a Rússia comunista. As duas têm um rápido encontro e a escritora fica sabendo que Julia tinha uma filha. Logo após retornar para a América do Norte, Lillian fica sabendo que sua rica amiga foi assassinada. Ela então viaja para a Inglaterra na esperança de encontrar a filha de Julia, a quem tinha prometido cuidar.

Direção de Fred Zinnemann, 2h6m, EUA, 1977.

Gracias, Mara Lanzone

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Padrelladas

Quando nasci, a ideia de um segundo conflito mundial era impensável. Logo testemunhamos Varsóvia sendo destruída pelas chamas dos nazistas. Aquilo nos reportou a outra data, quando as fogueiras da Inquisição purificavam a Idade Média. Depois, as tochas dos fanáticos da KKK, e outra vez os nazistas com seu desfile iluminando as noites. Os erros da História tem a tendência de ser repetidos se não estivermos atentos.

No mundo inteiro os ovos da serpente estão sendo chocados, e também no Brasil, se bem que não mais por galinhas verdes. Essa lembrança de destruição me ocorreu desde que vi a floresta ardendo e percebi como a História costuma ser contada duas, três vezes, até que a Humanidade aprenda a lição.

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Na boca do mentiroso, o certo se faz duvidoso

A transparência dos dados públicos é dever legal das autoridades.

Quando os agentes públicos deixam de divulgar dados oficiais sobre a pandemia, praticam improbidade administrativa e cometem crime contra a saúde pública.

O governo trata as mortes da pandemia como inevitáveis e mera estatística, passando o problema para municípios e estados, porque não tem condições de resolver o problema de forma nacional.

O Executivo compra o apoio dos parlamentares do Centrão no Congresso Nacional. Em maio foram distribuídos 6 bilhões e 200 milhões de reais do dinheiro público para garantir fartas licitações e a reeleição de prefeitos e vereadores aliados.

As bancadas do boi (agronegócios), da bala (polícias e milícias) e da bíblia (alguns grupos neopentencostais), juntam-se agora a alguns setores da Igreja Católica que recebem verbas para suas emissoras radiofônicas e televisivas – e tudo está aí, para quem quiser ver e ouvir.

Nada diferente dos tempos da ditadura, na qual o autoritarismo foi abençoado pelos setores conservadores da igreja. Os recentes aumentos salariais do topo da carreira das forças armadas são um detalhe nisso tudo.

Agora é a vez da mentira oficial, do ocultamento, do atraso e da negação dos dados das vítimas da pandemia. O pior é a negligência no combate e na tomada de decisões objetivas e ágeis. Já assistimos este filme na epidemia de meningite em 1974.

A venda das estatais, a ciranda do mercado financeiro, a expansão do agronegócio e a devastação da floresta amazônica não podem parar. A reunião ministerial do dia 22 de abril comprovou isto.

Na democracia não existe segredo, tudo deve ser divulgado de forma ampla para que os cidadãos saibam o que se passa no Estado. A liberdade de imprensa cumpre papel importante nesta ampla divulgação. O atual governo combate os dois: a publicidade e a imprensa.

Nos regimes de exceção, o segredo é a regra. Sempre foi.

A indiferença oficial com a pandemia, a troca de dois ministros da Saúde, a característica ditatorial do Executivo e dos filhos do Presidente, a ampla base midiática do gabinete do ódio e das fake news, são uma realidade triste no Brasil.

Poucas instituições admitem isto. A maioria delas finge que nada está acontecendo.

Ensinaram os gregos que “A verdade é filha do tempo, não da autoridade”.

Assim, ocultar os números das vítimas da pandemia é mais um capítulo da tragédia que as instituições insistem em apoiar às custas dos recursos públicos. A ditatura está instalada e pisa na Constituição e nas leis. Quem ousa desafiá-la ou detê-la?

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Bolsonaro, o terror cívico

UM GENERAL no ministério da Saúde, um cabo na presidência da república e o governo não divulga informações atualizadas sobre os mortos na pandemia, cujo número aumenta todos os dias. É a guerra da informação manipulada, obsessão de presidente e filhos para remover empeços à reeleição, seu único objetivo e plano desde que assumiu o governo. O presidente não quer municiar a rede Globo, que faz noticiário dentro da objetividade possível.

A informação é tratada como estratégia de guerra. Um inimigo não pode saber da vulnerabilidade do outro. Foi assim na ditadura Vargas, na ditadura militar e no governo Lula, quando os gastos da primeira família eram assunto de segurança nacional. O regime Bolsonaro funciona como guerrilha de direita – bom esclarecer, porque os bolsoignaros são binários. Para eles, guerrilha é de esquerda, comunista; quanto a eles, não fazem guerrilha, fazem guerra santa.

A preguiça atávica do brasileiro ainda não levou à violência generalizada. Ainda. Mas temos a guerra civil em gestação, que todos toleram, na qual brincam de não acreditar. Está no ar, à espera que Jair Bolsonaro pressione o botão do detonador, como o terrorista que suicida os inocentes. Depois de algum tempo de quarentena espiritual, acabei por vê-lo na entrevista matinal de ontem. O susto de sempre derivou para o terror. Conheci o terror cívico, a índole de Jair Bolsonaro.

Que o presidente tem personalidade limítrofe da paranoia, os lúcidos já perceberam. É visível no ódio que expressa e no antagonismo com que vê inimigos por toda parte. Fato notório: temos um presidente que continua comandante de facção, que trata adversários como inimigos, a quem só aspira suprimir. Ao sonegar informação atualizada sobre a pandemia o presidente lixa-e para a política de saúde na federação para se fixar, como sempre, no autismo de seu interesse pessoal.

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Sessão da meia-noite no Bacacheri

Em 1978, Ron Stallworth (John David Washington), um policial negro do Colorado, conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan local. Ele se comunicava com os outros membros do grupo através de telefonemas e cartas, quando precisava estar fisicamente presente enviava um outro policial branco no seu lugar. Depois de meses de investigação, Ron se tornou o líder da seita, sendo responsável por sabotar uma série de linchamentos e outros crimes de ódio orquestrados pelos racistas.

Infiltrado na Klan|Direção de Spike Lee (2h16m), John David Washington, Adam Driver, Topher Grace. Estados Unidos|2018

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Fora do ar

Está fora do ar o site Coronavírus Brasil, do governo federal. Depois que o senhor presidente da República explicitou que o Ministério da Saúde passou a atrasar o boletim com o número de infectados e mortos pela pandemia, por causa do Jornal Nacional, da Rede Globo, mais essa. Na página está escrito que o site está em manutenção. Deve ser por causa do vírus bozo. Expressionante!

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Animal!

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