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Maringas Maciel, autorretrato.

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Mural da História – 2018

© João Urban – década de 80

Solda, por Jaguar – Quem tem currículo tem medo; Solda não, é uma das poucas exceções. Nasceu em 52, em Itararé, interior de São Paulo, onde, segundo o Barão do mesmo nome, travou-se a maior batalha que não houve da História.

Por razões ainda obscuras mudou-se com mala e cuia de chimarrão para a capital do Paraná quando tinha 13 anos . Não esperou a maioridade para entrar em cena no primeiro teatro que lhe apareceu pela frente, onde fez de tudo; foi autor, ator, sonoplasta, músico, cenógrafo, faxineiro, bilheteiro e cartazista, tendo inventado o teatro do eu sozinho.

Mas como esqueceu de ser também espectador, foi à falência por falta de público. A gente se conheceu em 74, no Primeiro Salão de Humor de Piracicaba, eu como jurado, ele como um dos concorrentes premiados.

Daí pra frente dedicou-se a atividades subversivas e anti-sociais, cartum, literatura e propaganda, não necessariamente nesta ordem. Voltou em 92 ao seu torrão natal, para a mostra “100 anos de Itararé“ e constatou que Aparício Torelly, o Barão de Itararé, estava certo: a tal famosa batalha não houve mesmo.

Na verdade o fato mais importante que aconteceu na cidade foi ele, Solda, ter nascido lá. Voltou à base e só não se naturalizou curitibano para não magoar sua avó. Sempre pensei que Solda era codinome e não sobrenome. Só agora fiquei sabendo que se chama, na carteira de identidade, Luiz Antonio Solda. “Solda“, ensina o dicionário, “ligar, unir com solda, por fusão parcial obtida por maçarico.”

Pois é, pensei que era a solda das múltiplas coisas que ele faz.

Seu cartum fatalmente teria que desaguar nas letras. Ele é um cartunista de letras. Nuvens de letras pairam sobre os calungas que desenha, jorram da telinha da tevê, se derramam dos chapéus, das gavetas, dos livros entreabertos, de todos as fendas, buracos e orifícios.

Seus textos são cáusticos e certeiros como o de outro grande cartunista que também escrevia primorosamente, o Fortuna. São ao mesmo tempo absurdos e lógicos. E vice-versa. E não me pergunte por quê, leia o Solda que você vai saber do que estou falando. Quer que eu mostre o pau depois de matar a cobra ? Segure este hai kai : “é só entrar no banheiro / levar um choque no chuveiro / e sair limpo / pra se sujar o dia inteiro.”

Foi amigo e parceiro – de trabalho e mesa de bar – do maior poeta do Paraná, quiçá do Brasil, Paulo Leminski, invejado por todos os alcoólicos anônimos por ser notório. Quando Leminski morreu de cirrose Solda parou de beber quando, muito pelo contrário, deveria estar bebendo em dobro, por ele e pelo Leminski. Mas ainda pode se redimir. Estou guardando o seu lugar na turma do funil. (Jaguar) 

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O ‘apoio’ a Prates

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, não é vítima somente dos bombardeios que vêm do Palácio do Planalto contra a sua gestão na estatal. Internamente, ele também enfrenta oposição de diretores nomeados por ele, ligados a petroleiros sindicalizados.

A permanência de Prates no comando da Petrobras deve-se, principalmente, ao ministro Fernando Haddad (Fazenda), apesar da pressão feita por Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil). Mas a permanência, como mostrou o Bastidor, não é garantida.

Prates não conta mais com o apoio irrestrito da FUP (Federação Única dos Petroleiros), nem da Anapetro (Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários), que têm forte ligação com o PT.

As notas públicas recentes da FUP, mesmo em defesa do presidente da estatal, deixam margem para interpretações de que uma eventual saída não teria forte oposição da federação.

No ápice da crise entre Prates e Silveira, a FUP criticou o “espancamento público do presidente da Petrobras”, mas não citou o ministro de Minas e Energia, responsável pelas maiores críticas públicas ao petista.

Os petroleiros também foram contrários à posição de Prates em relação à distribuição de dividendos extraordinários. O governo queria usar os recursos para investimentos, Prates defendia a distribuição aos acionistas.

A FUP se alinhou ao Palácio do Planalto. Disse que as cifras estavam altas e que a gestão da empresa “não pode ficar refém do jogo do mercado financeiro, frustrado pelo não pagamento”, além de elogiar a decisão do governo de ter um representante do Ministério da Fazenda no conselho de Administração para “dar equilíbrio às decisões”.

Ontem, o conselho de Administração da estatal decidiu distribuir aos acionistas 21,95 bilhões de reais, referentes a 50% do valor avaliado para os dividendos extraordinários. A solução não foi considerada pelo governo e pelos petroleiros como a ideal, mas sim como a menos traumática.

Na gestão Prates, a Anapetro e a FUP chegaram a levar à CVM (Comissão de Valores Imobiliários) uma denúncia de supostas informações privilegiadas e da possibilidade de manipulação do mercado após uma entrevista do presidente da Petrobras.

Assim como o governo, os petroleiros cobram do petista investimentos na transição energética, retomada da indústria naval com conteúdo nacional e mudanças mais efetivas na política de preços dos combustíveis. Sem uma mudança de postura, a pressão sobre Prates continuará.

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Poesia em compota


o grego sólon
acreditava que nenhum homem
devia ser considerado feliz
senão depois de morto

eu creio
que nenhum homem
deve ser considerado feliz
antes de morrer de rir

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Parágrafo sem travessão

Bateu no travessão. Ricochetou. Barbara Black, Ph. D., from Cambridge, insiste, no outro lado da linha, em afirmar que meu parágrafo tem significados profundos na atual conjuntura cultural. O sumiço dele, bem no meio de um texto, acredita ela, tem tudo a ver, pelo viés do falecido estruturalismo, com as falaciosas tendências que procuravam conteúdo psicológico em documentos da Segunda Guerra Mundial, com penosa negligência dos fatos circundantes que os circunstanciam. Se um olho pisca, o outro acompanha por simples questão de educação? Ou ambos estão presos à ‘realidade do piscar’? Comicamente consciente, retruquei.

Disse a Barbara que meu parágrafo apenas havia ido a uma espelunca de má reputação lá em Araucária. Ela me puxou as orelhas, pelo telefone, e falou com entusiasmo: You are amazing! I’m really surprise! Completou, em bom inglês, que eu mesmo, autor, não alcançava a importância do fato, embora fictício, dentro da realidade mais crua da atual dinâmica cultural mundial. Um parágrafo sumindo num texto, afirmou ela, adiciona um refrão obsedante ao que chamaríamos de ‘nova literatura’ ou ‘circunsliteratura’. Aquela que envolve o leitor nas entranhas da linguagem viajeira.

E o solta no meio do furacão da vida, sem lenço nem pára-quedas. Declinei do convite para fazer palestras na tão famosa universidade alegando estresse de terceiro grau. Além do que, o parágrafo em questão não apresenta sinais de recuperação depois do porre. Desliguei o telefone, educadamente, com um suave ‘Good bye, Miss Barbara!’

Logo a seguir, fui à procura do parágrafo para tirar satisfações. Não o encontrei. Aliás, não encontrei nem o próprio texto de onde ele fugiu. Fiquei imaginando que estudo tão significativo Barbara Black, Ph.D., irá fazer sobre isso. Como disse sabiamente Jaccques Ellul, Ph.D., ‘significados não-intencionais são ambíguos’.

*Rui Werneck de Capistrano Não é Bobo Nem nada

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Massaro Miamoto

Mitsuko Tottori é a nova presidente da aérea Japan Airlines, onde começou como comissária de bordo, as aeromoças de antigamente.

Só a American Airlines não mais tem aeromoças, pois preserva as que começaram com Wilbur e Orville Wright, os irmãos que, pela mania de grandeza dos gringos, teriam inventado o avião, os voos de passageiros e de quebra as aeromoças, na época stewardesses, ou flight attendants. Volta e meio enfrento essas, hoje aerovelhas – ou flying spinsters -, gordas, azedas e mal comidas servindo comida ruim a bordo, que não se aposentam nem que o avião despareça no mar, atingido por mísseis russos, ucranianos ou de Israel. Deixei de ver vantagem no funcionário de chão de fábrica que sobe na vida para ser presidente, até dono da empresa. Aprendi com o maringaense Massaro Miamoto, que virou dono de revendas da Honda desde que teve perda total da magrela em acidente mobilístico, como aprendemos com o delegado de trânsito de Curitiba.

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© Jan-Saudek. The Mandolin Lesson (1994)

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Mural da História – 2012

zanoni-dois

Ilustração para a coluna “Carta de Vinhos”, de Luiz Carlos Zanoni

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O consumo de álcool e cigarros eletrônicos entre os jovens

Segundo um recente relatório da Organização Mundial da Saúde – OMS, cerca de 57% dos adolescentes de 15 anos já experimentaram e 37% consumiram álcool – e um a cada dez já se embriagaram.

Em resumo, a epidemia do alcoolismo garante o ingresso dos jovens no mercado consumidor do álcool.

Quanto ao cigarro eletrônico, um a cada cinco adolescentes fumou cigarros eletrônicos, alerta a OMS. A pesquisa foi realizada em 57 países. É uma radiografia sobre o alcoolismo e o tabagismo entre os jovens no mundo.

Os cigarros eletrônicos ultrapassam os cigarros convencionais: cerca de 32% de jovens de 15 anos usaram em algum momento e 20% usaram nos último 30 dias, – o que demostra a consolidação desta dependência.

Faltam campanhas do estado esclarecendo a malignidade do cigarro eletrônico e das drogas denominadas como lícitas, mas que causam enormes prejuízos para a saúde dos consumidores e à previdência.

Cigarros eletrônicos comercializados no mercado são fortemente direcionados ao público jovem. Atualmente, 34 países proíbem sua venda, 88 países não estipulam idade mínima para venda e 74 não têm regulamentação sobre esses produtos nocivos.

A indústria do tabaco lucra com os danos à saúde dos consumidores e está usando esses produtos para pressionar as autoridades a não implementarem políticas públicas contra os cigarros eletrônicos, cigarros e bebidas alcoólicas.

Resumo da ópera: estão abertas as portas para o consumo de outras drogas. O relatório aponta que essas empresas financiam estudos para gerar e disseminar amplamente evidências falsas de que esses novos produtos reduzem os danos à saúde. Ao mesmo tempo, promovem agressivamente os cigarros eletrônicos para crianças e não fumantes e continuam a vender bilhões de cigarros.

É necessária uma ação forte e decisiva para prevenir o uso de cigarros eletrônicos, com base na crescente evidência sobre o uso por crianças e adolescentes e os danos à saúde que eles causam.

Na contramão disso tudo o Senado brasileiro abriu debate sobre a regulamentação dos cigarros eletrônicos e há um projeto de lei em curso (PL 5008/2023).

Finalmente, é preciso destacar a cultura da saúde entre os jovens, o incremento dos esportes e, principalmente, da instrução educacional pública para erradicarmos a lucrativa epidemia das drogas que abate o país e o mundo.

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Sessão da meia-noite no Bacacheri

Hirayama parece totalmente satisfeito com sua vida simples de limpador de banheiros em Tóquio. À parte de sua rotina bastante estruturada; ele dedica-se à paixão pela música e pelos livros. Também ama as árvores e sempre as fotografa. Uma sequência de encontros inesperados revela gradualmente o seu passado; nesta reflexão comovente e poética sobre encontrar a beleza no cotidiano. Koji Yakusho ganhou o prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes 2023.

Dias Perfeitos|Título Original Perfect|2023|Drama|Japão|Alemanha|123 minutos Direção de Wim Wenders

Elenco
Miyako Tanaka … Old Lady with Brush|Koji Yakusho … Hirayama|Long Mizuma … Businessman|Tokio Emoto … Takashi

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A Néstor Perlongher

Na frente esteve e está, depois ou antes.
Poeta já portento de portenho,
em Néstor o barroco ganha engenho
e os verbos reverberam mais brilhantes.
Da Frente mítico entre os militantes,
aqui tem maior campo seu empenho.
Da causa negra um dado a depor tenho:
tratou mais que os tratados dos tratantes.
Aos putos imputou novo valor.
Da língua tinha humor sempre na ponta.
Das classes, luta e amor, é professor.
Mediu o que a estatística não conta.
Territorializou do corpo a cor.
Deu tom de santa a tanta tinta tonta.

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Mural da História – Governo Bozo

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Durkheim de alcova

Ainda ontem Lula foi aqui comparado a Joe Biden, na senilidade, na empulhação e na hipocrisia desabrida e arrogante. O que não chega a ser demérito porque é do instrumental da política, que revela pelo contraponto raro da coerência os homens públicos íntegros e coerentes. A multiplicidade e a rapidez (quase digo instantaneidade) das demandas que cercam os políticos fazem raros e preciosos os que não se movimentam como birutas de aeroporto para responder favoráveis à pressões contraditórias e inconsistentes.

Lula a cada dia acentua seu modelo Vicente Matheus, histórico e quase vitalício presidente do Corinthians – nada por acaso time de coração do presidente. Matheus era o folclórico dos rompantes do semianalfabeto bem intencionado. Poupo a memória do dirigente esportivo da comparação de caráter entre ele e o eminente torcedor. Nesse mesmo ontem Lula paramentou-se com os novos ternos de coloração viva escolhidos pela primeira dama, inclusive a sugestiva gravata com imagem de cachorrinhos.

Parêntese: o novo vestuário do presidente veio para demarcar a diferença entre Janja e Marisa Letícia, sob cuja égide Lula envergava ternos mal cortados, nos tons negros e azul escuro típicos do ambiente federal; de diferente, com notas de bom gosto arrivista, só as camisas sob medida vindas do artesão baiano, fornecidas pela mulher do hoje senador Jacques Wagner (o único judeu que aceita comparações do chefe entre Israel e o nazismo alemão). Marisa não ressignificou a roupa e a cabeça do marido; ela sempre foi fiel à origem sindical e suburbana da família.

Lula, agora, vive momento FHC, fantasiado de marido de socióloga sem obra escrita, diploma e louros da Sorbonne. Lula dorme com socióloga e acorda como um Émile Durkeim de alcova. Janja pontificou na rede sua indignação pela morte de Joca, o cão sufocado em voo da Gol. Impregnado pelo travesseiro do tálamo, Lula enverga um cachorrinho da Disney na gravata e cobra satisfações da aérea pela morte do animal. Com a mesma falsa firmeza com que cobrou menas leituras e mais ação ao ministro Fernando Haddad.

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