Bolsoditas e troglonaros

AS BRIGADAS troglonaras usam o post facto como substituto do raciocínio. Caso do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, que uma vez demitido pelo presidente passa a ter divulgada sua “vida pregressa”, na expressão utilizada pelos grupos de difamadores virtuais.

Troglonaros e bolsoditas ignoram que a desavença com Jair Bolsonaro foi a causa da exoneração. Como sempre, buscam fatos do passado: Mandetta teve amante e foi investigado por corrupção. No governo Bolsonaro ninguém teve ou tem isso daí no currículo.

Ao difamador qualquer mentira serve. É gente que inventa que Marisa Letícia deixou patrimônio mil vezes maior que o real inventário. Que fingem desconhecer a vida pregressa de Jair e Flávio Bolsonaro, não menos limpa ou talvez mais suja que a do ministro Mandetta.

Se Mandeta não foi uma flor de pessoa – como Olavo de Carvalho e Carlos Bolsonaro – isso vem de antes de ser ministro. Que dizer do ministro Álvaro Antônio, das candidatas-laranja, e do secretário Fábio Wajngarten, das mutretas da comunicação social?

O resultado desse ataque ao ex-ministro provoca efeito contrário: quando do ministério ele fez tudo certo – afinal, 64% do Brasil reprova sua demissão. Ele saiu porque não prestava antes de ser ministro. Nada como o presidente, seus filhos, Antônio e Wajngarten, que sempre foram perfeitos.

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Você também está louco?

São 28 dias trancada aqui e estou dando defeito

Semana passada comprei uma flauta. Eu não toco nenhum instrumento e não pretendo aprender a tocar flauta. Nem sei onde ela está agora. Já não lembro mais como é usar maquiagem e sapatos. “Ah, tadinha dela! Que problemão, hein, princesa? Encastelada em sua angústia branca na zona oeste, né, minha filha?” Vocês ouviram? Essa é uma das muitas vozes da minha cabeça. Pelo menos “o superego com consciência social” é uma voz amiga. Às vezes mais amiga dos outros do que minha. Pior é quando ouço de repente: “Agora chão! Dez flexões, ô baranga do braço de polenteira!”, ou “sem uma base em filosofia você não vai entender nada, ignorante!”. Eu levo bronca o dia inteiro trancada sozinha no meu escritório. Já nem sei o que estou escrevendo. Você também está louco?

As vozes “sororidade tá na moda” e “compaixão & psicanálise” me recriminam toda vez que listo meus ódios antepassados. Mas, por Deus, são 28 dias enfurnada aqui e estou dando defeito. Enquanto tomo banho me volta uma raiva louca de gente com quem briguei no colégio, na faculdade, nos meus primeiros empregos. Ontem liguei para o Luis, que é o meu melhor amigo, e comecei a falar mal de uma colega nossa: “Ela achava que eu tinha conseguido o emprego porque jantei com aquele cara horroroso. Eu vou ligar AGORA pra ela e”. Ele primeiro ficou em silêncio, provavelmente incrédulo, depois teve um ataque de riso: “Mas isso faz 11 anos!”. Eu sei, mas tá voltando tudo. Você também sente que quanto mais se isola, mais o passado se isola junto? Ontem eu lembrei que, na segunda semana de namoro com o Pedro (há mais de sete anos), ele me levou a uma festa de “gente do cinema” e desapareceu. Brigamos duas horas por causa disso. “Quem você pensa que é? Eu me senti uma idiota! Isso não vai ficar assim! A próxima festa a que nós formos, se um dia as festas voltarem a existir”. Pedro me preparou um chá e falou da sua esperança sobre uma vacina pra daqui a um ano e meio.

Eu tenho motivos pra estar angustiada e louca e sofrendo? A maioria das vozes da minha cabeça dizem que não, porque sou privilegiada. Eu tenho que fazer doação e cuidar dos velhos da família. Não posso pensar em mim numa hora dessas! Mas pra você, caro leitor, eu posso confessar que tenho pensado bastante em mim. Em cada decisão que tomei dos meus seis anos até hoje de manhã. E rumino e pondero e tento decifrar tudo que vai da minha capa até os escombros do meu caráter. E desafio meu corpo a chegar a todo microcantinho escondido da casa. E limpo e depois de novo e ainda acho que está sujo. Eu e a casa em vigília obsessiva. E compro caixas organizadoras toda semana pela internet. E quando chegam eu passo álcool nelas muitas vezes.

Eu sei que posso descer às cinco da manhã e aproveitar as ruas vazias. Talvez dançar e virar uma cambalhota. Mas quem quer acordar às cinco da manhã? Eu não estou no mood de dançar e não sei virar cambalhota. A única vez que desci nessa quarentena, no dia seguinte chegou uma circular nos apartamentos sobre “não utilizar o hall para tirar a roupa”. Alguém ficou muito ofendido com a minha bunda caída. Me besunto tanto de álcool que comecei a ficar culpada (de acabar com o álcool do mundo) e passei a me besuntar de Listerine com álcool.

Eu tenho cheiro de banheiro de churrascaria cara. Meu domingo foi inteiro dedicado a inventar uma maneira de as frutas e os legumes não emergirem na água com cândida. Toda hora eu dou um Google pra saber quais legumes e frutas são porosos, porque tenho medo de criar uma úlcera por ingestão de água sanitária. E nisso vai um dia. Não dá tempo de tocar flauta, e eu nem queria. O mamão é poroso?

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Saudade

Avô é um pai com licença para estragar a criança. Sua liberdade no trato com os netos é total. O que pai faz por obrigação avô faz – ou não faz – por escolha. Pai tem que estar sempre pronto para mudar as fraldas da criança. Avô pode estabelecer limites às suas atribuições. Fralda com xixi, vá lá, numa emergência. Fralda com cocô, nunca.

Importante: o correto uso do colo. Existem dois tipos de colo, o utilitário e o festivo. Colo utilitário é quando a criança fica na vertical recebendo tapinhas nas costas, depois de mamar. Seu objetivo é provocar o arroto. Arroto e pum são as duas principais realizações da criança nos seus primeiros meses de vida. São recebidos com manifestações de entusiasmo da família, como se ela tivesse passado no vestibular. O avô deve manter distância na hora do colo utilitário. Pode fazer parte da torcida, soltar um “Viva o Brasil” na hora do arroto, se for dos bons, ou de um pum particularmente ressonante. Ficar no apoio moral. Mas só.

No colo vertical, o avô não consegue desempenhar sua principal função, que é a de ficar olhando o rosto da criança, maravilhado. Depende da informação de terceiros para cumprir sua missão (“Ela tá de olho aberto? Fechado? Tá rindo?”). Já o colo festivo, na horizontal, é para a adoração e nada mais. No colo horizontal, até um pum extemporâneo da criança pode ser tomado como uma deferência especial ao bobo que a segura.

Outra função importante de um avô é falar racionalmente, com voz normal, com a criança recém-nascida. Relatar os fatos do dia, pedir sua opinião, sugerir que ela não se desespere com as opções limitadas da sua alimentação no momento (só duas, peito direito e peito esquerdo), pois com o tempo as coisas melhorarão bastante. Logo virão as papinhas e as sopinhas e eventualmente os carrês de cordeiro com batatas Dauphine e cebolas carameladas, e arrotos com muito mais conteúdo. Claro que o avô não espera que a criança o entenda, e muito menos que responda. É para ela saber que nem todos falam como bebê e fazem perguntas retóricas como “Cadê a coisinha mais fofa, cadê?” e que ela não caiu num mundo de malucos. E que o nível das conversas também melhorará com o tempo.

Passada a primeira fase, o avô deve acompanhar todas as etapas do crescimento da criança na capacidade que lhe for pedida, salvo risco de deslocamento da coluna. Se uma neta começar a estudar balé e exigir que o avô faça pliés junto com ela, ele tem que obedecer. Quando chegar a minha hora não sei se conseguirei ficar de pé, mas estou preparado.

Por que eu estou escrevendo isso? Porque o coronavírus nos separou da nossa neta Lucinda e eu estou com uma saudade danada.

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Ele precisa de tratamento

Confinado compulsoriamente em casa, quedava-me em dúvida. Qual dos vírus é mais maléfico para o Brasil: o corona ou o Jair Messias? Depois da performance de s. exª., o presidente da República, na terça-feira, em cadeia nacional de televisão, não há mais dúvida: o segundo, com certeza.

Que o homem é um destrambelhado, sem a menor condição para exercer o mais alto cargo da República, todo mundo sabia ou logo ficou sabendo. Que não conhece a liturgia do cargo e não tem consciência do que ele representa, também. Na verdade, já deveria ter sido recolhido a um manicômio. Em liberdade e com a língua (semi) solta, é um perigo. E o infeliz supera-se a cada dia, sem que ninguém seja capaz de controla-lo.

Dias atrás, ao valer-se do cargo para instigar a população contra os demais Poderes – o Legislativo e o Judiciário –, ultrapassou todos os limites do bom-senso e sanidade. Nunca se viu na História. Ou, por outra, só se viu nos piores momentos da História.

Jair Messias Bolsonaro é um homem com sérios problemas de saúde. E não é o coronavirus, que ele pode ter adquirido quando esteve nos braços de Donald Trump em recente temporada norte-americana. Para ele, a pandemia seria uma mera constipação. O problema do capitão reformado é muito mais grave.

Ele não sabe governar, ele não quer governar, ele tem raiva de governar. E está fazendo o que pode para dizer que só continua no governo se arredados os empecilhos – quais sejam os deputados, os senadores e os juízes da corte superior de Justiça. E, sobretudo – não nos esqueçamos –, a imprensa.

Jânio quis fazer isso, mas errou na estratégia. Alguns anos depois, a ditadura fardada conseguiu. Como já conseguira Hitler, Mussolini, Stalin, Mao, Idi Amin, Gaddafi, Papa Doc, Saddan, Stroessner, Fidel, Franco, Salazar, Pinochet, Videla, Viola, Galtiri, Bordaberry, Chávez, Maduro e outras figuras medonhas, de tristíssima memória.

Na semana passada, o presidente autorizou a quebra dos contratos de trabalho, com a redução dos salários dos empregados; no início desta, suspendeu o prazo para a prestação de informações de interesse público por parte do governo; e na terça-feira, superou-se ao minimizar, novamente, a crise sanitária, criticar o trabalho dos governadores e desautorizar todo o belo trabalho que vem sendo feito pelo seu próprio Ministério da Saúde.

O mundo todo está fazendo o possível para combater com coragem e eficiência a caminhada no Covid-19. No Brasil, as autoridades, em conjunto com a população, enfrentam o mal com as armas e as deficiências que têm. Médicos, enfermeiros, sanitaristas e demais agentes de saúde desenvolvem, em todo o território nacional, um trabalho incansável e quase desumano, meritório sob todos os aspectos, correndo riscos, para atender as pessoas infectadas pela peste. A população faz a sua parte, seguindo as orientações, permanecendo em casa, evitando aglomerações, intensificando a higiene pessoal e exercitando, como nunca, os sentimentos de união, cordialidade e fraternidade.

De sua parte, o Ministério da Saúde, através do ministro e de seus secretários e supervisores, tem-se feito presente, diariamente, em entrevistas coletivas, esclarecendo e aconselhando o público, como nunca se fizera antes. Cumprem (ou cumpriam) as suas funções, com correção e eficiência.

Aí, não se sabe porque, s. exª., o capitão-presidente resolve entrar em cena: convoca uma cadeia nacional de televisão para deitar falação. E o que fala? Tudo o que não devia: volta a chamar a epidemia de “gripezinha” e “resfriadinho”, critica a “histeria” pública, as medidas preventivas adotadas nos Estados, como a suspensão das aulas e o fechamento do comércio, que considera exageradas. Só faltou incentivar o povo a voltar para as ruas e fazer passeatas em sua homenagem.  

Recebeu novo (o 9º) panelaço nacional. Mas não se emenda.

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A vez dos bancos pagarem a conta

Numa crise sanitária, as medidas governamentais para conter o avanço de epidemias devem garantir o direito à vida e o direito à saúde. Isso se faz mediante atos executivos e por meio das leis.

Na sociedade brasileira a economia tem sido dominada, de forma soberana, pelos bancos e instituições financeiras.

O produto interno bruto (PIB) de 1,1% no ano de 2019, duas reformas que não deram em nada, empobrecendo trabalhadores e aposentados, e o desemprego em 12% – são o resultado político da plena defesa dos interesses dos rentistas.

Também em 2019 os bancos tiveram um lucro de 60 bilhões, isto é, 15% de aumento no ano.

Multiplique-se este valor por quatro ou cinco vezes, pois há mecanismos contábeis que encobrem o lucro real nos balanços destas instituições.

Estes lucros escorchantes são resultado de processos políticos e tributários que garantem tudo isto e só aumentam os lucros a cada ano que passa.

O trabalho, a indústria e o comércio são escravos deste sistema econômico e transferem as suas riquezas às atividades rentistas que não geram empregos, nem riquezas coletivas ou sociais.

Neste cenário injusto, o Congresso Nacional deve tributar estes ganhos, de acordo com a Constituição, para transferi-los à sociedade. Portanto, há solução para a crise sanitária e econômica que bate às portas dos lares brasileiros.

O Brasil possui recursos para combater qualquer tipo de crise ou pandemia, basta que as instituições políticas busquem estes setores que enriquecem como jamais se viu na história econômica. Outros países fizeram isto, daí que muitas desas instituições se estabeleceram aqui, no paraíso rentista chamado Brasil

O excesso de ganhos e a altíssima lucratividade dos rentistas não se justificam à luz dos princípios constitucionais da garantia do desenvolvimento econômico, da promoção do bem de todos e da construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

É hora de quem sempre ganhou colocar as mãos nos bolsos e contribuir de forma justa e decisiva.

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Tá dominado

JAIR BOLSONARO e EDIR MACEDO nos convencem que o coronavírus não mata, tudo fake: foi até a borda da Terra plana e despencou no éter. A esta altura já chegou em Marte, que também é plano. Porque o Universo é como a bolacha recheada, uma camada sobre outra, com o recheio no meio. Deus é o recheio.

Bolsonaro é a peste

JOE BIDEN e BERNIE SANDERS debateram ontem à noite para conquistar a candidatura do Partido Democrata à sucessão de Donald Trump. Cumprimentaram-se com os cotovelos, não com o tradicional aperto de mãos, sob as cautelas da saúde pública, para transmitir exemplo ao povo contra a contaminação do covid-19.

O PRESIDENTE DO BRASIL, supostamente infectado e infectante, sai à rua para abraçar seus fanáticos, sob a oposição do ministro da Saúde. Deu estímulo às manifestações contra o Legislativo e o Judiciário. Ele só não fecha os poderes, como disse que faria quando deputado, porque não há cabos e sargentos suficientes – ainda.

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Perto demais

O CURITIBANO resiste em seguir as cautelas contra o coronavírus. Por exemplo, manter dois metros de distância do interlocutor. É perto demais, excessiva intimidade.

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Panis et circenses

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Com Deus à mesa do café

Um tema tem sido recorrente nas reuniões semanais dos velhinhos ex-Tribunal de Justiça no café do Vicente. Explico: o café não é do Vicente, mas, como ele é o concessionário da lanchonete Doce Fado e é uma honra ser atendido por ele, dizemos que não só o café, mas todo o espaço é dele.

Como eu dizia, antes da necessária explicação, um tema tem sido recorrente nas reuniões semanais dos velhinhos do Judiciário, no 3º andar do Shopping Pátio Batel: Deus. E o motivo é fácil de entender: todos já passaram ou estão próximos dos 70 anos de idade. E o futuro, que já não temos, causa-nos curiosidade. O que virá a seguir? Tudo? Ou nada?

O mistério nos comove e assanha o raciocínio. As opiniões se dividem, ainda que sejam apenas suposições. E não adianta fazer aquele pacto de que quem for primeiro dará um jeito de avisar como é. Pessoalmente, já fiz esse acordo com pelo menos meia dúzia de pessoas. E nenhuma delas deu, até agora, nenhum sinal.

Para Rubem Alves, que já havia se iludido e se desiludido com a religião, mas que era sábio e sabia dizer coisas bonitas, “Deus é um espelho no qual a imagem da gente aparece refletida com as cores da eternidade”. Mas, de igual modo, dizia que “acreditar em Deus não vale um tostão furado”. E isso com base no apóstolo Tiago, que deixou escrito em sua epístola sagrada: “Tu acreditas que há um Deus? Fazes muito bem. Os demônios também acreditam. E estremecem ao ouvir o seu nome” (Tiago, 2,19).

No entanto, valendo-se da ontologia de Riobaldo, de “Grande Sertão Veredas”, acha que Deus tem de existir, porque tem beleza demais no universo, e essa beleza não pode ser perdida: “E Deus é essa Vazio sem fim, gamela infinita, que pelo universo vai colhendo e ajuntando toda a beleza que há, garantindo que nada se perderá, dizendo que tudo o que se amou e se perdeu haverá de voltar, se repetirá de novo”. E Rubem Alves arremata: “Deus existe para tranquilizar a saudade”.

E ganha o apoio de Guimarães Rosa, ainda pela boca de Riobaldo: “Como não ter Deus? Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve”.

Sei que o saudoso Rubem acreditava em Deus, do jeito como acreditava nas cores do crepúsculo, do jeito como acreditava no perfume da murta, do jeito como acreditava na alegria da criança que brinca, do jeito como acreditava na beleza do olhar que lhe contemplava em silêncio. Para ele, tudo isso era um pedaço de Deus. Como, então, não acreditar Nele?

Sei, também, que estas considerações pouco servirão na sequência do debate no cafezinho do Vicente na próxima sexta-feira. Por isso, peço licença para reproduzir parte de outra crônica de Rubem Alves, em que um pai tem uma conversa teológica com o filho:

– Pai, por que é que nós vamos na igreja?

– Porque a igreja é a casa de Deus.

– Mas as igrejas são muitas. Qual delas é a casa de Deus? Ninguém pode morar em muitas casas ao mesmo tempo.

– Deus pode. Ele mora em todas as casas ao mesmo tempo.

– Ele mora inteiro em cada uma delas?

– Mora inteiro. Deus não tem pedaços.

– Se a igreja é a casa de Deus, quer dizer que fora na igreja Deus não mora?

– Não. Deus mora em todos os lugares.

– Também na lua e nas estrelas, nas montanhas e nos desertos?

– Sim. Também na lua, nas estrelas, nas montanhas e nos desertos.

– E na nossa casa? Deus mora lá também?

– Na nossa casa, Deus está sempre.

– Se Deus está sempre na nossa casa, na lua e nas estrelas e nas montanhas e nos desertos, então todo lugar é casa de Deus. Se todo lugar é a casa de Deus, por que é preciso ir à igreja para encontrar Deus?

– Na igreja Deus é mais poderoso.

– Então, há lugares em que Deus é mais poderoso e outros onde é menos poderoso?

– Sim.

– Eu pensava que Deus era forte sempre, igual, na lua, na rua, na igreja, na favela, nas prisões. Deus está também nas prisões?

– Deus está em todos os lugares. Também nas prisões.

– Se Deus é tão forte e pode fazer tudo o que deseja, por que ele não faz os maus ficarem bons?

– Isso eu não sei…

– Eu gostaria que Deus estivesse com a mesma força em todos os lugares. Ele não poderia ter evitado o tsunami, os furacões, os terremotos, a corrupção? Eu vejo, na televisão, homens corruptos rezando e fazendo peregrinações…

– Filho, eu estou com fome. Vamos comer um hambúrguer e tomar uma Coca-Cola?

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Ova-se!

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Do limão, a limonada

O CORONAVÍRUS tem suas vantagens, permita-se o exagero. Como não visitar a sogra, grupo de risco. Evitar enterros, pra não contaminar o defunto. Economia em restaurante, comida ruim, alho em excesso e demora irritante. Deputados, vereadores e senadores voltam pra casa, onde continuam a vampirizar nosso sangue e nosso imposto (fazem até dormindo ou transando com a mulher do colega de bancada). Jair Bolsonaro veste máscara, assim não contamina mais gente. Dá pena dos trabalhadores, sacrificados. E das trabalhadoras e dos trabalhadores do sexo, porque não existe camisinha para o bafo e para o suor.

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Epístola aos bolsomínios

AMIGO BOLSOMÍNIO, por favor não vá aos protestos do dia 15. Nada contra você, tudo a favor de nós todos, você incluso. Já basta sua doença incurável, a de adorar o Burro de Ouro. Você vai ao protesto e pega a doença do coronavírus e depois contamina os inocentes.

O belzebu e os belzebuzinhos vão ficar no bem-bom, de boa, numa boa, instigando otários e instilando ódio pela rede. Prometo nem chegar perto de você até o fim da peste. Desde que eu sobreviva a ela, pois já sinto pequenos tremores de frio e uma ligeira febrinha.

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Tempo

Marcos Prado, em algum lugar do passado. © Julio Covello

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Ridendo Castigat Mores

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Em Sampa

Julinha, Ligia Kempfer e Bill Matsuda. São Paulo, novembro, 2008. Amigos, desde sempre. © Vera Solda

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