Hoje!

© Gustavo Rayel Jr.

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Eduardo Bolsonaro, o embaixador da corte do paizão presidente

Até que enfim um líder bolsonarista deu uma explicação detalhada para justificar a indicação de Eduardo Bolsonaro pelo pai presidente para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Foi o presidente do PSL, que disse o seguinte: “A relação de embaixador é uma relação muito de confiança e apreço. Passando isso para a Idade Média, geralmente os reis entregavam suas filhas, seus filhos”.

Ah, bom. Mais interessante ainda foi o exemplo dado por Bivar. Ele comparou o caso da indicação do filho de Bolsonaro com o casamento entre Catarina de Aragão e Henrique VIII, rei da Inglaterra. O presidente do PSL quer parecer erudito. Parece coisa de leitor do Wikipédia, embora seja mais provável que essa conversa venha da série da Netflix que explora este período Tudor.

Vejam sua explicação mais detalhada: “Catarina de Aragão era filha do rei Filipe, foi casada com Henrique VIII para fazer uma aproximação entre Espanha e Inglaterra. Isso faz parte, é um contexto. Antropologicamente nós somos os mesmos, do mundo da pedra até hoje, então essa sinalização do Brasil em relação aos Estados Unidos é uma relação de muita proximidade”.

Esses fatos interpretados pelo presidente do PSL de forma singular ocorreram no século 16. Ele não conta que logo Henrique VIII quis dar um chega-pra-lá em Catarina, que não lhe dava um filho varão para herdeiro. Mas não teve acordo com Roma. A anulação do casamento não foi permitida pelo papa Clemente VII. O conflito do rei com Igreja Católica deu origem à Igreja Anglicana, criada para ele poder casar com Ana Bolena, mais famosa hoje em dia que Catarina de Aragão, mas que também se deu mal com o maridão. Foi executada sob acusação de adultério. O rei conseguiu o divórcio criando sua própria igreja, mas não teve felicidade no casamento. Casou com seis mulheres, mandou matar duas delas.

Se tivesse interesse, Bivar poderia ter usado os outros casamentos para justificar a indicação do filho por seu chefe Bolsonaro. Não houve nenhum sem implicação política. Seria de bom tom deixar de lado o de Ana Bolena e da outra falecida, claro, pois tendo sido mortas a mando do marido fica delicado encaixar no tema da embaixada americana. Acredito que também não caberia usar as amantes do rei inglês para exemplificar, nem falar de sua sanha assassina, que fez alguns historiadores o terem como um psicopata.

Intrigas, traições, cabeças rolando, teve até fake news naquele tempo, enfim muita coisa parecida com a corte bolsonarista. A época escolhida por Bivar para posar de erudito serve para variadas leituras, encaixando-se até nos aspectos religiosos do bolsonarismo. É o período da Reforma Protestante, o que pode servir talvez para uma inflexão na intensa relação político-religiosa atual de Bolsonaro com a bancada evangélica. Mas vamos esperar que o próprio presidente do PSL desenvolva sua espantosa e muito interessante explicação para o ato de nepotismo de Bolsonaro. Agora, com Henrique VIII no meio, o assunto pode render ainda mais.

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Fezes na cabeça

Bolsonaro estava ficando repetitivo, só pensando em cocô. Mas isso agora pode mudar

Andei pensando em demitir Bolsonaro desta coluna. O papel em que ela é impressa não tem a gramatura necessária para absorver as lambanças que lhe saem pela boca. Além disso, o jornal é um objeto que entra nas casas de família e costuma ser lido ao café da manhã. Não pega bem ficar citando um elemento que, depois de recomendar lavar o pênis com água e sabão, como fez há tempos, acaba de sugerir que se faça cocô dia sim, dia não. Como Bolsonaro só fala para seus eleitores, esta deve ser a ideia que ele faz deles —gente que não sabe se cuidar direito.

É preciso também considerar as crianças. Um jornal pode ser distraidamente deixado aberto, em cima da mesa, ao alcance delas —e quem pode prever as consequências da exposição de uma frase de Bolsonaro a uma criança? Você dirá que ele está à solta na televisão e as crianças podem vê-lo sem querer. É verdade, mas, nesse caso, cabe aos pais retirá-las da sala quando farejarem que ele vai aparecer.

É uma prerrogativa dos colunistas escolher sobre quem desejam escrever. Seja como for, o critério deve ser sempre jornalístico. E Bolsonaro há muito deixou de oferecer surpresa. Pode-se apostar que, todo dia, irá disparar suas barbaridades, mas contra os alvos de sempre: a Amazônia, as reservas indígenas, os direitos humanos, o desarmamento, a imprensa. E está ficando repetitivo —depois do cocô dia sim, dia não, veio agora com o cocô petrificado. Fezes não saem de sua mente. Já me perguntei: por que ele não faz algo realmente radical e tira as calças pela cabeça na frente de um general?

Mas, agora, podemos ter novidades. Em nome de um nacionalismo ardiloso e velhaco, Bolsonaro começou a insultar certos países estrangeiros. Uma coisa é bater numa árvore —a árvore não bate de volta. Outra coisa é falar grosso com a Europa.

Principalmente porque a resposta desses países é o talão de cheques.

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Playboy – Anos 80

1988|Eloise Broady|Playboy Centerfold

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12 de fevereiro|2011

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Vazio

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Você não é tudo isso

‘O outro não aguentou o quanto eu sou autêntico, bem-sucedido e tenho personalidade’

Contratei um roteirista. No começo, ele trouxe várias ideias legais e parecia empenhado, mas, em menos de 15 dias, começou a dar defeito.

Na entrevista, eu tinha deixado bem clara a minha preguiça em relação aos típicos “millennials superangustiados de família com dinheiro”.

O tipo que ainda não se encontrou na vida com mais de 30 anos e que, ao ser confrontado com alguma responsabilidade ou incumbência mais chatinha, responde pérolas (aristocráticas disfarçadas de aristotélicas) como: “Acho que minha verdade não está nesse trabalho”; ou ainda: “Desculpe, achei que gostava de comédia, mas vou voltar para as minhas traduções de haicai para o russo”.

Apesar de ter nascido na década de 1970 e de não ter família rica, eu também fui bastante mimada e demorei a ganhar algum dinheiro. Eu também trocava de emprego a cada dois meses, porque aquelas pessoas e aquele lugar e aquele serviço não me serviam.

Era tão doloroso encarar que eu que não prestava para nada e tão mais fácil sair por cima e menosprezar todo mundo! Mas, pouco antes dos 30 anos, eu resolvi parar com essa palhaçada e então, por isso, a minha profunda fadiga com quem, já bastante adulto, se comporta como um poeta tuberculoso do século 19 a cada chance de ter um emprego real e não um “trabalho sonhado”.

Eu tenho emprego e tenho trabalho. Eu posso bancar meus devaneios pouco monetizados, pois sou uma filhinha de papai de mim mesma. Eu tenho, sobretudo, bode de quem busca “o trabalho perfeito” usando o dinheiro do emprego imperfeito de pais ou avós batalhadores.

Sorry, não vem cagar regra pra mim com esse papinho de “a minha verdade, a minha arte, a minha angústia, a minha pós em proxenetas do romantismo inglês”. Prefiro o coxinha honesto que pega a grana da família e vira influencer de hotel de luxo ao intelectual riquinho blasé que nunca vai trabalhar porque não precisa, mas chama o emprego dos outros de “hmmm, não sei, não é muito a minha”. Vai pagar o plano de saúde da família inteira depois me liga.

A mesma impotência camuflada por arrogância acomete aqueles solteiros chatos, egoístas, que não deixam ninguém falar, os “automonotemáticos” que, ao levar um pé na bunda, vêm com o clássico papinho de “o outro não aguentou o quanto eu sou autêntico, bem-sucedido e tenho personalidade”.

Talvez o outro não tenha aguentado o quanto você é casado com você mesmo e prefira alguém livre. E aqui, como me é de costume, faço uma crítica a mim. Foram mais de 20 anos de vida erótica por esse Brasil, culpando todos os moços por não aguentarem essa mulher incrível.

Coitada! Se eu sou insuportável agora, depois de doses cavalares de terapia e de 48 horas com contração uterina na tentativa de parir como mandava a professora do curso humanizado, fico imaginando a vaca que eu era quando prolonguei meus 16 anos por mais 16 anos.

Se eu tivesse como mandar um WhatsApp do túnel do tempo para a Tatinha de outrora, diria: “Aff, você não é tudo isso!”.

Por isso, se você passou dos 30 e é tão especial, sensível, angustiado e artista que nenhum emprego ou pessoa lhe serve, pensar que você não é tudo isso talvez resolva parte dos seus problemas; porém, sem dúvida, abre as portas para outros muito maiores, os quais você, mesmo sendo um idiota, sabiamente dá um jeito de evitar.

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Bolsonaro, o erro insuportável

Tem momentos em que fica difícil saber se Jair Bolsonaro se faz de idiota para fugir do aprofundamento de certos assuntos ou de fato não tem capacidade de compreensão. Em evento na Fundação Lemann em São Paulo, Rodrigo Maia disse que Jair Bolsonaro é “produto de nossos erros”.

A crítica é pesada e típica de quem já não tem mais paciência de suportar idiotices e desaforos, sentimento que aliás vem se generalizando. Tirando uma parcela restrita ainda que muito barulhenta de fanáticos, quem é que pode agüentar tanta besteira? Mais adiante, Bolsonaro foi questionado sobre o que Rodrigo Maia disse dele e fez que não entendeu. Ou não conseguiu mesmo compreender a fala do presidente da Câmara. Alguém que não seja sem noção veria logo que foi uma critica pesada.

Vejam o que Bolsonaro respondeu: “No meu entender, não foi uma crítica pessoal para mim. Eu acho que o Rodrigo Maia… Parabéns! Se é que ele falou isso mesmo. Olha só, mudou, realmente, de esquerda para centro-direita ou direita o governo. Então, o erro não é dele, é da esquerda que estava no poder”.

Claro que seus seguidores verão na resposta uma atitude de grande esperteza. Para esse pessoal, Bolsonaro sempre leva a melhor, o que não e verdade, conforme demonstra essa forma do presidente da Câmara se referir ao presidente da República. Como eu disse, a declaração é significativa de um país que está de saco cheio desse presidente totalmente desqualificado. O sujeito é despreparado até para as relações mais simples de um governante.

Não se sabe ainda como dispensar alguém tão problemático. Em qualquer atividade mais simples, Bolsonaro já teria sido colocado para fora ou seria ignorado, como acontecia com ele na Câmara, quando nenhum colega tinha relação próxima com ele. Porém, ironicamente no cargo mais importante da República é mais difícil se livrar o estorvo.

Mas o fato é que já existe uma consciência coletiva de que com ele não dá. Enquanto não descobre um jeito de mandá-lo para casa, a sociedade civil vai suportando a chateação, pensando como evitar o desastre que alguém tão deficiente tudo pode ser para o futuro do país. Democracia tem disso. E até encontrar uma maneira de dar um chega-pra-lá em Bolsonaro, para a maioria dos brasileiros ele já está devidamente colocado como produto de um erro brutal, que precisa ser corrigido o quanto antes.

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5 de novembro|2006 

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Poesia pura

E a madrugada é apenas uma criança. Nela me refugio. Sou noturna. Trabalho com as estrelas e a lua. Quando o sol nasce, agradeço. Para poder contemplar o que descubro nas noites mal dormidas em que penso, reflito, sinto toda a pureza do amor maternal. Insônia. Criatividade em ação. Na noite eu me perco e me acho. Bonito saber que quem é da boemia é quem descobriu a magia dos instantes. Errante e aprendiz. Um tiro no pé. Mas o abraço permanece. Aquece. Desfaz os medos e desengaveta segredos. Escrevo sobre o que mesmo? Esqueci. Era sobre o amanhã. Mas ele não chegou. O paraíso é mesmo um abismo onde se acorda e se vê que já é hora de tomar café da manhã, ler jornal, abrir portas para os ignorantes. Estou aqui. Não saí. Quis ficar para namorar as letras nos papéis de seda. Sensibilidade máxima. E o vapor do trem sinalizando a próxima parada. A estrada que vicia. Leva ao mar. Traz o tremor da Terra para o meio da garganta. Gritarias histéricas. E todo mundo surdo, dormindo, reagindo, brincando. Meu avô era sério, sisudo, olhar profundo de quem sabe. Ele não entendia, mas sabia. Eu não sei, mas entendo. Talvez o segredo seja entender e saber. Quem irá perder? Preciso comer e vomitar. A dor e os desejos da carne. Anel solitário no dedo de um marinheiro. Que viu a conclusão da vida ao desbravar mares. Olha, o horizonte! Quanta delicadeza! Vou parar por aqui. Clarice Lispector me licencia a assumir a própria experiência de vida. Obrigada. Já é tarde.

Dia dos pais batendo na porta. Graças a Deus, meu pai é pai presente. Mas eu não tive convivência com ele desde os meus três anos. Minha referência como cuidador, protetor e doador de amor no cotidiano foi meu irmão mais velho. Ele me buscava na escola e eu o via como referência na vida. Segui seus passos, buscando o meu próprio caminho. Amanhã muitos filhos não terão um pai para doar e receber amor. Pela ausência, pela distância, pela perda, pela separação, pela negação de paternidade, pelo abandono, enfim, por diversas razões que desconhecemos de perto. Olhar com cuidado o que não ter a presença de um pai significa é buscar um caminho de cura e ressignificação. Obviamente que falo de uma posição privilegiada, pois estudei, estudo e busco entender a complexidade das relações humanas na Psicologia. Muitos não têm acesso a isso ou não buscam o entendimento de muitas questões em sua vida pela falta desse papel tão importante na formação e no desenvolvimento de uma criança.

Muitos me criticam por eu guardar a dor de quase ter perdido um pai, mas isso é no nível racional dessas pessoas. Não entendem as marcas que permeiam toda uma vida de alguém que viu seu pai encarar a morte de frente e sobreviver. Não é falta de perdão ou entendimento no nível da mente. É dor latente que permanece. Por isso, enalteço meu pai, porque nada mais bonito que o gesto de carinho e a tentativa de recuperar o tempo perdido. É o presente que dou a ele diariamente. Por ter me dado tanto como pôde e como aprendeu a dar. Nossos pais nos pedem compreensão e aceitação de quem eles são.
Voltando ao texto, este pai que teoricamente não existiu na vida desta pessoa está presente na memória de sua mãe. Há o afeto, há o respeito por sua memória, há a tentativa de torná-la viva na criação de uma criança sem pai

Porque pais sim são importantes, apesar de eu achar ainda que o papel de mãe é fundamental. Não defendo nada dessas besteiras de família tradicional. Acho totalmente fora do contexto. Mas uma criança com um pai parece ter mais confiança em sua própria capacidade de lidar com os desafios da vida. Não estudei isso a fundo. Emergiu aqui escrevendo este texto (corrijam-me se eu estiver errada).Deem uma chance a seus pais dentro de vocês. Por mais que haja marcas, rompimentos, abandono, brigas, ausência, desafeto, divergências. Todos temos pedras nos sapatos. Inclusive nossos pais. Os mestres nos pedem que cuidemos de quem cuidou da gente. E mesmo que não tenham nos cuidado, é nossa chance de mostrar que o amor é mesmo sábio e nos coloca frente à grandiosa chance de sermos maiores que nossas próprias dores e reatar os laços perdidos.

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Mural da História

31 de dezembro|2009

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Marias Antonietas

A PREFEITA de Quedas do Iguaçu perdeu o mandato por ter comprado seis toneladas e meia de doces e salgados. Não foi cassada pela justiça, mas pela câmara dos vereadores. Como ainda existem Toffolis em Brasília, ganhou liminar para voltar à aridez alimentar do mandato. Como crise também é oportunidade, o Carro do Sonho abriu franquia na cidade.

Nada demais, nada de novo, prefeitos vêm e vão, aprontam e fica tudo por isso mesmo. Se os doces e salgados foram superfaturados ou se a prefeita deveria mais é ter comprado feijão, não passa pela cabeça de ninguém. Quedas do Iguaçu perdeu as quedas, substituídas pelo dinheiro que jorra, o município está encharcado de dinheiro.

A prefeita tem um ‘quelque chose’, um quê de Maria Antonieta, a rainha que na falta de pão mandou o povo comer brioches. Duas gastadeiras, amarradas em docinhos e salgadinhos. A prefeita foi salva pela democracia, que apenas lhe guilhotinou o mandato. A guilhotina tirou de Maria Antonieta o trono, o marido e a cabeça.

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Mural da História

13 de maio|2010

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