Raul Seixas – 1973
Raul Seixas – 1973
Na vasta e devastada seara alheia habita um parasita de olhos bem abertos e estômago cheio: o profeta. Cioran (duas gotas após as refeições) disse que dentro de cada homem dorme um profeta pronto pra atacar, prescrever, anunciar. Longe de mim estar perto disso. Apenas constato e lanço, às vezes com pouco tato, pra pessoas de fino prato e baixela de prata. Abra alas e asas, faça ouvidos de mercador de carros, tranque as portas da percepção. Haja o que houver, aja como quiser.
Desencontros marcaram o fim de semana. Nem eu mesmo encontrei comigo. Estava ausente de qualquer propósito. Naveguei nas vagas estrelas da ursa maior. A noite estrelou meu filme. Notícias explodiram como bombas no Iraque. Fediam firmes propósitos e exalavam perfume de rosas nas entrelinhas das estrelinhas.
Uma notícia: o Brasil é campeão mundial de raios. Setenta milhões riscam os céus todos os anos em busca de algum lugar tranquilo para descansar na terra. Um Cristo, aqui, seria eletrocutado, morto e sepultado. No terceiro dia ressuscitaria como cordão de lâmpadas de Natal — made in China — enfeitando uma árvore de rua. Blim-blom! Raios me partam!
Já sai outra notícia quentinha: as mulheres pensam mais do que os homens. Por isso, estão mais sujeitas às neuras, às pressões da vida social. Os psicólogos denunciam e os consultórios terapêuticos comprovam. Ainda bem que penso pouco, devido à minha precária condição de pertencer ao cambaleante sexo masculino. Ó, raios! Ó, mulheres!
Condições de subsistência: cachorro filhotão no quintal e roupas no varal não se dão bem. O Sol é testemunha. Num rasgo de animação ele rasga as roupas.
Trim-trim! Do outro lado da linha, me confortam: leite fervendo e derramando por cima da leiteira faz parte do mobiliário doméstico. Calma! Não é descuido de hoooomem na cozinha, não. Bon jour! Ulalá, merci! Oui, excuse moi! Limpar o fogão depois é a pena mais leve que o Tribunal da Humanidade pode impor. Ria o leite do Chico Buarque derramado. Aqui estou eu, de novo, falando sozinho com você.
*Rui Werneck de Capistrano é autor de várias milongas e vastacurtas
Cada qual com seu mundo na palma da mão. © Maringas Maciel
Na conversa com Netanyahu, Macron priorizou a liberação dos reféns, reafirmou o direito de Israel de se defender e pediu proteção aos civis
Emmanuel Macron conversou, no domingo, 19, com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas e com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Na conversa com Abbas, Macron reforçou a necessidade de a Autoridade Palestina e todos os países da região condenarem inequivocamente e com a maior firmeza o ataque terrorista do Hamas contra Israel em 7 de outubro, falou sobre a sua disposição em enviar ajuda humanitária e concordou que a violência contra civis palestinos na Cirjodânia é condenável.
Na conversa com Netanyahu, o presidente francês expressou novamente solidariedade com Israel face ao ataque perpetrado pelo Hamas, reforçou que a liberação dos reféns deve ser prioridade, reafirmou o direito de Israel de se defender, mas salientou a necessidade de distinguir os terroristas da população civil, garantindo aos civis proteção eficaz.
Macron expressou também sua preocupação com a possibilidade de escalada do conflito, notadamente no Líbano e, finalmente, afirmou que só a solução de dois Estados, Israel e Palestina, vivendo lado a lado em paz e segurança, garantirá a estabilidade no Médio Oriente.
Nas redes sociais, o presidente francês anunciou que crianças feridas ou doentes de Gaza que necessitam de cuidados urgentes poderão ser tratadas na França e que mobilizará todos os meios disponíveis para trazer cerca de 50 delas para os seus hospitais.
Ao detalhar as últimas medidas de ajuda humanitária oferecida pela França ao Oriente Médio, Macron citou o deslocamento do porta-helicópteros anfíbio Dixmude, configurado para apoio hospitalar com capacidade para 40 camas, cuja saída está prevista para o início da semana. O Dixmude, que chegará em breve ao Egito, tem como objetivo tratar os casos mais graves.
Macron declarou ainda que um novo avião da Força Aérea transportará mais de dez toneladas de carga médica no início da semana, tendo a bordo dois postos de saúde móveis para tratar cerca de 500 feridos graves, cada um.
Para que essa ajuda chegue com segurança e o mais rápido possível, Macron afirma ser necessário “uma trégua humanitária imediata que conduza a um cessar-fogo” e que a França está fazendo tudo para conseguir isso.
PARA A ELEIÇÃO ARGENTINA há dois partidos no Brasil: o de Eduardo Bolsonaro, que apoia Javier Milei, e o de Janja, que apoia Sérgio Massa. Como os dois países dependem um do outro, acaba não fazendo diferença quem vença a eleição, pois o eleito fará as acomodações ditadas pelo interesse nacional. Aqui no Brasil, Bolsonaro derrotou Lula por apoiar o vencedor Milei. Bolsonaro e Micheque farão seu carnaval sobre o escorregão de Janja, azarão como Mick Jagger em jogo de futebol. Janja que aprenda com Eduardo Bolsonaro, que primeiro se elegeu deputado para dizer bobagens e foi à Argentina trabalhar para Milei. Janja ficou em casa, falando pelos cotovelos da internet.
O vaso mais bonito da cidade. © Maringas Maciel
© Lina Faria