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Cléo Pires. Anúncio da revista Playboy. © Bob Wolfenson

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Poluicéia Desvairada!

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Show do milhão. 25 de março, centro de São Paulo.  © Lee Swain

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Salão Internacional de Humor do Piauí

A economista Creuza Martins e o cartunista que vos digita, na Praça D. Pedro II, em algum lugar do passado.  © Vera Solda

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Pólvora seca

“QUANDO ACABA A SALIVA, entra a pólvora” – a grande lição de diplomacia de Jair Bolsonaro em saudação aos formandos do Instituto Rio Branco, que ingressam na carreira do Itamaraty.

Relembrava a Guerra do Paraguai, que deu estatura às forças armadas, na época exército e marinha? Ou lembrava o Barão do Rio Branco, que projetou o Brasil na diplomacia internacional?

Não, falava da Venezuela e do possível envolvimento do Brasil em conflito armado. Ainda bem que a saliva do presidente é rala e a pólvora é seca. E guerra não se vence com perdigotos.

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Na agenda

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© Benett|Plural

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Asneiras do Messias

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Bolsonaro e seu sonho retroativo de ser militar

Jair Bolsonaro é um sujeito tão papudo, que costuma falar certas coisas da maior responsabilidade, se colocando em um papel que não se sustenta pela sua própria história. Em cerimônia no Itamaraty, nesta sexta-feira, ele disse a diplomatas: “Quando os senhores falham, entramos nós, das Forças Armadas. E, confesso, que torcemos, e muito, para não entrarmos em campo”.

Bolsonaro forçou a barra com esse “nós, das Forças Armadas”. O presidente da República é quem manda nas Forças Armadas, porém este papel constitucional não faz dele um componente militar. Sobre isso, aliás, o general Ernesto Geisel já foi muito claro: “Bolsonaro é um mau militar”. O ex-presidente do penúltimo governo do ciclo da ditadura militar falou isso em uma entrevista, lembrando o tempo em que Bolsonaro, já como deputado federal, atiçava as casernas para que os militares dessem outro golpe, retornando ao poder.

A verdade é que Bolsonaro saiu corrido do Exército Brasileiro. Respondeu a um inquérito por insubordinação e chegou a ficar preso 15 dias. Foi em 1988 o julgamento que pôs fim a sua carreira militar. Foi absolvido no STM, mas ficou claro que o processo podia voltar a ser apreciado. Foi praticamente uma ordem para que ele pedisse pra sair.

Quem abandonaria uma carreira militar no posto de capitão, saindo do Exército para ser vereador no Rio de Janeiro? Foi o que Bolsonaro fez. Das duas, uma: ou não tinha muito apreço pela carreira militar ou foi obrigado a sair. Portanto, “nós, da Forças Armadas”, uma pinóia. Bolsonaro está mais para paisano, além de já ter demonstrado que o conceito que Geisel tinha dele como militar serve também para definir sua qualidade como civil.

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Zé da Silva

Nunca entendeu o que queria dizer “hoje eu quero me acabar”. Não sabia se tinham lhe falado ou se era letra de uma música do passado. Nunca tinha se acabado. Nem de furrupa, nem do pior jeito. O máximo de prazer que sentia, não de se acabar, era jogar dominó com uns idosos como ele na mercearia da esquina. Uma vez por semana. Se acabar com o Chocomilk que tomava não deveria ser o que sempre lembrava. Rezou como nunca no seminário, para onde foi e manteve a abstinência sexual por todo o resto da vida. Saiu de lá porque um dia viu um padre de batina toda preta – e pensou num saiote de balzaquiana. Achou que era pecado. Herdou alguns imóveis dos pais. Vivia do aluguel que rendiam. Não tinha televisão, nem rádio. Não lia jornais. Comia o suficiente para não engordar nem 100 gramas. Tomava banho uma vez por semana. Seria a água quentinha a razão para se acabar? Um dia resolveu não mais se levantar da velha poltrona de couro empoeirada. Ficou olhando para o nada, como se esperasse uma aparição que lhe explicasse a grande dúvida. Acabou.

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Mural da História

O Estado do Paraná – Em algum lugar do passado

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A invasão da casa de Leopoldo López e os livros deixados para trás pelos capangas de Maduro

Tive uma boa impressão ao ver as fotografias do interior da casa do líder oposicionista venezuelano Leopoldo López. Muitos livros, o que é algo inusitado na residência de um político latino-americano. Infelizmente o motivo das fotos foi a invasão da casa do político, que desde terça-feira está refugiado na embaixada da Espanha. López mantém-se na luta nas ruas contra a ditadura de Nicolás Maduro, ao lado de Juan Guaidó, presidente do Parlamento reconhecido por mais de 50 países, entre eles o Brasil e os Estados Unidos, como presidente encarregado da Venezuela.

López é um político diferente da tosca direita venezuelana. Tem o perfil social-democrata. Era um dos favoritos na última eleição venezuelana para presidente, mas junto com Henrique Capriles promoveu o boicote das eleições, forçados pelos esquemas injustos que acabaram levando à reeleição fraudada de Maduro. Ele estava em prisão domiciliar, vigiado por guardas armados, até ser libertado por soldados contrários ao governo venezuelano durante a rebelião popular que começou na segunda-feira.

A invasão da casa do líder oposicionista foi certamente feita por um bando ligado ao governo Maduro. Os bandidos reviraram o local, destruiram e roubaram muita coisa. Mas como é do comportamento de capangas de ditadores, deixaram os livros, que aparecem nas fotos feitas enquanto Lilian Tintori, esposa do líder oposicionista, avaliava os danos e começava a arrumação. “Arrumarei minha casa, porque é o nosso lugar, onde vivem nossos filhos, se queriam amedrontar-nos aqui seguiremos de pé, firmes, como todos os venezuelanos”, ela escreveu no Twitter.

A foto que publico aqui é do Twitter dela. Reparem que em meio aos muitos livros, no chão está uma obra de Nicolau Maquiavel — o grande Nicolau — tendo na capa sua imagem mais conhecida, com o atilado olhar, numa cena em que o filósofo italiano bem pode estar questionando como é que ainda estamos desse jeito na América Latina, depois de passados tantos séculos que ele pensou e escreveu tudo aquilo.

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Absolut

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Fraga

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Aposta errada

Talvez fosse melhor o cabo Daciolo, mesmo com Jesus Cristo como vice

As forças que, há um ano, se juntaram para apoiar a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência devem estar se perguntando hoje se não teria sido melhor ficar com a primeira opção, o cabo Daciolo. Na época, ainda longe da largada, Bolsonaro e Daciolo, cada qual em seu box, As forças que, há um ano, se juntaram para apoiar a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência devem estar se perguntando hoje se não teria sido melhor ficar com a primeira opção, o cabo Daciolo. Na época, ainda longe da largada, Bolsonaro e Daciolo, cada qual em seu box, pareciam focinho com focinho nas preferências. Ambos preenchiam os requisitos: eram carismáticos, primários e quase medievais.

A ideia era a de que qualquer um deles, se eleito, faria uma simpática figuração no Planalto enquanto o país seria gerido pelos profissionais —os quais, depois de milhares de reuniões-hora em suas instituições, já tinham tudo esquematizado: abertura, reformas, volta da economia. Ao presidente, caberia uma agenda que o manteria ocupado e à distância da única arma perigosa ao seu alcance: a caneta. pareciam focinho com focinho nas preferências. Ambos preenchiam os requisitos: eram carismáticos, primários e quase medievais.

A ideia era a de que qualquer um deles, se eleito, faria uma simpática figuração no Planalto enquanto o país seria gerido pelos profissionais —os quais, depois de milhares de reuniões-hora em suas instituições, já tinham tudo esquematizado: abertura, reformas, volta da economia. Ao presidente, caberia uma agenda que o manteria ocupado e à distância da única arma perigosa ao seu alcance: a caneta.

Mas, já na campanha, Daciolo começou a assustar os apoiadores. Em vez de prometer salvar o Brasil, fazia de cada 15 segundos na TV uma versão pocket do Sermão da Montanha. Sua voz, amplificada por anos de salmos em quartéis de bombeiros, era “assertiva” demais. E, pela frequência com que dava Glória ao Senhor Jesus, era como se tivesse o WhatsApp do homem e somente a Ele daria satisfações no mandato.

Os apoiadores voltaram-se então para Bolsonaro, com seu jeito de matuto simplório. No poder —pensaram—, enquanto ele brincasse de capitão dando ordens a generais, eles tratariam do país.

Bem, Bolsonaro foi eleito e fez o que eles não esperavam: resolveu usar a caneta. Fala os maiores absurdos, toma decisões irresponsáveis, provoca incêndios que o próprio governo tem de apagar, quer acabar com a educação e o ambiente, tem três filhos dementes e se deixa guiar por um esperto que está vivendo algo nunca sequer sonhado: dirigir o país por controle remoto. Resultado: erraram feio. Daciolo talvez fosse melhor —mesmo com Jesus Cristo como vice.

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