O café da manhã que é uma dor de cabeça para Bolsonaro

Uma polêmica criada por Carlos Bolsonaro acabou trazendo a informação de que o café da manhã semanal de Jair Bolsonaro com jornalistas foi uma ideia do porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros. Foi o próprio presidente quem deu a informação, ao ser perguntado neste domingo sobre críticas feitas ao porta-voz nas redes sociais, com seu filho Carlos como um dos autores de cacetadas.

No Twitter, o filho de Bolsonaro critica exatamente o café da manhã e insinua que isso seria uma maquinação contra seu pai. De fato, o café da manhã tem um efeito negativo para o governo, mas de qualquer forma é muito difícil que dê certo qualquer proposta de comunicação que exija de Bolsonaro um diálogo sensato. Ele não tem capacidade de expressão e chega a ser impressionante seu desconhecimento até de noções gerais de governo.

Bolsonaro também tem um temperamento explosivo que não contribui para o esclarecimento de qualquer assunto, muito menos para amenizar danos na imagem do governo por meio de uma boa explanação frente a um questionamento. Ao contrário, em conversas informais podem ser encaixados temas exatamente para extrair respostas irritadas, que servem para atrair leitores. Jornalistas sabem que ele rende polêmica e estoura por pouca coisa, uma forma de reação que por sinal turbinou sua carreira até ele virar um presidenciável de peso.

Claro que eu sei que acabo de traçar o perfil de alguém contra-indicado para ocupar com seriedade qualquer cargo executivo, mas, enfim, até por esta personalidade totalmente desconectada a um trabalho produtivo, brasileiros cometeram o erro colossal de eleger esse sujeito sem noção para presidente da República. Veremos até onde o país aguenta. Mas, ainda que a maior deficiência seja do próprio Bolsonaro, claro que nenhum de seus seguidores, muito menos seu filho Carluxo, aceitará esta avaliação crítica. É um padrão de comportamento familiar dos Bolsonaro pegar alguém como bode-expiatório quando algo não anda de acordo com o interesse do clã.

E todo bolsonarista acredita que Bolsonaro é um ás da comunicação, algo que conforme já falei várias vezes, é uma grande balela. Mas, de qualquer forma, parece-me de um amadorismo muito grave expor qualquer presidente da República a uma conversa aberta com jornalistas em um café da manhã, quatro vezes por mês. Convenhamos, por melhor que fosse o governo e independente da capacidade pessoal do presidente, sempre haveria temas delicados para tratar. Já seria trabalho demais se trouxessem só uma questão complicada por semana e o mais provável é que apareçam mais. E este café da manhã começou exatamente num período que seria melhor que Bolsonaro comesse sozinho seu pão com leite condensado.

Mas acontece que a decisão é sempre do presidente, então se o café da manhã está sendo feito é porque é do seu gosto. E nisso temos outra demonstração de seu despreparo, que no caso se junta ao deslumbramento com o poder. Transparece a vaidade com a atenção que se concentra na sua figura, com a imprensa destacando cada fala sua. E claro que ele não tem a mínima capacidade de compreensão de como se processa essa relação, do papel dos profissionais que trabalham com a informação e no dele próprio. De espírito personalista, antes de tomar posse ele já fazia confusão entre o crédito pessoal e o respeito coletivo à função de presidente da República. Como se costuma dizer, Bolsonaro está se achando. E Carluxo não teria como não acreditar também que seu pai é o máximo.

Publicado em José Pires - Brasil Limpeza | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Playboy – Anos 70

1977|Nicki Thomas. Playboy Centerfold

Publicado em Playboy anos 70 | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Quaxquáx!

Publicado em As Velhas | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

O beija-mão do Jeca

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA informa que “ainda não falou com Donald Trump” sobre o abastecimento de navios iranianos pela Petrobras, em portos brasileiros. Deve ser problema da agenda de Jair Bolsonaro, porque o presidente dos EUA está tenso, febril, com os canais abertos, à espera da conversa com seu homólogo e homogêneo brasileiro. Parou tudo à espera da conversa com o pai do embaixador.

RESSALTA AINDA o presidente-estadista do Brasil, ele “está fechado” com Trump na “questão do Irã”. Qual questão? O presidente e seu filho, o presunto embaixador não saberiam responder de pronto – este, na sabatina de embaixador nos EUA, já que não temos senadores capazes e versados. São questões: a nuclear, o armamento do Iêmen, a intervenção na guerra síria e a apreensão de petroleiros ingleses.

O QUE o “estar fechado” com os EUA levará o Brasil a fazer contra o Irã? Na questão do combustível naval, fechar os postos da Petrobras para os navios? Nada até agora. Apenas Raquel Dodge, a procuradora geral da República, meteu-se no assunto, pediu liminar e foi rechaçada pela justiça (ela faz qualquer coisa para agradar o Messias de Neandertal). Na questão nuclear?

OS EUA decidiram que o Irã não pode aumentar sua capacidade de enriquecer urânio. Necessidade de proteger Israel, Arábia Saudita e aliados do Oriente Médio contra ameaças do Irã. Para isso conseguiu bloqueio econômico contra o país. Como o Brasil dará apoio aos EUA? No gogó bolsonáro-araújico, nada mais. Que peso político internacional e força estratégica o Brasil e Messias não têm.

NESSA ADESÃO automática e cega aos EUA, Jair Bolsonaro anda na contramão da história, pois isso não existe no mundo atual. Nem na Comunidade Europeia há adesão e coesão total, automática e cega. Vide a questão das migrações, que opõem Itália e França. A política internacional é pautada pelo interesse nacional, e este não pode ser cego, automático e total de um país em relação a outro.

NEM CABIA dizer aqui por ferir a elevação dos termos, mas o presidente do Brasil mais parece o turista brasileiro em viagem à Disney e Miami, lá para ver os bichinhos, cá para fazer as comprinhas: tudo nos EUA é do bom e do melhor. Isso é tão pequeno, diminuto, irrisório frente à dimensão e importância do Brasil que faz de Jair Bolsonaro o jeca do Planalto, o brazuca deslumbrado.

SEM UM ROBERTO CAMPOS e um Golbery do Couto e Silva a seu lado, gente que pensava e via o mundo com lucidez, Jair Bolsonaro recua a 1964, quando o primeiro embaixador do regime militar nos EUA, general Juracy Magalhães, disse a frase infeliz “o que é bom para os EUA é bom para o Brasil”. Seus defensores alertaram que o general fazia ironia com a esquerda radical.

NEM O REGIME MILITAR alimentou tal devoção aos EUA, com um presidente entregando-se sem crítica, análise e visão estratégica dos interesses do Brasil a um ‘aliado’ que historicamente adota o princípio externado por John Foster Dulles, secretário de Estado do presidente Eisenhower, que dizia “os EUA não têm amigos, têm interesses”. Quem estudou história elementar sabe disso.

BOLSONARO RECUA cinquenta anos na história recente do Brasil no modo hegeliano-marxista de repeti-la como farsa depois do prólogo da tragédia (o amigo-leitor Renato Kanayama me corrigiu sobre isso: “Que nada, será coerente com Marx: teremos a repetição da tragédia”. Nosso presidente-vexame está mais para Octávio Mangabeira, o deputado baiano que beijou a mão do general Eisenhower.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Anotações a bordo

Pedalinhos, ambulâncias ou montado numa mula não são lugares ideais para se tomar notas

Aconteceu de novo. Estava eu encostado a um poste, no Leblon, tomando nota de uma ideia que me ocorrera para esta coluna quando alguém se dirigiu a mim. Já escrevi aqui que sempre trago no bolso uma cadernetinha e uma bic, no caso de me ocorrer na rua algo que mereça ser anotado. Mas, às vezes, sou mal interpretado. O sujeito se chegou e disse: “Amigão, sonhei esta noite com um macaco. Marca pra mim a centena do bicho?”.

Ideias não são coisa que se desperdice, e todo jornalista ou escritor precisa estar prevenido. Além disso, elas não escolhem hora e lugar para se manifestar. Em táxis e aviões, acontecem a toda hora, mas já tive de anotá-las a bordo de transportes menos comuns, como um barco no rio Negro, um navio no Canal da Mancha e no Trem de Prata, que ligava o Rio a São Paulo. Outra, que me valeu um livro, me veio dentro daquele dirigível que, em 1999 ou 2000, desfilava pelos céus do Brasil.

Improvável mesmo foi numa reportagem para a revista Playboy sobre o verão na França, em 1981, quando tive de escrever num pedalinho na baía de Cannes, porque meu colega Arnaldo Klajn queria fotografar as moças na praia com os edifícios ao fundo. Não é muito fácil escrever num pedalinho em pleno mar. Nem num carro alegórico do Império Serrano, como fiz em 2008, cobrindo o Carnaval para a Folha.

Mais difícil ainda é deitado numa ambulância, não sei agora se na ida ou na volta de alguma emergência de saúde. Em comparação, é ridículo mencionar as anotações que fiz em viagens no bondinho do Pão de Açúcar ou no trenzinho do Corcovado, embora, na hora, me parecessem tarefas inadiáveis.

E nunca andei a cavalo, mas já tomei notas montado numa mula, em fins dos anos 70, numa fazenda no estado do Rio. Não me lembro mais do assunto ou da razão de estar ali. Mas tenho certeza de que, para a mula, foi uma estreia —ela nunca transportara alguém tomando notas.

Publicado em Rui Castro - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Padrelladas

Tava aqui pensando. Quer dar um presente pro filho?  Dá uma chapelaria para ele cuidar. O menino não foi chapeiro no Maine? Deve entender de chapéus. Montava uma bela de uma chapelaria (posso até sugerir o nome: Ao Chapeleiro Maluco ou Tua Chapa Tá Esquentando, uma coisa assim). No cardápio, comidinhas bem brasileiras, como Frango a Passaralho, que não leva frango e possivelmente nem alho; Beef a Moda do Maine, feito com pasta de amendoim que é a comida predileta dos gringos; e por aí vai.

Estamos aqui para ajudar.

Publicado em Nelson Padrella | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Tempo

Teresina. Dr. Heli Nunes (pai de Torquato Neto) lendo a biografia do filho, de Kenard Kruel,  em algum lugar do passado. © Albert Piauhy

Publicado em tempo | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Outra carta aberta ao nosso excelentíssimo presidente da República, senhor Jair Bolsonaro

Quel idê genial de nomé votre fils come ambassadeur

Monsieur le president: come je sé que, etant troglodite, vous parlé multilangues, je comence em françois, langue de la diplomacie mondiale pour que ningán duvide: parabiéns! Parabiéns! parabiéns! Quel idê genial de nomé votre fils Eduardô come ambassadeur! 

Tout come il faut respetant les regles: premier, comemoré la idé certe, 35 ans. Alors, petite feste, troque de petit presents etc.

Chanté le parabiéns, apagué les veles, comê le bolê! Comê le bolê! E depuis le present principale: lui, qui há dejá une graduation em hamburguér et talvois une pos-graduation em cheeseburguér? Aussi, si nous avons deja um ex-president, FHC, pourquoi ne pas tenté aussi um ambassadeur KFC? Après ça, il faut tenté une master degre em pipoque. Afinale de contes, nous devons aproveité les oportunités que la vie nous  oferece. Par exemple: Votre Majesté savé que Rafael Leonidas Trujillo Molina, quand a assumí le podê em 1930, a la Republica Dominicana, a nomé son filhô Ramfis, com a pene quatre ans de idé, coronel de salário y privilégios del Exército dominicano?

En 1938, le president Jacinto B. Peynado (president que sucessé a Trujillo) promové le coronel Ramfis Trujillo Martinez, de neuf ans, a general de brigada, promoción que fu outorgué “en mérito al serviço” em se constituant nel plus jeune general del histoire du monde? Regardé les fotôs: nést pas fôfe?

Bien avant, Napoleon, lembré dele? Nomée irmains e parents come rois de la Holandá, roi de Náples (aquel da pizzá), roi de Espanhe e rois da Westphalie. (Je ne coné pas Westphalie mais pesquisé avec vos amis dans le Twitter pour savoir onde é que fique.)

​Enfin, chegue de converse. Jagarre dans le pape mais sempré pour colaboré avec Votre Majesté.

Signé: Jô Soares, influencieur analogique

Em verité: José Eugenio Soares, oficial da Ordem de Rio Branco

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Publicado em o antagonista | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Leia-se!

Desde este incrível título, “Rabicó de puto”, Vinicius Comoti mostra que não está de bobó. Este livro é para ler, guardar e emprestar. Aqui ele radicaliza. Sua linguagem fica no caminho do punhal. Concisão como espeto. Devaneio, surrealismo & alegria. Escrita de prazer. Mesmo abordando o cruel, suas imagens é que realmente levam ao Prazer. No momento de profusão de sentidos entre escritores hoje, na continuidade dos eventos de 2013, a pluralidade de vozes pode, mas pode mais, escrever muito bem.

A especificidade do Rabicó de Puto é uma linguagem própria, original, aforística, de diálogo com a poesia marginal – herança de corpo e graça – mesmo em tempo de distopia. Poesia fortemente imagética, de composição de cenas velozes, súbitas, mordazes, e corte. O traço contemporâneo em Vinicius vem de seus temas, formas e propósitos, que o distanciam da tradição. É aí que novas línguas devem mostrar o caminho deste século. O Rabicó trilha este caminho em estado de Entusiasmo. 

Guilherme Zarvos

Capa de Geraldo Leão|Klotter Editorial|2019

Entre a libido das araucárias e a baderna dos fantasmas, Vinicius Comoti se esconde pelo Ahú, abrolho menor de Curitiba. Costuma se debruçar sob o cinema brasileiro, como também vislumbrar em cada folha que despenca no seu caminho, a força de um verso sínico. Publicou os livros Lanzurapa (2016), Leite com Manga (2018), O Futum das Birelas (2018). 

Publicado em leia-se! | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Non compos mentis

O PRESIDENTE jura que não quis ofender os nordestinos ao chamá-los de ‘paraíbas’. Claro que não. Ele também não quis ofender Maria do Rosário ao dizer que ela não merecia ser estuprada. O presidente não dá uma dentro, mesmo. Sua defesa sobre os ‘paraíbas’ é de amargar: é casado com filha de cearense. É do tipo que afirma não ter preconceito contra preto porque tem amigo preto.

JAIR BOLSONARO faz dessas sem parar: seu sogro é conhecido como ‘Paulo Negão’; e elegeu deputado federal o grande amigo, também negro, que, envaidecido, disputou a eleição com o sobrenome Bolsonaro. Coisa mais batida, clichê sovado. Hannah Arendt, no livro ‘Eichmann em Jerusalém’, conta que o carrasco nazista invocava uma bisavó judia diante do tribunal que o julgava.

QUANDO NOSSO CAPITÃO solta a língua desabrida e incontrolável o universo se encolhe de vergonha. O Brasil passa vexame com o presidente que fala sem medir consequências, que não pensa antes de falar porque não consegue pensar com lógica e lucidez, apenas jorrar preconceitos do inconsciente, a parte operacional de seu cérebro. A ciência tem nome para a coisa: ‘non compos mentis’.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Woodstock|1969. © Life

Publicado em Sem categoria | Com a tag | 1 comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Assim passam os dias…

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Jornal do Cínico

Do Filósofo do Centro Cínico

Depois da declaração de amor a todos os nordestinos, o presidente Jair Bolsonaro será agraciado com a Ordem do Mandacaru, a mais alta comenda destinada às pessoas cujo preconceito explícito aos nordestinos é escancarado. Como parte da cerimônia de homenagem, o capitão terá de cumprir o ritual de sentar no arbusto que, em tupi, significa “espinhos agrupados danosos”.

Publicado em Roberto José da Silva - Blog do Zé Beto | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Padrelladas

Cheguei a conclusão de que não é só a Terra que é quadrada. A lua também o é. Se não, como poderia ter Braços Fortes (Arms Strong) caminhado em volta do asteroide? Teria caído no espaço mal chegasse na esquina. Né mesmo? A lua parece redonda, mas é ilusão de óptica. Aliás, tudo no espaço é quadrado, principalmente no espaço do Senado e da Câmara. 

A quadratura explica uma porção de coisas, inclusive a vergonhosa derrota do 7 a 1: nossos atletas jogaram com bola quadrada.

Publicado em Padrelladas | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter