Sessão da meia-noite no Bacacheri

Muçulmanos e católicos vivem em uma pequena comunidade no Líbano, cujo único elo de ligação com o mundo exterior é uma velha ponte, cercada por antigas minas terrestres que jamais foram removidas. O sinal de TV pega muito mal, o que faz com que não tenham muitas notícias sobre o que acontece no mundo. Apesar da comunidade ser dividida religiosamente, ela vive em paz. Até mesmo a igreja e a mesquita dividem espaço em uma mesma casa. Até que, um dia, os homens da comunidade começam a brigar entre si. É quando as mulheres entram em ação, procurando meios de mantê-los ocupados, de forma que não possam entrar em conflito.

França|Líbano, 2012|Direção de Nadine Labaki (Atriz, roteirista e cineasta libanesa. Foi nomeada ao Oscar 2019 na categoria de Melhor Filme Estrangeiro por Capharnaüm)

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Padrelladas

No tempo antigo os jogadores de futebol da minha infância eram Danilo, Pirilo, Heleno (esse era um “general” no tapete verde)… Depois, apareceram Pelé, Garrincha, Bebeto, Ronaldo, todos com uma só palavra no nome.

Então, os nomes duplos pegaram de ganhar corpo: Ronaldinho Gaúcho, David Luís… Não demora e começam a pintar nomes triplos: Mário Amélio Silva, Rodolfo Coentro Souza, Jeime Barriga de Chope… Não me admirarei se, num futuro breve, a coisa não desandar: João Paulo Marins Abravanel, o “Barrigudo”, passa para José Alencar Furtado Santos, vulgo “Coisa Nenhuma”, que aproveita a distração do goleiro e chuta direto para os três paus, mas Wiuçon Andrade Salustiano Saad, o “Carinhoso”, segura firme a “leonor”. Aliás, Dona Leonor, Maduro Xexênia da Costa Lima.

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Cinema nacional

Julho|1964. Premiado em Berlim, ‘Os Fuzis’ mostra realidade banida das telas do Brasil

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Ellie_k. © IShotMyself

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O inimigo oculto

Mais uma campanha internacional contra um alimento maravilhoso -agora, o pão

Há anos, numa das visitas do escritor português José Saramago ao Brasil, um repórter quis saber sua opinião sobre a fast food —se a achava prejudicial ou não. Embora a fast food fosse então uma novidade como conceito, a pergunta era tão sem sentido quanto pedir ao chef francês Paul Bocuse que falasse de realismo fantástico. Mas Saramago, que talvez nunca tivesse ouvido a expressão, virou-se o melhor que pôde. Entendendo a fast food como algo que se come às pressas —e não que se prepara às pressas—, respondeu: “De que importa se comem depressa ou devagar? O importante é que comam!”. Pois. 

Assim como Saramago, não sou muito atento às últimas tendências da gastronomia. Mas, do jeito que as notícias correm, não há como ignorar certos rumores. Ouço dizer, por exemplo, que, tendo Los Angeles como epicentro, há uma campanha internacional de boicote ao pão —uma “no-bread campaign”.

O inimigo, na verdade, não seria o humilde pão francês, mas o carboidrato, que, segundo os ativistas, transforma-se em glicose, fibras, placas de concreto armado e outros petardos dentro do organismo. E o pão, com seu miolo acolhedor e amigo, casca de dar água na boca e mil maneiras irresistíveis de ser preparado, é o reduto em que o carboidrato, solerte, se esconde.

Só nos resta perguntar quanto tempo levará para que esta campanha chegue até aqui, repetindo movimentos anteriores contra a carne vermelha, a gordura, os óleos, o sal, o açúcar, os derivados do leite e o glúten. Em algum momento, todos viraram inimigos públicos e milhões de pessoas foram convencidas a vê-los como mortais.

Um conhecido meu, sócio da rede talvez mais sofisticada de pizzarias do país, falou-me há tempos do único alimento de que jamais abrirá mão na vida. Pensei que fosse citar uma de suas fabulosas pizzas. Mas ele disse: “Pão com manteiga”. Assinei embaixo.

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Hoje

© Beto Bruel

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Playboy – Anos 80

1980|Henriette Allais. PLayboy Centerfold

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DITADORZINHO de matriz caribenha, Jair Bolsonaro manda cancelar assinaturas da Folha de S. Paulo pelos órgãos do governo federal. O motivo: o jornal publica material que ele reputa ofensivo – a ele e aos filhos. Sic semper tyrannis, sempre assim com os tiranos, na frase de Bruto ao dar a primeira estocada que matou César (Bruto foi o mais famoso injustiçado da História, depois de Cristo, sem dúvida).

Jair Bolsonaro comete crime de responsabilidade até quando respira. Não veem os cegos, os cúmplices e os que, no Congresso e no governo, temem que o Brasil pegue fogo – esquecidos que têm um pequeno Nero a seu lado. Sim, porque o ato de cancelar a assinatura do jornal em retaliação é crime de responsabilidade. A demonstração baseia-se na Constituição, essa que insiste em sobreviver.

Em tempo: Donald Trump, declarada paixão de Jair Bolsonaro, que o esperou por uma hora em N. Iorque só para dizer a frase sugestiva: “I love you, Mr President”, fez o mesmo com o The New York Times. Dois flatos de pernilongo escondidos na cortina. A Folha e o Times circulam, juntos, há quase duzentos anos. Bolsonaro e Trump duram quatro pela graça de Deus e a estupidez dos homens.

Cancelar assinatura de jornal significa duas coisas: o jornal não tem utilidade, portanto nunca devia ser assinado; se o jornal foi assinado, tinha utilidade. Fala-se aqui de utilidade pública, o pressuposto de toda e qualquer ação de governo. Cancelar a assinatura, portando, revela desvio de finalidade num aspecto desse pressuposto. Pressuposto, curioso, é sinônimo de orçamento público.

A assinatura do jornal representa despesa, pública, de novo, está prevista no orçamento, na rubrica, ou classificação, adequada. Como despesa, pode ser suprimida, sem dúvida, a Constituição permite, com a elasticidade da discrição administrativa: na avaliação de prioridades, o Estado suprime uma despesa, no caso a de assinatura do jornal. E aí vem a pergunta que a abulia cívica não faz:

Qual a prioridade no cancelar a assinatura de jornal que critica o presidente? Uma só, e nem um pouco legítima: a de impedir a leitura do jornal dentro dos órgãos públicos pelos funcionários que agem pelo governo – para não agirem contra o governo, ou pelo menos não tomarem conhecimento do que se diz do governo. Isso tem nome, melhor, dois nomes.

O primeiro nome é o cerceamento à imprensa, livre até o momento, apesar dos desvarios verbais do presidente em pessoa e nas redes sociais e na guerrilha comandada pelo filho 02. Um juiz do STF sempre dirá, nas dobras das filigranas, que a interpretação da lei “abre um elastério” (só a fauna jurídica usa a palavra) para não caracterizar atentado à liberdade da imprensa.

O segundo nome é o trivial desvio de finalidade administrativa, também política no caso, que no Brasil tem o mesmo vigor punitivo que antes teve o crime de adultério no código penal: as pessoas aceitam os dois, sorriem complacentes e tolerantes, na admiração velada pelo comportamento que revela ousadia, iniciativa, determinação, indiferença e destemor pelas consequências.

Portanto, se a assinatura do jornal merece ser cancelada, que o seja por prioridades financeiras, como essas que o ministro Guedes usa para abreviar a agonia de aposentados e pensionistas do INSS. Cancelar a assinatura por um capricho pessoal de retaliação do presidente é ato autoritário, como digo ao início, de ditadorzinho de matriz caribenha, um Fidel da direita.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Deixar um comentário
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Raissa_12. © IShotMyself

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O Ato Institucional nº 5 em 2019

Como seria um ato do governo federal nos moldes do ato institucional nº 5 de 13 de dezembro de 1968, atualizado para os dias atuais?

A Constituição Federal e as constituições estaduais seriam revogadas naquilo que contrariassem o ato. O congresso nacional, as assembleias legislativas e as câmaras municipais poderiam ser fechadas pelo ditador.

A competência do legislativo seria automaticamente passada para o poder executivo. Os membros do poder legislativo, enquanto permanecessem fechadas as casas legislativas, receberiam parte dos seus subsídios. O ditador poderia intervir nos Estados e municípios sem qualquer limitação constitucional ou legal.

As prerrogativas de função seriam revogadas. Seriam suspensos o direito de votar em eleições sindicais, proibidas quaisquer manifestações políticas, seriam implantadas medidas de liberdade vigiada, proibição de frequentar determinados lugares e domicílio determinado.

Todos os direitos políticos, o direito público e o direito privado poderiam ser suspensos. O chefe do poder executivo poderia cassar qualquer servidor público em todas as esferas administrativas.

O presidente poderia investigar quem e quando quisesse. Qualquer ato normativo poderia ser expedido em favor dessas medidas e outras complementares que fossem necessárias. Afinal, sempre aparece algo que a lei não previu.

Seriam revogadas as garantias do habeas corpus (tenhas o corpo), nos casos de crimes políticos, de segurança nacional, ordem econômica e popular.

Todos estes atos seriam excluídos da apreciação judicial. As disposições contrárias a este ato seriam revogadas, inclusive a Constituição, tratados e demais códigos e leis.

Publicado em Claudio Henrique de Castro | Deixar um comentário
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Até quando a Nação estarrecida aguentará a destemperança, a leviandade e a insensatez da família real? Até quando seremos obrigados a suportar um bando de aloprados que, por um descuido da democracia, se assenhorou do poder e agora dita cátedra e espalha desrespeito e ofensas a torto e a direito? Em viagem ao outro lado do mundo, o desvairado-mor deixou no Brasil os seus mais legítimos representantes – três moleques tão destrambelhados quanto o pai, senão mais, que mantêm aceso o fogo da irresponsabilidade, da maledicência e da idiotia. A cada dia que passa, conseguem superar-se. Têm a graça de um orangotango e o cérebro de uma estrela-do-mar.

Em Riad, na Arábia Saudita, depois de se dizer encantado por haver passado a tarde com um príncipe, o capitão Messias fez beicinho e se negou a cumprimentar o presidente eleito da Argentina, simplesmente por não ser ele o candidato de sua predileção. No Brasil, o trio de filhotes posta no twitter um vídeo onde o pai é comparado a um leão cercado de hienas, descritas como o seu próprio partido, o PSL, como o STF, a imprensa, a ONU, a OAB, o Greenpeace e os partidos de oposição.

O comportamento da trupe é o costumeiro. Mas, desta vez, fez jus a uma dura resposta do ministro Celso de Mello, do STF, para quem “o atrevimento presidencial parece não encontrar limites”.

“Esse comportamento revelado no vídeo em questão” – frisou o decano da Suprema Corte – “além de caracterizar absoluta falta de ‘gravitas’ e de apropriada estatura presidencial, também constitui a expressão odiosa (e profundamente lamentável) de quem desconhece o dogma da separação de poderes e, o que é mais grave, de quem teme um Poder Judiciário independente e consciente de que ninguém, nem mesmo o Presidente da República, está acima da autoridade da Constituição e das leis da República”.

O capitão-presidente não desconhece apenas isso, excelência. Ele desconhece o que está fazendo no Palácio do Planalto, o que faz um presidente da República e como se comportar como tal. Tem mentalidade de vereador de vilazinha perdida no interior, com alguns lampejos do pior que aprendeu na academia militar. Falta-lhe traquejo, raciocínio e contenção verbal. Mas tem poder – e é aí que mora o perigo.

Nesse cenário, o filho nº 01, o senador Flávio Bolsonaro e o nº 02, deputado Eduardo Bolsonaro, têm direito de nomear 113 pessoas no Congresso, o que gera uma folha de pagamento de quase R$ 1 milhão por mês. Como ambos ocupam cargos na estrutura do parlamento – Flávio é terceiro secretário do Senado e Eduardo é líder do PSL e presidente da Comissão de Relações Exteriores – possuem a prerrogativa de preencher vagas além das disponíveis nos seus gabinetes pessoais. Do total, 24 desses cargos têm salários acima de R$ 20 mil. O filho nº 03, Carlucho, é vereador na Assembleia do Rio de Janeiro, por onde já passou Flávio e seu assessor favorito, Fabrício Queiroz, o especialista na “rachadinha”.

Queiroz, aliás, era (ou continua sendo) o corretor dessas nomeações. Em recente declaração, revelou que “tem mais de 500 cargos lá, cara, na Câmara, no Senado… Pode indicar para qualquer comissão, alguma coisa, sem vincular a eles [família Bolsonaro] em nada. Vinte continho pra gente caía bem, pra c…, caía bem pra c… Não precisa vincular a um nome”.

Como é sabido, o Messias reformado ganhou a eleição sem fazer campanha, sem participar de entrevistas e debates, sem mostrar quem era. O que se sabia dele, não o recomendava. Mas as lambanças e as safadezas do PT e a desilusão com Lula & cia. levaram-no ao trono. Coisas semelhantes já haviam ocorrido, anteriormente, com Jânio Quadros e com o “caçador de marajás” Collor de Mello. E deu no que deu, como está dando agora. Infelizmente, o eleitor brasileiro tem memória curta e deixa-se enganar com facilidade.

O meu querido Rubem Alves, em poucas palavras, dizia verdades eternas. Para ele, o povo dificilmente pensa, é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão. E, por isso, segue sempre os falsos profetas, gosta de mentiras, porque as mentiras são doces e a verdade, amarga.

Até onde iremos com Jair Messias Bolsonaro e a sua trinca de fedelhos não se sabe. Para o jurista Miguel Reale Jr., um dos subscritores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, o capitão-presidente “está beirando” ao menos uma das hipóteses legais para a abertura de outro processo de destituição do presidente. Segundo ele, a lei determina que “proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo” é um dos crimes de responsabilidade pelos quais um presidente pode ser afastado. E argumenta: “O que está havendo é uma somatória de fatos dessa natureza que atingem a sensibilidade das pessoas e os valores fundamentais da Constituição. A partir do momento que ele é a favor do trabalho infantil, quer reduzir a punição para o trabalho escravo ou que os presos tenham trabalho forçado, Bolsonaro vai contra os valores fundamentais da República. Isso é quebra o decoro”.

P.S. – Outra indagação: até quanto Sérgio Moro continuará servindo essa gente? Até afundar com o barco que já faz água? Será que ele ainda acredita no capitão e nas suas promessas de apoio. Até a ingenuidade tem limite.

Publicado em Célio Heitor Guimarães | Deixar um comentário
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© Gal Oppido

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Padrelladas

Tenho que dar o braço a torcer, para usar aqui um jargão antigo. Devo aplaudir Bolsonaro pela atitude de romper com tabus da língua portu-brasileira, e trazer às conversações palavras até então chulas como cu, cara…, mer…e outras que agora colorem o alegre papear entre as pessoas de bens. E pensar que o revolucionário gesto do Bardi (MASP) em utilizar a palavra bunda (em tom de desabafo) levou a platéia a dizer óóóó. A partir de agora fica mais fácil o diálogo entre as famílias. Tipo: “Mãe, cadê a porra da minha meia, car…? “Procura no teu cu que deve estar lá”.

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Abstinência cultural

Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da República e líder do PSL, afirmou em uma entrevista que, se a esquerda brasileira “radicalizar”, uma resposta pode ser “via um novo AI-5”.  O quinto ato, assinado pelo marechal Arthur da Costa e Silva (que assumira a Presidência em 1967), resultou no fechamento imediato e por tempo indeterminado do Congresso Nacional e das Assembleias nos estados —com exceção de São Paulo.

Além disso, o AI-5 renovou poderes conferidos ao presidente para cassar mandatos e suspender direitos políticos, agora em caráter permanente. Também foi suspensa a garantia do habeas corpus em casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e a economia popular. A afirmação de Eduardo foi feita em entrevista à jornalista Leda Nagle realizada na segunda (28) e publicada nesta quinta (31) no canal dela no YouTube.

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Donos do próprio nariz

Giselle Hishida. © Kraw Penas

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