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Orlando Pedroso
Bolsonaro e seu governo onde é difícil trabalhar a sério
Bezerra foi ministro da Integração Nacional, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O esquema criminoso de pagamento de propinas pagas por empreiteiras teria ocorrido entre 2012 e 2014. Na decisão que autorizou as buscas, o ministro Luis Roberto Barroso diz que Bezerra e um filho teriam recebido um total de R$ 7 milhões. Barroso também autorizou o interrogatório do líder do governo Bolsonaro e de seu filho.
Logo cedo, Bolsonaro convocou auxiliares para uma reunião de avaliação da operação policial. Segundo o que se diz, o presidente ainda estava em dúvida sobre a saída de Bezerra da liderança. O site O Antagonista noticiou que na avaliação de interlocutores de Bolsonaro a eventual saída de Bezerra da liderança do governo no Senado “seria uma perda significativa para o Palácio do Planalto”. Bem, este é o tipo de dúvida para o qual só dá para fazer piada. Que deixem Bezerra na liderança. Um senador que acaba de sofrer uma ação da PF é de fato o líder ideal para um governo como este.
Mas o problema de Bolsonaro não é apenas a saída do político pernambucano suspeito de corrupção pesada, mas quem colocar em seu lugar. Onyx Lorenzoni e Davi Alcolumbre avaliam que ficou difícil a permanência do senador emedebista no cargo, mas ambos disseram à revista Crusoé que existe dificuldade de encontrar um substituto.
Na minha opinião, essa dificuldade de substituição de pessoas é hoje em dia um problema grave do governo Bolsonaro como um todo. No Senado, a bancada do PSL está em crise, com Flávio Bolsonaro desunindo a bancada em vez de trabalhar para fortalecer a base política do pai. Ele destratou aos berros a senadora Selma Arruda, que trocou o PSL pelo Podemos. O primogênito de Bolsonaro brigou até com o senador Major Olímpio, que teve votação histórica em São Paulo. “Que se dane se é filho do presidente”, disse o senador. Segundo Major Olímpio, a presença de Flávio no partido dá “muita vergonha a nós”.
Qual seria o político disposto a encarar a liderança do governo neste ambiente de completa cizânia estimulada pelo próprio filho do presidente da República? E a complicação é ainda maior. Já pensaram que bacana entrar no lugar de um colega que acaba de ser acossado pela Política Federal e o MP? E isso em um ano pré-eleitoral.
O governo de Jair Bolsonaro está numa condição precária já no primeiro ano do mandato. É geral a dificuldade de encontrar gente qualificada para encarar pepinos. Não é só no Legislativo. Passada uma semana da demissão de Marcos Cintra da Receita Federal, o ministro Paulo Guedes ainda não anunciou um substituto. E do modo que ocorreu a demissão de Cintra, em repetição da humilhação pública feita por Bolsonaro com Joaquim Levy, fica mesmo difícil encontrar alguém qualificado que arrisque sua imagem profissional. Em época de desemprego generalizado, quem é bom de serviço nem quer saber de vaga no governo Bolsonaro.
Publicado em José Pires - Brasil Limpeza
Com a tag Jair Bolsonaro, Polícia federal
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Thadeu, sinônimo talento
Thadeu se assina Poeta, mas poderia assinar Thadeu Compositor, Thadeu Filósofo, Thadeu Agitador, Thadeu Professor. Thadeu De Tudo Um Muito seria o nome artístico mais apropriado para este homem das mil letras. Dia desses fui apresentado ao belo Poemas de Amor Ainda, edição de capa dura, projeto gráfico gestado pelo talento de Pryscila Vieira e conteúdo de encher a alma.
Thadeu é um mentiroso, como soem ser os poetas. Esconde sob o epíteto do amor narrativas biográficas, homenagens, brincadeiras. E poemas de amor, ora se não. Sua intimidade com as palavras, expressas até nos títulos de alguns de seus livros (Peróla aos Poukos, O Amor é Lino), destaca-se aqui: “quando já somos, cromossomos; um ano amais, outro odiais”. São muitos os achados, como o poema Faixas de Gaze. Jogos de palavras, em que redondilhas poderiam rimar com trocadilhos.
Thadeu envolve, verte e subverte. Trincha e destrincha. Mata o leitor de curiosidade em descobrir o que virá na página seguinte. E as surpresas se sucedem até o capítulo final (Beijo de língua – Outros por mim), série de poemas traduzidos e adaptados, ao estilo dos seus inspiradores, de Shakeaspeare a Rimbaud, de Yeats a cummings. Um deleite!
Ivan Justen Santana fecha o livro com um posfácio-resumo em que diz ninguém sair incólume da leitura de Poemas de Amor Ainda. Complemento: ninguém sai incólume depois de conhecer Antonio Thadeu Wojciechowski.
Não existem vulcões na Polônia, decerto porque nasceu no Brasil o único vulcão polaco deste universo.
Vá buscar o seu exemplar no Joker’s – Rua São Francisco, 164, sexta-feira, a partir das 20h00. E curtir o show da Orquestra Sem Fim. Entrada Gratuita.
As duas
A Caverna dos Destinos Cruzados
Ao ler A Caverna dos Destinos Cruzados me veio à mente: o clássico é o pop do passado. E na sequência dessa ideia (prepare-se, você vai ter muitas diante do impacto da obra) intuí que o charme desse pop que não passa, o segredo do tal do clássico, está na multiplicidade das leituras que permite, estimula e induz, geração após geração. A Caverna dos Destinos Cruzados tem essa característica na receita, a de ser construído em diversas camadas, da superfície às profundezas – e além.
Pode ser lido como a emocionante história de amor, na qual um casal é levado a viver deliciosas e terríveis aventuras no maravilhoso mundo paralelo dos arcanos do tarô. Mas, aceitando o desafio e mergulhando um pouco mais, descobrirmos que por detrás deste primeiro véu existe uma conjugação de forças, um turbilhão de significados, uma galáxia de símbolos em movimento vertiginoso.
O enredo é apenas o primeiro estrato que, com sua extrema beleza, nos atrai para o salto em direção a uma visão mais profunda das coisas da vida, do mundo, ou seja, de nós mesmos.
Com malícia e precisão, Mônica Berger e Sérgio Viralobos montaram A Caverna dos Destinos Cruzados camada sobre camada e deixam quem desvenda a esfinge seguir viagem até o próximo enigma. Apenas como tira-gosto, vamos a algumas dessas pistas, sem intenção de esgotar a conta.
Sabemos que, na Divina Comédia, Dante convoca Virgílio para guiá-lo pelos caminhos do inferno, do purgatório e do céu – um clássico dentro do clássico. Em A Caverna dos Destinos Cruzados, Mônica Berger e Sérgio Viralobos escalaram Italo Calvino para esse papel de mestre de cerimônias, nos dando as pistas de outra leitura, outra surpresa, novo prazer.
Então, de repente, aumentando ainda mais o torque da perfuratriz, nos atiram sem dó às feras do tarô, que a dupla de heróis, Pan e Lobo, joguete na mão de deuses implacáveis, precisam, como Hércules, clássica e eternamente, enfrentar.
Outra excelente possibilidade é ler a obra simplesmente (?!) como texto narrativo tecido com grande poesia e um inesgotável e saborosíssimo elenco de referências filosóficas, musicais, políticas, mitológicas, literárias, científicas, esportivas, psicanalíticas. Nada é texto e tudo é contexto nesta imensa teia de inter-relações.
Nele, tudo é pop, muito pop, clássico, muito clássico, instigante para o agora, misterioso para o depois e sem data de validade, como convém.
E a receita dos sentidos não para por aí, pois a própria concepção do livro, a quatro mãos, já traz em si outros signos. Quis o destino que no meio do caminho dessa vida se cruzassem na mesma caverna a Monica Berger, que pilotou por muitos anos o lendário blog Palavra de Pantera e o Sérgio Viralobos, de nome autoexplicativo.
E quando decidiram escrever, entraram de cabeça, carne e ossos na empreitada, fazendo deles mesmos as personagens Pan e Lobo, mergulhadas nesta aventura de encontros e desencontros, começos e recomeços, a caminho da redenção, como um clássico. Ou um bom faroeste.
Primavera nos Olhos: Lançamento de “Poemas de Amor Ainda”, de Antonio Thadeu Wojciechowski e “A Caverna dos Destinos Cruzados”, de Monica Berger e Sérgio Viralobos. Show da Orquestra Sem Fim. – 20 de setembro, às 20h – Jokers (R. São Francisco, 164 – Entrada franca
A vida vale pouco
No Brasil de 2019, todo mundo anda armado e mata-se por qualquer coisa
As imagens chocaram o país: o jovem negro, de 17 anos, nu e amordaçado, sendo chicoteado por dois homens com fios elétricos trançados, por ter roubado uma barra de chocolate. O fato aconteceu há algumas semanas, nos fundos de um supermercado em Vila Joaniza, zona sul de São Paulo. Mas só agora as cenas vieram a público. Elas nos remetem a um Brasil que ainda não chegou a 1888.
O de 2019 não está muito melhor. Em junho, no Vale do Ribeira, interior de São Paulo, Vanderléia Inácio, 25 anos, mãe de quatro filhos, sendo o mais velho com oito anos, foi morta com três tiros no rosto em uma festa junina. O crime aconteceu após uma discussão causada por um pedaço de bolo oferecido à esposa do suspeito. Em julho, no Grajaú, também na zona sul de São Paulo, o desempregado Joab Dias Costa, 23 anos, foi desafiado a um jogo de cartas valendo R$ 10. Ganhou. Seu adversário, inconformado, agrediu-o ali mesmo e, semanas depois, matou-o a tiros na rua.
Ainda em julho, em Dourados, a 250 km de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, o policial militar Dijavan dos Santos matou também a tiros o bioquímico Júlio César Cerveira, na sequência de uma discussão sobre lugares marcados num cinema. Os dois, vítima e assassino, estavam acompanhados de seus filhos adolescentes. O filme era “Homem Aranha: Longe de Casa”. O tiroteio aconteceu com a sessão já começada, e o cinema cheio de crianças.
Há poucos dias, em fins de agosto, um PM ordenado a intervir para que se abaixasse o som de uma festa no bairro de Brotas, em Salvador, foi recebido com hostilidade pelo dono da festa e por alguns convidados. Eles tentaram agredi-lo e roubar seu revólver. Com a chegada de reforço policial, tiros foram disparados e houve feridos.
Todo mundo anda armado. Discute-se, briga-se e mata-se por qualquer coisa. A vida vale pouco. Não, nem sempre foi assim.
Publicado em Ruy Castro - Folha de São Paulo
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E depois o canalha é Moro?!…
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu entrevista ao jornal argentino “Página 12” e chamou o ministro Sergio Moro de “canalha” e “mentiroso”.
Já disse aqui, mas faço questão de repetir: é surpreendente que ainda ouçam declarações do presidiário e a publiquem na primeira página dos jornais. Pior ainda: concedida a um jornal argentino, a “entrevista” foi repercutida por sites e portais brasileiros. Faz algum tempo que a imprensa nacional não é mais aquela. Além do que, o fato só teria importância se Lula tivesse mandado um beijo para o ministro Sergio Moro.
Para não se indispor com toda a magistratura, Lula tentou contemporizar: “Não é porque um juiz tenha sido um canalha que você deve julgar toda a Justiça por causa desse erro”. Esqueceu-se (ou fez de conta que havia esquecido), porém, que o seu recolhimento ao xadrez não foi ato exclusivo de Moro, mas também de três desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e de quatro ministros do Superior Tribunal de Justiça. Quer dizer, o número de “canalhas” (assim definidos por ele) sobe de um para oito.
Em outro trecho da “entrevista”, o antigo Sapo Barbudo criticou a imprensa televisiva, em especial a TV Globo: “Entre as principais notícias televisivas do Brasil, segundo pesquisa feita por um professor da UFMG, em pouco mais de um ano, são 80 horas falando mal do Lula. E, ao mesmo tempo, tem mais de 100 horas transformando um juiz mentiroso em um herói” – afirmou.
Foi em frente: “Há dez anos, ela [a Globo] conta mentiras sobre mim. Há uma grande pressão da imprensa brasileira, especialmente da Globo, para que Lula não saia da prisão. Porque o grande problema da operação Lava Jato é que ela deixou de ser uma operação de investigação de corrupção e se tornou um partido político” – completou o velho petista, valendo-se de conclusões ditadas por seus defensores.
Num ponto Luiz Inácio tem razão: a imprensa já devia ter esquecido dele. Foi recolhido aos costumes pela conduta criminosa comprovada e deve ficar esquecido dentro e fora do xilindró. Mas o diabo é que o silêncio almejado por ele não é seguido pelo próprio.
Aliás, nem sei por que estou perdendo o meu tempo e o meu espaço com Lula. Ele já deu o que tinha que dar. Poderia ter sido o melhor presidente da República que o Brasil já teve. Tinha todas as condições para isso. Mas foi corrompido pelo poder e pelo desejo insano de perpetuar-se nele. A ânsia do poder lhe ofuscou a visão e tolheu-lhe o raciocínio. Fez mais: ele julgou-se inatingível. E deu no que deu.
Em um antigo texto, discorri sobre o poder, com algumas conclusões. Afora as tradicionais – que o poder cega, inebria e conspurca –, descobri que o excesso de exposição ao poder corrói a compostura do governante e embaralha a legalidade, a imoralidade e a falta de ética. Mais: o poder também obtusa as pessoas, torna-as insensíveis, insensatas, inábeis e burras, desgraçadamente.
Ao entregar o poder ao PT a população brasileira imaginou que podia esperar dias melhores e, sobretudo, a correção das inúmeras desigualdades e injustiças aqui existentes. Enganou-se redondamente. E é por isso que Lula e grande parte dos mandachuvas petistas são hóspedes dos calabouços nacionais ou passeiam sob o controle de tornozeleiras eletrônicas.
Espera-se que tudo isso sirva de exemplo para a tropa bolsonarista, atual inquilina do Palácio do Planalto.
Quanto às relações de Luiz Inácio com a Globo, hoje tão criticada por ele, vale lembrar um episódio narrado por César Benjamin, um dos construtores do PT, ex-integrante da direção nacional do partido e militante histórico. Depois de haver retornado do exílio, Cesinha chorou, como milhares de brasileiros, a derrota fraudulenta da eleição presidencial de 1989. E, entre seis mil militantes, protestou contra a edição do último debate entre Lula e Collor na porta da Rede Globo, no Rio. Em seguida, viajou para São Paulo o encontrou-se com o chefe. Teve com ele um diálogo curto, que jamais esqueceu. Ouviu textualmente do candidato derrotado:
– Sabe com quem jantei ontem, Cesinha? Com o Alberico [então diretor de jornalismo da Globo]. Derrubamos quatro litros de uísque. Eu disse que estava tudo certo entre nós. Não vou brigar com a Globo, né?
Quer dizer, enquanto a militância protestava na rua para defende-lo, apanhando da polícia, Lula “derrubava” quatro litros de uísque com a direção da emissora que o havia humilhado…
Aí, entende-se porque a Globo quer manter Lula na cadeia. Fora, ele dá à emissora um bruto prejuízo etílico. Quatro litros de uísque por refeição, não há quem aguente…
Carta ao Pai… à mãe e ao filho
Três livros, um clássico e dois recentes, abordam as relações dentro do núcleo familiar
Um livro puxa o outro. Três livros espetaculares (um clássico e duas obras recentes), guardados em minha memória como dos mais belos socos no estômago. Todos com menos de 200 páginas, que é para o leitor mais atribulado ou preguiçoso não ter nenhuma desculpa.
Um relato autobiográfico brilhante sobre um pai extremamente severo e pouco carinhoso; uma ficção da vencedora do Pulitzer sobre uma relação impossível, distante e, naquele momento, confinada a um quarto de hospital; e, por último, uma autoficção (essa é a minha aposta, já que nunca saberemos o que tem de verdade em um livro e é sempre uma ideia idiota perguntar isso a um escritor) sobre um pai desesperado em encontrar, de todas as formas possíveis, seu filho adotivo.
Em “Carta ao Pai”, Franz Kafka relembra como era difícil estar ao lado de um verdadeiro homem: “[…] na força, na saúde, no apetite, na potência da voz, no dom de falar, na autossatisfação, na superioridade diante do mundo, na perseverança, na presença de espírito, no conhecimento dos homens, em certa generosidade”.
Em “Pretérito Imperfeito”, de Bernardo Kucinski, o pai adotivo, exaurido, escreve à mão para o filho (“cada palavra sopesada”) uma carta sem remetente “para não ser respondida”. Na primeira página do livro, em um dos começos mais pungentes da literatura confessional, o autor escreve: “Cansado de me alarmar a cada tinir do telefone, cansado de reaver esperanças para em seguida perdê-las, optei por perder de vez a ele, ainda que filho único”.
Ainda sobre a carta que manda para o filho:
“Minha carta é uma rejeição amena, como a dos japoneses que põem uma mochila às costas do filho imprestável e, sem intento de punir, ordenam que corra o mundo […] Tampouco o expulsei propriamente da casa. Ele se encontrava distante havia mais de dez anos, do outro lado do oceano. Partira, isso sim, às carreiras, na esperança de que em outras terras abandonaria a busca insana de um paraíso artificial. Não se tratava de excluí-lo do convívio, e sim de dentro de mim. Só o consegui racionalizando. Daí a ideia da carta. Destituí-lo de meus afetos por escrito, sem vociferar, argumentando. Carta solene. Uma epístola. Disse a ele que nunca lhe impingimos um futuro, como fazem certos pais, embora de nossas palavras e gestos possa ter inferido esse ou aquele caminho, como é inevitável na infância. Desejávamos apenas que possuísse qualidades. Não pequenas virtudes próprias do temperamento, como prudência ou modéstia, ou atributos inatos, como inteligência ou destreza, e sim valores que têm a ver com consciência e vontade, próprios do homem e apenas dele. Valores morais que ajudam a distinguir o correto do errado em cada circunstância e a agir conforme. Enfim, que fosse um homem de caráter. […] A carta é uma alforria que tardava. A minha alforria.”
Anos depois, tomada a devida distância para que essa intensa e castigada relação virasse apenas carinho e consideração, o pai, junto da mãe, visita o filho.
“Na nossa frente, ficou só de cuecas e se trocou, sem nenhum constrangimento. Foi um momento interessante, porque a ausência de pudor expressava sua condição de nosso filho, da criança a quem déramos banho e que pegávamos no colo. Vi então que estava mais magro do que sempre fora. Um corpo enxuto de mestiço de negro. Mas sem nenhuma reserva muscular ou de gordura. Senti muita pena e vontade de ajudar.”
Publicado em Tati Bernardi - Folha de São Paulo
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La realidad supera la ficción
Vi este filme em 2015. Ontem soube que um argentino do clã de sequestradores foi preso com documento falso no Brasil. A família Puccio ficou conhecida nos anos 80 por sequestrar e matar as vítimas. Daniel Arquimedes Puccio estava em um ônibus, em Itu (SP). Dá-lhe, Pablo Trapero.
Publicado em Sem categoria
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O inglês do Tarzan
Apesar do inglês abundante no nosso dia a dia, somos tão monoglotas quanto os russos
Há dias, quando o ator Peter Fonda morreu, um veículo publicou uma declaração de sua irmã, Jane Fonda. Ela dizia estar arrasada com a morte de seu “irmãozinho de coração doce”. Não sou diabético, mas essa imagem pode ter alterado meu nível de glicose, e só um exercício intelectual me levou a concluir que Jane devia estar se referindo a seu “little sweetheart brother” —seu “irmãozinho querido” ou, amorosamente, “namoradinho”.
Pérolas equivalentes, frequentes no noticiário, são “plant” (fábrica) por planta, “library” (biblioteca) por livraria, “argument” (discussão) por argumento, “appointment” (encontro) por apontamento e “realize” (concluir) por realizar.
Os erros, hoje, vêm até nos melhores livros. “We’re in business” (agora vai ou vamos nessa) se tornou “estamos no negócio”. “My gentleman friend” (o “coronel” ou o “senhor que me ajuda”) passou a ser “meu cavalheiro amigo”. E “we were drinking buddies” (nós éramos colegas de copo) transmutou-se no hilário “estávamos bebendo umas Buddies”.
Mas estamos avançando rumo à condição de 51º estado americano. A velha “vaquinha” tornou-se “crowdfunding”. Aleatório é “randômico”. Gostar de alguém é “dar um match”. Estar a fim é “ter um crush”. E uma palavra já incorporada ao léxico, “delivery”, não se limita mais à entrega em domicílio da pizza pelo motoboy. Assim como em inglês, estendeu-se —em português— a cumprir ou deixar de cumprir alguma coisa: “Fulano era uma grande promessa, mas não entregou o que se esperava dele”.
Pela abundância de inglês em nossas placas, fachadas e camisetas, era como se o falássemos tão bem quanto os alemães. Que nada. Pela avaliação internacional, somos tão monoglotas quanto os russos. E, se o Senado ratificar Eduardo Bolsonaro, teremos em Washington um embaixador que, como diria o inesquecível Telmo Martino, aprendeu inglês com… Tarzan.
Publicado em Ruy Castro - Folha de São Paulo
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Elas, por ela
Publicado em Sem categoria
Com a tag Fotógrafa tcheca, fotografia, sára saudková
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