O sujeito oculto – 2007

O diretor e autor de teatro, escritor, jornalista e publicitário Manoel Carlos Karam, que morreu de câncer em Curitiba, aos 60 anos, era uma daquelas figuras de quem a gente ouve falar todas as semanas mas só encontra pessoalmente em anos bissextos. E olha que oportunidades para se ver não faltavam, Tínhamos sido apresentados trinta e tantos anos atrás, freqüentávamos os mesmos círculos, conhecíamos as mesmas pessoas. Mas um traço comum de personalidade nos aproximava e distanciava: a completa aversão a badalações.

Um criador radical, independente, quase alternativo, nascido em Rio do Sul, Santa Catarina, escreveu vinte peças e publicou sete romances. “Cebola”, um deles, valeu-lhe o Prêmio Cruz e Souza de Literatura em 1995. Tinha tocado em seus textos, a alma do curitibano – um feito de poucos. Mas por causa dessa dificuldade em fazer o jogo, revelada numa autêntica repulsa ao marketing pessoal, passava batido, era quase desconhecido do grande público, à margem do sistema midiático e industrial. Era, como no titulo de uma de suas novelas, o próprio sujeito oculto.

Na última vez que nos vimos, outubro de 2006, numa livraria de shopping, eu trabalhava na propaganda política de Roberto Requião para o governo do Paraná. A disputa estava mascada, difícil, o resultado tornara-se imprevisível. Karam acertou na mosca: “Vai ser por pouco, pouquíssimo, mas vocês vão ganhar”. Nao deu outra. Lembrei-me então de setembro de 2001. Bin Laden acabara de implodir o WTC com seus aviões assassinos.

Já no dia seguinte, ao cruzarmos, Karam tinha pronta outra de suas antevisões: “Esse atentado reelege Bush. Pior: milhares de iraquianos, na falta de melhores culpados, vão pagar com suas vidas”. Ele tinha, com seu poder de síntese a capacidade de simplificar tudo. Como um mago, antecipava o futuro. Para ele não era nada demais, Karam, dava para ver no que escrevia, descobrira a essência da espécie humana – o que deve tornar o mundo muito previsível.

30 de dezembro

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Tempo

Na casa das Mercês, Alice Ruiz, Paulo Leminski, o pinho e o pinheiro, em 1971. © Toninho Vaz.

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As coisas…

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Mural da História – 2016

Revista Ideias, outubro

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Um tarado no tablado


“Meu amigo Solda eu eu só temos uma diferença, tantas vezes discutida pelos bares da noite: eu acho o Professor Thimpor o maior humorista brasileiro vivo. Solda, não. Ele acha que é o próprio Professor Thimpor. Como distinguí-los, afinal? Enfim, aqui está, depois de um longo silêncio meditativo, a volta do Professor Thimpor às lides joco-filosóficas. Pelo estilo, Thimpor deve ter andado lendo Joyce ou Lennon, nestes dois últimos recentes anos no seu retiro no Tibet, onde o Dalai Lama costuma recebê-lo com o mesmo calor que Fidel Castro recebe Chico Buarque ou Gabriel Garcia Marques. Atenção, revisores, aí vem o Solda, com tudo!

Paulo Leminski (1944-1989)

Um Tarado no Tablado
(à maneira de um famoço musgo inglês assassinalado nos Estalos Uníssonos, num ano não muito pródigo em dezembros)

A janela acesa despintava no peitoril sinequanon. Eustáquio Teustáquio procurava um empalhador de palavras. Eustáquio Teustáquio, sabem como é, o Nossostáquio, estava parafernaliando entre as postetutas da Rua Chuelo, aquela infestada de Mariaposas. Nostácio não andava bem do patíbulo e enroscava o balaustre nas pérgulas do pároco. Parábolas mirabolantes lhe atravessavam o mirante desabotoado, empinando coitos nas páginas amarelecidas dos Alfa Rábius.

Não cabendo em si, entrol no barboteco e pediu dois dedos de cedilhas, ao alegrete. O barçom estranhou o trigode que escondia metade do resto de Nostácius, mas acabou servindo o pratinho feio de cedilhas, das importadas, aos solavancos e solevantes.
– Por Tutatis! Barbituricou Bosstácius.
– Por Tutatis Homeopáticus!
Estas cedilhas cedilham esôfago abaixo saltitontas, como nas fábulas fantastibulosas de toldos os ambrosebierces e millôres da riodondeza! Restros de luz enbelheciam o barboteco àquela hera da madrugadália. Foi quando entrol Heptandria, num vestido e havido como gerúndio, embora a desconfiança fosse geral do galvão ferraz, impávido na montanha de Fócida – dessas consagradas a Apolo, Parnaso, se me entendem – repartindo o cabelo entre o paroxismo e a rubrica mal desenvolvida.
 
Heptandria brilhava de posméticos e ledosivos. Saiu de trás do biombro e salcudiu o açúlcaro, como se pretendesse emporcalhar o chafé soçaite. Teustáquio abalroou uma mariaposa e desferiu-lhe o supersério, acenando-lhe bipétalo. A mariaposa, rubirosa, chamou dois esmagas que faziam a renda da rendondeza e correu para os braços de Morfeltro. Formou-se a Confuciozão. Heptandria fugiu para o bardel e truncou-se em ásdecopas, dando uma de joão-de-bruços. Uma cirene argentina desatou em marlombrandos, dos magros. E vieram as leziras e os lamarões de água parada e decomposta ao sol. Tonto, embora zorro e lúcido, Nostácius estendeu todos os tentáculos e desceu a Rua Chuelo e seguiu os padrões geraes da leiteratura brazilianista actual. Um empulhador de próstatas passava pelo logar – minto muito pra não dizer palavrório  e para não dizer nada – e seguiu Nosvócius pelas imperícias guindadas às bagatelas empasteladas de genialidade, entre veraneios líquidos irresponsáveis, fórmulas escravizadas, campos de estrobérri, nevralgias retrospectivas e demais desemlapeamentos.
 
Enquanto isso, num bardelima, dois hímens passam em revista as contradicções empostadas, os impasses, as artimanhãs do poder, a exportação do polvo e a injustiça na Nica D’água.
 
Teustáquius passa numa biga. É o altista, criador de coisas belas, a antena da raça, a porcelândia chinesa, a madre tertúlia lutando contra a mesmice das Ruas Chuelos da Cruelritiba. Artychewski e Soldacius foram jogados na arehiena e devorados pelos leomansos paranistas, contrabandistas de almas. A jaunela acesa despintava no peitoril sinedie.

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Flagrantes da vida real

Banco 24 Horas. © Maringas Maciel

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Presidente da Enel pede demissão

Nicola Cotugno era o gerente da empresa no país, e não resistiu a uma série de crises envolvendo o atendimento da companhia de energia elétrica.

Nicola Cotugno pediu demissão do cargo de country manager da Enel, a empresa italiana responsável pela distribuição de energia em três estados brasileiros. nesta quinta-feira, 23.

O dirigente, que atuava há mais de 20 anos na empresa — e desde 2018 como chefe do braço brasileiro da operação — não resistiu a uma série de crises de abastecimento e de imagem envolvendo a empresa nas últimas semanas. No início do mês, uma chuva com vento derrubou árvores em São Paulo — e  milhares de imóveis na maior cidade do país ficar até uma semana sem energia elétrica. A empresa, que absorveu a concessão dada à AES pela antiga Eletropaulo, se disse “pega de surpresa” com a magnitude do fenômeno meteorológico e sua atuação gerou mesmo uma CPI na Câmara Municipal paulistana e pedidos abertos pelo fim do contrato.

Nesta semana, foi a vez do braço fluminense da empresa, que não atua na capital do estado, apresentar falhas. Uma nova falha após temporais durante a semana em Niterói derrubou a luz — com a Enel novamente incapaz de responder com rapidez, a empresa foi alvo de investigação pelo Ministério Público fluminense. A empresa ainda tem um braço de operação no Ceará e também teve em Goiás — onde seguidas críticas à qualidade de seu atendimento forçaram a venda da operação para a Equatorial Energia

A informação é da CNN. A empresa ainda não se manifestou oficialmente.

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© Orlando Pedroso

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Retrato de Cláudia Kfouri que integra ensaio com os principais cartunistas brasileiros

Retrato de Cláudia Kfouri que integra ensaio com os principais cartunistas brasileiros. Cláudia Kfouri formou-se em Letras e fez mestrado em Literatura. Em paralelo aos estudos, trabalhou como cartunista em um jornal de São José do Rio Preto, Diário da Região. Com a experiência como professora, sentiu-se encorajada a buscar caminhos para trabalhar a palavra e a imagem, sonho antigo, e passou a atuar como ilustradora, cartunista, escultora e, algumas vezes, escritora.

Mas a vontade falou mais alto e a estrada mudou de rota em 2010, quando ganhou o prêmio Câmara no Salão de Humor de Piracicaba e foi selecionada no concurso da Folha de São Paulo, passando a colaborar como ilustradora no jornal, além de ilustrar para revistas, livros infantis, acadêmicos e peças publicitárias. Já participou de diversas exposições no Brasil e exterior. Foi premiada na Bienal de Caricatura do Rio de Janeiro, no Salão de Humor de Catanduva, no Salão de Humor de Ribeirão Preto dentre outros. Em 2018, foi a artista homenageada na exposição de artes gráficas “Batom, Lápis & Humor”, vinculada à programação anual do Salão Internacional de Humor de Piracicaba. Já participou de várias mostras no Rio de Janeiro, pela curadoria dos artistas Zé Graúna, em “Elas por Elas” e Luciano Magno, com a exposição individual “Rian no traço de Cláudia Kfouri” e, recentemente, na exposição e catálogo “Quem te viu, quem te vê”, em homenagem ao músico Chico Buarque, realizado pelo IMMuB. Em 2019, foi jurada do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, onde seus trabalhos expostos em “Ora bolhas!”.

Teve o privilégio de aprender com os mestres Cárcamo, Cláudio Vasques e Fernando Vilela. Segue no caminho de pedras e plumas das artes gráficas e literária, na luta para lançar seu primeiro livro, em homenagem ao filho Antônio e aos sobrinhos Caio, Elena e Rafael.

Paulovitale©All Rights Reserved

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(Revendo) Mommy

Canadá, 2015. Diane Després (Anne Dorval) é surpreendida com a notícia de que seu filho, Steve (Antoine-Olivier Pilon), foi expulso do reformatório onde vive por ter incendiado a cafeteria local e, com isso, provocado queimaduras de terceiro grau em um garoto. Os dois voltam a morar juntos, mas Diane enfrenta dificuldades devido à hiperatividade de Steve, que muitas vezes o torna agressivo. Os dois apenas conseguem encontrar um certo equilíbrio quando a vizinha Kyla (Suzanne Clément) entra na vida de ambos. Xavier Dolan, 2014|Canadá, 2h18m|

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Consciência revoltada

O SENADOR Jaques Wagner, petista histórico, ex-governador da Bahia, andava quieto em Brasília, mesmo na condição de líder do governo no Senado. Quieto mesmo depois das declarações de Lula contra Israel, que atingem Wagner como judeu. Nesta semana o senador formou maioria contra o interesse do governo na emenda constitucional das decisões monocráticas do STF. Não só votou contra como levou pelo mesmo rumo quatro senadores de outros partidos. Os ministros da área política do governo Lula dizem não ter visto nada de mal, que não havia diretriz para a votação, em suma, Wagner agiu conforme a consciência. Sim, sua consciência de judeu, que não deve ter sido ouvido por Lula (e Janja) na condenação de Israel como terrorista.

Publicado em O Insulto Diário - Rogério Distéfano | Deixar um comentário
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Livros? Melhor não lê-los

Como insistiu Ortega y Gasset, “eu sou eu e minhas circunstâncias”. Eu, como ser humano, vou indo aos truques e barracos. Agora, as circunstâncias estão de um jeito que ninguém mais dá jeito. Em tudo tem gente que sabe mais do que eu, entende mais e tem poder de dispor as coisas do jeito que bem entende. E tudo isso são minhas circunstâncias. Que sacada, heim? Valeu, Ortega y Gasset! Veja, por exemplo, o que são minhas circunstâncias de escritor. Vivemos num mundo atulhado de livros. Milhões de escritores. Aí, publiquei um — é sempre filho de parto anormal que vem ao mundo… cheio de esperanças. Ó, mundo cruel!  Parto anormal quer dizer “feito sem grana de editoras”.

Daí, começou a grande valsa da distribuição do livro — veeeende aquiiii, veeeeende aliiiiii… Aí, por amor aos nobres leitores com menos dinheiro, levei alguns exemplares como doação à Biblioteca Pública. No caso, livros de ficção. Bondosa alma, né? Claro que se deve dar e esquecer, fazer o bem sem olhar a quem — e todos os chavões de autoajuda milenar. Mas sempre bate uma curiosidade autoral — vaidades das… Então, fui à Biblioteca e procurei os livros. No fichário, está lá PR B869.35 C 2436 NEM. Eu, enfim, catalogado. Pra completar, diria ‘morto e sepultado’. Por quê?

Perguntei onde estava o livro e me disseram que era no segundo andar, setor de Documentação Paranaense. Cheguei lá e tentei me aproximar das estantes pra procurar e fui interpelado pelo atendente. Ele perguntou o que eu procurava. Mostrei a sequência escrita da ficha catalográfica e ele me pediu que esperasse. Ele ia buscar o livro. Aí, li na estante que só se podia entrar acompanhado por um atendente. Danger! No trespass! Esperei e ele me trouxe o livro. Abri pra ver se alguém o havia emprestado. O atendente me disse que era só pra consulta local. Nada de empréstimo! Deixei o livro em cima da mesa e me mandei. “Mandar é sentar-se”, glosava Ortega y Gasset. Um trono, uma cadeira de espaldar alto… e tem-se alguém com poder. Alguém que lá do alto olhou meus livros e decretou ‘Setor de Documentação Paranaense’. E lá se foram os pobres… pro ostracismo. Fiquei triste, mas tenho que respeitar as circunstâncias, né?

Um dia, quando o mundo acabar, o Setor de Documentação Paranaense vai permanecer de pé — pronto pra receber alienígenas e mostra a eles que aqui viveu um escritor, publicou livros que não deviam ser levados pra casa. “Talvez um escritor maldito!” — pensarão os alienígenas. Será que vão ficar curiosos e ler?

*Autor de Nem Bobo Nem Nada, Ovos do Ofício, Tal de Tanto de Tal, O Conselho e tchau!

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Fraga

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Tempo

Augusto de Campos e Paulo Leminski vindos da Semana de Arte de Vanguarda de BH para a nossa casa, onde ele pernoitaria em 1963. © Lygia de Azeredo Campos

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Dom Quixote

© César Marchesini

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