“Stella!” bradou Kerouac como Brando. E morreu…

É um dos ícones vocais do século 20. Bêbado, Marlon Brando berra obsessivamente o nome da mulher no filme de Elia Kazan Um bonde chamado Desejo (1951), inspirado na peça de Tennessee Williams. Pouca gente sabe que “Stella!” foi o grito desesperado de Jack Kerouac – suas últimas palavras, na verdade – em 20 de outubro de 1969 quando começou a vomitar sangue. Jack pedia socorro a sua mulher Stella Sampas, com quem morava em St. Petersburg, Florida, e com a mãe, Gabrielle.

Levado ao hospital, com uma hemorragia do esôfago, Kerouac recebeu várias transfusões de sangue, mas não pôde ser operado por causa do estado crítico do fígado. O “pai dos beats” morreu às 5:15 da manhã seguinte aos 47 anos. A causa oficial da morte foi hemorragia interna, (provocada por varizes esofagais) causada por cirrose hepática, decorrente de décadas de abuso alcoólico.

Um fato curioso: numa carta de 1957 – ano em que o lançamento On the Road causou grande comoção nos meios literários – Kerouac instava Marlon Brando a comprar os direitos para a filmagem do romance.

Jack assim vendia o seu peixe a Marlon: “Estou torcendo para que você compre On the Road e o transforme em filme. Não se preocupe com a estrutura, sei como comprimir o enredo para criar uma estrutura cinematográfica perfeitamente aceitável. Queria que você interpretasse o papel de Dean [Moriarty] porque ele (você sabe) não é desses babacas ligados em corridas de automóvel, mas um irlandês muito inteligente (na verdade um jesuíta). Você faz Dean e eu faço Sal (a Warner Bros decidiu que eu seja Sal) e vou lhe mostrar como Dean atuava na vida real.”

Caberia a um brasileiro, Walter Salles, pelos caminhos mais tortuosos, levar On the Road às telas, 54 anos depois da sua publicação. Mas isso já é outra história, da qual eu participei, como “consultor beat”, recebendo um belo cachê da Zoetrope, a produtora de Francis Ford Coppola.

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Sinais de fumaça

Ziraldo Alves Pinto

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Ditados

Mais sério que delegado em porta de baile.

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Mural da História – 2009

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O parlamentarismo à brasileira

As palavras e os conceitos jurídicos se alteram sem que a sociedade se aperceba. No segundo Reinado, em 20 de julho de 1847 a 1889, o Brasil teve 36 gabinetes ministeriais, com 21 formados pelo Partido Liberal e 15 pelo Conservador, um parlamentarismo de acomodação monárquica, com um fim desastroso.

O parlamentarismo reaparece, como o monstro da lagoa. O presidente João Goulart, de 1961 a 1963, governou como Presidente, mas com poderes reduzidíssimos, com três primeiros-ministros; Tancredo Neves, Brochado da Rocha e Hermes Lima. Foi antecipado o plebiscito, e o presidencialismo venceu com 80% dos votos. Na sequência Goulart foi derrubado pelo Golpe Militar, que durou 21 anos, cujo gabinete foi composto por generais ditadores e o Congresso servil, um verdadeiro partido militar que, posteriormente, ressurgiu.

Na Constituição de 1988, as disposições constitucionais transitórias obrigaram a realização de plebiscito, em 1993. Venceram: a República (66%) e o Presidencialismo (55%), perderam: a Monarquia (10%) e o Parlamentarismo (24%).

Os impeachments de Fernando Collor (1992) e Dilma Roussef (2016), absolvidos posteriormente pelo Supremo Tribunal Federal, foram derrubados numa orquestração tipicamente parlamentarista, em resumo, um golpe parlamentar.

A Constituição sofreu mutações, mantendo a fachada jurídica do presidencialismo num cenário de hipertrofia e grande musculatura dos poderes do Congresso Nacional.

Como uma matrioska cujo primeiro boneco russo é presidencialista, mas todos os outros bonequinhos, são parlamentaristas.

No quadro atual: quem derruba e indica os ministros do governo em troca de votos e apoio nos projetos do governo? Quem recebe emendas secretas/PIX de bilhões de reais para distribuir nos grotões eleitorais, desvirtuando o orçamento? Quem está com a espada sob a cabeça do Presidente quando são protocolizados pedidos de impeachments? Quem gonga e veta ministros indicados pelo Executivo, quando devem ser aprovados pelo voto secreto do Senado?

Por outro lado, o Presidente atua na agenda internacional, representa o Estado, pega criancinhas no colo e tudo mais do roteiro presidencialista, apenas simbólico.

Arthur Lyra, em maio de 2023, afirmou que: “Todos têm que entender que o Congresso brasileiro conquistou maior protagonismo…” Em tempo, livrou-se dos processos no STF que pairavam sob sua cabeça, inocente de tudo que o acusaram.

Na atualidade, o parlamento não pode ser dissolvido, o Primeiro-Ministro é intocável, os partidos não têm nenhuma ideologia política formal, o voto para Presidente não afeta a maioria eleitoral do parlamento e vice-versa.

Tem-se apenas um verniz presidencialista, que se transformou num clientelismo parlamentar do troca-troca de bilhões, forjado na liberação do orçamento pelo executivo aos atuais representantes da Casa Grande.

Esse é o parlamentarismo à brasileira.

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Flagrantes da vida real

Flores de todas as cores para uma dama emocionada. © Maringas Maciel

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Os limites da guerra

Em 1209, a população de Béziers, na França, foi massacrada. As cruzadas, a mando do Papa Inocêncio III, realizaram a tarefa. O representante do Papa, Arnaud Amalric, incapaz de distinguir hereges e religiosos, disse a frase que entrou para a História:

— Matem todos, Deus reconhecerá os seus.

A questão da morte de inocentes em guerra perpassa os séculos. Depois da Segunda Guerra, houve grandes julgamentos: Nuremberg e Tóquio. As potências ocidentais passaram a sensação de que as leis humanitárias internacionais seriam respeitadas a partir daquele momento.

Depois disso, vieram conflitos no Vietnã, Afeganistão, Iraque, e os americanos não foram julgados. De nada adiantaria, pois não aceitam o Estatuto de Roma, muito menos um tribunal internacional.

No entanto, em 2022, em Dublin, Estados Unidos, Brasil e mais 81 países firmaram um importante documento de proteção a civis durante uma guerra. O compromisso é não apenas restringir bombardeios que possam matar inocentes, mas reparar os possíveis danos colaterais.

Israel não assinou o documento. Mas poderia ser levado pelos Estados Unidos a considerar cada vez mais a questão de poupar vidas. Há um longo caminho subjetivo para chegar lá. É importante contestar a tese de que não existem inocentes em Gaza e de que mesmo as crianças são educadas para odiar. Da mesma forma, é essencial ver Israel como uma sociedade diversa, em que nem todos partilham a ideia de povo prometido ou mesmo da supremacia judaica.

As próprias organizações terroristas tornaram-se mais frias e cruéis que no passado. Há algum tempo, Moacyr Góes encenou a peça de Camus “Os justos”. Participei de um debate sobre ela em que se discutia o adiamento de um atentado ao arquiduque por causa das crianças na carruagem.

Os estigmas que a guerra produz em massa estão chegando ao Brasil. Há uma ideia de que a Tríplice Fronteira é uma retaguarda de terroristas. Essa ideia foi inspirada nas investigações da CIA e do Mossad. De fato, houve um caso de colaboração financeira com o Hezbollah. De fato, andando pelas ruas de Foz de Iguaçu, sente-se a presença forte da colônia árabe, assim como nos hotéis de luxo inúmeros visitantes muçulmanos são vistos no saguão.

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Mural da História – 2018

Joseph Ratzinger cochila durante missa 

© L’Osservatore Romano

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Isabelle

Isabelle Huppert, Atriz Eternamente (Isabelle Huppert, une vie pour jouer)

Que se trate de repetições em cena ou em seu camarim, Isabelle Huppert dedica sua vida à interpretação. Esse documentário acompanha seu trabalho cotidiano com Claude Chabrol em uma peça de teatro em Avignon, trabalho que possui sinônimo de solidão. O filme mistura imagens de arquivo, entrevistas recentes da atriz, assim como imagens da entrega do César ou do Palme no Festival de Cannes.

Documentário|Serge Toubiana|52 minutos|2001|França

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Muito mais do que frases

Lembre frases marcantes de grandes nomes da política

Como dizia Vinicius de Moraes, “a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. E, com a devida licença do poetinha, a política também não deixa de ser uma arte do encontro, embora haja tanto desencontro por aí. E sempre previsíveis…

Mas, hoje, tempos mais do que sombrios na política brasileira (não é que o Eduardo Bolsonaro chegou a defender a volta do abominável AI-5 da ditadura civil/militar de 64), há quem tenha pulado de Vinicius para outros personagens que entraram para a História. Pelo bem e pelo mal.

– O único ditador que eu aceito é a voz silenciosa da minha consciência.

Mahatma Gandhi

– Não possuímos direito maior e mais inalienável do que o direito ao sonho. O único que nenhum ditador pode reduzir ou exterminar.

Jorge Amado

– Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.

Getúlio Vargas, ex-presidente do Brasil.

– Sinto-me feliz, todas as noites, quando ligo a televisão para assistir ao jornal. Enquanto as notícias dão conta de greves, agitações, atentados e conflitos em várias partes do mundo, o Brasil marcha em paz, rumo ao desenvolvimento. É como se eu tomasse um tranquilizante após um dia de trabalho.

General Emílio Garrastazu Médici, durante a ditadura civil/militar.

– A corrupção é o cupim da República.

Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Constituinte de 1988.

– De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.

Ruy Barbosa

– O dinheiro não é só facilmente dobrável como dobra facilmente qualquer um.

Millôr Fernandes

– Leis são como teias de aranha: boas para capturar mosquitos, mas os insetos maiores rompem sua trama e escapam.

Sólon

– O processo ditatorial, o processo autoritário, traz consigo o germe da corrupção. O que existe de ruim no processo autoritário é que ele começa desfigurando as instituições e acaba desfigurando o caráter do cidadão.

Tancredo Neves

– É a maldição do ofício: as promoções se obtêm só por pedidos e amizades, não pelos velhos meios em que herdava sempre o segundo o posto do primeiro.

William Shakespeare

– Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão.

Eça de Queirós

– Que sorte para os ditadores que os homens não pensem.

Adolf Hitler

– Viver é perigoso.

Riobaldo, em Grande Sertão: Veredas, de Graciliano Ramos.

E também merece registro um diálogo. Tempos atrás, Museu Oscar Niemeyer, o Museu do Olho, em Curitiba. Darcy Ribeiro, acompanhado de um amigo índio, conversava com Oscar Niemeyer. Um papo muito sério, profundo, da política à filosofia e ao cotidiano do cidadão comum. O índio, só na escuta, quieto, caladão. Lá pelas tantas, Darcy quis saber o motivo do silêncio do amigo. A resposta, quase acompanhada de um bocejo:

– Estou com preguiça…

Darcy era mineiro de Montes Claros; Niemeyer, carioca; o índio, descendente do bravo povo Pankararu, Pernambuco.

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Mural da História – 2012

Albert Piauhy, o Beato Salú, com a camiseta do antigo Original Beto Batata (Le Pomme de Terre), Teresina, 2012. © Vera Solda

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Uma Haddad para vice de Boulos

Dentro do PT de São Paulo, a professora Ana Estela, mulher do ministro Fernando Haddad (Fazenda), passou a ser vista como o nome ideal para vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL-SP) na disputa eleitoral do ano que vem. Boulos será candidato a prefeito de São Paulo pelo PSOL, com apoio do PT.

Pesquisas para consumo interno a que dirigentes do partido tiveram acesso mostram que Ana Estela tem uma boa imagem no eleitorado que a conhece —ao contrário de outros nomes mais históricos do PT, que, reconhecidos, têm uma rejeição maior.

Ana Estela também é vista como pessoa moderada, o que pode ser um bom contraponto a Boulos (PSOL), visto como radical por alguns segmentos.

Como ainda faltam meses para a definição, há quem defenda que o PT deve escolher para chapa alguém com militância partidária mais ativa, num movimento para escantear Estela.

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Enquanto existir o mar

Entre o ruído e o silêncio, ouve-se o barulho do mar. O ritmo preciso das ondas quando arrebentam na areia, quando batem nas pedras, quando se percebe, mesmo de longe, o som.

O som que não sai do interior das conchas, não sai dos ouvidos atentos, não sai da imagem refletida nos sonhos, não sai da intensidade da palavra.
Ressoa, silencia, amplia.

Quase como um sopro, uma fuga, uma vertigem.
Olhos que não viram o mar blindam manhãs carregadas de ventos úmidos.

Uma ausência.

Enquanto existir o mar permanecerá o silêncio, a dúvida, a pausa.
A reverberação que se cria enquanto faz um mesmo movimento, com a previsibilidade da repetição, porém sempre com espanto – como as coisas que não tem fim – percorre as ondulações das lembranças.

O som do mar invade a memória, traz à tona os segredos, inventa os mistérios. Habita a paisagem febril, refaz a imaginação, invade os hemisférios, reconhece as distâncias.

Enquanto existir o mar haverá poesia, enquanto existir o azul haverá o branco, enquanto os olhos seguirem uma linha sem fim sempre haverá um novo começo.

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