Direita leva um chega-pra-lá dos eleitores em Portugal

Neste domingo a eleição em Portugal trouxe uma má notícia no plano internacional para Jair Bolsonaro, com a vitória da esquerda e a acachapante derrota da direita. O Partido Socialista vai se manter no poder. As coisas já não vão bem internacionalmente para o governo de Bolsonaro, atrelado a um discurso totalmente fora das necessidades atuais do mundo, que busca até de um modo desnecessário o confronto com as propostas de governos de países fundamentais na política internacional. Pois com o resultado em Portugal neste fim de semana as relações externas de seu governo ficaram ainda mais complicadas.

Entre os derrotados na eleição portuguesa se destacam forças políticas que se alinharam publicamente com Bolsonaro. A direita foi rejeitada totalmente. O maior perdedor foi o Partido Nacional Renovador (PNR), que festejou a eleição de Bolsonaro e se coloca entre os portugueses de forma muito parecida ao imponderado discurso bolsonarista. Levando aos portugueses propostas parecidas com as de Bolsonaro o PNR teve uma votação ridícula. Recebeu apenas 0,3% dos votos e ficará fora do Parlamento.

Outro partido de extrema-direita alinhando com as ideias de Bolsonaro, o Chega, teve melhor sorte, mas ainda assim elegeu somente um deputado entre os 130 da Assembleia da República. No geral. O resultado desta eleição é avaliado como um referendo à gestão do primeiro-ministro socialista António Costa. A contagem final deu 106 deputados ao PS, 36% dos votos em um parlamento de 230 cadeiras. A apenas dez cadeiras da maioria absoluta, a sigla deve se compor com facilidade com partidos de esquerda apoiadores do governo socialista nos últimos quatros anos.

A eleição foi um sinal positivo às políticas de esquerda de Costa, que no discurso de vitória deu um chega-pra-lá na direita. O resultado é tido pelo líder socialista como a “maior derrota da direita em Portugal”, onde a definição de direita traz naturalmente a memória do salazarismo, regime fascista comandado por Antonio Salazar, ditadura fascista que durou 33 anos e deixou o país entre os mais atrasados da Europa, em pior situação até do que alguns países do leste europeu dominados pela então União Soviética. Não adianta a direita brasileira procurar fraudar os acontecimentos mundiais para seduzir os brasileiros com uma ideologia ultrapassada. De um modo até pior que o comunismo, na Europa a direita é ligada ao passado pelo atraso de pensamento, o desrespeito à democracia e os crimes contra os direitos humanos.

Ao contrário da má lembrança que o passado traz grudado à direita portuguesa, o PS é associado historicamente ao honroso legado do 25 de abril, da Revolução dos Cravos, que no ano de 1974 derrubou a ditadura de Salazar. Com isso, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste também ganharam a independência. O regime salazarista tinha até esse componente de atraso, estendendo a opressão militar de forma colonial em terras africanas. Como se vê, a direita portuguesa tem uma carga pesada.

O voto dos portugueses neste domingo foi também um não à proposta do enfrentamento de problemas pela via do discurso violento e desagregador, algo que aqui no Brasil já é possível saber que tecnicamente é um absoluto desastre, além tornar a vida muito chata. Bolsonaro nunca disse o que pensa de Salazar, mas para um sujeito que gosta do sanguinário ditador Pinochet é provável que na sua cabeça o ditador português mereça um lugar de destaque em galeria pessoal de ídolos, onde conforme declarações suas, consta com muita honra o ditador paraguaio Alfredo Stroessner.

A votação dos portugueses indica que não haverá encontro entre os caminhos de Portugal e Brasil por meio de conversas extremadas, com ideias atravessadas de direita e a exaltação requentada de fórmulas políticas autoritárias, cruéis e de um atraso que é da mais espantosa burrice. Assim, deixamos de ter aberta uma porta importante para nossa entrada na Europa. O problema é que para este improvável presidente tudo resolve-se de forma pessoal. E pelo nível de empatia, o mais provável é que nosso país-irmão tenha ficado um pouco mais longe de nós neste domingo.

Publicado em José Pires - Brasil Limpeza | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Na jugular

Os auditores fiscais do Estado deixam os cargos em comissão em protesto contra o secretário Renê Garcia, que além de mexer no sistema de trabalho os estaria tratando mal – recorrem ao verbo “destratar”, que o paranaense reserva para situações de extrema grosseria. Falei uma vez com o secretário, muito rapidamente, e no momento achei que me tratou mal (não o destrataria afirmando que ele me destratou). A má impressão dissipou-se logo que me dei conta de que Renê Garcia é um homem feio, feio demais. Mas sua feiura deixa de nos afetar passados alguns minutos de conversa polida e inteligente. Convenhamos que cara feia é o atributo desejável para quem cuida do dinheiro público. Se fosse para ter secretário galã era só nomear Heron Arzua de novo, ainda bonito depois dos 80 anos. Não por acaso um queridinho dos auditores.

– As eleições para os conselhos tutelares por enquanto seguem no padrão Reforma versus Contra Reforma, um recuo político ao século 16, de protestantes contra católicos, aqueles encarnados na leva evangélica que quer reformar o Brasil pela pauta bolsonárica. Mas aqui bateu o sincretismo com a prática eleitoral corrupta: captação de votos, fraude em cédulas, transporte de eleitores, padres e pastores a prometer o paraíso e o fogo do purgatório. A justiça tem intervindo e anulado um bom número se urnas. Daqui ao caixa dois, à propina e à compra de votos será um pequeno passo. Essas práticas em conselhos tutelares soam como pedofilia política.

– E isso de Eduardo Bolsonaro ser carregado em Nova Iorque e Washington nos braços de lobista norte-americano com projetos de exploração da Amazônia? O embaixador dos sonhos do presidente Bolsonaro cacifa-se na matriz para fazer aquilo de que depende da autorização da filial. Em vez de tomar aulas particulares no Itamaraty para mostrar aptidão aos senadores brasileiros, prefere mostrar que é enturmado com um gringo. Isso é atributo de vendedor, não de embaixador.

– Chato terráqueos dizer. Ninguém entendeu que a entrevista sobre homicídio e suicídio era puro marketing do ex-PGR Janot para vender seu livro.

Publicado em O Vampiro de Dusseldorf - Blog do Zé Beto | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Flagrantes da vida real

lais-mannLais Mann: todo artista tem de ir aonde o povo está. © Maringas Maciel

Publicado em Flagrantes da vida real | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Os danos coletivos

Em caso de dano coletivo aos consumidores, o Código de Defesa do Consumidor prevê que, decorrido o prazo de um ano sem a habilitação de interessados em número incompatível com a gravidade do fato, determinados legitimados poderão promover a liquidação da execução. Sendo que a indenização será revertida a um fundo federal de defesa dos direitos difusos. Ou seja, se houve o dano, mas não se habilitaram em número compatível com o evento danoso, a indenização vai para esse fundo. Isso será feito se forem frustradas as indenizações individuais.

Normalmente ocorre em casos de um grande número de consumidores. Por exemplo: produtos com peso líquido inferior ao anunciado na embalagem, em sabonetes, cremes dentais ou outros produtos de higiene pessoal ou doméstica.

Ou outros expedientes lesivos tais como a propaganda enganosa sobre determinada característica inexistente no produto ou serviço.

Essas ações coletivas não são divulgadas de forma ampla e, com isto, ocorre a reparação fluida (fluid recovery), sem que as indenizações cheguem ao bolso dos consumidores, mas apenas a este fundo federal.

No caso de danos coletivos causados por instituições financeiras, seguradoras, comércio varejista, operadoras telefônicos e de tevê a cabo, basta o banco de dados dos correntistas, dos clientes ou a relação publicidade ofertada para se identificarem os consumidores lesados.

Na realidade, seria obrigação da empresa que gerou o dano coletivo fornecer a relação dos consumidores lesados.

Contudo, os mecanismos jurídicos não asseguram de forma rápida a abertura do banco de dados dessas corporações para os consumidores afetados.

Devemos considerar a enorme quantidade de danos coletivos que ocorrem sem que haja a reparação coletiva aos consumidores.

Lembremos, por exemplo, a venda de carne vencida e moída com papelão em grandes frigoríficos do país relevada em 2017.

Ou ainda, a falsificação dos resultados das emissões de poluentes de uma montadora de veículos que burlou as inspeções veiculares, descoberta em 2015.

A principal razão pela qual os consumidores não se habilitam é que eles não têm conhecimento das indenizações, pela ausência ou a baixa publicidade dos fatos. Resultado: quando são propostas as ações coletivas, as indenizações ficam para este fundo e a um reduzido número de consumidores que tiveram conhecimento do direito à reparação.

Publicado em Claudio Henrique de Castro | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

A propaganda é a arma do negócio

© Myskiciewicz

Publicado em Faça propaganda e não reclame | Com a tag , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

O Brasil tem jeito, mas não desse jeito; entrevistinha com Fraga

O Fraga está de volta ao Seguinte:.

Siga a ‘entrevistinha’ feita pelo Perseguinte: com o humorista e frasista José Guaraci Fraga, 10 prêmios Ari, o ‘oscar do jornalismo’, no lombo.

Ele reestreia nesta sexta ou a qualquer momento.

Perseguinte: Precisa humorista com tantas trapalhadas?

Fraga – O humor continua essencial: ele tem a obrigação de, num país atrapalhado pelos trapalhões oficiais, responsabilizar cada um dos idiotas no poder.

Perseguinte: – As paredes têm ouvidos ou os ouvidos tem paredes?

Fraga – Ambos, paredes e ouvidos, têm paranoias. E se não têm, muito cuidado!

Perseguinte: – Quando cai o Muro de Bozo?

Fraga – De um jeito ou outro, virá abaixo. Ou porque será demolido pelo descontentamento geral da nação ou desconstruído pelo próprio. Assim ou assado, o calendário é seu maior inimigo. Acho que a saturação pelos desmandos e desacertos não deixará o mandato acabar acabado.

Perseguinte: – Se criaram o PTinder para intercursos canhotos, qual aplicativo sugeres para o outro lado da ferradura?

Fraga – A direita merece um Destroyer. Ereto no reto.

Perseguinte: – Cuba ou Miami?

Fraga – Entre o rum e o martini, prefiro cafezinho em Paris.

Perseguinte: – LFV ou Olavo de Carvalho?

Fraga – Tenho certeza de que esse jornal pode oferecer melhores opções comparativas. Afinal, entre amigos que amamos e blefes humanos nosso coração não balança.

Perseguinte: – Brasil: ame-o ou deixe-o?

Fraga – Desarme-o e não deixe-o.

Perseguinte: – Provas ou convicções?

Fraga – Estou convicto que suspeito que nossos juízes e procuradores aceitam e pagam tributos. Mas não posso provar.

Perseguinte: – Monogamia ou Poliamor?

Fraga – Uma só de cada vez várias vezes. Dá no mesmo.

Perseguinte: – Batman ou Coringa?

Fraga – Pô, um careta de um lado e uma careta do outro. Passo.

Perseguinte: – Bala achada ou perdida?

Fraga – Se ela causou morte, deve ser periciada. E, claro, o perito também.

Perseguinte: – O que diria o Pequeno Príncipe, sentado na borda de uma Terra plana?

Fraga – Não sei se o guri teria tanta maturidade num corpo celeste inacreditável. Mas nesse cenário de pizzaiolo, a mim mesmo diria: A Terra é plana quando a ignorância é plena.

Perseguinte: – Invente uma pergunta. Não é necessária resposta.

Fraga – Água mole em pedra dura? Tanto bate até que infiltra e tem que reformar o banheiro.

Perseguinte: – O Brasil em um tuite.

Fraga – O Brasil tem jeito. Mas não desse jeito.

Perseguinte: – O Mundo em um tuite.

Fraga – Do jeito que o mundo vai, não volta.

Perseguinte: – O Fraga em um tuite.

Fraga – Braço a torcer não dou mais de dois.

Perseguinte: – Considerações finais.

Fraga – Uma desconsideração elimina umas dez considerações. Além disso, um inenarrável prazer estar neste programa.

Publicado em Sem categoria | Com a tag , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Tuitando

Publicado em Geral | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Mundo animal

© Reuters

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Publicado em Charge Solda Mural | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Ele chegou!

do Vampiro de Dusseldorf

– O presidente Bolsonaro é intimado para explicar por que culpou ONGs pelas queimadas na Amazônia. O MP pediu e o STF tem que tocar o processo. Perda de tempo. Bolsonaro nunca sabe porque fala aquilo que fala. Ele sofre de incontinência verbal, o equivalente à ejaculação precoce que ele sentiu em João Dória.

– A ministra Teresa Cristina, da Agricultura, está em Colônia, Alemanha, onde representa o Brasil em feira internacional (cruzei com ela na Catedral). Disse por aqui que o Brasil “precisa reverter sua imagem” por causa das queimadas. Reverter a imagem é barbada: basta trocar o retrato do presidente. Qualquer outro serve.

– Jair Bolsonaro reclama que imprensa só dá notícia ruim. Um doce o nosso presidente. Se só tivesse notícia boa ele nunca seria eleito. O presidente ainda seria o general Médici, que proibia as notícias ruins.

– Os filhos de Bolsonaro podem fazer como os filhos do bilionário John D. Rockefeller Júnior para quem mandavam imprimir todos os dias uma primeira página fake do The New York Times – sempre com a boa notícia do aumento na cotação das ações da Standard Oil, a empresa da família.

– Lula pōe o dedo na frieira de Bolsonaro: o Brasil não vai pra frente enquanto seus presidentes lamberem as botas dos EUA. E lamber os coturnos de Fidel Castro e Hugo Chávez representa o quê?

– O senador Renan Calheiros, processado por Rodrigo Janot, aproveita o inferno atraído pelo ex-PGR para dizer que este “merece asco”. O asco é mais um de tantos sentimentos muito inconstantes e voláteis no Brasil. Durante bom tempo ele pairou permanente sobre … Renan Calheiros.

– Parece e é anedota de português o escândalo político recente na terrinha: a polícia do exército investigou e recuperou armas furtadas de seu arsenal. Maravilha, não? Mas foi em estilo de piada de português, tudo de comum acordo com os ladrōes, também militares. Nada a ver com o filme ‘o triste olhar do cego’ ou a música ‘poeira em alto mar’, clássicos lusitanos. É que a coisa fedeu e ameaçava a reeleição do primeiro ministro. Daí o acerto dentro do paiol, como os militares chamam os lugares onde as armas são armazenadas. Falam de português, mas se a ladroagem política e Deltan Dallagnol fizessem igual a coisa aqui ia pra frente. Os santinhos das alegações muito finais podiam devolver o dinheiro e ficar com os juros, assim como se fosse munição de fuzil português.

– Gesundheit, como dizem quando o vampiro espirra.

Publicado em O Vampiro de Dusseldorf - Blog do Zé Beto | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Fernanda Montenegro

…uma luz de integridade em meio ao obscurantismo carola dos adoradores de fuzis. (Fernanda Torres|Folha de São Paulo)

Publicado em Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Fraga

Publicado em fraga | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Publicado em Jornal Bananão | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

    © Antoine D’Agata

Publicado em tchans! | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Publicado em Jornal Bandeide | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter