MAIS IDEIA de jerico. De novo a vereadora que inventou o cocódromo animal. Agora ela quer desbatizar as ruas com “nomes alusivos à Ditadura”. A vereadora tem ideia fixa: a ditadura no caso é a militar; portanto Castello Branco, Costa e Silva, Emílio Médici, os mais arruados.
A vereadora faz de conta que não existiram outras ditaduras, como a do Marechal Floriano e a de Getúlio Vargas. Ela também fez a conta das placas alusivas aos dois ditadores e deixou quieto (quieto como estão os presuntos de quem ela cuidava no IML).
O prefeito vai vetar o projeto pela despesa excessiva de substituir placas de ruas que amanhã receberão nomes dos futuros ditadores, como o viaduto Jair Bolsonaro. Imagine-se o custo das empresas, com suas placas comerciais e material de divulgação, incluídos programas de computador.
Menos mal. A vereadora podia meter emenda para instalar privadinhas animais em cada esquina das ruas “alusivas à ditadura”. Enquanto é tempo: esse “alusivo” é parente daquele “outrossim” que o velho Graciliano Ramos mandou “à puta que pariu”.
Ela sonhava com um país mais justo para os menos favorecidos
Conheço muita gente, sobretudo no meio cultural, que tem preconceito com novelas. Criticam as tramas bobas e fáceis, recheadas de personagens repetidos, maniqueístas e simplórios.
Confesso que, hoje em dia, não sou consumidora delas (portanto, não opino), mas é inegável o que muitos personagens já fizeram por nós.
Comecemos por Malu, papel de Regina Duarte no seriado “Malu Mulher”. Era o começo dos anos 80 e minha mãe vivia um casamento tóxico, limitante e infeliz. Foi quando encontrou forças naqueles diálogos, na energia daquela protagonista inesquecível, para se separar do meu pai.
Voltou a trabalhar, a estudar inglês e em pouco tempo seu salário já tinha ultrapassado o de muitos homens machistas da família.
Fez ginástica, pode finalmente usar minissaias sem aturar ninguém lhe perturbando, retomou o apreço por si mesma, teve alguns namorados e, graças a ter se tornado uma mulher mais realizada, pode também ser uma mãe melhor.
Anos depois, durante a minha pré-adolescência, lembro da obsessão por “Vale Tudo”. Novela em que Regina Duarte fez a pobre, honrada e batalhadora Raquel Accioli.
Quem não se recorda dela sonhando com um país mais justo pra todos, sobretudo para os menos favorecidos? Já sua filha, a ambiciosa e preconceituosa Maria de Fátima, odiava “aquela gente” e faria de tudo para ter dinheiro e poder.
Se a novela fosse adaptada para hoje, Odete Roitman, outra personagem memorável no quesito “odiar pobres”, certamente estaria aplaudindo as falas do superministro Paulo Guedes.
No último episódio, o poderoso milionário (e bandido) Marco Aurélio, interpretado por Reginaldo Faria, mandava uma banana para o Brasil ao fugir do país impunemente.
Isso ia contra todos os princípios da personagem de Regina Duarte em “Vale Tudo”; no entanto, ao pensarmos na Regina real de 2020, perigava ela pedir pra fazer uma selfie.
Passei boa parte dos anos 90 me vestindo de Porcina (nem que fosse para ir do quarto para a cozinha), personagem de Regina na novela “Roque Santeiro”. Eu tinha, na versão para crianças, suas “tiaras turbantes” e roupas exageradas.
A viúva fogosa fazia político de capacho, era a “dona”, e estendia a mão para que a beijassem. Que saudade de ver Regina fazendo um Sinhozinho divertido se ajoelhar e não servindo a um Sinhozinho que é a maior vergonha e depressão de uma nação. Ou, melhor dizendo, que saudade do seu “noivo” ser um Sinhozinho de mentira.
Mas a minha personagem preferida apareceu no período da adolescência: a espetacular Maria do Carmo. Eu estudava em uma escola de riquinhos e eles viviam me esnobando como se eu fosse lixo. Um dia, eu planejava: “esses desgraçados ainda vão me pedir ajuda, emprego (e amizade no Facebook)”!
Obrigada, Regina Duarte, porque já recebi muitos currículos de conhecidos daquela época. “Rainha da Sucata”, na minha modesta opinião, exibiu a protagonista mais bem escrita de toda a história da Rede Globo.
Mas a nossa futura secretária da Cultura, que deve assumir o cargo no próximo dia 4 de março, infelizmente não é mais uma Helena que faz tudo por amor.
E eu, tão apegada às histórias bem construídas e contadas, sofro em ver o rosto de tantas heroínas apoiando um presidente fascista, ignorante, amigo de miliciano e misógino (isso pra encurtar a conversa).
Amitomania é a compulsão pela mentira, contada de forma consciente, que tem por objetivo a autoproteção ou, muitas vezes, o falseamento da realidade, de maneira a fazê-la parecer melhor. “Trata-se de um processo de adoecimento psíquico, onde a pessoa que sofre vive alimentando mentiras”.
DO GOOGLE. O Brasil sabe quem é o paciente número um da doença. Sim, ele, o presidente da República, que mente duas vezes por segundo e, pior, acredita nas próprias mentiras. Se o SUS adotasse classificação local, como o CID mundial, chamaria de A Doença do Mito. Fosse infecciosa, seu patógeno seria o Bolsonovírus.
O Mito é o Mito propriamente dito. E a mentira, aquela que o Mito impropriamente conta – e convence. A mitomania agrava nos que acreditam no Mito, porque é doença pré-existente, em latência, incurável e invacinável. A mitomania não é terminal para o portador. Ela só mata a verdade e causa danos graves coletivos.
Há registros fiáveis sobre o agravamento da mitomania. De doença mental leve, que afeta o paciente nas suas relações próximas, ela pode derivar para a esquizofrenia e a paranoia. Em uma o mitômano dissocia-se da realidade. Na outra, ele interfere na realidade, identifica inimigos reais e imaginários e lhes pode ser letal.
Tivemos uma Constituição estrangeira vigendo no Brasil, quando foi promulgado o decreto de 21 de abril de 1821, mandando observar no Brasil, temporariamente, até entrar em vigor a Constituição em elaboração perante as Cortes de Lisboa, a Constituição Espanhola de 1812, que afirmava no seu art. 373 que todo espanhol tem o direito de representar nas Cortes ou ao Rei para reclamar a observância da Constituição.
Era um modelo liberal de Constituição, que durou apenas 2 anos pois na Espanha, até que Fernando VII restaurar o regime absolutista.
Esta Constituição Espanhola consagrava a divisão dos Poderes, em legislativo, executivo e judiciário, e a liberdade de imprensa, ideias da Revolução Francesa.
No Brasil, após 24 horas, o decreto de 22 de abril de 1821 – ab-rogou a Carta espanhola, foi a nossa mais curta Constituição.
Historicamente, cumprir a Constituição e as leis sempre foi um problema para as nossas tradicionais elites do atraso, neste segmento incluem-se desde os escravocratas, até os “defensores da justiça e da moralidade”.
O ato de chamar a população para descumprir a Constituição, exaltar ditaduras e desafiar os poderes constituídos caracteriza-se em grave tentativa da quebra das regras do jogo constitucional.
As instituições devem reagir contra estes ataques, pois o povo tem o direito fundamental à felicidade.
Temos o direito à erradicação da pobreza e das desigualdades sociais e regionais e o direito à participação popular, nestes direitos consagra-se o direito de sermos felizes, isto é, de não nos submetermos a regimes tirânicos, autoritários e antidemocráticos.
Chama-se República a felicidade de participar de forma livre na renovação constante e periódica dos atores constitucionais. Fora disto, não existe Constituição, nem felicidade ̶ há apenas uma fachada de Direito.
Em 1956, na cidade de Picos (PI), o agricultor Ranulfo de Jesus Coriolano foi acusado de tentativa de defloramento da jovem Josefa Macaúba. O senhor delegado, sargento PM Orlandino Jucá, solicitou exame de corpo de delito do órgão acusado de violação e o Dr. Justino Luz, farmacêutico, à falta de médico, deu o seguinte diagnóstico:
“Conforme requisição laudatória requerida pelo sr. Delegado desta comarca, Sgt. PM Orlandino Jucá, declaro que, examinando as partes íntimas e fudetórias de Josefa Macaúba, atesto que não encontrei nenhum sinal de arrombamento. No entanto, apresentam-se umas manchas negras na crica, que, salvo engano, parece que foram marradas de pica”.
A) Justino Luz, farmacêutico.
Do livro “Piauhylário”, de Deusdeth Nunes, o Garrincha, Teresina, Piauí, 1998
Chico Buarque de Hollanda! Grande compositor. Escreveu “O Que É Que a Baiana Tem?”, cantada com sucesso por Carmen Mairynki Veiga, da Rádio Guairacá. Escreveu também o poema “Os Luzíadas”, levado aos palcos sob o nome de “Norte e Visa Severina”.
É dele a autoria do Hino Nacional Brasileiro, pelo menos aquela parte que diz: “Meu Deus! Meu Deus! mas que bandeira é essa que impudente na gávea tripudia?” Vivendo em sua terra natal, a Holanda (daí seu nome artístico), manda dizer um lance aí que não entendi porque foi escrito em Flamenco, que é um time de futebol da Espanha.
“FONTES MILITARES” – como sempre sob o resguardo do anonimato, segundo a Folha de S. Paulo – minimizam o repasse por Jair Bolsonaro da convocação para manifestação popular contra o Congresso Nacional. O presidente, segundo tais fontes, teria “pedido apoio” e não apoiado a manifestação. Nem Kant captaria a sutileza.
As tais fontes, ainda, justificam a revolta bolsonárica contra os corruptos do Congresso, seus apoiadores no STF e na imprensa e os esquerdistas em geral. As “fontes militares” trabalham com o léxico do Grande Irmão de Orwell, para quem servidão é liberdade, opressão é democracia e preto – por que não? – tem que ser branco.
Ou seja, as fontes militares fazem a distinção entre o empurrar para o abismo e o recomendar que pule para o abismo. Em outras palavras, absolvem e não surpreenderia se apoiassem os bolsodementes e o demente-chefe num golpe contra o Congresso, o STF, a imprensa e os esquerdistas em geral.
Essa justificativa significa que o governo Bolsonaro não pode conviver com as instituições que denunciam ou contêm seus abusos. Foi o discurso de 1964, que se repete em períodos da história republicana, desde Floriano. É a tutela militar, que ensaia combater a auto-proteção institucional pelo parlamentarismo branco.
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