Habeas covidis

OS ADVOGADOS BRASILEIROS fazem manifestos pelo isolamento social. Só agora, quando até o dono do Madero concorda com o isolamento social. Quando advogado entra na briga, pode saber que ela está perdida para um dos lados. Adivinhe para qual dos lados.

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Alice, Essa Maravilha

© Dico Kremer

Alice Ruiz, para quem não conhece as alices ruízes, é uma planta da família das violáceas, de estípolas foliáceas, sempre cercada de áureasalices e estrelas-da-manhã por todos os lados, cuja função é servir de alicerce para todos os aquis, deixando para cá os alis que agora gorjeiam e não gorjeiam como lá.

Há as alices ruízes que flutuam como as brumas de um letargo, que provocam os broquéis dos cruzesouzas e alimentam fonemas nos vocábulos, causando uma leve aliteração aos sábados, desde que simetricamente dispostos. São seres alígeros, descritos em prosa e verso, na sua mais transparente tradução, aliformes, alindados e, por tudo isso, alimento dos deuses.

As alices ruízes, poiemas, que provocam as tempestades no deserto, transubstanciam-se em primavera em pleno outono, numa galactopoese silenciosa antes do pôr-do-sol, contrariando a teoria da versificação. Outras, poietés, de imaginação inspirada, de três versos, dos quais dois são pentassílabos e um, o segundo, heptassílabo, são pequenas ilhas orientais que seduzem e deslumbram até prova em contrário.

Agrisalhadas, com o passar do tempo, são fontes de água lustral, a água sagrada dos antigos, preparada na pira dos sacrifícios, diferente das águalices comuns. Líquidas e certas, na Grécia, eram cultivadas aos pares para exposição de idéias sob a forma imaginativa, em noites de lua cheia. A especialidade das alices ruízes é a floração, desenvolvida com astúcia e elegância quando as palavras se encontram.

Há ainda os horóskopos, alices ruízes dedicadas às divindades, à religião, aos ritos e aos cultos, entre uma página e outra, pitonisas transparentes, cúmplices da situação dos astros. Todas as alices ruízes unidas, uma por todas e todas por uma, sempre, são moças polidas, levando uma vida lascada.

E, no país das maravilhas, enquanto você faz poesia, elas, poetas no país dos espelhos, ouvem a cotovia.

Revista Ideias 127|Travessa dos Editores

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A violência e a liberdade de expressão

 No direito norte americano vale o hate speech (free speech) ou a possibilidade do discurso do ódio.

Isto é, pode-se debater até as últimas consequências qualquer assunto. Em resumo, há a possibilidade do discurso do ódio contra grupos protegidos pelas leis.

Assim a liberdade de expressão nos EUA não encontra limites.

Esta é a razão pela qual temos naquele país os grupos da supremacia branca, os neonazistas, a Ku Klux Klan e tantos movimentos que pregam abertamente o ódio às instituições, a grupos étnicos e religiosos valendo da liberdade de expressão.

Na Alemanha, por exemplo, o neonazismo é crime.

Em 1997 cerca de 400 neonazistas foram presos na tentativa de comemorar dez anos da morte do número dois do regime nazista. A pregação da tortura também é crime na Alemanha, é inadmissível algum político pregar a favor da tortura ou de ditaduras, pois a imunidade parlamentar não alcança a prática de crimes.

 No Brasil, em janeiro de 2020 foram identificadas 334 células nazistas. Portar símbolos, fazer a apologia e propaganda ao nazismo, o racismo, a intolerância religiosa e a homofobia são considerados crimes.

A liberdade de expressão aqui não protege o discurso do ódio, nem em passeatas ou carreatas, muito menos, nas mídias sociais.

Um julgamento no Supremo Tribunal Federal enfrentou a liberdade de expressão de um autor que em livro negava o holocausto nazista. O STF definiu que a negação de fatos históricos não encontra proteção na liberdade de expressão, muito menos na pregação do ódio.

A liberdade de expressão não encontra proteção em grupos que pregam a quebra das instituições, difamando, injuriando e caluniando pessoas e autoridades. Estas condutas são crimes no Brasil.

A crítica é permitida e necessária para uma sociedade que se diga democrática.

Manifestações, carreatas e passeatas são um direito constitucional. Mas afinal, onde está a violência?

A liberdade de expressão no Brasil não protege a apologia à tortura praticada na ditadura militar, não protege a negação da história, não protege bandeiras de fechamento do Congresso Nacional, ou o ataque ministros do STF de forma pessoal e odiosa, ou a pregação do fim o regime democrático.

A liberdade de expressão também não protege o quebra-quebra em passeatas, não protege o excesso e a repressão violenta e arbitrária das polícias, não protege o discurso de ódio por segmentos neofacistas da extrema direita que ressurgiu no Brasil, não protege a intolerância religiosa em discursos televisivos e midiáticos, não protege a negação da ciência, ou de uma pandemia ou a negação da história.

A cláusula hate speech dos EUA não é modelo para o mundo.

Mais cedo ou mais tarde teremos um encontro com as injustiças acumuladas por séculos no Brasil, resultantes da concentração da renda, da escravidão, de regimes autoritários, e da ausência de políticas coletivas para a promoção de justiça social.

A violência do discurso não é menor que a violência dos quebra-quebras de passeatas, do assassinato de grupos minoritários ou de moradores inocentes das comunidades, que se tornaram banais, numa sociedade cada vez mais violenta, no Brasil.

A liberdade de expressão tem por finalidade atingirmos uma sociedade justa, não à barbárie.

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O urubu malandro

Fazia uma semana que o urubu não comia. Voava, voava por toda a floresta e não encontrava nenhum bicho morto para matar a fome. Fraco e desolado, pousado num galho, lamentava sua sina quando chegou a raposa palitando os dentes.

– O que está acontecendo com você compadre, parece tão triste? – perguntou ela.

– É a crise – respondeu o urubu. – Há dias que não como nada. Parece que não há mais comida nesta floresta…

– Bobagem, compadre! Nunca teve tanta comida dando sopa por aí… Acabo de saborear uns lindos filhotes de perdiz. Estavam deliciosos.

– Nem me fala, comadre. Chega me dar água no bico!

– O problema compadre – continuou a raposa – é que você não tem coragem. É um frouxo, covarde, incapaz de matar um pinto para comer. Nem sei pra que servem vocês urubus nesta floresta! Nem deveriam existir. Preferem morrer de fome do que matar um filhote de um bicho pra comer!… Nem um filhote de perdiz vocês são capaz de matar pra comer. Nunca vi disto!

– É a nossa sina – respondeu o urubu humildemente, mas com uma ponta de irritação com a arrogância da raposa e já arquitetando um plano para comê-la, pra ela deixar de ser besta. E continuou

– Nossa sina é essa, comadre: só comemos o que os outros matam ou bicho morto por doença.

– Que nada, compadre. Vocês urubus são uns frouxos, uns molengas. Comigo não tem curécuré. Se estou com fome, nem penso duas vezes, mato os filhotes da perdiz, como uma galinha, roubo os ovos da pata na lagoa… Ficar com fome é que não fico.

– Por falar em lagoa – falou o urubu com os olhinhos brilhando com a ideia genial que acabava de ter.

– Acabei de passar por uma cheia de filhotes de gansos, marrecos, patos e, se não me engano, até filhotes de cisnes eu vi por lá…

– Filhotes de cisnes? Onde, onde? – quis saber a raposa agitada.

– Adoro filhotes de cisnes! É o meu prato predileto. E faz um tempão que não como um. Vamos lá? Talvez até eu pegue um pra você. É muito longe daqui essa lagoa?

– Não. Não é longe, não. É logo ali, atrás daqueles morros…

– E não tem perigo nenhum? Cães, guardas armados, essas coisas, compadre? Se tem cisnes deve ser um granja muito rica e deve ter guardas armados e cães ferozes…

– Que nada, comadre! Não vi nada disso. Não tem perigo nenhum – mentiu o urubu.

– Não observei nenhum movimento de cães nem de guardas armados. Vamos fazer assim: eu vou até lá e examino direitinho. Se não tiver perigo, pra gente não perder tempo, eu lhe aviso voando em círculos, dando voltas e mais voltas sobre a lagoa. Caso contrário, eu volto aqui e lhe aviso dos perigos, combinado?

– Combinado – concordou a raposa.

E assim foi. Minutos depois a raposa olhou pro céu e viu o urubu voando em círculos, dando voltas e mais voltas sobre a lagoa.

– Oba! é tudo comigo! – pensou faceira e se mandou correndo pra lá. E já foi chegando direto pra pegar os cisnes que, assustados, voaram em bando deixando os filhotes atarantados, entregues a própria sorte sem saber pra onde correr. De repente só se ouviu os estampidos dos tiros: catapumm, pum, pum… e a voz do fazendeiro exultando:

– Oba!… te peguei bandida! Te acertei em cheio, raposa assassina. Agora, em vez de almoçar meus cisnes, quem vão te comer serão os urubus…

E lá em cima o urubu malandro que assistia a tudo, vibrava, resmungando pra si mesmo:

– Desculpe comadre… Mas os covardes e molengas também precisam comer…

Moral: Todo urubu tem seu dia de raposa.

João Carlos Pacheco é publicitário e humorista, vive em Porto Alegre. Participou da antologia de humor QI 14, de 1975.

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Giselle Hishida. © Kraw Penas

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Faça propaganda e não reclame

© Karina Marques

Sebo do Bandido que Sabia Latim, Paulo Leminski. Rua Rocha Pombo, 93, Centro, Castro, PR.

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Vitiligo nele

No regime bolsoignaro, preto assumido só o Hélio Negão

SÉRGIO CAMARGO, presidente da Fundação Palmares do governo Bolsonaro, tem que ser despachado para Cuba. Não que seja comunista. É por causa de sua doença, cuja cura tem histórico de sucesso em Cuba, o vitiligo – aquela das manchas que fazem a pele ficar progressivamente branca, preservando em espaços o matiz original. Sérgio precisa de outro tratamento, o pró-vitiligo, uma reversão do preto para o branco.

Preto de nascença, Sérgio nasceu com alma, cérebro e coração brancos. Por isso carece do tratamento para tornar a pele branca. Ele demorou para assumir a Fundação, que atua na política dos negros (das outras cores cuida a ministra Damares, cor de goiaba, verde por fora, rosa por dentro). Sérgio falava mal dos pretos. Conseguiu assumir a Fundação, pois falar mal de preto no Brasil não dá problema para ninguém.

No governo Bolsonaro as paredes têm ouvidos, as línguas são soltas e os ralos nunca estão entupidos: em reunião recente Sérgio chamou o movimento negro de “escória maldita” e pespegou um “filha da puta” em Zumbi dos Palmares. Esqueceu do “quilombola de vinte arrobas”, uma das mais brilhantes frases do presidente da República. Repetisse o chefe, Sérgio ganharia indulgência plenária e um ministério inútil.

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Mural da História

20 de fevereiro|2011

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Quadrinho também é cultura

Quando soube que eu estava escrevendo um livro sobre as histórias-em-quadrinhos, um conhecido de pouca convivência, assustou-se. Não sabia dessa minha “especialidade”. E deve ter ficado surpreso com o meu (mau) gosto e/ou com o meu despreparo intelectual com esse tipo de literatura. Confirmei que era (ou fora) leitor de gibis, mas cortei, desde logo, um longo e inútil debate, limitando-me a atribuir o fato a um “defeito de formação”. Ou seja, disse-lhe que a culpa fora do meu saudoso pai, que – lá pela jurássica década de 40 do século passado, quando a televisão era um sonho distante e os computadores apenas loucuras de Júlio Verne – resolvera instigar nos filhos o gosto pela leitura, de Charles Dickens e Alexandre Dumas a Monteiro Lobato, Alex Raymond e Walt Disney.

Mas poderia ter-lhe dito que gibi não é algo tão ruim assim. Ou não era. Ou então, valendo-me das palavras do sociólogo Gilberto Freire, nos idos de 1949, que “as histórias-em-quadrinhos são uma forma nova de expressão contra a qual seria tão quixotesco nos levantarmos quanto contra o rádio, o cinema e a televisão”.

Poderia ter-lhe dito, também, como o fez Al Capp, o “pai” de Ferdinando (originalmente Li’l Abner), Violeta Buscapé e de toda a turma de Brejo Seco, cujo nome foi sugerido pelo escritor John Steinbeck para o Prêmio Nobel de Literatura, que toda a objeção e hostilidade às HQs não passam de “puro esnobismo” intelectual.

– As histórias-em-quadrinhos são o melhor tipo de arte em produção na América – sustentava Al, complementando: “Se muita gente não acredita nisso é por causa de uma lavagem cerebral que levou as pessoas a pensar que nada desenhado a caneta ou a lápis, em forma de tiras ou de páginas, pode ser arte. Mas se você desenhar a mesma coisa em formato gigante e a óleo, pronto, o negócio vira arte!”

Rui Barbosa lia gibis. Oswald de Andrade e Monteiro Lobato também. Aliás, em sua Carta a Monteiro Lobato, Oswald assentou: “Os mitos do século XX foram postos a nocaute pelo mocinho russo, pelo marinheiro Popeye e pelos vaqueiros justiçadores do sertão. E o super-homem de Nietzche não pôde com o Super-Homem do gibi”.

Ruy Castro, jornalista, escritor e estudioso dos comics, que assinou uma das primeiras colunas sobre gibis na imprensa brasileira, informa que pesquisa realizada nos EUA mostrou que 90% americanos leem e confessam que leem histórias-em-quadrinhos.

É claro que, como nem tudo o que brilha é ouro, nem tudo o que se edita em quadrinhos presta ou merece ser levado para casa. Mas isso não acontece com toda a atividade humana? Para Umberto Eco, escritor e um dos maiores especialistas do mundo em comunicação de massa, cerca de 95% dos quadrinhos não valem nada, 4% têm um correto nível artesanal e apenas 1% é composto de obras-primas. E não é o que acontece com o cinema, a pintura e a literatura em geral? Ademais, esse 1% aí já representa um universo inteiro.

Aliás, depois que o gaúcho Francisco Araújo transformou as HQs em disciplina acadêmica e passou a discuti-las em sala de aula, na então avançada Universidade de Brasília dos anos 70, elas viraram até tese de doutorado.

 – Como linguagem – ensinava Araújo –, os quadrinhos são tão importantes e eficazes que podem ser utilizados dentro de qualquer linha de pensamento, já que eles são sempre neutros.

Nem sempre, meu estimado Araújo, mas deixa prá lá.

P.S. I – Com o título de “Quadrinho também é Cultura”, escrevi e montei um livrinho de 100 páginas, reunindo textos que eu escrevera para O Estado do Paraná, no final dos anos 90. Coisa caseira, de apenas dez exemplares, um dos quais foi exposto por Aldemário de Matos, na Livraria Gibi, em São Paulo, e assanhou muita gente.

P.S. – Conclui a montagem do outro livrinho – agora já “livrão” – que vinha escrevendo (“A Arte que está no Gibi”). Chegou a 160 páginas, a partir do pioneiro Garoto Amarelo (Yellow Kid) até chegar a Asterix, do recém falecido Albert Uderzo. Inclui, inclusive, o texto acima. Como certamente não haverá interessado em editá-lo, o calhamaço vai para o arquivo. Talvez saia um dia, como obra-póstuma.

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Com o descaso do governo Bolsonaro, o Brasil avança na calamidade do coronavírus

Nesta quarta-feira a divulgação diária dos dados de mortos e infectados pela Covid-19 no Brasil demorou para sair. O Ministério da Saúde alegou “problemas técnicos” para o adiamento. A causa pode até ter sido mesmo dificuldade técnica, porém o desmonte que vem sendo feito no ministério por Jair Bolsonaro não permite mais nenhuma confiança sobre a atuação do governo na crise do coronavírus.

A reforma geral feita no ministério causa desconfiança por duas questões. Primeiro, nada que vem de Bolsonaro é feito com boa intenção e senso de coletividade. E mesmo que seja apenas uma mudança de método, na sua incapacidade ele não consegue fazer nada com qualidade. Com esse presidente nenhuma questão pode ser vista pelo ângulo da divergência. Não há do que divergir. Ele simplesmente não sabe fazer.

Mas enfim saiu o resultado, depois das 22 horas. Tivemos mais um recorde diário, com o registro de 1.349 mortes por Covid-19 em 24 horas. O número de vítimas fatais subiu para 32.548. O total de casos confirmados está em 584.016. De ontem para hoje, foram 28.633 diagnósticos positivos.

Neste ritmo é capaz do número de mortos pela doença chegar mesmo a 100 mil, conforme a previsão feita por especialistas logo que aconteceram as primeiras mortes, previsões que eram repelidas com ironias pelo presidente e seus aliados negacionistas e depois replicadas nas redes sociais por idiotas manipulados pela máquina de comunicação governista.

Por falar nisso, anda sumido aquele “especialista” tão exaltado por bolsonaristas, o deputado Osmar Terra, que era elogiado por Bolsonaro e sua corja de seguidores como quem mais entendia de coronavírus em todo o mundo. No início de abril o deputado, que recebeu o apelido de Osmar Trevas, enviou um áudio pelo WhatsApp para o senador Flávio Bolsonaro, afirmando com grande satisfação que a pandemia do novo coronavírus estava “desabando”.

Eles estava feliz com a grande “descoberta”, que o consagraria e desmoralizaria a oposição a Bolsonaro. Era capaz até dele conseguir finalmente sua nomeação como ministro da Saúde. No áudio, o deputado negacionista dizia que no Brasil a pandemia “já atingiu o pico no final de março”. Quisera que este político indecente estivesse certo. Em 31 de março o país tinha 201 mortes e 5.717 casos confirmados de coronavírus.

Agora já ultrapassamos 30 mil mortes e existem previsões de que esse número pode quadruplicar até o final de julho. É dureza, mas sem dúvida foi possível uma redução de danos, embora Bolsonaro tenha atrapalhado bastante como sabotador, ajudado por figuras nefastas que o cercam, além dos estúpidos seguidores que infernizam as redes sociais.

É difícil calcular como o Brasil estaria se governadores e prefeitos tivessem deixado de agir e a receita de Bolsonaro fosse aplicada. Não dá para avaliar a mortandade, até porque aos mortos pelo coronavírus seriam somadas milhares de vítimas de outras doenças e acidentes, que poderiam morrer pela falta de atendimento devido ao colapso no sistema hospitalar.

Até aqui, o esforço dos brasileiros vem amenizando o estrago causado por Bolsonaro. Seja pelo boicote desumano ou pela incompetência, nada vem de útil desse governo. De novidade, até agora só teve este atraso na divulgação. Pelo jeito, tecnicamente não estão preparados nem para contabilizar os mortos.

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A filosofia e o chulé

Uma meia furada é melhor do que uma meia remendada.

A frase de Hegel me perseguia há anos, aquilo de subdesenvolvido para quem o que é escrito por alemão, evidentemente em alemão, é sabedoria densa, profunda e inacessível aos mortais. A angústia se foi em dois meses de quarentena, quando derrubei – e fui derrubado pelo sono – a biografia de Martin Heidegger (Rüdiger Safranski, Ed. Geração, 2019, 500 pg, trad. Lya Luft).  MH foi o segundo Hegel, cada qual o filósofo referência do respectivo século.

Tem coisa que a gente lê para não passar vergonha, não ficar para trás; lembro que na universidade tinha os colegas que metiam um Marx e um Freud em casa assunto do Direito, até na lei do inquilinato. Hoje, diriam os alemães, vivo um Schadenfreude (a alegria pela desgraça alheia) de ver que eles continuam as mesmas bestas, o do Freud empacado na neurose e na calvície, o  enroscado em Marx sem dominar a regência verbal do português.

Os contemporâneos e ex-amigos de Heidegger (Karl Jaspers, Edmund Husserl, Hannah Arendt) diziam que nem ele sabia o que queria dizer, sua filosofia resultando em mera verbiagem. Estou para enfrentar Hegel e tirar a cisma, não quero chegar aos eternos campos de caça e dar de cara com o professor César Augusto Ramos, hegeliano de capa e espada, a pescar as virgens com hegel de mafuá. E a meia furada de Hegel, como entra na filosofia? Acho que entendi.

Meia furada e meia costurada provocam impressões, que na filosofia é conhecer pelos sentidos, momento anterior à reflexão, o conhecimento analítico, racional (comentaristas do esporte costumam confundir as categorias). Impressão e sensação, filosoficamente, é a mesma coisa. A meia furada é melhor que a remendada: a costura forma o calombo de linha que machuca os pés dentro do sapato. Foi minha reflexão. Hegel devia estar sofrendo com a dor e com o chulé.

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9 de maio|2009

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Que país foi este?

Roberto Jefferson Monteiro Francisco (Petrópolis, 14 de junho de 1953) é um advogado e político brasileiro que começou sua carreira como apresentador de televisão. É o presidente nacional do PTB. Ficou nacionalmente conhecido por seu envolvimento no esquema de corrupção chamado de mensalão, do qual participou e que foi o primeiro a denunciar. Foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal pela prática de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, tendo a sua pena em um terço pela colaboração com a investigação do caso.  Foi cassado em 2005 pelo plenário da Câmara dos Deputados.

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Presidente da Fundação Palmares chama movimento negro de ‘escória maldita’

Em áudios de uma reunião fechada obtidos pelo Estadão, o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, classificou o movimento negro como uma “escória maldita” que abriga “vagabundos”.

Na conversa, Camargo afirmou também que Zumbi dos Palmares era um “filho da puta que escravizava pretos” e que ele não tem que “apoiar agenda da consciência negra”.

Em nota divulgada à noite, Camargo lamentou a “gravação ilegal de uma reunião interna e privada” e disse que o “novo modelo de comando” da fundação está voltado para a população, e não apenas para grupos que se “autointitulam representantes de toda a população negra”.

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Cavalo montado por Bolsonaro pede demissão da polícia

“Esse peso eu não carrego nas costas”, disse o cavalo Amuleto, depois de pedir demissão da polícia militar do Distrito Federal na manhã de hoje. “Ele sai cagando pela rua e põe a culpa em mim”, disse o cavalo sobre o animal que carregava.

Amuleto foi usado por Bolsonaro para tocar seu gado na tarde de ontem, mais uma vez desrespeitando as regras de isolamento social. Ao mesmo tempo, Bolsonaro e sua claque se afastam cada vez mais da sociedade: 70% dos brasileiros não aprovam suas ações. “Sou cavalo mas não sou burro”, disse Amuleto.

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