O compartilhamento de dados de usuários de telefonia com o IBGE

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou o julgamento da suspensão da Medida Provisória (MP) 954/2020 que prevê o compartilhamento dos dados de usuários de telecomunicações e o IBGE no período de pandemia da Covid-19.

A relatora Ministra Rosa Weber reafirmou a liminar pela suspensão do compartilhamento. Segundo a relatora, a MP não delimita o objeto da estatística a ser produzida, a finalidade específica e a sua amplitude.

Nesta discussão do acesso de dados pessoais e os interesses do Estado, temos de um lado o Direito Público que pode ser comparado ao filme americano A Bolha Assassina de 1955 (The Blob) que açambarcava tudo por onde passava.

E do outro lado, o Direito Privado, cada vez mais espezinhado, comparável aos pequeninos no seriado Terra de Gigantes de 1968.

O Tribunal de Justiça da União Europeia no que diz respeito à proteção dos dados pessoais julgou por meio do Acórdão de 8 de abril de 2014 (Grande Secção) processo muito semelhante e este que tramita no STF.

O referido julgamento europeu envolveu o processo C-293/12, a High Court (Supremo Tribunal, Irlanda) e o processo C-594/12, o Verfassungsgerichtshof (Tribunal Constitucional, Áustria).

O Tribunal Europeu declarou a diretiva inválida, tendo considerado que a ingerência de grande amplitude e de particular gravidade nos direitos fundamentais que a referida diretiva impunha não era suficientemente enquadrada de forma a garantir que se limitava ao estritamente necessário. A diretiva também não previa nenhum critério objetivo que permitisse garantir que as autoridades nacionais competentes apenas tinham acesso aos dados e apenas podiam utilizá-los para prevenir, detectar ou agir penalmente contra infrações suscetíveis de serem consideradas suficientemente graves para justificar tal ingerência.

O Direito Romano nos ensina que o direito público é o que diz respeito ao governo do império romano e o direito privado o que respeita aos interesses de cada cidadão. Na República romana o governo era do povo e não dos imperadores, e a informação de qualquer cidadão só poderia ser feita a cada lustro, daí o termo ilustre, o que está na contagem de cidadãos romanos.

Nenhuma informação que invada o sigilo telefônico, com normas amplas de utilização e a relativização do direito fundamental do sigilo e da vida privada não é compatível com a Constituição brasileira.

Nosso prognóstico é que teremos a declaração de inconstitucionalidade da MP pelo STF, de forma unânime.

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A rainha do barraco

REGINA DUARTE acaba de passar no vestibular da universidade bolsonazi. Com honra, magna cum laude, ontem, na entrevista à CNN. Mostrou suas qualificações para o cargo de secretária de Jair Bolsonaro. Assim como os colegas mais cotados – Weintraub, Damares, Wajngarten, Araújo – não leva desaforo para o gabinete e não está nem aí para a compostura e o equilíbrio esperados de agentes públicos.

DIGA-SE em favor de Regina: não há como exigir dela compostura e equilíbrio, pois a falta de um e outro são modelos de conduta do chefe, da família e de suas milícias virtuais. Regina, como os quatro cavaleiros do apocalipse bolsoignaro, não precisa ser culta; basta ser curta – e grossa, agora a rainha do barraco, sua nova persona na arte e na vida. E a Cultura, sua área? Ora, é só armar a pistola, como o chefe.

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Devolvam a nossa bandeira

Pobre do psicopata que nunca vai sentir tristeza e desespero

Quando eu era criança, em época de Copa do Mundo eu ajudava a pintar a bandeira do Brasil na rua, em frente à casa dos meus avós. Juntava um monte de gente da família (todo mundo morava meio perto), e eu podia ficar mais tempo brincando com meus primos. A gente também fazia bandeirinhas e pendurava em barbantes pra enfeitar os portões. Quando ia começar o jogo e tocava o hino, ficávamos amontoados na sala cantando com os jogadores (que ainda não eram bilionários e apoiadores de presidente genocida).

Meu avô colocava a mão no peito e minha avó perguntava, preocupada, “é o coração?”, mas ele só estava sendo muito patriota. Eu, que sempre fui emotiva além da conta, chorava feito besta e tinha a minha clássica dor de barriga de quem estava tão feliz, mas tão feliz, que passava mal.

Depois, quando mudei de escola, descobri que todos os dias, após o recreio e antes do retorno para a classe, a gente tinha que cantar o hino e ver a bandeira ser hasteada. Confesso que aquele calor do meio da tarde dava um sono danado, mas nós, as meninas, aproveitávamos a fila ao lado dos meninos pra pegar na mão deles. E os professores deixavam, porque achavam que era amor à pátria. E vai ver era mesmo. Muitos namorinhos começaram por causa disso.

Aos 20 e poucos anos eu me inscrevi num prêmio que era o maior sonho de todo aspirante a publicitário, o Young Creatives. Fiquei em 11º lugar, e apenas os dez primeiros iriam pra Cannes com tudo pago e uma agenda infinita de palestras incríveis e festas promissoras. Eu chorei uma manhã inteira quando meu chefe da época, o Pedro Cabral, resolveu me mandar pela agência e ainda me hospedou num hotel bem melhor do que o muquifo em que ficaram as outras pessoas (perdão!).

Eu estava em uma fase em que amava tão absurdamente a minha vida, o meu trabalho, o futuro que me acenava reluzente e essa oportunidade (meu primeiro grande reconhecimento profissional), que quando vi dezenas de bandeiras do Brasil espalhadas pela Riviera Francesa tive medo de que meu coração parasse. Eu sei que é brega o que vou dizer, mas é um longo caminho do Tatuapé para o mundo, e eu senti como se chegasse à Lua e fincasse lá o meu verde e amarelo. Depois de muitas madrugadas ralando feito uma condenada e sofrendo bullying (porque 1- eu levava marmita e 2- a tampa dela era de oncinha), admito que me comovia com o lance do “sou brasileiro e não desisto nunca”.

Daí resolvi que queria mesmo era ser escritora, e minha obsessão passou a ser o respeito dentro do meio literário, mais especificamente dentro da panela apimentada por barbudos com orgulho de ganhar parcos reais por página traduzida e feministas com sotaque de colégio-caro-cabeça. E de novo foi puxado. Eu não tinha feito letras ou sociologia na USP e ainda tingia o cabelo de loiro. Me odiaram o quanto puderam até perceberem que eu era legal pacas.

Quando eu já era “aceita”, houve um churrasco inesquecível para ver um jogo do Brasil. A CBF, apesar de já ser a CBF, ainda não era estampa de gente ignorante, fascista e nojenta. Acho que foi a última vez que usei verde e amarelo com o orgulho de um nacionalismo romântico pau-brasil e não temendo ser associada a um nacionalismo nazista pau de arara.

Hoje observo meu país agonizar nos corredores cruéis do descaso. Meu hino ser usado por criminosos que disparam armas de pressão contra as janelas de Perdizes. Minha bandeira aquecer dementes que bradam contra enfermeiros e a democracia. Pobre do psicopata que nunca vai sentir tristeza e desespero.

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Pudor pós transa

JAIR BOLSONARO bate o pé e teima para não entregar ao STF vídeos de suas conversas com Sérgio Moro, nas quais teria pressionado o então ministro para interferir na PF. Parece essas encrencas do cara que joga na internet o vídeo da transa com a ex-namorada. Moro é o namorado sacana e Bolsonaro, a namorada com pudor pós transa. A diferença é que aqui a namorada filmou, de lembrança, para curtir depois, sozinha.

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Romance de uma caveira

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Uma lágrima por Flávio Migliaccio

Se há momentos que me emocionam e entristecem são aqueles em que um artista – pessoa de elevada consciência e grande sensibilidade –, depois de haver alcançado o sucesso em uma vitoriosa carreira, já no ocaso da vida, decide abreviá-la, saindo de cena de forma dramática e lamentável.

Para citar apenas alguns exemplos mais recentes, isso aconteceu com o americano Robin Williams e com o nosso Walmor Chagas. E agora acontece com o notável Flávio Migliaccio. Ele estava com 85 anos e vivia só em seu sítio em Rio Bonito, no interior do Rio, de onde saía apenas quando havia um trabalho na Globo.

Aguentou o quanto pôde. Até sábado 04 de maio. Explicou o ato por escrito:

“Me desculpem, mas não deu mais. A velhice neste país é o caos, como tudo aqui. A humanidade não deu certo. Eu tive a impressão que foram 85 anos jogados fora, num país como este. É com esse tipo de gente que acabei encontrando. Cuidem das crianças de hoje! Flávio”.

Flávio Migliaccio era paulista do Braz. Foi um dos dezessete filhos de Domingos Migliaccio e de Jandira Machado, entre os quais a também atriz e comediante Dirce Migliaccio, falecida em 2009. Sempre quis ser artista e logo descobriu a sua veia humorística. Aos 25 anos, estreou no cinema, em “O Grande Momento”, de Roberto Santos; depois, atuaria em “Cinco Vezes Favela”, “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, “Terra em Transe” e “Todas as Mulheres do Mundo”. Mas foi na televisão que conquistou o grande público, não só em inúmeras novelas da Rede Globo, mas com o personagem “Xerife”, na série “Shazan, Xerife & Cia., ao lado de Paulo José, e como “Tio Maneco”, na série exibida pela TV Educativa.

Ultimamente, andava deprimido. Escutava pouco e enxergava mal. Às vezes, desabafava com o filho Marcelo: “Meu corpo deteriora-se rápida e irreversivelmente. Daqui para frente, só vai piorar”. Debalde foram todos os argumentos para animá-lo.

O colega e amigo Lima Duarte, de 90 anos, compreendeu o gesto do companheiro de jornada: “Eu te entendo, Migliaccio, porque eu, como você, sou do Teatro de Arena, com Paulo José, Chico de Assis, Guarnieri. Foi lá que aprendemos com o Boal, que era preciso, era urgente, que se pusesse o brasileiro em cena”. Lima relembra os momentos difíceis enfrentados pelos atores durante a ditadura militar e sublinha: “Agora, quando sentimos o hálito putrefato de 64, o bafio terrível de 68, 56 anos depois, quando eles promovem a devastação dos velhos, não podemos mais. Eu não tive a coragem que você teve”. E conclui: “Os que lavam as mãos, o fazem numa bacia de sangue”. É uma referência à fala de um personagem de Bertold Brecht.

Não pretendo enaltecer o ato do grande Flávio Migliaccio, mas digo-lhes que, como Lima Duarte, compreendo o gesto dele.

O saudoso Rubem Alves, que amava como poucos a vida, achava que o ser humano tem o direito de decidir quanto deseja viver e quando deseja morrer – até porque “a morte e a vida são irmãs”. E, com a sabedoria dos grandes mestres, sustentava que é preciso respeitar a vontade do vivente e permitir-lhe a recepção da morte quando a vida deseja ir embora.

Flávio Migliaccio tinha emprego, de vez em quando era convocado para atuar diante das câmaras, queria bem os colegas e era querido por eles, mas, na verdade, sentia-se envolto em uma espessa neblina. Neblina de tristeza e de solidão. E essa neblina nascia dele próprio, no fundo de sua alma cansada. Os dias se tornaram compridos demais, as noites insuportáveis. Passou a faltar esperança, motivo para viver. O mundo não mais lhe pertencia. Ou melhor, estava decepcionado com a humanidade, e achava que o mundo não mais lhe queria.

Drummond captou bem a cena: “Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus / Tempo de absoluta depuração / Tempo em que não se diz mais: meu amor / Porque o amor resultou inútil / E os olhos não choram / E o coração está seco / E as mãos tecem apenas o rude trabalho / Em vão mulheres batem à porta, não abrirás / Ficaste sozinho, a luz apagou-se / mas na sombra teus olhos resplandecem enormes / És todo certeza, já não sabes sofrer / E nada esperas de teus amigos”.

Flávio não suportou mais esperar que as cortinas do palco se fechassem naturalmente. Arrumou uma corda e tomou a iniciativa de fechá-las.

Publicado em Célio Heitor Gumarães - Blog do Zé Beto | Deixar um comentário
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Bolsovírus

Presidente infectou o país com raiva e desesperança

Estamos todos doentes. Não bastasse o drama que vivemos com a crise da Covid-19, temos que lidar com o rastro de destruição deixado por um germe patogênico incapacitante: o bolsovírus, como foi apelidado.

Jair Bolsonaro conseguiu a façanha de contaminar a população com seu discurso inescrupuloso, seu apreço pela ignorância e seu desprezo pela humanidade. Deixou um país inteiro infectado pela raiva e pela desesperança.

Estamos todos mentalmente desequilibrados. Quem não está cego e não perdeu toda a capacidade de discernimento e a decência sente os efeitos dessa infecção devastadora provocada pelo bolsovírus de uma forma também bastante severa: as pessoas estão tristes, abatidas, exaustas com o festival diário de asneiras, de grosserias e de ataques à democracia.

Assistindo ao noticiário, que dedica boa parte do seu tempo a descrever a crise institucional que não abandona o país, tenho a falsa e perigosa sensação de que não temos outro problema ainda maior, o coronavírus. A gravidade da pandemia acaba diluída diante dos mandos e desmandos desse brutamontes que enlameia a cadeira da Presidência.

Somos atropelados pelo tiroteio entre o presidente e o ex-ministro da Justiça, as brigas com os governadores, os lampejos golpistas, que se tornaram corriqueiros. E, no final do dia, trombamos com o número de mortes pela Covid-19, a baixa adesão ao isolamento, o recorde de perdas entre os profissionais da saúde, os hospitais em colapso.

Todas as nossas atenções deveriam estar focadas em salvar vidas, mas passamos boa parte do tempo tentando nos livrar da insanidade a que Bolsonaro submete o país.

Quem ainda não está louco, condição “sine qua non” para não apoiar este governo tresloucado e incompetente, está sendo enlouquecido à medida que faz oposição a ele. Ou acabamos com o bolsovírus ou não sei o que será de nós.

Publicado em Mariliz Pereira Jorge - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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As cláusulas de fidelidade em tempos de pandemia

Os serviços de telefonia, TV a cabo, internet dentre outras, normalmente, tem cláusulas de fidelidade, por um ano.

Ninguém duvida que a pandemia alterou profundamente a economia. Em decorrência, houve uma drástica mudança do equilíbrio contratual entre consumidores e fornecedores.

Contratos que possuam cláusulas de fidelidade, isto é, da obrigatoriedade da manutenção do contrato por determinado tempo não se sustentam mais juridicamente.

 Acontece que quando o contrato foi firmado, a expectativa econômica era uma, agora, com a pandemia, muitas coisas se alteraram.

A fidelidade pode ser anulada a qualquer momento desde que o consumidor tenha prova da má prestação do serviço ou do não cumprimento do que foi pactuado.

 As vezes a fidelidade está vinculada ao desconto no produto, por exemplo, aparelho de telefonia celular mais barato do preço de mercado.

A verdade é que as empresas adquirem grandes lotes de aparelhos celulares e por esta razão conseguem dar desconto na venda casada com a fidelidade, por esta razão vendem o produto muito abaixo do preço. Este expediente caracteriza-se abuso de poder econômico em relação as empresas concorrentes, na prática, as empresas se toleram.

Profundas alterações no cenário econômico induzem alterações contratuais e o reequilíbrio entre as partes. Os consumidores são a ponta mais frágil da relação contratual e, portanto, tem o direito a um tratamento diferenciado no reequilíbrio.

Tramita no Senado Federal o projeto de lei 2021/2020 que prevê a nulidade da cláusula de fidelidade aos consumidores que assinaram contratos antes da pandemia.

Na verdade, esta tarefa regulatória é das Agências Reguladoras, e nem precisaria de lei para tal alteração, porém, as agências zelam normalmente pelos interesses dos grandes grupos econômicos e não pelos interesses dos consumidores.

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Dois Pra Lá, Dois Pra Cá

Sentindo frio em minha alma
Te convidei pra dançar
A tua voz me acalmava
São dois pra lá, dois pra cá

Meu coração traiçoeiro
Batia mais que um bongô
Tremia mais que as maracas
Descompassado de amor

Minha cabeça rodando
Rodava mais que os casais
O teu perfume, gardênia
E não me pergunte mais

A tua mão no pescoço
As tuas costas macias
Por quanto tempo rondaram
As minhas noites vazias

No dedo, um falso brilhante
Brincos iguais ao colar
E a ponta de um torturante
Band-aid no calcanhar

Eu hoje me embriagando
De whisky com guaraná
Ouvi tua voz murmurando
São dois pra lá, dois pra cá

Aldir Blanc|João Bosco|1978

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Que país é este?

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Diário da crise

Hoje comentei uma notícia interessante na tevê. Um comandante da Gol chamou pelo nome alguns passageiros do voo Rio Manaus. Pediu que ficassem de pé e explicou aos passageiros que eram funcionários da saúde que iria ajudar os doentes no Amazonas. Era apenas um grupo no avião. Mas representava 267 pessoas, 34 médicos e 115 enfermeiros entre outros.

Fico feliz mostrando o vídeo. Alguns funcionários de saúde são hostilizados nos transportes públicos. Enfermeiras foram agredidas quando faziam manifestação pacífica diante do Palácio do Planalto.

Essas pessoas merecem mais do que palmas mas condições dignas e seguras de trabalho.

Pela manhã, gravei o podcast semanal. O tema foi a escolha do novo diretor da Polícia Federal e a manobra de Bolsonaro para tirar o diretor da PF do Rio, seu velho sonho.

Bolsonaro elevou o Superintente caído no Rio ao segundo cargo em importância na PF. Só que não tem nenhum papel em investigações. Isso é o que chamamos cair para cima.

Bolsonaro disse a Moro que o inquérito sobre aquela manifestação diante do QG do Exército era mais uma razão para trocar o superintendente da PF. Isto significa que havia uma razão anterior e muito forte: trocar a PF do Rio.

Foi preciso derrubar Moro e Valeixo para chegar ao Rio e trocar o diretor. Deve haver uma razão muito forte, possivelmente ligada às milícias pois quase tudo aqui acaba desaguando nelas.

Fique impressionado com uma notícia de Utrecht. Cientistas isolaram um anticorpo humano que bloqueia a entrada do coronavírus no organismo. Eles já trabalhavam com os anticorpos eficazes no SAR. E encontraram esse que funciona contra o coronavírus.

Não tenho condições de prever o alcance dessa pesquisa. Imagino que seja possível estimular o aumento desse anticorpo. Se isso for possível, é melhor do que remédio ou quem sabe melhor do que vacina.

Mas é apenas um palpite leigo. As pesquisas vão continuar. E continuarei seguindo esses passos, na esperança de que acabaremos vencendo o coronavírus. Ou pela produção de anticorpos, por um antiviral ou pela vacina. Por enquanto, tudo que temos são máscaras e álcool gel. O coquetel de remédios usado hoje tanto os antivirais como os anticoagulantes ainda são uma modesta defesa.

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Bozomoros & Moronaros

DOIS DIAS entrincheirado no quarto, numa quarentena dentro da quarentena. Dois dias, o tempo que passou entre o depoimento de Sérgio Moro e a divulgação de seu conteúdo. Um verdadeiro terror, ansiedade levada à enésima prepotência… O Brasil terá sua primeira guerra civil pandêmica? Explico, as outras guerras civis foram endêmicas: Balaiada, Sabinada, Mascates, Farroupilha, Canudos. Esta de agora envolveria todo o país, cada cidadão obrigado a escolher seu lado – Bozo ou Moro, Bozomoros contra Moronaros.

INSULTO recolheu-se a silêncio obsequioso e temeroso. Acima da idade e do peso, reservista de quinta, o editor sentiu a vida em risco, de morrer de ataque de pânico. Felizmente foi brisa de verão, fogo de palha. Ouvido na PF, o ex-ministro foi categórico: não atribuía qualquer crime ao presidente da República. Se a borboleta provoca o caos em São João do Triunfo ao bater as asas em Bandung, o pernilongo do ministro liberou um flato inaudível, inodoro e inofensivo. Como se diz na Maringá de Moro, muito peido pra pouca bosta. Perdão, bosta nenhuma.

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Que coisa!

soy-loco-por-teresina!vamos-coisar-joyce-vieira-foto© Joyce Vieira, Teresina, Piauí.

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Diretor-geral da PF escolhe novo superintendente do Rio, fora da lista de Bolsonaro

Tácio Muzzi vai substituir Carlos Henrique Oliveira, promovido a número dois da cúpula do órgão O diretor-geral da Polícia Federal, Rolando de Souza, definiu na noite desta terça-feira (5) o delegado Tácio Muzzi como novo superintendente do Rio de Janeiro. O nome do policial não estava entre indicados de Jair Bolsonaro.

Houve pressão interna para que o nome do novo superintendente não tivesse ligação com a família do presidente e que fosse de um delegado respeitado internamente, na tentativa de afastar suspeitas.

A escolha teve o aval do ainda atual chefe do órgão no estado, Carlos Henrique Oliveira, que foi promovido a número dois da PF em situação que gerou desconfiança.

Muzzi ficou de superintendente interino no ano passado por cinco meses após explodir a crise em agosto, quando o presidente da República pediu, pela primeira vez, a troca da chefia no Rio. Na época, ele era o braço-direito de Ricardo Saadi, que deixou o cargo depois de Bolsonaro anunciar sua demissão em uma das entrevistas matinais no Palácio da Alvorada.

A troca da chefia no estado nesta segunda (4), revelada pelo Painel, foi um dos primeiros atos do novo diretor-geral e levou a mais um capítulo de crise no órgão.

Em depoimento no último sábado (2), Sergio Moro relatou pressão de Bolsonaro para mudanças na cúpula da PF e na superintendência do Rio.​ O presidente havia sugerido nomes ao ex-ministro, Muzzi não estava entre eles.

Rolando está com sua diretoria definida. O novo chefe do Rio tem no currículo investigações consideradas importantes, como a que terminou na prisão do deputado estadual e ex-chefe da Polícia Civil do Rio Álvaro Lins. Durante a Lava Jato, ele chefiava a equipe de combate à corrupção.

Fora da PF, o delegado foi diretor do Depen (Departamento de Penitenciária Nacional) e diretor-adjunto do DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional).

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“Liber” de livre

A liberdade de imprensa está inscrita na Constituição e ela assegura a independência perante os poderes instituídos. Desde o absolutismo medieval e as ditaduras ocidentais não mais se conhecem restrições à liberdade à imprensa e à liberdade de expressão.

Há autoridades, porém, que insistem em menosprezar estas garantias por meio da agressão aos jornalistas, intelectuais e artistas.

A liberdade de imprensa supõe a igualdade de tratamento aos jornalistas, independentemente, da orientação editorial. Proíbe-se discriminar jornalistas ou órgãos de imprensa em face de apoios ou desapoios em reportagens ou linha política. Vedam-se as regalias para alguns órgãos em desfavor de outros, as subvenções, as isenções ou os patrocínios diferenciados, por motivo de alianças político partidárias.

A independência e a liberdade de imprensa estão presentes na possibilidade de a imprensa desagradar os poderes instituídos, por meio de denúncias e investigações jornalísticas. O direito de fazer perguntas de forma livre, questionar e pedir explicações às autoridades é basilar à liberdade de imprensa.

Faz parte do dever ético moral de a imprensa poder informar à população de forma reflexiva e crítica o que se passa na sociedade e no mundo. Os governantes não podem agredir a imprensa, pois prevalece o dever constitucional de respeito à dignidade humana.

As autoridades públicas não podem encerrar coletivas de imprensa sem responder perguntas, não podem se calar, ou ainda desviar de propósito às indagações, com a fuga às perguntas. A liberdade de imprensa desafia o Estado pois ridiculariza o poder, garante assim o direito ao riso, ao deboche, ao escárnio e à crítica, ainda que ácida e mordaz.

O conceito de civilização opõe-se à barbárie, assim o absolutismo foi historicamente superado, há mais de trezentos anos. De quando em quando as sombras da tirania castigam a liberdade de imprensa impondo-lhe restrições, desde o cala-boca até a indiferença cínica.

Os demolidores da democracia não pretendem que o povo tenha opinião de forma livre, daí os ataques às liberdades públicas. Os poderes instituídos não podem agir como estátuas, omitindo-se ou retardando o exercício das liberdades públicas, se assim o fizerem são cúmplices do arbítrio.

Do latim liber significa livre, não sujeito, não subordinado. É justamente este direito que é garantido à imprensa pela Constituição.

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