Pinga com viagra

LULA PRECISA pegar leve no Viagra. Estava quieto, com a incontinência verbal controlada, mas aquela língua não tem papas – ao contrário da de Jair Bolsonaro, que tem palpos, como a aranha.

Em isolamento social e quarentena sexual com Janja, Lula misturou Viagra com cachaça e se saiu pior que Trump e Bolsonaro em dueto. Disse que o coronavírus foi uma benção para expor a maldade do neoliberalismo.

Quer dizer que nos governos lulo-dílmicos o brasileiro não pegava resfriado nem tinha caganeira porque o neoliberalismo não existia? Existia sim. Tinha nome e sobrenome; o nome Mensalão e o sobrenome Petrolão.

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Degina Ruarte, um diário

“Querido diário: vc nem imagina o que aconteceu hoje! Bair Jolsonaro quer me ver em Brasília. Que será esse lindão quer comigo?

“Querido diário: que roupa levar? Gosto muito duma blusa vermelha com calça branca. Não, não, deixarei essa para entrevistas marcantes na tv.”

“Inacreditável, querido diário: Bair Jolsonaro (BJ) me sondou para ser secretária especial da cultura! Nunca imaginei interpretar um papel desses, exige muito preparo e, segundo ele, pouca cultura. Por isso pedi tempo pra ensaiar em casa. Resumo: tamo namorando.”

“Querido diário: depois de uns dias refletindo diante do espelho oval no quarto, vou ao encontro do BJ. Ele não desiste da ideia de ter uma estrela no governo dele cheio de 4 estrelas.”

“Querido diário: fui e já voltei. Noivamos! Isso me dá tempo pra ter certeza das tantas indecisões que terei que assumir. Como o BJ é muito bom em avança e recua, sei que estou apta. Mas prazo pra dizer sim nunca é demais.”

“Diário amado: casamos! Tive que aceitar o convite, senão BJ iria ter que pôr alguém fardado na cultura e, cá entre nós, meu guarda-roupa é mais versátil!”

“Querido diário: agora devo me mudar. Digo, mudar de endereço, porque deixar de ser quem sempre fui seria me tornar quem nunca fui, coisa complicada. Nem nas novelas da Grobo tive esse tipo de desafio. Vou pra Brasília mas você, diário querido, vai comigo. Só você me compreende!”

“Querido diário: que coisa linda a cerimônia da posse. Adorei o discurso, sobretudo a parte que BJ me negou carta branca com toda a delicadeza. Gente fina. Falei pro Brasil todo, mostrei que a cultura está em boas mãos, e álcool gel não há de faltar. A namoradinha do Brasil virou soberana. Viva!”

“Diário do meu coração: é muita reunião! Pra eu escapar de uma reunião num setor só estando em outra reunião em outro setor. Me disseram que burocracia é assim mesmo, senão não dá pra entravar nada. Meu departamento é ótimo, todo departamentado.”

“Estou braba, diário: os dias passam e as coisas bacanas que pensei pra cultura saem da minha gaveta e são engavetadas em não sei quantas mais por aí na esplanada dos mistérios, digo, ministérios. Minha secretária parece que não me entende, e ainda bem que é recíproco. Afff!”

“Diário querido: tá um horror, é trâmite pra lá, trâmite pra cá, e BJ nem me recebe mais. Meus planos pra classe artística estão em banho-maria e o balde de água fria. Meus colegas da Grobo me cobram mais ação, e já disse que não invisto na Bolsa. Pra quê tanta pressão se é pra tudo ficar na mesma né?”

“Diário, diário: lembra daquela fala do circo, do pum do palhaço? Tenho sofrido muito por conta das repercussões. Gente que não sabe achar graça no circo, que coisa aborrecida. Vamos em frente, que essa é a direção do calendário.”

“Diário de Deus: demitiram um assessor meu sem eu saber. Não, para: eu que demiti e depois readmitiram sem eu saber. Sei lá, sinto cheio de óleo quente ao meu redor.”

“Querido diário: tá feia a coisa. Além da pandemia, começou a morrer artista. Resolvi que vou ficar quieta para dar a impressão que estou quieta. Assim não corro o risco de causar mal-entendidos. Já bastam os do governo né? O jeito é me animar.”

“Tô animada, diaríssimo: fui convidada pra falar dos meus 60 dias no governo! Nem percebi que passou tudo isso. Vou pra TV com minhas propostas emperradas, relatórios truncados, instruções e minutas vazias. São duas chances: de mostrar pro Brasil como aprendi a ser o que não sou e de usar de novo a blusa vermelha e a calça branca.”

“Ai, diário, ai: o que foi aquilo, diário? Tava tudo combinado e descombinaram tudo. Puseram um cemitério nas minhas costas, desde os artistas e escritores que morreram logo agora no início do meu secretariado. Inclusive os mortos da ditadura, que nem da cultura eram! Ai, fui toda leve, e me jogaram o passado nos ombros. Até cantei Pra Frente Brasil pra levantar o astral mas ninguém me acompanhou. E o BJ não telefona, não escreve, não manda flores…”

“Diário meu: Ai, diário, por que a Praité Moença e a turma dela dão tanta importância à cultura, hein? Que saco, no gabinete não se faz nada mas não param de falar sobre cultura da manhã à noite. Não tem outro assunto, não?”

“Hoje tive um chilique fora da TV, diário. Foi na cozinha: pus óleo na frigideira para uma omelete matinal e o cheiro, sei lá, metaforizou. Tô apreensiva, diário, não posso nem ouvir a palavra fritura.”

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Mural da História

pobretõesdois

12 de setembro|2009

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Regina Duarte deixa a Secretaria da Cultura para assumir a Cinemateca

A atriz Regina Duarte anunciou nesta quarta-feira, 20, que está de saída da Secretaria da Cultura do governo de Jair Bolsonaro. Em um vídeo ao lado do presidente e que foi postado por ele no Twitter, Regina disse que assumirá o controle da Cinemateca, em São Paulo, por sentir falta da família.

No vídeo, Regina afirma que foi ao encontro de Bolsonaro no Palácio da Alvorada para perguntar se estava sendo “fritada” por ele. Desde o início de sua gestão, a atriz vinha sofrendo ataques da ala ideológica do governo que é ligada ao polemista Olavo de Carvalho, guru da família presidencial.

“Toda semana tem um ou dois ministros que, segundo a mídia, estão sendo fritados. O objetivo é desestabilizar a gente e tentar jogar o governo no chão. Jamais vou fritar você”, disse Bolsonaro no vídeo. O presidente, no entanto, havia dado autorização para que integrantes de sua administração atacassem a agora ex-secretária. Foi por isso que desafetos de Regina como o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, subiram o tom contra a gestão da atriz na pasta da Cultura

Revista Veja

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Dias de muita tristeza no país do pior presidente do mundo

O Brasil termina mais um dia em grande tristeza, numa terça-feira com o país registrando mais de mil mortes causadas por Covid-19 — foram 1.179 em 24 horas. Como sabe-se que existe muita subnotificação é preciso preparar o coração para dias ainda mais difíceis que virão pela frente.

Era previsível que este número oficial seria alcançado, no entanto o presidente Jair Bolsonaro passou o dia despreocupado com a dor e o desespero de seus compatriotas. Suas pautas eram outras. Ele anda bastante ocupado com o andamento dos trabalhos da Polícia Federal no Rio de Janeiro e parece que por ora está bem mais satisfeito com o que estão lhe passando.

Enquanto brasileiros morriam — um óbito a cada 73 segundos  — ele almoçava nesse dia com os presidentes do Flamengo, Rodolfo Landim, e do Vasco, Alexandre Campello. Discutiram um modo de driblar a necessidade do isolamento social em estados com gobernadores mais responsáveis, para fazer voltar os campeonatos estaduais.

Claro que não faltou cloroquina. Mais tarde, já de bucho cheio, ele disse que o novo protocolo que amplia o uso de um remédio sobre o qual ainda existem muitas dúvidas científicas será assinado na quarta-feira por Eduardo Pazuello, responsável interino pelo Ministério da Saúde, que teve dois ministros demitidos em menos de um mês.

Em plena pandemia a pasta da Saúde não tem ninguém oficialmente no comando. E o mais recente cotado para o cargo é uma figura amalucada que afirma que o coronavírus é “uma porra de um viruzinho”.

Ah, sim: num dia em que tivemos a terrível notícia de que esta doença já está matando um brasileiro a cada minuto, Bolsonaro não lamentou nenhuma dessas mortes nem mandou uma mensagem de compaixão e solidariedade para seus parentes, os amigos e, claro, para todos nós, que sentimos cada batida dos sinos.

O presidente aproveitou para fazer mais uma piada com a doença. Em live sobre o novo protocolo da cloroquina, Bolsonaro disse o seguinte: “Quem for de direita toma cloroquina. Quem é de esquerda toma Tubaína”.

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“Uma porra de um viruzinho”

O olavista Italo Marsili, sugerido para o Ministério da Saúde por parte dos bolsonaristas, chamou o novo coronavírus, em vídeo gravado em 21 de abril, de “uma porra de um viruzinho”. Marsili fala que o novo coronavírus “não é letal”. Ele disse, ainda, que as pessoas morrem batendo a cabeça. “O Gugu está aí e não deixa a gente mentir.”Por fim, ele pergunta: “Está com medo de quê?”

No vídeo, Marsili também chama o STF de “vagabundo”, “ignorante” e “maldosos”, e acusa os ministros da corte de terem “agenda oculta, para desestabilizar o Brasil”.

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Demissão de Queiroz, amigo de Bolsonaro, tem cheiro de vazamento

Ex-assessor foi exonerado após encontro cinematográfico de auxiliares de Flávio com delegado da PF

A entrevista do empresário Paulo Marinho à colunista Mônica Bergamo recolocou no centro da mesa a mesma pergunta: por que o presidente Jair Bolsonaro demitiu seu chevalier servant, o ex-PM Fabrício Queiroz, no dia 15 de outubro de 2018, uma semana depois do primeiro turno da eleição e duas semanas antes do segundo?

No mesmo lance, dispensou também a filha de Queiroz. Se eles fizeram algo de errado, nunca se soube. Ela ganhava R$ 10 mil mensais no gabinete do então deputado Jair Bolsonaro e ele recebia R$ 9.000 servindo ao seu filho Flávio, que acabara de ser eleito senador.

Desde os primeiros dias do governo de Bolsonaro conhecem-se as movimentações financeiras de Queiroz.

Ele nunca explicou suas operações, limitando-se a dizer que “fazia dinheiro” comprando e vendendo carros. Queiroz empregou no gabinete de Flávio Bolsonaro a mãe do ex-PM e miliciano da ativa Adriano da Nóbrega, foragido da Justiça por quase dois anos até que foi morto pela polícia baiana em fevereiro passado.

Paulo Marinho é suplente do senador Bolsonaro e revelou que os Queiroz foram demitidos dias depois do cinematográfico encontro de três colaboradores de Flávio Bolsonaro com um delegado da Polícia Federal na segunda semana de outubro de 2018.

Ele teria revelado que uma investigação apontava para traficâncias de Queiroz. Dias depois, ele e sua filha foram demitidos. O alerta teria mobilizado os Bolsonaros, Marinho, o futuro ministro Gustavo Bebianno e três advogados. O ex-PM assustou-se, temendo ir para a cadeia, chegou a vomitar no banheiro de um escritório e desapareceu.

Quando o Ministério Público investigava suas atividades, Queiroz queixou-se da falta de ajuda, sentindo-se ameaçado. Achava que os procuradores tinham um objeto “do tamanho de um cometa para enterrar na gente”.

O que seria uma história de 2018 juntou-se a uma encrenca de hoje, com a denúncia do ex-ministro Sergio Moro de que Bolsonaro tentou interferir no trabalho da PF do Rio de Janeiro, onde havia servido o delegado Alexandre Ramagem. Ele cuidou da Operação Cadeia Velha, que investigava malfeitorias na Assembleia Legislativa.

Tudo voltou ao ponto de partida: a Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro. Bebianno morreu e Flávio Bolsonaro desqualifica as revelações de seu suplente, mas Marinho colocou na roda pessoas que discutiram a estratégia de defesa de Queiroz. Algumas delas teriam presenciado a conversa com o delegado. Marinho não a presenciou.

Só as investigações do Ministério Público e da PF poderão esclarecer essa questão, mas uma coisa é certa há mais de um ano: a demissão de Queiroz e de sua filha tem cheiro de vazamento.

Paulo Marinho está no PSDB, alinhado com o governador João Doria e é pré-candidato a prefeito do Rio. Durante a campanha abrigou em sua casa do Jardim Botânico o quartel-general do candidato. Lá realizavam-se gravações e reuniões da equipe de Bolsonaro. Nessa relação estreita ele ganhou a suplência do senador Flávio Bolsonaro e perdeu uma cozinheira de várias décadas, levada pelo presidente para Brasília.

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Italo Marsili; Um ministro na exata medida da qualidade do governo Bolsonaro

Dizem que Jair Bolsonaro já tem um nome para o Ministério da Saúde. Italo Marsili está sendo cotado para suceder Nelson Teich, que pediu demissão antes de completar um mês no cargo. O sujeito é psiquiatra e tem o apoio de olavistas. Com o surgimento de seu nome como provável ministro, começaram a aparecer trechos de vídeos com suas opiniões, naquele nível de sarjeta que costuma ser o que sai da cabeça de bolsonaristas.

Assisti a trechos de um vídeo onde ele diz que o novo coronavírus “não é letal”. É a mesma conversa de Olavo de Carvalho, o que deve ter causado admiração em Bolsonaro, ainda mais que o jeito de falar do ministeriável é muito parecido ao do amalucado guru do presidente. Ele não só foi aluno de Olavo como morou um período com ele nos Estados Unidos.

A gravação é de 21 de abril, numa conversa do psiquiatra com integrantes do Brasil Paralelo, grupo que tem um nome perfeito: de fato, essa rapaziada vive num mundo paralelo. No bate papo, o provável novo ministro bolsonarista diz o seguinte sobre o Covid-19: “Que covardia é essa? Está falando de uma porra de um viruzinho”.

Claro que ele é contra o isolamento social, que na sua visão é uma conspiração que tem por detrás uma “agenda oculta muito clara” para “desestabilizar o Brasil”, chefiada por governadores e ministros do STF. Para ele, o STF é “vagabundo e ignorante”. Como reforço da sua teoria, ele diz que “para tirar o comandante eles vão abater o avião”. Obviamente o “comandante” é Bolsonaro.

Marsili fala com voz exaltada, com aquela certeza absoluta própria dos fanáticos. Para ele, é covardia temer o vírus. Neste trecho que rola pela internet ele dá até o exemplo da morte acidental do apresentador Gugu para fundamentar sua teoria de que não é necessário haver prevenção contra a contaminação.

“Óbvio que as pessoas morrem. As pessoas morrem engasgadas numa noite de orgia, não sei se você sabe disso”, ele disse, afirmando ainda que as pessoas morrem batendo a cabeça, apontando então o apresentador: “O Gugu está aí e não deixa a gente mentir”.

Outra consideração sua sobre o tema é de causar inveja aos mais doidões entre esses pastores neopentecostais que faturam os tubos explorando a religiosidade popular. Ainda sobre os riscos do coronavírus, vejam a dica que ele dá: “Está tão preocupado assim que vai morrer? Faça um exame de consciência e deixe sua alma preparada para morrer”.

Já está rolando uma indignação nas redes sociais, ainda mais que além dessas barbaridades ditas sobre a terrível crise do coronavírus, este endiabrado bolsonarista afirma também que o direito de voto para as mulheres fez mal para a qualidade da democracia. Bem, eu até entendo a revolta contra tantas idiotices, mas para ministro no governo de Jair Bolsonaro eu acho que Italo Marsili tem todos os predicados.

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O homem certo

Uma porra de virusinho de mortalidade insignificante.

Ítalo Marsili, médico que se declara psiquiatra (o CRM discorda). Candidato da família Bolsonaro para ministro da Saúde. Releve-se a contradição de dizer que o coronavírus (porra de virusinho)  é resistente ao combate (mortalidade insignificante). Não fossem mamãe e papai Marsili, a gente diria que o doutor Marsili é filho de Damares Alves com Abraham Weintraub, concebido e parido na goiabeira.

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Diário da crise LVIII

Hoje foi dia de boa notícia no front internacional. Um laboratório chamado Moderna, nos EUA, anunciou os primeiros resultados de sua vacina contra o coronavírus.

A experiência foi feita com um número reduzido de pessoas. Todas apresentaram anticorpos contra o coronavírus. A experiência será estendida a um grupo de 600 voluntários.

Estão em ritmo acelarado. Foi dia de reunião mundial da OMS. Alguns países europeus, França e Alemanha, estão falando na vacina como um bem global, que deverá estar ao alcance de todos.

É preciso combinar com os americanos, como antes precisávamos combinar com os russos.

O general Eduardo Pazuello falou pelo Brasil. É o Ministro da Saúde interino. Ignorou a gravidade da crise nacional, a cloroquina que é o grande tema de debate aqui. Mas falou no apoio do Brasil à cooperação internacional na luta contra a pandemia. É um ponto positivo.

Todo mundo ficou esperando o vídeo da reunião do Conselho de Governo. Aquele vídeo que Sérgio Moro aponta como uma prova de que Bolsonaro queria intervir na Policia Federal.

O vídeo será divulgado? Na íntegra ou em partes? Não sei. É possível que venha até proibido para menores de 14 anos: há muitos palavrões.

Preciso achar tempo para fazer algumas coisas, pesquisas, sair mentalmente do Brasil. É que as vezes, o ritmo nacional me cansa.

Tirei duas horas para ler o que me interessa e acho que vou ver outro filme se sobrar energia à noite.

Não se trata apenas de sair do Brasil. Sair da situação.  Aqui em casa toda manhã reclamamos que isto não é um sonho. Sempre acordamos com a mesma tragédia do coronavírus aqui e no mundo.

Estamos nos transformando no epicentro mas o corona avança na Rússia sobretudo no seu lado asiático.

As primeiras imagens de gente nos parques, de máscaras e mantendo o distanciamento social, já animam, embora isto não seja precisamente o futuro que sonhei. Gosto de cumprimentar e abraçar, isto não acontecerá tão cedo.

Lembro-me dos tempos da política. Nos dias de corpo a corpo, cumprimentava mais de 300 pessoas. Estoquei cumprimentos ao longo da vida. Mas ainda assim sinto falta de tocar em algumas pessoas. Ficaria contente com um racionamento mas nunca com a supressão completa.

18|5|2020

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Novas pistas

Depoimento de ex-aliado aumenta suspeitas sobre Bolsonaro e impõe investigação

As afirmações feitas pelo empresário Paulo Marinho no fim de semana representam uma contribuição essencial para o aprofundamento das investigações sobre as tentativas de interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

Em entrevista à Folha, o empresário relatou episódio que diz ter ocorrido na campanha eleitoral de 2018 —e que pode ajudar a entender por que o presidente buscou com tanta insistência substituir o superintendente da PF no Rio após chegar ao poder.

Segundo Marinho, o hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) lhe contou que, a poucos dias do segundo turno da eleição, foi avisado por um delegado de que seu assessor Fabrício Queiroz seria atingido por uma operação policial prestes a ser deflagrada.

A ação tinha como objetivo investigar movimentações financeiras extravagantes encontradas nas contas de Queiroz e outros funcionários da Assembleia Legislativa do Rio, onde o filho mais velho de Bolsonaro exercia mandato.

Conforme a narrativa de Marinho, o delegado informou também que a operação só seria deflagrada após o fechamento das urnas, evitando-se assim o desgaste que poderia criar para Flávio e seu pai na reta final da campanha.

Aliado de primeira hora que fez parte do círculo íntimo dos Bolsonaros e depois rompeu com a família, Marinho será chamado a depor e promete apresentar provas do que diz às autoridades.

O adiamento da operação foi decidido em acordo com o Ministério Público Federal em 2018, e é certo que beneficiou outros políticos, como observou o juiz responsável pelo caso, Abel Gomes.

Mas nada pode justificar o suposto vazamento de informações sigilosas da investigação para a família Bolsonaro, que parece ter ganho assim tempo precioso para mobilizar advogados, discutir estratégias e avisar Queiroz antes que a polícia batesse à sua porta.

Se o presidente nunca escondeu o desejo de fazer mudanças na estrutura da PF no Rio, seus motivos permanecem obscuros, e esclarecê-los é tarefa do inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal para escrutinar as acusações do ex-ministro Sergio Moro.

Desde o estrepitoso rompimento do ex-juiz da Operação Lava Jato com o governo, tudo que Bolsonaro tem feito é buscar subterfúgios para contornar perguntas incômodas como as suscitadas pelo vídeo que registra sua reunião com o ministério em 22 de abril.

Ao dizer que nunca se importou com as investigações em curso na PF, o presidente soa pouco convincente. O substancioso relato de Marinho aumenta a desconfiança, e caberá aos investigadores examinar com rigor as novas pistas.

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As melhores festas (possíveis) da quarentena

Trancados em casa, só nos resta é curtir festas de seriados

Já que não sabemos quando e como poderemos ir a um bom rega-bofe, o que nos resta é curtir as festas de alguns dos melhores seriados das plataformas de streaming.

Na minissérie “Todas as Mulheres do Mundo” (Globoplay), inspirada na obra de Domingos Oliveira, o excelente ator (e gatíssimo) Emílio Dantas faz o protagonista Paulo, um amante compulsivo e serial. O delicioso galanteador – fiquei pensando o que as feministas acharam dessa série – está sempre dando festinhas em casa ou indo a jantares e shows. O primeiro episódio começa em uma animada baderna de Ano Novo na qual ele conhece Maria Alice (Sophie Charlotte), que virá a ser seu grande amor.

Ainda na Globoplay, “Catástrofe” é um bom seriado de casal, com ótimos diálogos e um roteiro frenético. No primeiro episódio, eles se conhecem em um bar cheio de gente. Dá uma saudade danada de conhecer pessoas em lugares lotados.

Em “Mrs. Fletcher” (HBO), a protagonista Eve é uma mãe de 45 anos que se vê perdida e sozinha depois que o filho único babaca vai para a faculdade. Ela cria então dois hobbies: um curso de escrita criativa e muita pornografia quando está em casa. O seriado tem duas boas festas: uma de “body positivity” (estão todos meio pelados) a que o adolescente Brendan, filho de Eve, vai acompanhado de uma garota bem bacana; e uma que a sua mãe organiza em casa para os colegas de classe. Essa última promete ser a mais chata do ano, mas é um dos melhores finais de temporada de todos os tempos. Uma pena que a série talvez não volte.

Quem me lê sabe que “Succession” (HBO) é o meu seriado preferido. Nele acompanhamos a disputa de poder entre os filhos de Logan Roy, dono de um dos maiores conglomerados de mídia e entretenimento do mundo. Eu não lembro de já ter visto um roteiro mais primoroso. O nono episódio da primeira temporada traz uma despedida de solteiro para Tom, o genro bobalhão e deslumbrado. A folia nada mais é do que um espaço “seguro” para ricos transarem à vontade. Uma espécie de “De Olhos Bem Fechados” mais cínico e menos sexy.

“Euphoria” (HBO) é toda uma festa com músicas incríveis e cores tão vivas que pensamos estar tão drogados quanto eles. Sim, todos estão bastante deprimidos e loucos e talvez se matem, mas, para quem está no sofá assistindo, vale a viagem.

Ainda na HBO, “My Brilliant Friend” é uma das mais emocionantes e bem dirigidas do canal. O final da primeira temporada tem o casamento de Lila, e a segunda temporada tem a festa em que Elena vai à casa de sua professora e deixa todos boquiabertos com a sua inteligência. Mas a bagunça mais gostosa é mesmo na praia, durante o verão, quando todas aquelas mocinhas italianas criadas para servir seus homens descobrem a liberdade e o desejo.

Quem quiser revisitar uma festinha do passado, literalmente, pode ir ao aniversário surpresa que Megan prepara para Don Drapper no primeiro episódio da quinta temporada de “Mad Men”. Ela canta um “Zou Bisou Bisou” bem sexy e escandaliza a todos com sua beleza e atitude.

Na Amazon, o lindo e premiado seriado “Transparent” (e que, por incrível que pareça, poucas pessoas conhecem) tem a melhor festa de casamento lésbico com fim trágico. “Eddy” (Netflix) tem música boa toda noite.

Em “Hollywood” (Netflix) tudo começa dando muito errado, mas (atenção: spoiler) acaba dando muito certo. Minorias juntas jamais serão vencidas! Algumas pessoas podem achar a trama inocente, mas em tempos de tantas desgraças, eu achei quase urgente devorar seus episódios. Ao final, na grande festa do Oscar, eu cheguei até mesmo a chorar.

Por último (mas a primeira a que eu escolheria ir), sugiro o sétimo episódio da primeira temporada de “Girls”. Jessa chama as amigas para uma festa com ares de “secreta” em Bushwick, mas ao chegarem lá elas encontram todo o elenco do programa. Shoshanna fica doidona de droga e, de um jeito bastante torto, Adam pede Hannah em namoro.

Ah, só mais uma coisa: se você quiser uma balada que não acaba nunca, tem toda a primeira temporada de “Boneca Russa” (Netflix).

Publicado em Tati Bernardi - Folha de São Paulo | Comentários desativados em As melhores festas (possíveis) da quarentena
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As fraudes em contratações em tempos de pandemia

As fraudes mais comuns em contratações com o poder público normalmente contam com a concordância dos agentes da administração que enriquecem com estes recursos quando são liberados.

A fraude mais comum é quando o edital da contratação pública é redigido pela empresa que pretende ser contratada, descrevendo seu objeto.

Pode ocorrer que grupos de empresas se reúnam previamente e simulem a concorrência prevista no edital, daí entram as subcontratações para a divisão dos recursos. Sempre há uma porcentagem maior na obra para contar com atrasos nos pagamentos e as propinas que estão embutidas.

Expediente presente nas licitações são os aditivos que são os acréscimos para o chamado ‘reequilíbrio contratual’, aquele que embute verbas que serão distribuídas aos agentes públicos. Ocorre a contratação em valores impraticáveis e, após, produzem-se aditivos para contemplar esta distribuição de valores – tudo previamente combinado.

A fraude comum é na contratação direta, sem licitação nenhuma. Por uma questão emergencial, o agente público contrata seus parceiros comerciais e fica mais fácil o recebimento dos recursos e o superfaturamento da obra ou serviço.

Na modificação do contrato com a alteração da previsão das obras, incluem-se cláusulas financeiras benignas que embutem valores ao longo do dele. A mais alta geralmente fica no final da empreitada.

Os contratos tendem a ser bianuais, combinando com os ciclos eleitorais.

Em tempos de pandemia, a Medida Provisória 961 de 6 de maio de 2020 aumentou valores para contratação, permitiu o pagamento antecipado de contratos desde que represente condição indispensável para obter o bem ou assegurar a prestação do serviço; ou propicie significativa economia de recursos; e a aplicação do Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC, para licitações e contratações de quaisquer obras, serviços, compras, alienações e locações.

As exceções não foram para obras relacionadas com o combate da pandemia, mas para todas as obras e contratações. Aproveitou-se o momento para abrir, de forma ampla, as contratações e mais um universo de fraudes.

O resultado da alteração legislativa é que todas as contratações, independentemente das emergências de contratações para combater a pandemia, podem se valer destas cláusulas excepcionais.

Há uma abertura na permissão de pagamento antecipado de contratos desde que represente condição indispensável para obter o bem. Neste aspecto basta a combinação das empresas para que somente forneçam mediante pagamento antecipado, contando a administração com a sorte para que o bem seja realmente entregue e possua as qualidades prometidas.

Nas compras internacionais poderia ter sido prevista a custódia contratual mediante a entrega do bem ou, no plano nacional, a custódia bancária.

Afinal o que é assegurar a prestação do serviço ou propiciar significativa economia de recursos. Qual o percentual disto? Silêncio.

Estes conceitos abertos na contratação em tempos de pandemia, resultam na abertura do leque de fraudes que podem ser perpetradas. Não é por acaso a volta triunfante do grupo político denominado Centrão, repleto de useiros e vezeiros, em práticas nada edificantes.

A utilização de empresas mães e filhas, coligadas, contratadas e subcontratadas com sócios sem patrimônio, desde a terceirização e a quarteirização de serviços são expedientes consagrados nas fraudes e, apesar disto tudo, a legislação nem a jurisprudência avançam para proibir tais práticas, ao contrário, gradativamente as liberaram.

A modalidade de “significativa economia” foi lançada para as contratações de municípios e estados, sem recursos e com escassez técnica para o combate à pandemia, por sua vez, a União lava as mãos, como Pilatos, numa bacia de milhares de vítimas.

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Mural da História

beatles-TV

23 de julho – 2005 

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Pacto antinupcial

TODA SEMANA, mesmo dia e mesma hora, o amigo telefona: “Tudo bem com vocês? Precisando de alguma coisa, é só chamar que eu levo, tem um supermercado aqui na esquina”. Recusa polida, conversa amena e breve. Ele pode sair, está na zona de conforto da pandemia. “Como estão se virando?”

A necessidade é a mãe da invenção, entrega-se tudo em casa, desconfio que será a grande mudança que a quarentena trará ao comércio – além do escracho eterno ao dono do Madero, o empresário que disse que 6 mil mortes não fariam diferença quando ainda não havíamos chegado às 18 mil (e contando).

“Sempre na divisão de tarefas”? O amigo nunca levou a sério o que lhe contei do pacto antenupcial aqui de casa: além dos bens, todos da mulher, passados, presentes e futuros, cada um cuida de uma área. Ela, da educação dos filhos, investimentos, viagens, gastos, até de minhas muitas cirurgias.

“E você, dos grandes problemas?” Lembrou que minha área conjugal sempre foi a política internacional, o Nobel da Paz, a pesquisa da vida extraterrestre, entre outros magnos assuntos. “Então hoje você decide sobre a cloroquina e o isolamento social”. Não, informo ao amigo, o pacto agora é outro: eu lavo, passo, limpo e cozinho.

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