Joyce, a outra

JOICE HASSELMANN, ontem no programa Roda Viva. Nada de novo. Ela conhece o meio, que domina como jornalista de rádio e televisão. Ensaia uma nova mensagem, digamos, meia mensagem, a de que os filhos do presidente mantêm uma milícia digital com perfis falsos, da qual ela é a vítima mais recente. No entanto, lembrando os velhos estalinistas, a deputada diz que se mantém fiel ao presidente, com quem troca mensagens por WhatsApp.

A entrevista foi o mais do mesmo por parte da deputada. Se alguém acreditava em Joice pelo radicalismo que a elegeu, embarcada na nau dos insensatos bolsonáricos, sua credibilidade sofreu ligeira erosão (ligeira, porque difícil haver redenção e conversão ao bem dentro da seita que nos governa). Não se nega a inteligência da deputada, mas ela nega a inteligência de quem a assistia ontem: por que só agora ela vem a público expor as mazelas dos filhos do presidente?

Resposta óbvia: disputa por poder, espaço político. Joice foi ameaçada em sua posição dentro do Legislativo com o prêmio de consolação da liderança que o pai presidente deu ao filho Eduardo. Ao resistir à graça concedida, a deputada perdeu a posição e as vantagens políticas da liderança do governo no Congresso, da qual foi destituída pelo presidente da República. Como acreditar na fidelidade que ela agora apregoa a Jair Bolsonaro com a patética confissão de que trocam mensagens?

Na apregoada fidelidade ao presidente está a velada admissão de que seu espaço pode ser reduzido ainda mais, pois nosso capitão-mor não recolhe feridos no campo de batalha. Joice morde os filhos e sopra o pai. Só ela acredita nisso. Ela assegura que nas crises que enfrentou na vida sempre “caiu em pé”. Deixemos as insinuações do cair em pé ao baixo e rico glossário da milícia bolsonárica. A entrevista de Joice foi ligeiramente útil, mas nem um pouco convincente. Melhor ouvir a outra Joyce, doce cantora.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Rabino Alpern

São empreendedores da fé como ele que constroem a humanidade

No dia 11 de novembro, na Hebraica, meu rabino, o grande rabino Alpern, realiza o leilão de arte do ano. Ele reuniu um inacreditável acervo de obras da mais alta qualidade com a curadoria de Pedro Mastrobuono, que vão a leilão com um delta para o lindo Projeto Felicidade do meu querido rabino.

Por meio desse projeto, ele traz crianças que tem câncer a São Paulo e lhes proporciona uma semana de imensa alegria, uma semana memorável.

Para uma criança que vive esse desafio da vida, esse momento lúdico de felicidade tem consequências maravilhosas de alegria e de esperança.

O rabino Alpern é baixinho, americano, fofo. E lá vai ele pedindo dinheiro para as suas obras assistenciais. Eu adoro que ele pede mesmo. E eu me lembro de Irmã Dulce, que pedia mesmo.

Deus diz na Bíblia: Do que adianta a fé sem obras?

O grande líder espírita da Bahia e do Brasil Divaldo Franco é um grande empreendedor. O empresário Henrique Prata, do Hospital do Amor de Barretos, é um grande empreendedor. É essa fé empreendedora de rabinos, de freiras, de pastores, de irmãs, de monges budistas (e também de empresários e empresárias de fé) que constrói a humanidade. E é por isso que esta Folha organiza o prêmio de empreendedorismo social.

A Universidade Harvard foi fundada por pastores protestantes e hoje ela é o templo mundial do conhecimento.

Estou tentando que a Harvard Business School faça um case de empreendedorismo da fé sobre essa rabina chamada Irmã Dulce.

Jesus, Maria, José e a Sagrada Família eram todos judeus. Deus é um só. Ele tem nomes diferentes, mas Ele é a fé inquebrantável que move homens e mulheres a fazerem coisas divinas. São seres incansáveis como esse rabino, que me mostra a sua sinagoga feliz e que me convoca a ajudá-lo, a ajudar as suas crianças.

São homens e mulheres que removem montanhas. Uma fé que faz coisas gigantes. Ela fez o Hospital Sírio-Libanês, fez o Hospital Albert Einstein. E pelo mundo inteiro fez creches, conventos, hospícios, sanatórios, orfanatos…

Quando disse que Irmã Dulce era empreendedora, houve desconforto em setores conservadores que acham que esses assuntos não são da religião e que religiosos são pessoas quase desocupadas que ficam soltando pombas.

Mas santos trabalham e muito. Olha como o Martin Luther King trabalhava ou o que o Dalai Lama realiza.
O amor bate ponto, o amor é operário. O amor trabalha, dia e noite.

E trabalha entusiasmado, apesar de ser mal pago e tantas vezes operar nas piores condições do mundo.
Um dia um milionário americano disse a uma freira que cuidava de leprosos no Oriente: “Irmã, eu não faria o que a senhora faz por dinheiro nenhum do mundo”. E a freira replicou: “Eu também não, meu filho”.

Rabino Alpern, são empreendedores da fé como o senhor que constroem a humanidade. Como diz o dito popular: mente desocupada é a morada do diabo.

E desse mal o senhor não sofre. Porque diariamente almas obreiras e santas como a sua correm atrás de recursos para ajudar pessoas necessitadas, vivendo angustiadas a cada fim de mês com os custos da obra divina.

A cada fim de mês o amor precisa trabalhar em dobro porque o amor não é desocupado. Ele precisa multiplicar os pães porque tem milhares de bocas para alimentar e milhares de almas para confortar.

Publicado em Geral | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

A despedida do Vampiro de Dusseldorf

# Se a deputada disse que o presidente Bolsonaro tem – 20 de inteligência emocional significa que ele tem burrice emocional? A outra burrice não estava de bom tamanho?

# Dona Gleisi ‘copeia’ o que Lula disse na última entrevista: que o PT, como a seleção brasileira, não pode deixar Pelé no banco dos reservas. Verdade. Mas bem que podia ter aposentado essa Maria Chuteira. Não demora, vem aí Janja, o novo técnico.

# O presidente quer se abraçar com outros partidos, aqueles marotos de sempre, como o MDB, agora que foi desprezado e desprezou o partido que o elegeu. Vender a alma ao diabo tem seu preço. Lula que o diga.

# Anitta, a cantora da bunda poderosa, informa que passou por experiência de “quase morte” com a turbulência do avião em que viajava. Devia estar acostumada depois das transas que propagandeava com o ex-marido de Luana Piovani. Quase morte era como os franceses descreviam o orgasmo.

# O governo Bolsonaro veio com o viés anti ambiental e sua grande crise é o desentendimento entre dois bichos, de um lado Peppa Pig e de outro o Bambi.

Publicado em O Vampiro de Dusseldorf - Blog do Zé Beto | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Flagrantes da vida real

Maringas Maciel, mais assustado que cachorro em canoa. Autorretrato

Publicado em Flagrantes da vida real | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Todo dia é dia

Giselle Hishida. © Kraw Penas

Publicado em Todo dia é dia | 1 comentário
Compartilhe Facebook Twitter

© Jack Torrance 

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Chamem o psiquiatra!

© Roberto José da Silva

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Brasil Limpeza

Corre pela internet notícias de que Eduardo Bolsonaro foi oficializado líder do PSL na Câmara. Segundo o que se diz, conseguiram uma nova lista de apoio com 29 deputados da chamada ala bolsonarista. Só Bolsonaro mesmo, de braços dados com os filhos, poderia ter seu próprio partido dividido ao meio desse jeito e se matando numa briga. Também só Bolsonaro e seus filhos para não compreenderem que nem a vitória justifica certas guerras políticas.

Com Eduardo Bolsonaro como líder do PSL ele vai liderar exatamente o quê? Ademais, qual é exatamente a estratégia dessas figuras? Esse garoto prodígio não era aquele que ia ser embaixador nos Estados Unidos? Creio que mesmo alguém da família Bolsonaro pode ser capaz de reconhecer que a expectativa baixou um bom tanto com essa luta encarniçada pela liderança do PSL.

Bem, como critério de qualidade política só pode ser o mesmo nível da liderança de seu pai como presidente da República. Nem dá para dizer que Eduardo como líder do PSL seria uma “vitória de Pirro”. Esta mitologia não cabe em tamanha baixaria. Eduardo Bolsonaro e seus companheiros do PSL como missão está mais para outro mito, aquele do exército de Brancaleone, do filme genial e muito engraçado dirigido pelo italiano Mario Monicelli, com o grande Vittorio Gassman como ator principal.

Claro que lembro disso apenas pela estupidez do “exército” do filme e não pelo caráter dos malucos. Eram inocentes e lá também não tinha rachadinha. Nem milicianos, virtuais ou de mão armada dominando com crueldade bairros no Rio.

O “exército Brancaleone”, formado por Gassman no filme, virou sinônimo de ajuntamento de doidos depois do sucesso dessa obra no Brasil nos anos 70 e 80. O bando de incompetentes malucos bolsonaristas pode até usar o mesmo refrão cantado pelos alucinados e igualmente ineptos combatentes da cruzada medieval do filme italiano. Eles cantavam “Branca! Branca! Branca! Leone! Leone! Leone!”. Basta uma pequena mudança, para “Bolso! Bolso! Bolso! Naro! Naro! Naro!” e vai ficar perfeito.

Publicado em José Pires - Brasil Limpeza | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Arlette Pinheiro Esteves Torres

Publicado em Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Arranha-céu de vidro

Governo quer saber sua voz, digitais, cor dos olhos. É o atalho para o controle

Em 2013, as incursões de Edward Snowden por computadores a que não fora convidado revelaram que a Agência Nacional de Segurança dos EUA podia vigiar a população americana através de um programa de interferência nos celulares, adquirido das empresas de telecomunicação. Ou seja, a mulher do sujeito podia não saber que ele estava tendo um caso com a Beyoncé, mas o governo sabia. 

O Brasil acaba também de instituir por decreto o Cadastro Base do Cidadão —uma “base integradora” de dados pessoais dos brasileiros. Segundo li, constará de dados cadastrais —nome, data do nascimento, sexo, filiação, RG, CPF, CNPJ, PIS, Pasep, título de eleitor etc. A estes serão acrescidas, em devido tempo, as “bases temáticas”, incluindo dados biométricos: palma das mãos, digitais, cor dos olhos, formato do rosto, voz, maneira de andar. Serão dados “interoperáveis”, ou seja, circularão pelos ministérios, agências e demais órgãos do governo.

Não sei se gosto da ideia de ver minhas particularidades circulando alegremente entre pessoas que não conheço. Como todo brasileiro da minha geração e, se não bastasse, jornalista, já convivi o suficiente com censores, burocratas e aspones para saber que, até por questões higiênicas, convém manter distância deles.

Não se trata de temer que eles descubram o que eu penso, se é que penso. Para isso, basta ler esta coluna —que ocupo desde 2007, dia sim, dia não. É pelo tipo de controle moral, econômico e social que, com as novas tecnologias, o Estado pode ter sobre o cidadão e pelas chantagens que disso podem decorrer. E não importa quem exerça esse controle, se esquerda ou direita. Ambas nos
vedam a saída.

Lembrei-me de um asfixiante poema de Cassiano Ricardo, em que Deus convoca Adão. E este diz: “Ouvi a Tua voz soar no jardim e temi, porque estava nu, e escondi-me. Escondi-me neste arranha-céu de vidro”.

Publicado em Ruy Castro - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Padrelladas

Mais barris da Shell vão dar às praias do Brasil. Que saudade daquele tempo que as latinhas eram outras e chegavam cheias de hierba buena…

Publicado em Nelson Padrella | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

O Vampiro de Dusseldorf

# Os vereadores de Curitiba preparam a lei dos artistas de rua. Se lei prestasse para alguma coisa além de engordar político, os artistas de rua é que deveriam fazer lei sobre o trabalho dos vereadores. No primeiro artigo podiam obrigar os vereadores a trabalhar na rua, não trancados nos gabinetes e fazendo jogo de cena no plenário da câmara. Daí essa gente que diz que os artistas de rua enchem o saco iria ver o que é encher e o que é saco.

# O presidente Bolsonaro passou rapidinho em Portugal a caminho da China e aproveitou para deixar mensagem de cumprimentos ao primeiro-ministro António Costa, recentemente reeleito pelo Partido Socialista. O presidente mudou muito desde que rejeito os nazistas por serem comunistas. Vai visitar até a China Comunista. Ele aprendeu na carne que os piores socialistas são os Sociais Liberais. Social liberal, por sinal, é que nem jabuticaba: só dá no Brasil. # Finalmente acabou o horário de verão, ordem do presidente Bolsonaro, que sempre erra no atacado e de vez em quando, muito de vez em quando, acerta no varejo.

Publicado em O Vampiro de Dusseldorf - Blog do Zé Beto | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Eduardo Bolsonaro e Ernesto Araújo fracos em história e geopolítica

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro  (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, precisam voltar imediatamente aos estudos. É que geopolítica e história não são o forte dos dois.

Duas notas publicadas pelo jornalista Lauro Jardim, em sua coluna no jornal carioca O Globo, mostram que os dois não entendem da história do século 20 nem de seu contexto.

O deputado Eduardo Bolsonaro evita expor seus conhecimentos sobre geopolítica contemporânea. Segundo Lauro Jardim, o filho do presidente que quer ser embaixador nos Estados Unidos  confessou a um amigo, recentemente, que não entende muito bem por que os Estados Unidos e Cuba vivem às turras. A embaixada, pelo jeito, está cada vez mais distante e não é apenas por falta de votos, mas também por falta de conhecimento.

Já o ministro Ernesto Araújo também mostrou que não conhece nada de guerra fria e história da segunda metade do século passado. Ele agora implicou com um busto do ex-chanceler San Tiago Dantas. Por ordem de Araújo, o busto foi retirado da entrada da sala batizada com o nome do ex-ministro. Foi na gestão de Dantas, como se sabe, que o Brasil reatou relações diplomáticas com a antiga União Soviética (URSS).

E isso aconteceu em novembro de 1961, no governo do primeiro-ministro Tancredo Neves e do presidente João Goulart. Tancredo lembrou à época que o reatamento não implicava nenhuma concessão de ordem ideológica.

Publicado em Geral | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Extra!

Publicado em Jornal Bandeide | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

“Bacurau”: era uma vez no nordeste

O texto seguinte foi produzido por um dos participantes do 4.º Workshop Crítica de Cinema realizado durante o 27.º Curtas Vila do Conde – Festival Internacional de Cinema.

Dir-se-ia não ser estranha a figura do forasteiro na filmografia de Kleber Mendonça Filho. Forasteiros, a bem dizer, e sem ser alguém de passagem, já conhecemos os agentes de segurança d’O Som ao Redor (2013) ou os (igualmente agentes) imobiliários de Aquarius (2016). Elementos perturbadores que, vindos de súbito, sem que saibamos muito bem de onde e com que reais intenções, irrompiam sobre uma ordem estabelecida, colocando em causa um status quo comum a uma comunidade – a de uma rua, a de um prédio ou, agora, a de uma pequena cidade do interior do Brasil.

Em Bacurau (2019), cidade fictícia – e, como tal, verdadeiramente fora do mapa –, esta ideia do forasteiro é ainda mais potenciada por Mendonça Filho e Juliano Dornelles, seu colaborador de longa data que agora também assina a realização, através da aproximação que se faz sentir, de forma desvelada, a um género cinematográfico que tipicamente recorre a este conceito: o western. A pacata cidade que baptiza o filme (e que designa também um ave noctívaga), sita num “Oeste brasileiro” (enunciação curiosa que é, simultaneamente, definida e indefinida), vê a sua pacatez e tranquilidade perturbada pela chegada de dois viajantes aparentemente de passagem – brasileiros, sim, mas também outsiders: dizem ser do Sul do país e, conforme nos avisa uma vendedora à entrada de Bacurau, auguram mau presságio.

Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles transpõem essa ambiência a que usualmente associamos ao western para o Brasil e suas complexas idiossincrasias.

O casal de viajantes nacionais trabalha afinal, saberemos mais tarde, para um grupo de estrangeiros – e não será despropositado referir que este conjunto se compõe por americanos, alemães e italianos (nacionalidades com relativa presença no país graças a sucessivas vagas migratórias) – fazendo-o com o obscuro desígnio de cercar a cidade e levar a cabo uma chacina. O referido dispositivo transporta-nos, assumida e abertamente, para as premissas do western na história do cinema, em que os cercados são impelidos a defenderem-se por si próprios e, não raras vezes, com o auxílio de outlaws aceites pela comunidade, mas não pelo poder institucional. Em Bacurau, será Lunga que assumirá esse papel com especial graça e impacto.

Ecoa no filme o signo de Howard Hawks e de Sergio Leone, presenças que remetem para uma forma de tratar um género e as suas declinações, mas o maior eco deste filme será porventura John Carpenter na sua variação do western que, a bem dizer, enquadrou na contemporaneidade, nesse extraordinário filme ao qual se deu o nome de Assault on Precinct 13 (Assalto à 13.ª Esquadra, 1976).

Não descurando, a bem dizer, tais signos e fantasmas, Mendonça Filho e Dornelles transpõem essa ambiência a que usualmente associamos ao western para o Brasil e suas complexas idiossincrasias. Aliás, para um Brasil, como se disse, do futuro, mas bem poderia ser o Brasil de hoje – sintomático, porventura, da aparente irresolubilidade  dos problemas que desde o início consomem a sociedade brasileira na longa cronologia: a violência (que o filme incorpora com particular vividez), o jugo de uma população a um poder corrupto, a dicotomia entre regiões do país, mas também o Brasil na sua relação com o exterior, com o “primeiro mundo”.

Se é verdade que a dupla de cineastas pernambucanos namoram o género do western, a verdade é que também dele se afastará (como aliás o já fazia Carpenter), ainda que aceitando determinadas codificações que são caras ao aludido género. Rejeita, todavia, o pastiche: basta pensar na própria paisagem brasileira, que é contrastante daquela a que nos habituamos a ver no dito género (embora igualmente impactante), mas também a desvelada incorporação da dimensão do místico, do popular, e até mesmo do onírico a que estas terras propiciam.

Feitas as contas, Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles fazem entoar nesta elegia a uma cidade interior (e que podia ser qualquer outra cidade), um sentimento de esperança de que as coisas podem mudar, como nos demonstrou a determinação dos habitantes de Bacurau no combate ao inimigo comum (pois sim – afinal não é um western, não, mas será afinal um filme militante…!)

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Sair da versão mobile