Little Richard, morto aos 87, abriu rota para o rock ser voz dos rebeldes e subversivos

Causa da morte do artista americano é desconhecida

Little Richard não só fundou a base musical do rock’n’roll, ao acelerar e adicionar um tanto de selvageria ao rhythm and blues –ele também abriu caminho para que a nova música fosse a voz dos rebeldes, subversivos e desajustados. O cantor morreu neste sábado (9), aos 87 anos. A causa da morte é desconhecida.

Negro e bissexual, Richard incendiava plateias em que jovens negros e brancos dividiam o mesmo espaço. Ele se vestia e se maquiava como uma diva. Berrava a plenos pulmões letras de duplo sentido e embalava, com sua música frenética, uma dança considerada pornográfica na época —meados dos anos 1950, quando o assassinato sistemático de negros que desafiavam o “status quo” era uma realidade no sul dos Estados Unidos.

Foi justamente nesse sul –em Macon, no estado da Geórgia– que Richard Wayne Penniman nasceu em 5 de dezembro de 1932, numa família de 12 irmãos. Seu pai era diácono da igreja batista, o que não o impedia de traficar “moonshine” (uísque caseiro, sem passagem por barril) e manter uma taberna durante os anos da lei seca.

O garoto começou a desenvolver o talento musical no coro da igreja que a família frequentava. Aos 14 anos, em 1947, fez sua estreia nos palcos ao abrir —sem a autorização de ninguém— o concerto de Sister Rosetta Tharpe, uma cantora de música gospel. A plateia ovacionou o menino de voz forte e aguda, e Little Richard saiu do teatro com cachê no bolso.

Aos 15 anos, Penniman foi expulso de casa pelo pai, devido aos seus modos efeminados. No fim dos anos 1940 e no início da década seguinte, o rapaz trabalhou com toda espécie de charlatães no “vaudeville”, onde animou shows de horrores e se tornou ele mesmo uma espécie de aberração, ao tocar travestido para atrair plateias interessadas no bizarro. Também ampliou seus horizontes musicais, aprendendo a tocar piano e incorporando ao gospel o blues, o R&B e o boogie-woogie.

Foi no submundo do espetáculo restrito aos negros —o chamado “chitlin’ circuit”—que Little Richard fez amizade com Billy Wright, a fonte de inspiração para seus shows extravagantes. Conhecido como o “príncipe do blues”, Wright se apresentava em ternos coloridos, usava um enorme topete e bigode estreitíssimo.

O rumo da carreira de Penniman só viria a mudar em 1955, quando ele mandou uma fita demo para a gravadora Specialty, de Los Angeles. Chamado para gravar num estúdio em Nova Orleans, não empolgou o produtor Robert Blackwell até que eles, cansados das tentativas infrutíferas, saíram para beber juntos.

Foi no bar que Little Richard resolveu cantar “Tutti Frutti”, uma brincadeira dos tempos do vaudeville que começava com o grito “wop bop a loo bop a lop bom bom” e cuja letra dizia “tutti frutti/ good booty/ if it don’t fit/ don’t force it/ you can grease it/ make it easy”, ou “tutti frutti/ bunda boa/ se não couber/ não force/ você pode lubrificar/ para facilitar”. Blackwell sentiu ali o estalo que procurava e encomendou à compositora Dorothy Le Bostrie letras menos obscenas para a melodia.

Suavizada, “Tutti Frutti” foi gravada em só três tomadas e chegou ao mercado em novembro de 1955. Foi sucesso imediato nos Estados Unidos e no Reino Unido, atingindo o segundo lugar da parada de R&B da revista Billboard. “Long Tall Sally”, o próximo single, chegaria ao topo da mesma parada no início de 1956.

Naquele ano, Little Richard ainda emplacaria hits como “Lucille”, “Rip it Up”, “Ready Teddy” e “Slippin’ and Slidin'”. O garoto negro e efeminado da Geórgia havia se tornado um ídolo do mesmo quilate de Elvis Presley.

O sucesso de Little Richard com a juventude branca fez com que as casas de espetáculo, então exclusivamente brancas ou negras, passassem a admitir as duas raças num mesmo evento. Havia segregação —os brancos ocupavam a plateia e os negros, a galeria—, porém ela se desfazia no decorrer do show, quando os dois públicos se amontoavam em frente ao palco.

A histeria da audiência era semelhante à vista nos shows de Elvis. Durante uma apresentação em Baltimore, a polícia precisou intervir duas vezes –para evitar que adolescentes se atirassem do alto da galeria e para remover garotas que invadiram ao palco no afã de obter retalhos da roupa de Little Richard.

No mesmo concerto, uma mulher atirou sua calcinha em direção ao palco, levando dezenas de outras a repetir o gesto. O fenômeno irritava e desconcertava a classe dominante branca. Penniman, além de negro, era um homem de gestos exagerados que usava roupas coloridas e brilhantes, além de cobrir o rosto com pó de arroz.

“Eu usava a maquiagem para que os homens brancos não pensassem que eu estava atrás das garotas brancas”, disse o músico em uma entrevista de 1984 à revista americana Jet, destinada ao público afrodescendente. “Facilitava as coisas para mim e, além do mais, era colorido.”

Little Richard nunca empunhou a bandeira gay, mesmo se definindo como “pansexual” em relatos ao biógrafo Charles White, autor de “The Life and Times of Little Richard”, sem edição brasileira. De acordo com o livro, desde a puberdade o cantor se relacionava tanto com homens quanto com mulheres.

“Eu tinha namoradas —um monte de mulheres que me seguiam, viajavam comigo, ficavam comigo e dormiam comigo”, disse Penniman em 2000 à revista Jet. “Eu percebi que ser chamado de bicha me trazia fama —então que eles digam o que quiserem.”

Em 1957, a conversão ao cristianismo interrompeu subitamente a carreira de Little Richard. O anúncio de que abandonaria a música aconteceu no meio de uma turnê na Austrália. No voo entre Melbourne e Sydney, ele teria sentido que as turbinas do avião estavam sendo sustentadas por anjos. Voltou dez dias antes do previsto para os Estados Unidos —e o voo que o traria na agenda original caiu no oceano Pacífico.

Isso aumentou sua convicção de que deveria escutar o chamado divino. Ele se matriculou num curso de teologia no Alabama e passou a gravar só música gospel. Em 1959, se casou com Ernestine Campbell, a quem conhecera num congresso evangélico. O divórcio viria em 1963.

Little Richard voltou ao rock’n’roll em 1962, atraído pelo mercado europeu que então consumia avidamente a música americana de alguns anos antes. Em seus giros pela Europa, foi a atração principal de shows que tiveram a abertura de bandas locais iniciantes —os Beatles, de Liverpool, e os Rolling Stones, de Londres. Em 1965, emplacou na parada de R&B a balada soul “I Don’t Know What You’ve Got (But It’s Got Me)”. A banda que o acompanhava, os Upsetters, tinha Billy Preston no órgão e Jimi Hendrix na guitarra.

No final dos anos 1960, Little Richard passou a se apresentar nos cassinos de Las Vegas. Na década seguinte, depois de se diplomar pastor da igreja adventista, ele enfrentou sérios problemas com cocaína. “Eu cheirava tanto que deveriam me chamar Little Cocaine”, afirmou na biografia escrita por Charles White.

Nas décadas posteriores, Little Richard oscilou entre a religião, shows ocasionais e pontas no cinema e na TV –apareceu no filme “Um Vagabundo na Alta Roda”, com Nick Nolte, e em episódios de “Miami Vice” e “SOS Malibu”. Em 2006, celebrou a união de 20 casais numa única cerimônia de casamento.

O trabalho de Little Richard afetou praticamente tudo o que veio depois dele na música pop –artistas de estilos diversos, como o blues rock (Creedence Clearwater Revival), o soul (James Brown), o hard rock (AC/DC) e até a MPB (Raul Seixas), foram influenciados por sua música e estilo. O cantor Prince era tão parecido com Little Richard que o roqueiro veterano o queria para interpretar seu papel numa telebiografia feita para o canal NBC em 2000.

Little Richard teve só um filho. Danny Jones, adotado com um ano durante o casamento com Ernestine Campbell. Jones trabalhou como guarda-costas do pai.

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Quase meio século de EstaR – e nada mudou

A URBS S.A., do município de Curitiba, deixará de aceitar os cartões físicos, em papel, do EstaR (Estacionamento Regulamentado) em 11/05/20. Este prazo é curtíssimo – e tem razões para isto: sanha do lucro.

Tal decisão está equivocada se considerarmos que a quarentena fez com que as pessoas se recolhessem em suas casas, deixando de usar os talões do EstaR comprados antes da pandemia.

Os blocos podem ser trocados até 10 de junho de 2020, mas esta data ainda é prematura se considerarmos que não há prazo para o fim do problema da saúde.

Apesar do agendamento, isso obriga as pessoas a se deslocarem para a URBS, quebrando a quarentena por motivo exclusivamente econômico.

Quem tem poucos talões ou apenas algumas folhas, acaba por não trocá-los e isto dá prejuízo aos usuários, ainda que de pequena monta.

O EstaR eletrônico é mais uma medida para a expansão nas vias da cidade.

Esta excrescência jurídica foi introduzida na Ditadura Militar pela lei municipal de Curitiba n. 3.979 de 05/11/1971, há quase cinquenta anos. Em 31 de março de 1982, o saudoso Prof. Aloísio Surgik questionava, publicamente, o EstaR.

O primeiro cartão do EstaR constava que não daria direito ao usuário a obrigação de guarda ou vigilância do veículo, nem a responsabilidade indenizatória por acidentes, danos, furtos ou quaisquer prejuízos que os usuários viessem a sofrer nos locais estacionados com o cartão.

Em resumo, um contrato de adesão que trazia apenas vantagens ao município e nenhuma contraprestação aos usuários, mas ninguém reclamava, afinal, estávamos em pleno regime de exceção. A ausência de garantias continua.

Com esta nova modalidade eletrônica as empresas eletrônicas contratadas vão faturar, quando se poderia desenvolver um software público para tal cobrança.

Os usuários sequer foram consultados sobre o assunto. E continuam sem o direito de ressarcimento quando ocorrem danos e furtos. Continuaremos a ter um, contrato público de adesão, como sempre ocorreu.

O Poder Judiciário, de quando em quando, condena a URBS ao ressarcimento de danos, mas para isto são necessárias ações, audiências e tudo mais que faz com que os consumidores desistam de exigirem seus direitos.

É hora de questionar a contraprestação deste serviço apenas rotativo, no qual os usuários consumidores pagam. Este modelo de cobrança infesta os municípios brasileiros – e os usuários consumidores sempre pagam o pato.

O debate deve ser público e não com a usual claque de vereadores que sempre aprova tudo que os prefeitos de plantão lhes ordenam votar nas câmaras municipais.

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Carta a um não confinado

Consertamos a economia depois, todos juntos, sem individualismo

Não ponho o pé na rua há semanas. Leio, aproveito meu pacote da Netflix, experimento receitas, até comecei a pintar. Exercito-me na esteira da sala. Peço tudo por aplicativo. Faço sacrifícios: sinto falta do Iguatemi, dos meus restaurantes preferidos, de viajar.

Você, não confinado, sabota meus sacrifícios, espalhando o vírus. Devo qualificá-lo como um ser antissocial.

Não há vacina ou remédio confiável. O governo Bolsonaro ignora a pandemia, fechou o Ministério da Saúde, não coordena esforços de testagem. São mais motivos para ficar em casa, nossa única salvação.

O renomado cientista Miguel Nicolelis disse que a quarentena é para “evitar contágios”. Itália e Espanha estão flexibilizando a medida com, respectivamente, 1.552 e 2.397 contágios médios diários na última semana. Seus governos irresponsáveis deram as costas à ciência. Você nunca a seguiu.

Leio na Folha as palavras sábias do sanitarista Claudio Henriques, que adiciona prazos à meta expressa por Nicolelis. A quarentena deve perdurar por “mais de um ano” e precisará ser reforçada por períodos de “lockdown” com “cerca de duas semanas cada”. Ok: home office direto, via Zoom. Perdi um naco de renda; meus gastos, porém, também diminuíram. Mas essa extensão de meus sacrifícios só terá sentido se você ficar em casa, como eu. Hora de chamar a polícia, Doria!

Os restaurantes, graças aos céus, ainda não podem abrir na Itália. Seus proprietários iniciaram um movimento coletivo de entrega das chaves aos prefeitos. Mercenários: pressionam pelo desconfinamento em nome do vil metal. Vocês, donos de lojinhas e serviços não essenciais que furam a quarentena no Belém, no Brás, no Pari, são ainda piores que eles. Chega, né, Covas? Tem que trancar tudo, com multas exemplares.

Guedes boicota a rede emergencial de proteção social, atrasando o pagamento dos vouchers para os pobres. São meros R$ 600. Ok, acho pouco. Mas nada disso desculpa as cenas das favelas que retomam a normalidade. A vida é o bem maior. Você, informal desconfinado, revela sua ignorância ao desrespeitar a norma sanitária ditada pela ciência. Todos estamos no mesmo barco: dê sua cota de sacrifício, como dou a minha.

Quarentena tem, afinal, coisas boas. O planeta descansa, a natureza respira, a humanidade usa o tempo livre para reaprender a solidariedade. Louvo os corajosos médicos que estão na linha de frente. Postei homenagem no meu Insta, que ganha seguidores.

Vejo imagens de crianças descalças jogando bola na rua de uma favela, não sei se na zona oeste ou na leste. Serão filhos de auxiliares de enfermagem? Pouco importa: um sacrifício não justifica uma negligência. As escolas fecharam para evitar o tráfego do vírus pela ponte dos assintomáticos. Meu filho brinca no playground do prédio, quando desliga o celular. De quantas mortes você precisa para segurar as crianças em casa?

Sigo, atento, as estatísticas da Covid-19. A curva sobe, sinistra. Leio projeções sombrias de queda do PIB. Cinco milhões perderam empregos ou tiveram cortes salariais. Há, nesses milhões, gente como você, que se desconfina –e diz ao Datafolha que a quarentena deve terminar. Por falta de escola, você não aprendeu a ordem das coisas: a distinção entre gráficos relevantes e insignificantes. Economia, consertamos depois. Daqui a um ano pensamos nisso. Todos juntos, sem individualismo.

O Ocidente fracassou –e nem falo dos EUA. A Alemanha reabriu todo o comércio num dia com 282 óbitos, mais de mil contágios. É deboche da ciência. A China, sim, funciona. Lei marcial. Queria ver você lá, em Wuhan, onde dão valor à vida. O isolamento em São Paulo caiu a 47%. Covas, fracote, desistiu de bloquear avenidas. Mas disse certo: “As pessoas não entenderam a mensagem”.

Basta. “Lockdown” já! Com esse zé povinho não dá. Odeio você. Assino: um cidadão informado. Volto às séries.

Publicado em Demétrio Magnolli - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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O misterioso vídeo da reunião de Jair Bolsonaro com Sergio Moro

Qual seria a razão para Jair Bolsonaro tentar de tudo para evitar a entrega ao STF da gravação em vídeo na íntegra da famosa reunião ministerial do dia 22 de abril? O vídeo foi citado pelo ex-ministro Sergio Moro em depoimento à Polícia Federal no último sábado. Nesta reunião, Bolsonaro teria pressionado Moro para que fosse feita a troca na diretoria-geral da PF, quando o ex-juiz da Lava Jato recusou e os dois teriam tido um ríspido diálogo, com o presidente ameaçando demitir o ministro.

Logo depois da demissão de Moro, o papudo Bolsonaro disse que iria divulgar o vídeo da reunião. Claro que ele planejava editar a conversa para prejudicar Moro, o que demonstra sua dificuldade de avaliação. Como é que alguém poderia acreditar que Moro citaria para a PF um material que poderia ser convertido em prova contra ele próprio?

Bolsonaro acreditava nisso, mas pelo jeito deve ter sido avisado por alguém de que mesmo com edição do conteúdo ele não ficaria bem na fita, favorecendo seu ex-ministro, que acabou pedindo demissão, não sem antes fazer uma impactante apresentação à imprensa de suas razões para sair do governo.

Mas a coisa se complicou mesmo depois que o ministro Celso de Mello, do STF, incluiu o vídeo como uma das provas no inquérito que apura a ingerência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

E agora Bolsonaro procura evitar a entrega ao STF. Já apareceu até a conversa de que o vídeo teria sido apagado, uma versão que provavelmente Celso de Mello não vai engolir. Aos poucos, o conteúdo da reunião também vai sendo revelado, o que vai contribuindo para entender o pânico criado no Palácio do Planalto com a possibilidade dos ministros do STF assistirem a uma boa mostra do que vem acontecendo nos bastidores desse governo absolutamente inacreditável em sua grosseria, burrice e risco para o Estado de Direito.

No popular, quem não deve não teme. O fato de Bolsonaro não querer entregar o vídeo fez aumentar o interesse pelo conteúdo da reunião de maiorais de seu governo. O Estadão contou que além da demissão do diretor-geral da PF, na reunião o presidente disse que entregaria cargos ao Centrão. Segundo o jornal, Sergio Moro “teria demonstrado discordância”. Sem dúvida, esta parte Bolsonaro faria questão de excluir.

O interesse especial do presidente pela superintendência da PF no Rio de Janeiro, além da blindagem dele e dos filhos seria também por que o presidente queria informações sobre seus principais adversários políticos no Rio. Entre os alvos estaria o governador Wilson Witzel. Moro e Maurício Valeixo, então diretor-geral da Polícia Federal, foram contrários a este uso indevido da PF. Esta informação saiu na revista digital Crusoé desta semana.

Já se sabe também que a reunião teve bate boca e palavrões. O ministro da Fazenda, Paulo Guedes, discutiu aos gritos com Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, em divergência referente a gastos públicos na retomada da economia após a pandemia do coronavírus. Corre a notícia de que Marinho quer o lugar de Guedes no Ministério da Economia.

O jornal O Globo descobriu que Bolsonaro estava de “péssimo humor” e deu uma bronca generalizada nos ministros. Houve também muitas críticas à China. E como bom furdunço, não podia faltar a presença de Abraham Weintraub. O portal UOL afirma que o ministro disse na reunião que o STF é composto por “onze filhos da puta”. Claro que por enquanto tudo não passa de conjecturas, mas basta Bolsonaro mandar o vídeo na íntegra para o ministro Celso de Mello que tudo poderá ficar bem esclarecido.

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O compartilhamento de dados de usuários de telefonia com o IBGE

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou o julgamento da suspensão da Medida Provisória (MP) 954/2020 que prevê o compartilhamento dos dados de usuários de telecomunicações e o IBGE no período de pandemia da Covid-19.

A relatora Ministra Rosa Weber reafirmou a liminar pela suspensão do compartilhamento. Segundo a relatora, a MP não delimita o objeto da estatística a ser produzida, a finalidade específica e a sua amplitude.

Nesta discussão do acesso de dados pessoais e os interesses do Estado, temos de um lado o Direito Público que pode ser comparado ao filme americano A Bolha Assassina de 1955 (The Blob) que açambarcava tudo por onde passava.

E do outro lado, o Direito Privado, cada vez mais espezinhado, comparável aos pequeninos no seriado Terra de Gigantes de 1968.

O Tribunal de Justiça da União Europeia no que diz respeito à proteção dos dados pessoais julgou por meio do Acórdão de 8 de abril de 2014 (Grande Secção) processo muito semelhante e este que tramita no STF.

O referido julgamento europeu envolveu o processo C-293/12, a High Court (Supremo Tribunal, Irlanda) e o processo C-594/12, o Verfassungsgerichtshof (Tribunal Constitucional, Áustria).

O Tribunal Europeu declarou a diretiva inválida, tendo considerado que a ingerência de grande amplitude e de particular gravidade nos direitos fundamentais que a referida diretiva impunha não era suficientemente enquadrada de forma a garantir que se limitava ao estritamente necessário. A diretiva também não previa nenhum critério objetivo que permitisse garantir que as autoridades nacionais competentes apenas tinham acesso aos dados e apenas podiam utilizá-los para prevenir, detectar ou agir penalmente contra infrações suscetíveis de serem consideradas suficientemente graves para justificar tal ingerência.

O Direito Romano nos ensina que o direito público é o que diz respeito ao governo do império romano e o direito privado o que respeita aos interesses de cada cidadão. Na República romana o governo era do povo e não dos imperadores, e a informação de qualquer cidadão só poderia ser feita a cada lustro, daí o termo ilustre, o que está na contagem de cidadãos romanos.

Nenhuma informação que invada o sigilo telefônico, com normas amplas de utilização e a relativização do direito fundamental do sigilo e da vida privada não é compatível com a Constituição brasileira.

Nosso prognóstico é que teremos a declaração de inconstitucionalidade da MP pelo STF, de forma unânime.

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A rainha do barraco

REGINA DUARTE acaba de passar no vestibular da universidade bolsonazi. Com honra, magna cum laude, ontem, na entrevista à CNN. Mostrou suas qualificações para o cargo de secretária de Jair Bolsonaro. Assim como os colegas mais cotados – Weintraub, Damares, Wajngarten, Araújo – não leva desaforo para o gabinete e não está nem aí para a compostura e o equilíbrio esperados de agentes públicos.

DIGA-SE em favor de Regina: não há como exigir dela compostura e equilíbrio, pois a falta de um e outro são modelos de conduta do chefe, da família e de suas milícias virtuais. Regina, como os quatro cavaleiros do apocalipse bolsoignaro, não precisa ser culta; basta ser curta – e grossa, agora a rainha do barraco, sua nova persona na arte e na vida. E a Cultura, sua área? Ora, é só armar a pistola, como o chefe.

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Devolvam a nossa bandeira

Pobre do psicopata que nunca vai sentir tristeza e desespero

Quando eu era criança, em época de Copa do Mundo eu ajudava a pintar a bandeira do Brasil na rua, em frente à casa dos meus avós. Juntava um monte de gente da família (todo mundo morava meio perto), e eu podia ficar mais tempo brincando com meus primos. A gente também fazia bandeirinhas e pendurava em barbantes pra enfeitar os portões. Quando ia começar o jogo e tocava o hino, ficávamos amontoados na sala cantando com os jogadores (que ainda não eram bilionários e apoiadores de presidente genocida).

Meu avô colocava a mão no peito e minha avó perguntava, preocupada, “é o coração?”, mas ele só estava sendo muito patriota. Eu, que sempre fui emotiva além da conta, chorava feito besta e tinha a minha clássica dor de barriga de quem estava tão feliz, mas tão feliz, que passava mal.

Depois, quando mudei de escola, descobri que todos os dias, após o recreio e antes do retorno para a classe, a gente tinha que cantar o hino e ver a bandeira ser hasteada. Confesso que aquele calor do meio da tarde dava um sono danado, mas nós, as meninas, aproveitávamos a fila ao lado dos meninos pra pegar na mão deles. E os professores deixavam, porque achavam que era amor à pátria. E vai ver era mesmo. Muitos namorinhos começaram por causa disso.

Aos 20 e poucos anos eu me inscrevi num prêmio que era o maior sonho de todo aspirante a publicitário, o Young Creatives. Fiquei em 11º lugar, e apenas os dez primeiros iriam pra Cannes com tudo pago e uma agenda infinita de palestras incríveis e festas promissoras. Eu chorei uma manhã inteira quando meu chefe da época, o Pedro Cabral, resolveu me mandar pela agência e ainda me hospedou num hotel bem melhor do que o muquifo em que ficaram as outras pessoas (perdão!).

Eu estava em uma fase em que amava tão absurdamente a minha vida, o meu trabalho, o futuro que me acenava reluzente e essa oportunidade (meu primeiro grande reconhecimento profissional), que quando vi dezenas de bandeiras do Brasil espalhadas pela Riviera Francesa tive medo de que meu coração parasse. Eu sei que é brega o que vou dizer, mas é um longo caminho do Tatuapé para o mundo, e eu senti como se chegasse à Lua e fincasse lá o meu verde e amarelo. Depois de muitas madrugadas ralando feito uma condenada e sofrendo bullying (porque 1- eu levava marmita e 2- a tampa dela era de oncinha), admito que me comovia com o lance do “sou brasileiro e não desisto nunca”.

Daí resolvi que queria mesmo era ser escritora, e minha obsessão passou a ser o respeito dentro do meio literário, mais especificamente dentro da panela apimentada por barbudos com orgulho de ganhar parcos reais por página traduzida e feministas com sotaque de colégio-caro-cabeça. E de novo foi puxado. Eu não tinha feito letras ou sociologia na USP e ainda tingia o cabelo de loiro. Me odiaram o quanto puderam até perceberem que eu era legal pacas.

Quando eu já era “aceita”, houve um churrasco inesquecível para ver um jogo do Brasil. A CBF, apesar de já ser a CBF, ainda não era estampa de gente ignorante, fascista e nojenta. Acho que foi a última vez que usei verde e amarelo com o orgulho de um nacionalismo romântico pau-brasil e não temendo ser associada a um nacionalismo nazista pau de arara.

Hoje observo meu país agonizar nos corredores cruéis do descaso. Meu hino ser usado por criminosos que disparam armas de pressão contra as janelas de Perdizes. Minha bandeira aquecer dementes que bradam contra enfermeiros e a democracia. Pobre do psicopata que nunca vai sentir tristeza e desespero.

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Pudor pós transa

JAIR BOLSONARO bate o pé e teima para não entregar ao STF vídeos de suas conversas com Sérgio Moro, nas quais teria pressionado o então ministro para interferir na PF. Parece essas encrencas do cara que joga na internet o vídeo da transa com a ex-namorada. Moro é o namorado sacana e Bolsonaro, a namorada com pudor pós transa. A diferença é que aqui a namorada filmou, de lembrança, para curtir depois, sozinha.

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Romance de uma caveira

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Uma lágrima por Flávio Migliaccio

Se há momentos que me emocionam e entristecem são aqueles em que um artista – pessoa de elevada consciência e grande sensibilidade –, depois de haver alcançado o sucesso em uma vitoriosa carreira, já no ocaso da vida, decide abreviá-la, saindo de cena de forma dramática e lamentável.

Para citar apenas alguns exemplos mais recentes, isso aconteceu com o americano Robin Williams e com o nosso Walmor Chagas. E agora acontece com o notável Flávio Migliaccio. Ele estava com 85 anos e vivia só em seu sítio em Rio Bonito, no interior do Rio, de onde saía apenas quando havia um trabalho na Globo.

Aguentou o quanto pôde. Até sábado 04 de maio. Explicou o ato por escrito:

“Me desculpem, mas não deu mais. A velhice neste país é o caos, como tudo aqui. A humanidade não deu certo. Eu tive a impressão que foram 85 anos jogados fora, num país como este. É com esse tipo de gente que acabei encontrando. Cuidem das crianças de hoje! Flávio”.

Flávio Migliaccio era paulista do Braz. Foi um dos dezessete filhos de Domingos Migliaccio e de Jandira Machado, entre os quais a também atriz e comediante Dirce Migliaccio, falecida em 2009. Sempre quis ser artista e logo descobriu a sua veia humorística. Aos 25 anos, estreou no cinema, em “O Grande Momento”, de Roberto Santos; depois, atuaria em “Cinco Vezes Favela”, “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, “Terra em Transe” e “Todas as Mulheres do Mundo”. Mas foi na televisão que conquistou o grande público, não só em inúmeras novelas da Rede Globo, mas com o personagem “Xerife”, na série “Shazan, Xerife & Cia., ao lado de Paulo José, e como “Tio Maneco”, na série exibida pela TV Educativa.

Ultimamente, andava deprimido. Escutava pouco e enxergava mal. Às vezes, desabafava com o filho Marcelo: “Meu corpo deteriora-se rápida e irreversivelmente. Daqui para frente, só vai piorar”. Debalde foram todos os argumentos para animá-lo.

O colega e amigo Lima Duarte, de 90 anos, compreendeu o gesto do companheiro de jornada: “Eu te entendo, Migliaccio, porque eu, como você, sou do Teatro de Arena, com Paulo José, Chico de Assis, Guarnieri. Foi lá que aprendemos com o Boal, que era preciso, era urgente, que se pusesse o brasileiro em cena”. Lima relembra os momentos difíceis enfrentados pelos atores durante a ditadura militar e sublinha: “Agora, quando sentimos o hálito putrefato de 64, o bafio terrível de 68, 56 anos depois, quando eles promovem a devastação dos velhos, não podemos mais. Eu não tive a coragem que você teve”. E conclui: “Os que lavam as mãos, o fazem numa bacia de sangue”. É uma referência à fala de um personagem de Bertold Brecht.

Não pretendo enaltecer o ato do grande Flávio Migliaccio, mas digo-lhes que, como Lima Duarte, compreendo o gesto dele.

O saudoso Rubem Alves, que amava como poucos a vida, achava que o ser humano tem o direito de decidir quanto deseja viver e quando deseja morrer – até porque “a morte e a vida são irmãs”. E, com a sabedoria dos grandes mestres, sustentava que é preciso respeitar a vontade do vivente e permitir-lhe a recepção da morte quando a vida deseja ir embora.

Flávio Migliaccio tinha emprego, de vez em quando era convocado para atuar diante das câmaras, queria bem os colegas e era querido por eles, mas, na verdade, sentia-se envolto em uma espessa neblina. Neblina de tristeza e de solidão. E essa neblina nascia dele próprio, no fundo de sua alma cansada. Os dias se tornaram compridos demais, as noites insuportáveis. Passou a faltar esperança, motivo para viver. O mundo não mais lhe pertencia. Ou melhor, estava decepcionado com a humanidade, e achava que o mundo não mais lhe queria.

Drummond captou bem a cena: “Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus / Tempo de absoluta depuração / Tempo em que não se diz mais: meu amor / Porque o amor resultou inútil / E os olhos não choram / E o coração está seco / E as mãos tecem apenas o rude trabalho / Em vão mulheres batem à porta, não abrirás / Ficaste sozinho, a luz apagou-se / mas na sombra teus olhos resplandecem enormes / És todo certeza, já não sabes sofrer / E nada esperas de teus amigos”.

Flávio não suportou mais esperar que as cortinas do palco se fechassem naturalmente. Arrumou uma corda e tomou a iniciativa de fechá-las.

Publicado em Célio Heitor Gumarães - Blog do Zé Beto | Deixar um comentário
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Bolsovírus

Presidente infectou o país com raiva e desesperança

Estamos todos doentes. Não bastasse o drama que vivemos com a crise da Covid-19, temos que lidar com o rastro de destruição deixado por um germe patogênico incapacitante: o bolsovírus, como foi apelidado.

Jair Bolsonaro conseguiu a façanha de contaminar a população com seu discurso inescrupuloso, seu apreço pela ignorância e seu desprezo pela humanidade. Deixou um país inteiro infectado pela raiva e pela desesperança.

Estamos todos mentalmente desequilibrados. Quem não está cego e não perdeu toda a capacidade de discernimento e a decência sente os efeitos dessa infecção devastadora provocada pelo bolsovírus de uma forma também bastante severa: as pessoas estão tristes, abatidas, exaustas com o festival diário de asneiras, de grosserias e de ataques à democracia.

Assistindo ao noticiário, que dedica boa parte do seu tempo a descrever a crise institucional que não abandona o país, tenho a falsa e perigosa sensação de que não temos outro problema ainda maior, o coronavírus. A gravidade da pandemia acaba diluída diante dos mandos e desmandos desse brutamontes que enlameia a cadeira da Presidência.

Somos atropelados pelo tiroteio entre o presidente e o ex-ministro da Justiça, as brigas com os governadores, os lampejos golpistas, que se tornaram corriqueiros. E, no final do dia, trombamos com o número de mortes pela Covid-19, a baixa adesão ao isolamento, o recorde de perdas entre os profissionais da saúde, os hospitais em colapso.

Todas as nossas atenções deveriam estar focadas em salvar vidas, mas passamos boa parte do tempo tentando nos livrar da insanidade a que Bolsonaro submete o país.

Quem ainda não está louco, condição “sine qua non” para não apoiar este governo tresloucado e incompetente, está sendo enlouquecido à medida que faz oposição a ele. Ou acabamos com o bolsovírus ou não sei o que será de nós.

Publicado em Mariliz Pereira Jorge - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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As cláusulas de fidelidade em tempos de pandemia

Os serviços de telefonia, TV a cabo, internet dentre outras, normalmente, tem cláusulas de fidelidade, por um ano.

Ninguém duvida que a pandemia alterou profundamente a economia. Em decorrência, houve uma drástica mudança do equilíbrio contratual entre consumidores e fornecedores.

Contratos que possuam cláusulas de fidelidade, isto é, da obrigatoriedade da manutenção do contrato por determinado tempo não se sustentam mais juridicamente.

 Acontece que quando o contrato foi firmado, a expectativa econômica era uma, agora, com a pandemia, muitas coisas se alteraram.

A fidelidade pode ser anulada a qualquer momento desde que o consumidor tenha prova da má prestação do serviço ou do não cumprimento do que foi pactuado.

 As vezes a fidelidade está vinculada ao desconto no produto, por exemplo, aparelho de telefonia celular mais barato do preço de mercado.

A verdade é que as empresas adquirem grandes lotes de aparelhos celulares e por esta razão conseguem dar desconto na venda casada com a fidelidade, por esta razão vendem o produto muito abaixo do preço. Este expediente caracteriza-se abuso de poder econômico em relação as empresas concorrentes, na prática, as empresas se toleram.

Profundas alterações no cenário econômico induzem alterações contratuais e o reequilíbrio entre as partes. Os consumidores são a ponta mais frágil da relação contratual e, portanto, tem o direito a um tratamento diferenciado no reequilíbrio.

Tramita no Senado Federal o projeto de lei 2021/2020 que prevê a nulidade da cláusula de fidelidade aos consumidores que assinaram contratos antes da pandemia.

Na verdade, esta tarefa regulatória é das Agências Reguladoras, e nem precisaria de lei para tal alteração, porém, as agências zelam normalmente pelos interesses dos grandes grupos econômicos e não pelos interesses dos consumidores.

Publicado em Claudio Henrique de Castro | Deixar um comentário
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Dois Pra Lá, Dois Pra Cá

Sentindo frio em minha alma
Te convidei pra dançar
A tua voz me acalmava
São dois pra lá, dois pra cá

Meu coração traiçoeiro
Batia mais que um bongô
Tremia mais que as maracas
Descompassado de amor

Minha cabeça rodando
Rodava mais que os casais
O teu perfume, gardênia
E não me pergunte mais

A tua mão no pescoço
As tuas costas macias
Por quanto tempo rondaram
As minhas noites vazias

No dedo, um falso brilhante
Brincos iguais ao colar
E a ponta de um torturante
Band-aid no calcanhar

Eu hoje me embriagando
De whisky com guaraná
Ouvi tua voz murmurando
São dois pra lá, dois pra cá

Aldir Blanc|João Bosco|1978

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Que país é este?

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Diário da crise

Hoje comentei uma notícia interessante na tevê. Um comandante da Gol chamou pelo nome alguns passageiros do voo Rio Manaus. Pediu que ficassem de pé e explicou aos passageiros que eram funcionários da saúde que iria ajudar os doentes no Amazonas. Era apenas um grupo no avião. Mas representava 267 pessoas, 34 médicos e 115 enfermeiros entre outros.

Fico feliz mostrando o vídeo. Alguns funcionários de saúde são hostilizados nos transportes públicos. Enfermeiras foram agredidas quando faziam manifestação pacífica diante do Palácio do Planalto.

Essas pessoas merecem mais do que palmas mas condições dignas e seguras de trabalho.

Pela manhã, gravei o podcast semanal. O tema foi a escolha do novo diretor da Polícia Federal e a manobra de Bolsonaro para tirar o diretor da PF do Rio, seu velho sonho.

Bolsonaro elevou o Superintente caído no Rio ao segundo cargo em importância na PF. Só que não tem nenhum papel em investigações. Isso é o que chamamos cair para cima.

Bolsonaro disse a Moro que o inquérito sobre aquela manifestação diante do QG do Exército era mais uma razão para trocar o superintendente da PF. Isto significa que havia uma razão anterior e muito forte: trocar a PF do Rio.

Foi preciso derrubar Moro e Valeixo para chegar ao Rio e trocar o diretor. Deve haver uma razão muito forte, possivelmente ligada às milícias pois quase tudo aqui acaba desaguando nelas.

Fique impressionado com uma notícia de Utrecht. Cientistas isolaram um anticorpo humano que bloqueia a entrada do coronavírus no organismo. Eles já trabalhavam com os anticorpos eficazes no SAR. E encontraram esse que funciona contra o coronavírus.

Não tenho condições de prever o alcance dessa pesquisa. Imagino que seja possível estimular o aumento desse anticorpo. Se isso for possível, é melhor do que remédio ou quem sabe melhor do que vacina.

Mas é apenas um palpite leigo. As pesquisas vão continuar. E continuarei seguindo esses passos, na esperança de que acabaremos vencendo o coronavírus. Ou pela produção de anticorpos, por um antiviral ou pela vacina. Por enquanto, tudo que temos são máscaras e álcool gel. O coquetel de remédios usado hoje tanto os antivirais como os anticoagulantes ainda são uma modesta defesa.

Publicado em Fernando Gabeira - Blog | Com a tag | Deixar um comentário
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