VOCÊ TEM CARA DE HOMOSSEXUAL. Assim o presidente Jair Bolsonaro respondeu ao repórter que perguntava sobre as estripulias de Flávio, o filho, nas rachadinhas com Fabrício Queiroz. Antes de criticá-lo, temos que examinar a resposta com objetividade científica: o presidente evoluiu. No tempo de deputado diria “você tem cara de viado”.

NOSSO PRESIDENTE não conhece a liturgia em geral e a liturgia do cargo em particular. A primeira, por ser evangélico, crença em que o fiel fala livremente com Deus, na língua da alma, sem o bolodório ritual da missa, por exemplo. A segunda, porque é iletrado, ignorante, sem classe, sem educação, sem qualquer preparo para a função.

JOSÉ SARNEY, que teve filhos mais malandros que Flávio Bolsonaro, jamais baixaria o tom. Nele, tudo era liturgia, nos dois sentidos, o religioso e o político. Quando visitou Tancredo Neves, nas últimas, Sarney elogiou o polegar que Tancredo lhe mostrava, o sinal de OK. Nunca disse que o falecido presidente mostra o dedo do meio.

FALHOU, SIM, o repórter, aferrado à liturgia de seu cargo. Respondesse como o velho Antonio, pai da jornalista Tonica Chagas: “Vossa Excelência tem cara de ânus e defeca quando abre a boca”. Melhor, só a resposta do japonês recalcado à podóloga que lhe extraía a verruga do pé – “O senhor tem olho de peixe”. “E a senhora tem cara de puta”, respondeu o japa.

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Mostra tua cara!

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Vai lá!

Aqui!

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Quaxquáx!

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Hoje!

O maior cronista vivo do Brasil solta o verbo e trata de Bolsonaro, seus filhos, seu ministério inacreditável, seu condomínio barra pesada, mídia, terra plana, redes sociais, militares, Deus, sexo e muito mais. Luis Fernando Veríssimo na maior entrevista que já concedeu é uma das atrações do Brasil de Fato RS – Humor, uma edição especial que será lançada nesta sexta-feira, dia 20, às 19h30, no Espaço 900, em Porto Alegre.

Desafiado por sete entrevistadores afiados, Veríssimo mostra que sua ironia não perdeu o fio. “Todo mundo sabe que a Era Glacial teve inspiração comunista e que os vulcões são controlados pelo Greenpeace”, replicou ao ser questionado a respeito do aquecimento global. Seu verbo não poupa Moro, Guedes, militares, Olavo de Carvalho… Também fala sobre a barra a ser enfrentada pela democracia para recuperar o terreno perdido ao autoritarismo. “O nosso lado está com a razão mas o lado deles está com os AK 154”, notou. Mas deixa uma observação animadora: “Lembrem-se que o David não precisou de mais do que um estilingue”.

Nas suas 20 páginas – quatro delas dedicadas à entrevista com Veríssimo – o jornal também traz uma linha do tempo que percorre a longa jornada do país noite adentro. São mais quatro páginas, ilustradas com cartuns, mostrando o assalto ao poder pela direita ensaiado desde o Mensalão, passando pelo golpe de 2016, a exclusão de Lula da disputa presidencial de 2018 e a eleição de Bolsonaro.

Sempre pelo viés da irreverência, traz o Bolsonário, o dicionário dos tempos que correm que tem a chancela da ABL, a Academia Brasileira de Laranjas, e o Diciomoro, com pérolas que o juiz/ministro não disse mas que poderia perfeitamente dizer. Também o consultório sentimental da Mãe Milícia que de sentimental não tem nada. Isto sem falar na Oficina de Desmanche do Seu Jair, que aborda a devastação em curso, e páginas temáticas onde o processo de destruição nacional, em várias frentes, está documentado com textos e charges.

O Brasil de Fato Humor resulta de uma parceria entre a edição gaúcha e a Grafar, a Grafistas Associados do RS, uma entidade que reúne craques do humor gráfico gaúcho e brasileiro. Para esta edição, a Grafar, além de convocar o seu supertime, chamou feras do cartum de todo o país, entre eles Laerte, Jota Camelo, Latuff. Tornou-se um mutirão do riso com veia crítica.

Com distribuição gratuita, Brasil de Fato RS convida seus leitores a prestigiarem o evento com um chamamento: “Venha celebrar com riso o fim de um ano bizarro”.

Nesta edição: Santiago, Laerte, Bier, Edgar Vasques, Benett, ERnani Ssó, Rafael Sica, Ayrton Centeno, Moa, Hal, Schröder, Fraga, Eugênio Neves, Kayser, Solda, Jota Camelo, Rafael Corrêa, Zimbres e muitos outros.

SERVIÇO: O QUE – Lançamento do Brasil de Fato- Humor  – HOJE – Sexta-feira, às 19h30. ONDE – Espaço 900. Na José do Patrocínio, 900 – Cidade Baixa – Porto Alegre (RS).

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PERDÃO, mas não dá para comparar Lula com Bolsonaro, nem Lulinha com Flavinho. Lula espojou-se na corrupção e até estimulou que Lulinha acabasse com o “ronaldinho dos negócios” na associação suspeita entre a Oi e a Gamecorp. Que agora cai na Lava Jato como sendo a lavanderia que teria pago o sítio de Atibaia.

BOLSONARO, sem dúvida, indicou Fabrício Queiroz para a assessoria de Flavinho na assembleia legislativa do Rio. Queriam o quê? São amigos de pescaria, na solidão do banhar minhocas que cimenta lealdades eternas. Queiroz é amigo do chefe da milícia, o foragido suspeito no crime de Marielle Franco.

QUEIROZ e o miliciano foragido são amigos, de lealdade cimentada na caserna, a polícia militar de onde provieram. Queiroz nomeou parentes do miliciano para o gabinete de Flavinho, e ambos rachavam o salário desses fantasmas, que trabalhavam tanto quanto Lulinha trabalhou antes e depois de se associar à Oi.

LULINHA trouxe amigos para sociedade na Gamecorp. Sociedade por quotas de amizade solidária, eram amigos desde a juventude, o Bittar sócio, filho do Bittar parceiro sindical de Lula. Amizade, família, aqui também. Amizade e família a nota comum entre Lula, Bolsonaro e os filhos que fizeram sucesso nos negócios.

FLAVINHO empregou oito parentes da ex-madrasta, segunda mulher do pai. Um amor de menino. Ele jura que os parentes da madrasta trabalhavam em seu gabinete. O MP/RJ jura que não, seria outro esquema paralelo de salários rachados: uma parte para Flavinho, o resto para a ex-madrasta, o Tesouro do Rio assumindo a pensão alimentícia de papai.

LULA, ao contrário, conseguia que o Tesouro pagasse benfeitorias e salários para suas mulheres. Marisa Letícia entrou uma e saiu outra do Alvorada, quem olhasse diria que Lula tinha trocado. Que nem a Anitta de antes e depois. Rosimeri fez lanternagem, ela e Janja recebiam belos salários pela graça de Lula. Mas faziam expediente integral e horas extras.

LULA não fez rachadinha com suas mulheres. Diria Bolsonaro, no seu jargão de estrebaria de quartel, que a rachadinha delas com Lula era outra. Até pode fazer sentido, ainda que de mau gosto, embora a verdade imponha lembrar que Lula também usa metáforas sexistas. Se as “companheira do grelo duro” aprovam, não temos nada com isso.

PORTANTO, não há como comparar um mito com outro mito, muito menos o filho de um mito com o filho do outro mito. Lulinha recebeu o sucesso de mão beijada, influência do pai e sua amizade com José Sócrates, o primeiro-ministro de Portugal que apresentou a Oi para Lula. Ah, sim, os portugueses deram sua cicuta para Sócrates: um ano de cadeia.

FLAVINHO é o self made man. Claro que o sobrenome do pai ajudou nas eleições. Mas ele podia perder, como tantos nepotes perdem. Flavinho arregaçou as mangas, chamou Fabrício Queiroz, chamou a mulher e fez dinheiro comprando imóveis. E montou uma franquia da Kopenhägen que inundou o Rio de chocolates – com aquele calorão todo.

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A troca de presentes

No final de ano, temos o Natal e as festas de amigos secretos, isso tudo aquece o comércio, mas o consumidor tem que ficar atento com a política de troca de produtos das lojas.

O tamanho, a cor ou o modelo podem não agradarem ou servirem para os consumidores presenteados. O Código de Defesa do Consumidor não assegura o direito à troca do produto, diferente dos países juridicamente civilizados, ocorre que muitos estabelecimentos a permitem, desde que não se retire ou viole a etiqueta, no prazo de 30 dias.

Essa garantia é contratual, isto é, depende de cada loja.

Para objetos que apresentam algum tipo de defeito, o prazo para reclamação é de 30 dias para mercadorias não duráveis e 90 dias para os duráveis, contados a partir da data da compra, se há vício oculto, os prazos são os mesmos, mas começam a valer no momento em que o defeito é detectado pelo consumidor.

O importante é verificar na hora da compra se a loja possibilita a troca do produto, se está escrito isto na nota fiscal ou outro instrumento legal, e o prazo para fazê-la.

Assim se o presente não agradar, o consumidor pode fazer a troca, desde que se acautele no momento da compra e garanta a possiblidade da troca e o seu prazo.

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Cancelada

Mas fui salva pelo Jesus gay da Porta dos Fundos

Apenas recentemente entendi (e agora na própria pele) o que significa ser cancelada. As redes sociais vieram abaixo quando falei mal do presidente no programa Roda Viva, e me xingaram tanto, mas tanto, que eu fiquei por alguns minutos entre os assuntos mais comentados do Twitter.

Preciso confessar que foi uma honra ser defenestrada pelo gado do energúmeno de berrante. Ser cancelada pela direita (ainda mais a extrema) é sinal de que, ao lado de pessoas e leituras melhores, não sou mais fruto do meio preconceituoso e limitado no qual me criei e, por algum tempo, prosperei.

Olha, lá pelos 20 anos, eu fazia comentários do tipo “índio com Nike?” e “só tinha gente feia!”, que hoje me causam ânsia só de pensar que são proferidos por alguém. Nunca fui má pessoa e tampouco hoje sou “do bem”.

Eu era apenas uma idiota que lia os textos errados (anuário de propaganda?), fazia uma faculdade besta (marketing?) e trabalhava em uma empresa cheia de babacas (sobre isso já falei em infinitas colunas).

Tudo é uma questão de educação e ambiente social —não à toa o seu Jair quer tanto desmontar as universidades e a cultura.

Se eu soubesse o que a psicanálise faria por mim, teria entrado nesse universo assim que terminei o colégio.

Não existe nada mais importante para o desenvolvimento pessoal do que fazer muita terapia e estudar muita psicanálise. Nada. Confie em mim: nada. Junto com Freud vieram livros de filosofia, ciências sociais, clássicos da literatura e, o melhor de tudo, uma sensação extremamente prazerosa de ter um lugar no mundo. Escrever já tinha me dado esse lugar, mas a psicanálise me possibilitou habitá-lo sem tanta culpa, medo e ansiedade.

E pensar que não faz nem três anos eu ficava aqui arrumando encrenca com gente maravilhosa, debatendo infinitamente o que considerava serem os exageros chatolas de uma esquerda sem contas para pagar. Parei.

Com um governo desses, bicho, eu estou mais é querendo abraçar qualquer militante defensor da ioga obrigatória para animais de estimação cardíacos.

Se alguém aparecer aqui na minha casa, agora, dizendo que eu não tenho nenhum respeito pelas pessoas sem apêndice porque faço selfies contendo, ainda que secretamente, o meu próprio apêndice, periga eu convidar esse ser de luz para a festa da minha filha (mentira). É nisso que dá ter um presidente tão ruim!

Não consigo mais ser cínica com as fotos de placenta. Não posso mais achar tola uma intelectual de Higienópolis reclamando de fiu-fiu na rua e achando que isso a aproxima, enquanto minoria, da faxineira encoxada no ônihttps://www1.folha.uol.com.br/colunas/tatibernardi/2019/12/cancelada.shtmlbus.

Se uma garota de família milionária me disser que o capitalismo massacra a sua alma e por isso ela se recusa a trabalhar, talvez eu chore e a abrace. Há esquisitices bem mais sérias e graves a serem debatidas.

Mas voltando ao assunto de ser cancelada: será que os defensores do Bolsonaro têm capacidade de cancelar alguém com argumentos tadinhos como “jornalistinha merda da Folha” e “deixando de seguir em 3, 2, 1”?

Na verdade, o ônibus virtual fretado para uma balada conservadora tentou me atropelar, mas fui salva pelo Jesus gay do Porta dos Fundos. Contudo, gostaria eu mesma de me cancelar. Ficar em silêncio olhando o mar e esquecendo esse ano estranhíssimo.

Desde que comprei uma agendinha 2020, algo aconteceu entre o alinhamento do meu espírito e o cosmos. Por favor, me cancelem para encontros, eventos, opiniões e trabalhos. Eu já não estou mais neste ano.

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Ela

sara saudková 7

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Contas de miliciano foram usadas em ‘rachadinha’ de Flávio, diz Promotoria

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FALEM os difamadores o que quiserem dos Bolsonaros, mas eles são gente limpa. Mais que limpa, asseada. A começar pelo pai, fotografado a lavar os calções de banho depois do mergulho no mar.

Vejam o filho 03, cabelos bem cortados, tudo no lugar, nem a barba de cinco dias prejudica o visual limpo. O filho 02 tem aquilo que Célio Heitor esqueceu em sua crônica de hoje, o “sorriso Eucalol”.

O MP RJ descobriu que o filho 01 lavou R$ 638 mil vivos em imóveis. Como tinha que contar aquela montoeira de dinheiro que andou pela mão até dos funcionários da assembleia legislativa, o certo era lavar.

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Edição histórica do jornal, em parceria com cartunistas da Grafar, será lançada nesta sexta-feira (20) em Porto Alegre

O maior cronista vivo do Brasil solta o verbo e trata de Bolsonaro, seus filhos, seu ministério inacreditável, seu condomínio barra pesada, mídia, terra plana, redes sociais, militares, Deus, sexo e muito mais. Luis Fernando Veríssimo na maior entrevista que já concedeu é uma das atrações do Brasil de Fato RS – Humor, uma edição especial que será lançada nesta sexta-feira, dia 20, às 19h30, no Espaço 900, em Porto Alegre.

Desafiado por sete entrevistadores afiados, Veríssimo mostra que sua ironia não perdeu o fio. “Todo mundo sabe que a Era Glacial teve inspiração comunista e que os vulcões são controlados pelo Greenpeace”, replicou ao ser questionado a respeito do aquecimento global. Seu verbo não poupa Moro, Guedes, militares, Olavo de Carvalho… Também fala sobre a barra a ser enfrentada pela democracia para recuperar o terreno perdido ao autoritarismo. “O nosso lado está com a razão mas o lado deles está com os AK 154”, notou. Mas deixa uma observação animadora: “Lembrem-se que o David não precisou de mais do que um estilingue”.

Nas suas 20 páginas – quatro delas dedicadas à entrevista com Veríssimo – o jornal também traz uma linha do tempo que percorre a longa jornada do país noite adentro. São mais quatro páginas, ilustradas com cartuns, mostrando o assalto ao poder pela direita ensaiado desde o Mensalão, passando pelo golpe de 2016, a exclusão de Lula da disputa presidencial de 2018 e a eleição de Bolsonaro.

Sempre pelo viés da irreverência, traz o Bolsonário, o dicionário dos tempos que correm que tem a chancela da ABL, a Academia Brasileira de Laranjas, e o Diciomoro, com pérolas que o juiz/ministro não disse mas que poderia perfeitamente dizer. Também o consultório sentimental da Mãe Milícia que de sentimental não tem nada. Isto sem falar na Oficina de Desmanche do Seu Jair, que aborda a devastação em curso, e páginas temáticas onde o processo de destruição nacional, em várias frentes, está documentado com textos e charges.

O Brasil de Fato Humor resulta de uma parceria entre a edição gaúcha e a Grafar, a Grafistas Associados do RS, uma entidade que reúne craques do humor gráfico gaúcho e brasileiro. Para esta edição, a Grafar, além de convocar o seu supertime, chamou feras do cartum de todo o país, entre eles Laerte, Jota Camelo, Latuff. Tornou-se um mutirão do riso com veia crítica.

Com distribuição gratuita, Brasil de Fato RS convida seus leitores a prestigiarem o evento com um chamamento: “Venha celebrar com riso o fim de um ano bizarro”.

Nesta edição: Santiago, Laerte, Bier, Edgar Vasques, Benett, ERnani Ssó, Rafael Sica, Ayrton Centeno, Moa, Hal, Schröder, Fraga, Eugênio Neves, Kayser, Solda, Jota Camelo, Rafael Corrêa, Zimbres e muitos outros.

SERVIÇO: O QUE – Lançamento do Brasil de Fato- Humor QUANDO – Sexta-feira, dia 20/12, às 19h30. ONDE – Espaço 900. Na José do Patrocínio, 900 – Cidade Baixa – Porto Alegre (RS).

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Sabiá sabia

© Roberto José da Silva

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Bons tempos dourados

De repente, me dei conta de que sou do tempo da bolacha Maria. Bolacha de São Paulo para baixo, porque de São Paulo para cima, como no Rio e em Minas, bolacha é biscoito.

Em Curitiba e arredores não éramos movidos apenas à bolacha Maria, que existe até hoje, mas também a preciosidades inesquecíveis, que não existem mais, como as bolachas de mel, em forma de coração, enfeitadas com desenhos de açúcar colorido; as balas azedinhas, de coco queimado, de canela e, sobretudo, as balas de ovos, das Indústrias Todeschini, se não estou enganado. Ah, as balas de ovos… crocantes por fora e úmidas por dentro! E os pés-de-moleque, a rapadura, as cocadas, as paçocas de amendoim e as marias-mole?..

Mas as bolachas Maria eram insuperáveis. Quando a mãe, tia ou avó mandava a gente ao armazém ou à padaria (os supermercados ainda não existiam) comprar 200 gramas de bolacha Maria, era uma festa. O vendedor abria uma lata enorme, cheia de bolachas, e pesava a quantia desejada, para, em seguida, embrulhá-la em um pedaço de papel pardo.

Como bom lapeano (assim mesmo com e, porque nós, os lapeanos da resistência ao cerco federalista, não admitimos certas atualizações ortográficas), devo dizer que só uma iguaria era capaz de superar a bolacha Maria: os bolinhos de polvilho azedo. Aqueles com uma pitada de farinha de milho, enroladinhos em forma de laço, com uma ponta depositada sobre a outra. Quem não os conheceu, não sabe o que perdeu. Pena que na velha Lapa dos meus amores já não se fabrique mais o polvilho mágico, que, no entanto, continua existindo “no” Tibagi do Tide Mercer. Até bem pouco tempo, o bandido, de vez em quando, fazia questão de presentear-me com alguns quilos do precioso produto, com um bruto ar de superioridade…

Como estou numa época zen e em plena hora da saudade, vale dizer que eu sou não apenas do tempo da bolacha Maria, mas também das balas Zequinha, do xarope Bromil, do Sandu, do carro-de-praça, do lotação, da telefonista (“Número, por favor?”), do carro-forte (da polícia), de Chic-Chic e do Circo Queirolo, das normalistas do Instituto de Educação, do Colégio Iguassú, das matinadas do Cine Ópera, dos festivais da Metro, dos seriados do Cine Curitiba, do “Clube Mirim” da Rádio Guairacá, de Nhô Belarmino & Nhá Gabriela, da “Revista Matinal” da PRB-2, da Confeitaria Shaeffer, da cuba-libre e do hi-fi, do Café Ouro Verde, da Orquestra do Genésio, dos Chás-Dançantes de Engenharia, dos chocolates Basghal, da Padaria Aurora, da banana-split e do chicle de bola das antigas Lojas Americanas da Rua XV, das Farmácias Minerva, da sopa húngara do Bar Paraná, da vina com salada de batata do Cachorro Quente, do sanduba de pernil com verde do Bar Triângulo, da velha Confeitaria Iguaçu, do Bar OK, da Churrascaria Bambu, do Teatro de Bolso, das boates Marrocos e Moulin Rouge, do Drinks Bar, da Casa Sloper, do Lá no Luhn, da Casa Ottoni, do Lord Magazin, das malas Ika, da velha Ghignone, dos calçados Clark, da Maria do Cavaquinho, do “Pick-Up Automático” da Rádio Ouro Verde FM, do jornal “Última Hora”, da revista “TV Programas”, dos Calouros do Ritmo, do Rei do Disco, das Lojas Mazer, da Maison Blanche, da Cirandinha, das Lojas Tarobá, da Casa Orlando (“Suba que o preço desce”), da Casa Feres (“Pequena por fora, grande por dentro”)… e por aí afora.

Quer dizer, já tenho boa quilometragem rodada e muitas horas de janela. Talvez por isso mesmo continue resistindo à ideia de depor as armas e abandonar o campo de batalha.

Publicado em Célio Heitor Gumarães - Blog do Zé Beto | Deixar um comentário
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