Tempo hostil para idosos

Tudo leva os mais velhos a se sentirem desesperadamente incapazes

Segundo li, celebrou-se ontem o Dia Internacional do Idoso. Ótimo –porque todos os outros são o Dia de Tapear o Idoso. Ou de fazê-lo sentir-se deslocado, um estranho no que ele costumava identificar como ninho –seu espaço, seu tempo, seu próprio eu.

Há pouco, observei numa agência de banco um gerente, atrás de sua mesa e de sua onipotência, impaciente diante de um cidadão de idade que lhe pedia instruções sobre como trocar uma senha ou algo do gênero. Parece que a antiga agência deste fora fechada e a sua conta, transferida. O gerente, já irritado, insistia em que o velho poderia fazer aquilo sozinho no caixa eletrônico. Intrometi-me. Disse ao gerente que a única razão de ele continuar no emprego eram os idosos que ainda iam pessoalmente ao banco –mas que se preparasse porque, com a ausência destes, ele próprio seria substituído por uma máquina.

Outra cena, neste fim de semana, foi a de um senhorzinho levado pela filha a uma operadora para “atualizar” seu celular. Pelo que observei, ele tentava entender o que lhe diziam e, como não conseguisse, parecia sentir-se desesperadamente velho e incapaz. Não lhe ocorria que, aposentado e ocioso, podia muito bem viver sem aquele aparelho.

E não há aposentado recente que não seja bombardeado por telefone com ofertas de empréstimos consignados e, sucumbindo a elas pelo cansaço, veja-se titular de dívidas que nunca pensou em contrair. Não há também velhinhas indefesas que não sejam induzidas a assinar revistas de que não precisam e, ao tentar se livrar dessas revistas, acabem assinando outras.

Quanto a mim, desenvolvi uma técnica para me livrar dos assédios. Quando uma operadora me liga toda feliz para informar que fui “selecionado” para receber tal ou qual “benefício”, interrompo para dizer que prometi à mamãe nunca aceitar favores de estranhos e mando um passar bem e tchau.

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Flagrantes da vida real

big-benBig Ben. Reforma igual ninguém tem. © Maringas Maciel

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Vinicius Comoti

Desde este incrível título, “Rabicó de puto”, Vinicius Comoti mostra que não está de bobó. Este livro é para ler, guardar e emprestar. Aqui ele radicaliza. Sua linguagem fica no caminho do punhal.

Concisão como espeto. Devaneio, surrealismo & alegria. Escrita de prazer. Mesmo abordando o cruel, suas imagens é que realmente levam ao Prazer. No momento de profusão de sentidos entre escritores hoje, na continuidade dos eventos de 2013, a pluralidade de vozes pode, mas pode mais, escrever muito bem. A especificidade do Rabicó de Puto é uma linguagem própria, original, aforística, de diálogo com a poesia marginal – herança de corpo e graça – mesmo em tempo de distopia. Poesia fortemente imagética, de composição de cenas velozes, súbitas, mordazes, e corte.

O traço contemporâneo em Vinicius vem de seus temas, formas e propósitos, que o distanciam da tradição. É aí que novas línguas devem mostrar o caminho deste século. O Rabicó trilha este caminho em estado de Entusiasmo. 

Guilherme Zarvos

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Rabicó de Puto

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Eunice Kathleen Waymon, mais conhecida como Nina Simone (1933 – 2003), pianista, cantora, compositora e ativista pelos direitos civis dos negros norte-americanos. Bastante conhecida nos meios musicais do jazz, mas trabalhou com diversos estilos musicais na vida, como música clássica, blues, folk, R&B, gospel e pop. © Reuters

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Quando o Judiciário deixa vítimas no caminho

A carta enviada pela advogada Lilian Velleda Soares à ministra Rosa Weber, do STF, noticiada no Contraponto, do jornalista Celso Nascimento na segunda-feira, é um dos mais significativos libelos contra a morosidade da Justiça brasileira. Morosidade que não apenas decepciona e entristece, mas também mata. Nele, a defensora de Celmar Lopes Falcão anexa a certidão de óbito de seu cliente, um homem de 80 anos, que aguardava o julgamento da Suprema Corte há 11 anos, e “parabeniza” a ministra “pela demora”.

“A sociedade está cansada de um Judiciário caríssimo e que, encastelado, desconsidera os que esperam pela ‘efetividade’ e pelo cumprimento das promessas constitucionais”, escreveu a doutora Lílian Velleda Soares.

E aproveitou para noticiar “queas pompas fúnebres foram singelas, sem as lagostas e os vinhos finos que os nossos impostos suportam” – em referência à licitação de R$ 1,1 milhão que o STF anunciou, em abril, para a compra de refeições para seus integrantes.

Explicando o caso: Celmar era parte em um processo na 2.ª Vara Federal de Rio Grande (RS) que, em 2001, em fase de cumprimento, teria sido alvo de embargos de declaração. O objeto da ação seria o reajuste de 28,86% de seu benefício que, segundo relatado pela defensora no autos, fora concedido a Celmar administrativamente pelo Poder Judiciário em 1999.

Originariamente, o processo foi distribuído para a ministra Ellen Gracie, que se aposentou em agosto de 2011. Em dezembro do mesmo ano, a relatoria do processo foi redistribuída à ministra Rosa Weber, sucessora de Ellen. Rubricado como de “repercussão geral”, o processo exige análise do Plenário do Tribunal.

Não obstante as várias “súplicas” da advogada Lilian, implorando prioridade na tramitação dos autos, em razão não só do tempo decorrido, mas, sobretudo, pela avançada idade e o estado de saúde do cliente, que sofria do Mal de Parkinson e requeria tratamento constante, isso não sensibilizou os impolutos e implacáveis homens da toga.

O recurso no qual Celmar era parte interessada foi protocolado em maio de 2008 pelo INSS contra um acórdão 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Paraná. Na ocasião, os magistrados negaram o pedido feito pelo instituto de seguridade para declarar da inconstitucionalidade de ‘coisa julgada’ – uma sentença que reconheceu o direito de um segurado a ter seu benefício de pensão por morte revisado. O órgão tinha como objetivo suspender o cumprimento da sentença, ou seja, ‘pagamento das prestações vencidas calculadas e implantação da revisão do benefício’.

Diante da decisão de 1ª instância, o INSS recorreu ao Supremo, alegando violação de dois pontos da Constituição – o artigo 5, inciso 36, da coisa julgada e ato jurídico perfeito, e o artigo 195, inciso 5, da ‘pré-existência de custeio’.

Em nome de Celmar, a doutora Lilian reagiu, afirmando que o recurso “desconstitui a autoridade da coisa julgada em benefício da Administração Pública”, argumentando: “A experiência histórica da relativização da coisa julgada no Nazismo adverte do perigo de se desprestigiar as decisões judiciais para atender os interesses do governo de plantão”.

Aí, acrescenta uma pergunta à insigne relatora: “Então, ministra Rosa Weber, que papel Vossa Excelência desempenhará na História?”

É essa a excelsa Corte que os ministros Dias Toffoli, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes defendem com ferocidade canina, ameaçando os seus críticos com o fogo da inquisição.

Satanás os aguarda com ansiedade.

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Clic!

Duque de Caxias, na Avenida… Duque de Caxias!  © Orlando Pedroso

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Nossas Marias

© Jorge Bispo

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Animus jocandi

rir-é-o-melhor-placebo

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Padrelladas

Solda, tem aparecido muito a palavra bosta em seu blogue. Informo que essa palavra ainda não pode ser proferida e nem escrita com liberdade. Vosso presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) liberou só a palavra merda. Merda, Solda.

Não bosta. Merda pode invadir o recôndito de nossos lares, ser discutida em nossa mesa, até mesmo cultuada. Bosta ainda não. Vamos esperar vosso presidente ler o discurso de fim de ano. Se for um discurso de bosta, aí pode. Se bem que considero cocô mais lúdico. Abraço desta besta que vos fala.

21|janeiro|2010

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Nazistas

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© Duke – O Estado de Minas

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Witzel e o genocídio

O governador Wilson Witzel, do Rio, é um homem culto, de amplas e variadas leituras. Além de jurista é cientista social que domina o amplo espectro que vai da etnologia, passa pela antropologia e deságua na sociologia.

Com esses notáveis atributos ele acaba de identificar a causa e o efeito da insegurança em seu Estado: o genocídio. Na sua concepção acontece genocídio quando se mata muita gente num tempo contínuo.

Ele foge do elemento que a ciência acrescenta ao conceito: a dizimação sistemática, organizada de um grupo étnico. Caso dos judeus no nazismo, dos armênios pela Turquia, dos tutsis pelos Hutus na África. Como não tem disso no Rio, sem raça ou etnia definida, o governador não nos deixa outra opção que a da coerência: o genocídio é direcionado a extinguir os cariocas todos, todos vítimas da violência.

O governador prossegue na sua demonstração, agora quanto aos responsáveis pelo genocídio carioca: são as armas, jamais o aparato de segurança mantido pelo Estado e sob a supervisão superior dele governador.

Um gênio, o governador Witzel, que avança sem violar um termo que seja de sua lógica irrepreensível: não são quaisquer armas, dessas que a bandidagem compra da polícia por baixo dos panos.     É coisa muito mais perigosa, diz o governador Witzel, preparando-se para disputar o Planalto com dois outros estadistas, Bolsonaro e Doria.

São armas que vêm de Paraguai, Bolívia e Colômbia – que o governador presume saibamos têm excepcional letalidade.

A solução, uma só e única. Melhor, duas em uma: fechar as fronteiras do Brasil com os três vizinhos que nos trazem armas. Ninguém pense que Wilson Witzel recomenda ação simplista, tosca, bisonha. Nada disso. O Brasil deve pedir à ONU uma força interventora, os Capacetes Azuis, para patrulhar e bloquear as fronteiras.

Não consta que o governador Witzel tenha dado a declaração sob efeito de álcool, maconha, cocaína ou mesmo ecstasy. Seus eleitores quando o elegeram, as elites que o toleram e a imprensa que não extrai o absurdo, a insensatez e a irresponsabilidade de quem fala isso são o que têm o cérebro poroso e vazio.

Publicado em O Vampiro de Dusseldorf - Blog do Zé Beto | Deixar um comentário
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