O Espírito-que-Anda está voltando

O Fantasma, de Lee Falk

Já escrevi muito sobre ele e não me canso de fazê-lo. The Phantom ou O Fantasma ou O Espírito-que-Anda foi um dos meus primeiros companheiros dos gibis, na infância/adolescência, cujas aventuras eu lia e relia com enorme prazer, em preto e branco ou em cores, nas revistas tamanho padrão ou no maldito “formatinho”. Era uma emoção que se renovava a cada página e, creio, continuará se renovando. Isto porque fiquei sabendo que O Fantasma, como tem acontecido rotineiramente nos últimos anos, está voltando ao Brasil.

A Mythos Editora – que já edita outro dos meus “mocinhos” favoritos, o caubói italiano Tex Willer – anuncia o retorno do primeiro personagem mascarado dos quadrinhos às bancas e gibiterias brasileiras. Em duas versões, para agradar gregos e troianos, ou seja, velhos e novos leitores: uma série de quatro volumes com histórias clássicas, em volumes no formato 16 x 21 cm, 96 páginas cada, em preto e branco; outra, de oito volumes, com aventuras modernas, no formato 13 x 20,5 cm, 80 páginas e cores.

Além disso, publicará alguns encadernados especiais de capa dura. Um deles com a fase do escritor Peter David, em formato 17 x 26 cm, com 192 páginas. Outro: a fase do desenhista Jim Aparo, em idêntico formato, com 148 páginas, originalmente publicada nos EUA pela Charlton Comics. E também o romance “A Ameaça do Escorpião”, em formato 16 x 22 cm e 128 páginas.

Se as novas gerações de leitores não sabem, precisam ficar sabendo que O Fantasma, com a sua máscara negra e seu traje de malha colante roxa (no Brasil, já foi vermelha, por falta de tinta roxa na gráfica) sobre a qual destacam-se uma sunga de listras azuis e pretas (já foram amarelas e pretas), um cinturão com dois coldres, que abrigam pistolas calibre 45 ACP, e um par de botas pretas da cano alto, nasceu em 1936, da cabeça de Lee Falk, um dos maiores argumentistas de “comics” de todos os tempos. A criação gráfica coube a Ray Moore, que conferiu ao personagem uma aura de mistério, com desenhos do mais autêntico estilo “noir”, bem na moda então. A primeira tira foi publicada pelo New York American Journal no dia 17 de fevereiro de 1936.

Dois anos antes, Falk havia dado vida a Mandrake, outro genial herói de sua autoria.

Na família dos Fantasmas, a missão passa de pai para filho. Há quatrocentos anos, geração após geração, passando a ideia de imortalidade, especialmente aos pigmeus Bandar, que o acompanham. O feiticeiro Guran é o único que sabe da verdade.

Não é uma maravilha?! Um justiceiro romântico, protetor dos fracos e oprimidos, guardião da paz e da ordem, árbitro de conflitos entre os selvagens, que surge do nada cavalgando Herói, um belo corcel branco, e tendo como fiel companheiro o inseparável cão-lobo Capeto! Além disso, reina absoluto na floresta (asiática) de Bengala (depois, Bangala), rodeado de pigmeus (africanos), entre negros, árabes, nazistas, traficantes, ditadores e terroristas internacionais, com esporádicas aparições no continente americano. Mora em uma caverna, com entrada em forma da boca de uma caveira, onde tem um trono. No seu interior, guarda não apenas os restos de todos os Fantasmas já falecidos, como um tesouro de valor incalculável em metais e pedras preciosas e uma biblioteca que inclui o registro de toda a saga da família.

O atual Fantasma, tão audaz, destemido e inteligente quanto os seus antepassados, só baixou a guarda uma única vez: quando foi fisgado pela morena charmosa, sensível, alegre e impulsiva Diana Palmer, uma bela americana, ex-funcionária da ONU, que acabou por levar o mancebo – então como Kit Walker – ao altar, depois de um noivado que durou décadas. Hoje, o casal tem um casal de filhos, gêmeos.

No Brasil, O Fantasma estreou pouco tempo depois de criado, em 28 de março de 1936, no suplemento Correio Universal, com o nome de Fantasma Voador. Depois, passou para a Rio-Gráfica e Editora (mais tarde, Editora Globo), onde ganhou revista própria, em março de 1953, que durou até o nº 371. Publicaram ainda o herói as editoras nacionais Saber, Ebal, Sampo, L&PM, Opera Graphica, Mythos e Pixel Media.

Bem-vindo de volta, ó Espírito-que-Anda! Vossos humildes admiradores te saúdam com todo o entusiasmo juvenil! Que longa e exitosa seja essa vossa presença entre nós!

Publicado em Célio Heitor Guimarães - Blog do Zé Beto | Deixar um comentário
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Maldade bíblica

O ministro da educação  Abrão Vaintroba, em transliteração para o presidente pronunciar – pediu a interdição do pai. Ele e o irmão, também na tropa do  Capitão. Porque o pai era esquerdista – ainda é, felizmente continua vivo e na esquerda. A juíza mandou o pedido para o arquivo, disse que o pai estava com as ideias no lugar.

Quanto aos filhos, nada disse, não puxou as orelhas dos dois nem condenou a pagar honorários altos. Mas é só ir ao Velho Testamento para ver a quantidade de filhos como os jovens Vaintroba. Se o MP funcionasse neste país teria feito a interdição do bingolim do velho Vaintroba, lá atrás, no tempo em que ele produzia os dois olavelhos.

No mundo da lua

Queremos uma garotada que comece a não se interessar por política. [Prefiro alunos que aprendam] coisas que possam levá-los ao espaço no futuro.

Palavras do capitão-de-mato na posse do ministro da Educação. Ele deve ter pensado nos filhos, que começaram a se interessar por política e viraram esse terror que conhecemos. Quanto a mandar a garotada ao espaço, primeiro tem que conseguir espaço no espaço para os imigrantes ilegais brasileiros, essa gente que – como diz o filho Zero Três – envergonha o Brasil. Nosso capitão, sem dúvida, vive no mundo da lua.

As togas estão limpas

O Senado enterrou ontem a CPI da Lava Toga. Ainda bem. Se a coisa vai até o fim os magistrados iriam criar o auxílio-lavanderia. Já imaginou pagar 200 mil contas de lavanderia por semana, mais o alfaiate para as togas sobressalentes?

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Ova-se!

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UB 40 – Red Red Wine

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© Cau Gomez – Charge Online

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Bolsonaro: sem dias de governo

Jair Bolsonaro cancelou na última hora o pronunciamento em rede nacional de rádio e TV sobre os 100 dias de seu governo. O discurso estava escrito e a transmissão havia sido programada pela EBC.

Na data praticamente protocolar de todo governo ele recua de falar de seus 100 dias de governo. Mas também pudera: os cem dias desse governo estão mais para sem dias de governo.

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Ruim

A gente dava até gritinhos de êxtase, mas era tristeza

Quero escrever sobre a ignorância, a burrice, o despreparo. Sobre gente que manda o Hamas explodir, gente que afirma que o nazismo é de esquerda, gente que chama cônjuge de “conge”. O espaço desta coluna pede que, pelo menos de vez em quando, eu discorra sobre assuntos sérios. O problema é que eu vi um seriado ruim ontem e, desde então, não consigo pensar em mais nada.

Sabe quando aquele tipo de diretor “sou um artista perturbado e cheio de personalidade e referências publicitárias” se junta com aquele tipo de roteirista “sou simples, direto e chamarei de estilo o que parece falta de talento e de verba”? Então. Mas deixa pra lá, não quero dar minha opinião. Me sinto mal. São meus amigos.

Queria dizer à diretora de arte que uma protagonista amargurada que perdeu tudo aos 70 anos não pode ter o quarto de uma adolescente fútil. Queria dizer ao figurinista que as roupas não podem parecer toalha de mesa de boteco do Centro. Mas por que eu diria isso a alguém? Então fico na minha. A trilha sonora achei afetadíssima, quase posso ver o cara falando: “Misturei eletrônico com piano clássico e um incessante pulsar de coração”. Mas não gosto de falar mal do trabalho dos meus colegas, é muito sofrido pra mim.

Quero escrever sobre o absurdo, o vexame, a boçalidade. Ditadores sanguinários sendo exaltados, religiões sendo desrespeitadas, salas cor-de-rosa para mulheres que sofrem abusos. O espaço desta coluna pede que, pelo menos de vez em quando, eu discorra sobre assuntos sérios. O problema é que eu vi um seriado ruim ontem e, desde então, não consigo pensar em mais nada.

Fiquei tão espantada que não consegui mais parar. Assisti aos dez episódios em um único dia, e a coisa foi degringolando vertiginosamente. Anotei num caderninho tudo o que mais odiei, e foram 30 páginas de rabiscos. Contudo, não posso criticar a obra. Como detonar a série se o diretor é um dos meus melhores amigos? O produtor é padrinho da minha filha. A criadora foi quem me apresentou meu marido. O protagonista cuida da minha cachorra quando eu viajo. Apesar de eu estar tomando todo o cuidado e evitando ao máximo ser específica, vai que essas pessoas percebem que estou falando delas.

Já era tarde, mas chamei meu cônjuge e ficamos enumerando as mazelas dramatúrgicas da produção até as duas da manhã. Depois que ele dormiu, eu não estava conseguindo relaxar e mandei uma mensagem para um dos meus grupos de WhatsApp, perguntando se alguém estaria acordado e toparia comentar o tal seriado –mais da metade topou e ficamos nessa até o amanhecer. A gente dava até gritinhos de êxtase, mas era tristeza. Foi superdeprê.

Estou profundamente mal com tudo isso. Não gosto de depreciar trabalhos brasileiros. Mas esse, você viu? Minha nossa. É bem pior que aquele outro.

Agora estou aqui, um zumbi, sem dormir, no meu escritório, doida para achar alguém online que queira malhar o seriado. Claro que não gosto disso, chega a me cair a pressão. Minha mãe passou para me ver. Deu a desculpa que era para me trazer umas frutas, pegar uns documentos, mas sentou aqui do meu lado e começou a descer a lenha na série. Ela também viu. A gente ficou tão excitada esculachando loucamente o episódio 7 que escureceu e eu ainda não terminei de redigir esta coluna. Enfim. Eu queria escrever sobre tantos temas. Mas vocês viram esse seriado? É ruim demais. Querem me ligar pra gente conversar?

Publicado em Tati Bernardi - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Mural da História

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Choveu-se muito!

Nunca se choveu tanto em tanto tempo.

O prefeito Marcelo Crivella usa o ‘se’, alheio, impessoal e indiferente, para as consequências trágicas da chuva no Rio de Janeiro. A chuva vem por sua conta e risco dos outros. Não tem isso de ‘se chover’, ou ‘choveu-se’, para falar bonito. Chove, ponto final. O “nunca se choveu” é o traço patife e canalha do político que ser se safar (aqui cabe o ‘se’) da responsabilidade.

Para prefeito que está no cargo por tempo suficiente para antecipar solução ou atenuação para problemas recorrentes na sua cidade, só há uma solução: “cassar-se”. Com ‘se’. Em outros tempos e com merecimentos menores, o verbo adequado seria ‘guilhotinar’. Ou melhor, ‘guilhotinar-se’. Como a chuva é ato de Deus, para o bispo Crivella a culpa é de Jeová.

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Novo ABC do MEC

Paulo Freire criou um método infalível para alfabetizar adultos: expulsou das cartilhas nordestinas o Ivo viu a Eva e o Eva viu a uva, e introduziu nelas o óbvio – o vocabulário do habitat daqueles alunos. Cartilha da terra virou instantânea referência mundial, adotado por trocentos países. E o mestre é até hoje admirado e reverenciado onde exista civilização. Menos no Brasil, onde Paulo Freire foi apagado dos livros e da lousa pela estupidez desse governo que, antes de ser de extrema direita, é de extrema burrice.

Com seu gesto de arminha na mão e slogan pátria armada Brasil na boca, Bolsonaro faz descarada apologia da violência. E nisso é idolatrado, salve, salve, pelo exército, pelas polícias e milícias. E haja munição. Tanta bala à disposição de quem queira matar (com farda ou sem farda) que um grupo de soldados assassinou o músico carioca Evaldo dos Santos Rosa com 80 tiros.  No carro atingido pelos balaços, a família só escapou porque atirador de elite tem mira precisa. Mesmo tipo de pontaria que matou Marielle Franco e seu motorista, e tantos outros mortos pela precisão infalível.

Agora o MEC, o órgão com o maior rodízio de ministros nomeados e ministros demitidos dada a incompetência reinante na área, já tem tudo pra adaptar o método do mestre Paulo Freire aos novos e truculentos tempos. Saem a fauna e a flora da cartilha da terra e entra um ABC beligerante: A de arma, B de bala, C de chacina. O leitor pode seguir por si mesmo até o Z, o que não falta é palavreado mortal. E a matemática  também teria essa inspiração engatilhada: adição de cadáveres, subtração de provas, multiplicação de impunes, divisão da opinião pública (há quem condene e há quem aprove as matanças).

Tal cartilha didática, de temática sustentada por fuzis, metralhadoras, pistolas, revólveres e outros armamentos de uso exclusivo das forças desalmadas, tem até chances de ser adotada pela Escola Sem Partido. Essa aberração que ameaça o ensino público é bem capaz de prover livros em que o bê-a-bá seja assim soletrado. Provavelmente os ensinamentos soarão ao som de tiroteios ao redor das escolas.

E tudo indica que o matraquear das armas veio para ficar, que haverá paióis em cada prédio escolar para abastecer soldados e polícias hostis à educação. Se o presidente troglodita debocha do aprendizado e do conhecimento, quem irá desarmar pelotões e batalhões a serviço dele?

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Mural da História

O Estado do Paraná. Em algum lugar do passado.

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A luz que sai de um cano

Nada mais letal do que uma arma portada por profissionais e apontada contra um inocente

Há um mês, quando o país discutia a “flexibilização” do porte de armas—para que, com um revólver no cinto, os brasileiros pudessem andar tranquilos pelas ruas—, uma frase me chamou a atenção: “Somos a favor do porte de livros. A melhor arma para salvar o cidadão é a educação”. Fora dita por Marilena Umezu, professora de um colégio em Suzano, no interior de São Paulo. Como a mim, a frase deve ter sensibilizado muitos. Infelizmente, só soubemos dela pelo ataquecontra aquele colégio por dois ex-alunos armados, que resultou em dez mortes —das quais a primeira foi a de Marilena, que recebera os assassinos na porta com um sorriso. 

O porte de livros deve ser uma ideia esdrúxula para os que defendem o porte de armas. Um livro não dispara, não pode ser recarregado, não empresta macheza a ninguém. Já uma arma de fogo é enfática, passa sentenças definitivas e não apenas cala, como suprime seu interlocutor —fala a língua do Juízo Final.

Os partidários da arma de fogo devem saber que, desde o primeiro tiro, disparado por um canhão, no século 13, ela já matou mais do que todas as fatalidades, doenças e pestes juntas. Se isto os deixa excitados, talvez se espantem ao saber que as ideias contidas nos livros provavelmente mataram ainda mais —e que a maiorhttps://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/2019/04/a-luz-que-sai-de-um-cano.shtmlia das guerras que eles admiram saiu das páginas de um livro.

A diferença é que os livros, com muito maior frequência, também salvam vidas, constroem civilizações e iluminam a humanidade. Não é possível dizer isto de uma arma de fogo. A única luz que ela produz é a da chama que sai de seu cano —e cujo objetivo é apagar a luz de quem ela tiver como alvo.

Há pouco, um idiota comparou uma arma de fogo a um liquidificador, em relação ao seu perigo potencial. É difícil imaginar liquidificadores tão letais quanto armas de fogo portadas por supostos profissionais  —como soldados do Exército— e apontadas contra um inocente.

Publicado em Ruy Castro - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Marxismo cultural jamais

O novo olavo ministro da Educação assume atirando no pé: sua primeira e declarada meta na Educação é acabar com o marxismo cultural. Um ministro da Educação que põe adjetivo no marxismo é na melhor das hipóteses semi-analfabeto, na pior, nazista – digamos nazista cultural, para manter nível do debate. Não é ministro da educação, é da falta de educação, grosseirão talhado a machado, na medida do presidente que o nomeou. O marxismo é cultural, excelência. É interpretação do homem e do mundo. Portanto, cultural na mais pura essência. Aliás, na vida social tudo é cultura, desde o marxismo até o nazismo do genocídio, é a vida na mais ampla e dramática acepção.

Como esses caras mandam, como será o combate ao marxismo cultural? Só me ocorre o estilo nazi-fascista, métodos vindos da Santa Inquisição: tortura de pensadores e religiosos, mortos em fogueiras e, como de fogueiras falamos, da queima de livros. Pensadores e religiosos, insisto, do ventrículo esquerdo, que os do direito são bem vindos – Olavo de Carvalho e as bancadas troglodito-evangélicas. A Inquisição tinha especial gosto em queimar a Torá e punir com a morte os que a publicassem clandestinamente. A Torá é o livro sagrado dos judeus, como o ministro. Se bem que o ministro, discípulo do astrólogo Carvalho, está mais para a Cabala que para a Torá.

No Brasil pode ser diferente. Há motivos: o presidente muda muito de ideia e de ministros. O tempo da tortura parece que já passou. No entanto, tivemos apreensão de livros suspeitos de marxismo e a prisão dos donos dos livros nas duas ditaduras, a de Vargas e a militar. Como tenho o atributo orgânico e fisiológico do medo, recolhi meus livros marxistas: Marx, Lukács, Marcuse, Gramsci, Lefebvre, Hobsbawn, até o insuspeito judeuzinho Isaac Berlin foram despachados para a casa de Celso Renato Loch em Santa Catarina. Celso me deve esse favor desde que escondi seus cadernos de música quando foi preso pelo DOPS em 1969, vítima de denúncia anônima e falsa.

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