A verdade caducou

EM DISSERTAÇÃO de mestrado há 22 anos, quando juiz federal, o ministro Flávio Dino criticou a indicação política dos ministros do STF. Hoje ministro político, Dino será nomeado em indicação política ministro do STF. Incoerência? É muito rigor exigir que alguém se mantenha coerente depois de 20 anos, considerado tudo que viveu, passou e enfrentou. Nessas horas a gente lembra de Euclides da Cunha quando um amigo o acusou de incoerência diante de atitudes que tomara e palavras que escrevera no passado. Euclides respondeu com a frase injustamente esquecida: “Não tenho compromissos com a coerência; tenho compromissos com a verdade”.

A verdade hoje é Lula e Dino a defender Lula. Como a defesa veio em trabalho científico, pelo menos teria que ser cassado o título de mestre que Dino recebeu pela dissertação de mestrado, hoje material para o catador de papéis – e para a oposição.

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Dibujo

Fontanarrosa, El Negro (1944-2007) © Sabat

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Toma tento, presidente!

Há textos que você lamenta não ter escrito e, por isso, pede licença ao autor ou autora para subscrever. É o caso de “Vivendo perigosamente”, de Eliane Cantanhêde, publicado no final de semana no Estadão. Nele, a excelente comentarista chama a atenção de Luiz Inácio, que, no seu entender “gosta de viver perigosamente e, em vez de usar a sabedoria da idade, reage de forma juvenil em questões sérias e de interesse do Brasil”. E cita como exemplos Israel, Argentina, EUA, déficit zero, Petrobras e agindo com dubiedade em relação ao Supremo e até permitindo que o governo replique o bolsonarismo no ataque a jornalistas.

Eliane observa que “Lula pretende se reunir com Mohammad bin Salman, ditador sanguinário da Arábia Saudista, maior exportadora de petróleo do mundo, justamente a caminho da COP 28, onde as mudanças climáticas e as fontes renováveis serão estrelas e o Brasil deve ser o centro das atenções”.

A seguir, indaga: “O que o Brasil, o governo e Lula ganham ao condecorar o embaixador da Palestina com a Ordem do Rio Branco bem no meio da guerra de Israel? E com essa birra com o presidente eleito da Argentina? Ok, Javier Milei é grosseiro e preocupante, mas foi eleito pelos argentinos e não cabe ao presidente do Brasil condenar e fazer birra”.
Tem toda a razão a jornalista Cantanhêde. Luiz Inácio, sem necessidade, tem batido cabeça. Cutuca os EUA e adula a Rússia e a China e, assim, enfraquece Joe Biden e fortalece o topetudo Trump. De igual modo, ao guerrear com Milei, dá palanque para aquele ex-capitão cujo nome não deve ser dito nem escrito. Além do que, andou criando problemas com o ministro Fernando Haddad, uma das melhores figuras do atual ministério, criticando o BC, a nova âncora fiscal e o déficit zero em 2024, para, depois, voltar atrás e concordar com tudo.

Apesar disso, Lula tem tido alguns bons resultados – como também reconhece Eliane – na economia, ao patrocinar reformas estruturais, ao resgatar os laços do Brasil com o mundo e ao acenar com as prioridades sociais. Mas, ao contrário de enaltecer o caminho andado e o que pretende andar, fica oferecendo munição para os inimigos.

O escritor moçambicano Mia Couto, como já citei aqui, recomenda certa paciência com Luiz Inácio, pois, segundo ele, o Brasil é um país profundamente rachado e isso, para mudar, leva tempo. Daí a necessidade de alianças com adversários.

Tudo bem. Mas para tudo há limite. Lula precisa parar de falar demais, meter-se onde não deve e criar dificuldades para o próprio governo, antes que seja tarde. Parafraseando Eliane Cantanhêde e usando o dito da mulher de César: “Além de ser competente, Luiz Inácio precisa parecer competente”.

Janja, ô Janja! Aproveita as belezas da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes e chama o maridão de lado e pede para ele tomar jeito. Já está de quadril novo e sem as incômodas bolsas nas pálpebras, agora só resta ele governar de verdade. O Brasil! É o Brasil que Lula tem de governar; não Israel, a Arábia Saudita, os EUA, a Argentina, a China, a Ucrânia, a Rússia ou a ONU.

Ah, sim, Janja, só cuidado para não receber presentinhos do sheik, como relógios, colares, canetas e abotoaduras cravejados de brilhantes, que, depois, você vai mandar vender nos EUA e ter problemas com a Polícia Federal. Há histórico recente disso.

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Responsabilizar empresas jornalísticas por divulgação de acusações falsas

As empresas têm o dever de verificar a veracidade dos fatos alegados e de esclarecer o público que as acusações são sabidamente falsas. E os outros?

Três acusações com erros crassos do Ministério Público em Portugal fizeram o Primeiro-Ministro António Costa pedir demissão; num deles, houve uma confusão com o homônimo António Costa Silva, ministro da economia, na captação de conversas telefônicas.

Houve deficiência de argumentação e erros crassos nas acusações.

Até este momento, o Primeiro-Ministro demissionário é informado dos atos do processo penal apenas pelas notícias da imprensa. Onde estão o direito ao contraditório e a ampla defesa?

Nesse caso, quem será responsabilizado?

No Brasil, e as notícias que inflamaram a opinião pública em desfavor de dois presidentes derrubados por impeachment, e depois inocentados pelo Supremo Tribunal Federal?

E as operações judiciais e midiáticas que acusam, prendem e, posteriormente, são anuladas? Lembremos da lava-jato, assim como tantas outras que são anuladas, por descumprimento de atos fundamentais à validade processual.

Voltemos à decisão do STF.  O caso concreto diz respeito a uma entrevista publicada pelo Diário de Pernambuco, em maio de 1995. O entrevistado afirmava que o ex-deputado Ricardo Zaratini teria sido o responsável por um atentado a bomba, em 1966, no Aeroporto dos Guararapes (PE), que resultou em 14 feridos e na morte de duas pessoas.

O recurso ao STF foi apresentado pelo jornal contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que confirmou a condenação ao pagamento de indenização, considerando que, como já se sabia, na época, que a informação era falsa. Segundo a empresa em sua defesa, a decisão teria violado a liberdade de imprensa, tese que não colou.

Quer dizer, a liberdade de imprensa não acoberta falsidades e invenções.

Contudo, a todo momento são disparadas enxurradas de mentiras nas redes sociais, que não são empresas jornalísticas e estão totalmente imunes desta decisão do STF.

No julgamento, operou-se uma ficção jurídica interessante, dois ministros aposentados (Ministros Marco Aurélio e Rosa Weber) que votaram anteriormente, foram considerados num julgamento do qual não participaram nos debates finais e, em tese, se não estivessem aposentados poderiam alterar suas opiniões. Coisas da Corte.

A ementa da decisão decidiu que a plena proteção constitucional à liberdade de imprensa é consagrada pelo binômio liberdade com responsabilidade, vedada qualquer espécie de censura prévia, porém admitindo a possibilidade posterior de análise e responsabilização, inclusive com remoção de conteúdo, por informações comprovadamente injuriosas, difamantes, caluniosas, mentirosas, e em relação a eventuais danos materiais e morais, pois os direitos à honra, intimidade, vida privada e à própria imagem formam a proteção constitucional à dignidade da pessoa humana, salvaguardando um espaço íntimo intransponível por intromissões ilícitas externas.

Na hipótese de publicação de entrevista em que o entrevistado imputa falsamente prática de crime a terceiro, a empresa jornalística somente poderá ser responsabilizada civilmente se: (i) à época da divulgação, havia indícios concretos da falsidade da imputação; e (ii) o veículo deixou de observar o dever de cuidado na verificação da veracidade dos fatos e na divulgação da existência de tais indícios.

Se no decorrer da entrevista for lançada uma informação falsa? O jornalismo deverá esclarecer imediatamente o falsete e corrigi-lo? Cremos que sim.

Como no Brasil a memória histórica é curtíssima e os processos, se bem manejados, arrastam-se por dezenas de anos, poucos irão ajuizar ações para buscar essa responsabilização.

Vejamos os exemplos recentes da destruição de reputações com impactos eleitorais e pessoais que, muito tempo depois, foram desmentidos.

Em resumo, a roupa suja demora para ser lavada, passada e engomada.

Sem mecanismos processuais céleres, os prejuízos são indeléveis.

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Treze poucas coisas, muito poucas, que eu sei sobre Sérgio Mercer

Uma. SM calçava sapatos número 39 e meio. Esse meio quem conferiu foi o irmão Carlos Alberto (Nene) Mercer, que calça justo 40, depois de herdar dúzias deles, que ficaram levemente apertados.

Duas. SM só viajou para o hemisfério Norte nos anos 80s. Esteve duas vezes na Europa e uma vez no Canadá e EUA. Era freguês de Buenos Aires, desde 1975. E foi de onde trouxe, por supuesto, o seu bandoneón imaginário.

Três. Da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná merecia apenas meio diploma. Só se fez presente nas aulas que começavam depois das dez.

Quatro. SM era um leitor precoce: do gibi, passou direto para o pocket-book, no original: O apanhador no campo de centeio, de J.D. Salinger.

Cinco. Vadico, um colega de cursinho, foi quem lhe apresentou o jazz.? Muitíssimo prazer!?, respondeu SM.

Cinco e meio. O perfume de SM era Eau Sauvage. Anteriormente, usava o muito especial Penhaligons Lavande.

Seis. SM nasceu numa casa de mesa sempre posta. Eram três as cozinheiras: Celina, Aidê e Babica. Ele gostava de lidar com comidinhas, mas não sabia fritar um ovo. O mignon do restaurante Île de France, este era o prato predileto do Barão de Tibagy – que escrevia suas crônicas numa máquina de escrever portátil Smith Corona. Seu pai, Laurito – Laurentino Bittencourt Mercer – , advogado da comarca de Tibagi e causídico da família Klabin, este sim era o gourmet da família. Fazia os filhos acordarem cedo para comprar finas iguarias no Bizinelli. Seu tio, Edmundo Mercer Jr., também era de boa mesa: quando empossado desembargador, ofereceu paçoca às autoridades da capital e foi um espanto: a paçoca de Tibagi, desde então, virou moda em Curitiba.

Sete. SM e Nene Mercer foram criados como irmãos gêmeos. Dona Neusa vestia os pimpolhos com roupas iguais, dando chance para a chacota dos parentes: ?Os par de vaso da Neusa?. Entroncados e gordinhos, também eram chamados em Tibagi de ?os alfas do Laurito?, em homenagem ao caminhão Alfa Romeo – o saudoso FNM, ou ? fenemê?.

Oito. Havia uma insolúvel pendenga entre SM e Osiris de Brito, acerca de duas cantantes: ?Sou mais a Elis Regina?, dizia SM. ?Sou mais a Elizete Cardoso?, retrucava Osiris de Brito, com um adendo: ?A Elis não tem o pennache da Elizete?.

Nove. Certa feita, no Bar Botafogo, um camarada foi fazer aperitivo com um saco repleto de caranguejos. Depois de umas e outras, o saco se abriu e os crustáceos, sorrateiramente, se espalharam sob as mesas. Discretamente, SM chamou o Irineu (Queixinho) Mazarotto – que também já se foi – e perguntou no ouvido: ?Isso aí que eu estou vendo é real ou é fruto da minha imaginação??.

Dez. Pouco antes de partir, SM fazia um prognóstico: ?Quando bater na nossa porta, essa internet vai mudar a nossa vida?.

Onze. No dia em que SM faleceu, Atlético Paranaense e Santos jogavam pela Copa do Brasil, na velha Baixada. Vitória do Furacão, com três gols de cabeça: dois de Oséas, um de Paulo Rink. O goleiro do Santos era Edinho, o filho do Rei. Tataio, que estava nas sociais, desceu ao campo e mandou fazer um minuto de silêncio. Mercer gostava mais do lado de cima de Curitiba que do lado de baixo. A divisa, segundo ele, era a Emiliano Perneta, a antiga Rua Aquidaban. Da parte de baixo, só gostava mesmo do Atlético.

Doze. Na madrugada do velório de SM, o fiel companheiro Tataio fez as ?honras da casa?: montou um bem fornido bar no bagageiro de um Gol e o estacionou num canto afastado e discreto. Um garçom chorava e nós também choramos muito.

Treze. Sergio Fernando da Veiga Mercer está nos fazendo uma tremenda falta.

26|fevereiro|2006

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PSB entra na briga para manter comando sobre Justiça


Um documento é articulado por lideranças do PSB no Congresso e deve ser entregue ainda nesta quarta-feira, 29, ao ministro de Relações Institucionais.

O PSB quer manter o comando do Ministério da Justiça após a aguardada saída de Flávio Dino. Lideranças do partido vão entrega de uma carta ao ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, na qual defendem a promoção do atual número dois da pasta, Ricardo Cappelli, para o comando.

A carta já está pronta e deve ser entregue na tarde desta quarta-feira, 29.

“Vamos enviar uma carta ao presidente Lula com a reivindicação e a indicação do Cappelli, que está fazendo um grande trabalho”, comentou o líder do PSB na Câmara, Felipe Carreras.

O nome dele, no entanto, não agrada aos petistas.

Nas últimas alterações ministeriais conduzidas pelo presidente Lula, o PSB perdeu o Ministério de Portos e Aeroportos, que era comandado por Márcio França. O socialista foi parar num ministério de menor prestígio e chegou a espernear para que a pasta não levasse a palavra “micro” no nome (nem isso ele conseguiu).

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República Guarani: jesuítas e indígenas do sul do Brasil

Numa feliz coincidência com a tramitação do marco temporal das terras indígenas no Congresso Nacional, a editora Almedina Brasil tem o prazer de anunciar o lançamento da reedição do roteiro ilustrado (110 págs.) do documentário, “República Guarani” (1982), de Sylvio Back, premiado, juntamente com sua telúrica trilha sonora, no Festival de Cinema de Brasília em 1982 e alvo de inestimável fortuna crítica.

República “Comunista-cristã”

Pesquisado e escrito em colaboração com o escritor e editor, Deonísio da Silva, este livro revelador é o resgate de um projeto missionário único da Igreja junto a milhares de índios Guarani na mesopotâmia dos rios Paraguai, Paraná e Uruguai. Foi lá que, durante 150 anos (1610-1756), vingou uma autointitulada “República “Comunista-Cristã” dos Guarani, cujo alvo era integrar, cosmogônica e socialmente, todo o espectro indígena do Cone Sul, operação que se reflete ainda hoje em todo país na polêmica equação de poder entre brancos e povos originários.

Pegada iconoclasta

Depois de assistir ao filme, o filósofo Roberto Romano (1946-2021) escreve que Sylvio Back, pela pegada iconoclasta de sua obra, “não é bendito nos pantanais ideológicos. Sua escrita fere os estagnadores da inteligência”.

Expressão ora atualizada pelo crítico de cinema e dramaturgo, Rodrigo Fonseca, sobre a pertinência política desse inédito lançamento com sua apresentação, “Evangelho da dessacralização”. Sem meios tons, os autores esmiúçam de forma premonitória e simbólica o permanente racismo da chamada civilização visando constranger, quando não asfixiar e matar as populações indígenas sobreviventes. 

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Mural da História – 2010

Lina Faria e Maristela Garcia, Bar do Alemão, no bota-fora de Orlando Pedroso, depois da Oficina Liberdade e Arte de Desenhar, na Gibiteca de Curitiba, 18|11|2010. © El Flinststone Pedroso. 

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Gentileza?

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Flagrantes da vida real

Casa qual com o seu na mão. ©Maringas Maciel

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Base aliada

LULA acrescenta mais um partido à base aliada: o STF. Nem todo o partido, pois sempre tem uns dois do contra.
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Chiaroscuro

ricardo-silva© Ricardo Silva

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No mundo da Lua

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