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SABIA NADA, a inocente. Fosse o caso, eu daria cheque pré-datado. Uma crônica do incorretamente educado nossa relação. Um dia me elogiou – “perto dele você é um Adônis”; o ele, mais feio que a necessidade. Também a elogio, “madame desacontece”, o que diz de manhã, nega de noite.
TARDE DA NOITE, ontem, ligou para cá. Entusiasmada com o discurso de Lula ao sair da prisão: “inteligente, as frases com começo, meio e fim, não ofendeu ninguém, que diferença!”. A diferença, a bom entendedor, nas entrelinhas do elogio. “Antonia vai votar nele”. Antonia, a cuidadora.
DESACONTECEU DE NOVO, pensei. Um ano atrás só entusiasmo e elogios para o outro mito, os defeitos só o mito metamorfose os tinha. Antonia percorria o bairro, missionária, a distribuir santinhos de Bolsonaro. Saía mais cedo, autorizada pela patroa, que, fina e elegante, recusava fazer a arminha.
ORA DIREIS, perdeste o senso, tresloucado genro. Eu vos direi, no entanto, que passei a noite a pensar, a resgatar-lhe as palavras sobre os dois mitos. Tirando o elogio que me fez e a promessa que não cumpriu, rendo-me à sua clarividência. Aos 97 anos ela decifrou o Brasil: como ela, aqui tudo desacontece.
Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário
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Tempo
Padrelladas
Lembro-me que não nos odiávamos quando de tratava de política. Havia raivas, debates e volta e meia o senador Arnon (pai do Collor) matava a tiros um senador. Era a exceção à regra. Discutia-se Política, as pessoas se interessavam pelos rumos do país. Em que exato momento toda a decência desceu pelo ralo e passamos a nos odiar como se fôssemos cães de rua? Quem alimenta em nós um ódio que não é nosso, que nos foi imposto, e que acabará deixando sequelas na sociedade brasileira? São perguntas retóricas.
Dirceu reencontra Lula e diz que luta agora é retomar o governo
Ex-ministro afirma que, para voltar ao poder, PT precisa deixar claro que é de esquerda e socialista
O ex-ministro José Dirceu se reencontrou com Lula na noite de sexta (8), em Curitiba, pouco depois de os dois saírem da prisão. Os petistas foram a uma festa organizada para o ex-presidente na capital do Paraná, no apartamento de um amigo no bairro Batel.
Além de posarem para fotos, Dirceu gravou um vídeo ao lado do vice-presidente do PT, o deputado estadual Emídio de Souza (PT-SP), que o apresentou como “grande companheiro, nosso comandante José Dirceu, que também saiu da prisão graças à decisão tomada ontem [quinta, 7] pelo STF”.
Dirceu agradece aos militante do PT pela solidariedade e afirma que é preciso trocar a bandeira “Lula livre” pela da retomada do poder, deixando claro que eles defendem o socialismo.
“Eu estava na trincheira da prisão. Agora estou aqui de novo na trincheira da luta. Agora não é [a] do Lula livre. Agora é para nós voltarmos e retomarmos o governo do Brasil”, afirma o ex-ministro. “E para isso nós precisamos deixar claro que nós somos petistas, de esquerda e socialistas. Nós somos tudo o contrário do que esse governo está fazendo. Uma boa noite para vocês, viu.” ta falou em “safadeza” e “canalhice” do que chamou de “lado podre” do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, da Justiça e da Receita Federal. Setores que, segundo ele, trabalharam para criminalizar a esquerda, o PT e o próprio Lula.
A soltura do ex-presidente ocorreu um dia após o Supremo Tribunal Federal ter decidido, por 6 votos a 5, que um condenado só pode ser preso após o trânsito em julgado (o fim dos recursos). Isso alterou a jurisprudência que, desde 2016, tem permitido a prisão logo após a condenação em segunda instância.
A decisão do Supremo, uma das mais esperadas dos últimos anos, tem potencial de beneficiar cerca de 5.000 presos, segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça). O Brasil tem, no total, aproximadamente 800 mil presos.
Em discurso duro de 16 minutos ao sair, o petista falou em “safadeza” e “canalhice” do que chamou de “lado podre” do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, da Justiça e da Receita Federal. Setores que, segundo ele, trabalharam para criminalizar a esquerda, o PT e o próprio Lula.
Publicado em Geral
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Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário
Com a tag Jair Bolsonaro, rede globo
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A República do Major Parsifal
Vem aí profundas alterações constitucionais. Alguns juristas dizem que são mutações constitucionais.
Mutações são alterações na Constituição, sem que nos apercebamos. Um exemplo, fácil de entender, é do parente que vem passar apenas um final de semana em sua casa e acaba ficando por uma década.
O major Parsifal comanda o processo desta nova Constituinte, ele é um homem de grande sapiência e de alto valor.
Parsifal entende que a vontade do povo está plenamente de acordo, basta consultarmos as redes sociais.
O major é casado com a distinta Filó. Eles creem na refundação da República, parecida com aquela que Deodoro implantou após a monarquia.
Aliás pensam em varrer as inverdades que foram contadas pelos livros de história sobre alguns amiguinhos do “Fal”, como é chamado carinhosamente por seus filhos, que são a cara do pai, esculpidos e encarnados.
Neste momento, sua esposa Filó está em Miami fazendo comprinhas de Natal, mas já recebeu um “zapzap” avisando-a das novidades.
Filó nasceu num pequeno município que poderá ser extinto, mas seguirá em frente, se acostumará com a nova cidade que até pode mudar de nome para Filó City.
O “Fal” está preocupado com as reações populares, mas nada que um velho e bom AI 5 não resolva. Depois é claro, algumas manifestações nas redes sociais e estará tudo resolvido.
Enquanto isso, o Supremo Tribunal Federal, que o ex-ministro Sepúlveda Pertence chama de onze ilhas isoladas, aguarda o recesso do fim de ano para as merecidas férias.
O povo se manifestar é apenas um detalhe, a previdência que o diga, mais de 75 milhões de afetados e ninguém foi consultado e nem será.
Os bancos homenageiam Parsifal neste Natal. O Futebol, os feriados do fim de ano e o Carnaval resolverão isto tudo.
Publicado em Claudio Henrique de Castro
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Quem tem pena de Joice?
Compreensível que parlamentares da oposição e críticos de Joice Hasselmann tenham se comovido e manifestado apoio após sua emocionada fala na tribuna da Câmara, em que denuncia a perseguição da qual tem sido vítima.
É a reação natural. Qualquer pessoa minimante civilizada sente asco ao se deparar com ataques covardes e comportamentos animalescos, como o que temos visto a rodo na era da “nova política”. Compartilho do sentimento de horror ao linchamento que a deputada tem recebido, mas não consegui ficar tocada ao vê-la chorar, fragilizada, apesar de dizer que as lágrimas eram por seus filhos, afinal é “guerreira”.
Causou-me incômodo não sentir a empatia que esperava, apesar de repudiar tal situação. Fácil apiedar-nos dos filhos. A agressividade direcionada a Joice respinga ao redor, e ninguém quer ver a mãe achincalhada, vinculada a apelidos caricatos e a imagens grotescas.
Ao contrário do que tenho lido, Joice não está colhendo o que plantou, é apenas vítima do machismo denunciado diariamente pelo feminismo, que ela despreza e considera “cafona”. Não é uma revanche divina por ter, no passado, tratado outras mulheres com a mesma moeda. “Hei pessoal, a vaca da Dilma engorda. Espia Brasil”, tuitou em 2016, lembra-se? Não se trata de castigo, é apenas como a banda toca numa sociedade machista.
É obvio que ninguém, nem a própria Joice, merece ser tratado da mesma forma abjeta com que ela se direciona a adversários políticos, críticos e imprensa, mas é difícil acreditar na sinceridade daquelas lágrimas. A deputada usou e abusou da retórica bolsonarista durante sua campanha e depois de eleita.
Ataques, intimidação, deboche, xingamentos, fake news. De olho na Prefeitura de São Paulo, vale tudo, inclusive chorar em público e culpar o machismo por seu revés entre bolsonaristas. Lamento e condeno o linchamento. Minha sororidade fica por aqui.
A indignação dos injustiçados
Os nobres deputados da ínclita Assembleia Legislativa do Paraná estão indignados com a RPC – Rede Paranaense de Comunicação, braço paranaense da Rede Globo de Televisão. E o que teria feito o pessoal da RPC para indignar suas excelências? Ora, teve o desplante de informar o distinto público que os eminentes parlamentares estavam recebendo verba de alimentação – paga, claro, com o nosso dinheiro –, ainda que morem e desempenhem suas funções nesta Capital.
Quer dizer, a rapaziada do jornalismo da RPC exerceu a sua atividade e cumpriu o seu dever, noticiando o que está sendo feito com o dinheiro do contribuinte, e isso melindrou os representantes da patuleia?!
Onze dos dignos deputados, incluindo o presidente “da Casa” – como gostam de sublinhar –, manifestaram o seu “repúdio”, taxando a cobertura da RPC/Globo de “sensacionalista e tendenciosa”. E elegeram o deputado Homero Marchese como traidor da classe por estar subsidiando a escandalosa emissora.
O primeiro-secretário – o plurivalente Luiz Carlos Romanelli, que já serviu Requião, Beto Richa e Ratinho Jr. – desceu do pedestal e subiu à tribuna não apenas para criticar a cobertura da Globo, mas também acusar Marchese de autopromoção, “enxovalhando os colegas”, ao tentar dar substância à “matéria tendenciosa da RPC”. Teve o imediato apoio de próceres como os deputados Do Carmo, Hussein Bakri, Galo, Douglas Fabrício, Mauro Moraes, Anibelli Neto, Michele Caputo e Soldado Fruet – da nata parlamentar.
Ninguém, no entanto, foi capaz de desmentir o pagamento e o recebimento do mino. O presidente do Legislativo, Ademar Traiano, garante que o benefício é permitido no Regimento Interno “da Casa”, mesmo que o parlamentar resida na cidade em que o gasto foi realizado, e teoriza sobre o direito ao pagamento de diárias. É incapaz de atentar, porém, que a diária, no serviço público, é definida como uma modalidade de indenização, que pode ser recebida pelo servidor (agente político é servidor público?) em pecúnia, quando se deslocar a serviço e de forma eventual, do local de exercício de sua atividade para outra localidade. Não parece ser o caso.
Tanto é que o Ministério Público entrou em campo para exigir regras mais rígidas e transparentes para o benefício. A Mesa Executiva da Assembleia formulou um projeto de resolução com o propósito de atender a recomendação da Procuradoria da Justiça. Mas os novos controles, ao que tudo indica, não são suficientemente rigorosos – e foi isso que disse a RPC, fazendo com que os nobres deputados sentissem-se injustiçados.
Com todo o respeito a tão augustas figuras, a RPCTV não foi tendenciosa e muito menos sensacionalista. Foi, se me permitem os coleguinhas do Alto das Mercês, incompleta. Fez o trabalho pela metade. A reportagem deveria ter arrolado todo o festival de verbas que os nossos prendados legisladores recebem a título de remuneração mensal, além do salário (em torno de R$ 29 mil), como gastos com funcionários comissionados de gabinete e cotas parlamentares para despesas com correio, passagens, consultorias, gráfica, locação de veículos, restaurantes, etc. A coisa passa de 100 pilas, rigorosamente repassados mensalmente pelo erário a suas excelências. É de se verificar se lá não tem também aquele auxílio-moradia difundido pelo Judiciário e estendido ao colendo Tribunal de Contas.
É certo que há quem ache isso tudo pouco. O deputado Luiz Carlos Martins, por exemplo – lembram-se dele? –, veio a público, outro dia, para reclamar do salário que passou a ganhar como parlamentar. Argumentou que não paga “metade de um carro popular”. Ele, que, além de deputado, é empresário no ramo da comunicação e está em seu sétimo mandato na Assembleia, garante que, antigamente, ia a uma concessionária e comprava um carro zero da melhor qualidade.
Não é de dar dó?
Ademais, além de a afiliada RPCTV fustigar os desafortunados deputados, a matriz carioca revelou, ontem, no principal jornal da rede, a existência no país de mais de 13,5 milhões de brasileiros vivendo na pobreza absoluta, com rendimento mensal que não passa de R$ 300…
Em vez de reclamar, chorem, excelências! Isso lhes fará bem.
Publicado em Célio Heitor Guimarães
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Ministros e mais ministros, presidentes que se sucedem, todos se proclamando salvadores da pátria, e nada se resolve, a crise diminui, aumenta, mas nunca desaparece. Agora, com as reformas propostas pelo ministro Paulo Guedes, o Brasil encontra o fim do túnel, afasta-se do precipício do qual há séculos está a um passo.
O que aconteceu? Simples, um milagre, como os da Bíblia. A solução veio pelas mãos do Messias, o verdadeiro messias, não o auto intitulado e enjaulado, o presidiário messias. Nosso Messias tem mais pressa que o da Bíblia, sem prazo para surgir para os judeus nem para ressurgir para os cristãos.
Nosso Messias chegou segundos antes do juízo final. Só tem um probleminha, merrequinha, em que o Messias, Jair Messias, e seu apóstolo Paulo, o Guedes, não igualam o messias dos cristãos: a multiplicação dos pães e dos peixes. O messias e o apóstolo multiplicam para os empanturrados e diminuem para os que têm fome.
Tem mais aquele pequeno detalhe, de que os justos herdarão a terra. Na terra de Messias, o Jair, e de Paulo, o Guedes, os injustos herdam as terras – devolutas, indígenas, públicas.
Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário
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