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Elas

Penélope Cruz. © Peter Lindbergh

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O prêmio à venda

Banks não foi o único a vender sua medalha de campeão

O goleiro inglês Gordon Banks morreu outro dia, aos 81 anos. No jogo Brasil x Inglaterra, da Copa do Mundo de 1970, no México, ele pegou uma cabeçada à queima-roupa de Pelé, que a física depois definiria como indefensável. Pelé a desferiu quase da pequena área, violentamente, de cima para baixo e com a bola quicando no chão quando Banks já estava no ar. O normal seria que, quando ele acabasse de cair, ela entrasse por cima dele. Mas Banks, num prodígio de contorcionismo, a defendeu. Isso fez dele um dos dois ou três maiores goleiros da história. Na Copa anterior, de 1966, na própria Inglaterra, Banks já fora campeão por seu país.

Nos telegramas sobre sua morte, informou-se que, em 2001, Banks vendeu sua medalha de campeão do mundo num leilão em Londres. Ela foi arrematada por 124.750 libras —nada mal, embora talvez valesse mais, considerando-se de quem era. Banks pode tê-la vendido porque, naquele momento, o dinheiro lhe devia ser mais importante que a glória.

Ele não foi o primeiro campeão do mundo a se desfazer de seus prêmios. Volta e meia surgem nos leilões do Rio objetos ligados a um deles —a miniatura da taça Jules Rimet com que todos eram contemplados, a camisa de um jogo da Copa ou a própria medalha. Raramente ou nunca a peça é encaminhada pelo próprio jogador —porque ela já não lhe pertence. Vem de algum intermediário a quem ele, aí, sim, vendeu por uma mixaria.

E há souvenires que não chegam nem a isso. A camisa de Garrincha usada na final de 1962 não foi depositada numa igreja, como ele pediu. Um amigo a guardou, toda suada —até descobrir, décadas depois, que as traças a haviam devorado.

Pior ainda aconteceu com os dois Grammys que João Gilberto ganhou pelo disco “Getz/Gilberto”, em 1964. João enfiou-os num armário, em Nova York, onde morava. Tempos depois, ao mudar-se, vendeu os armários —com os prêmios dentro.

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© Cláudio Paiva – Jornalistas Livres

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Bolsonaro e Clemenceau

*A guerra é uma coisa demasiado grave para ser confiada aos militares – Georges Clemenceau, primeiro-ministro da França, 1917-1920

Adendo ao post anterior: mais dois oficiais generais no governo, desta vez em Itaipu, nono e décimo. Errado? Absolutamente. Os militares são, junto com os diplomatas, os funcionários públicos mais treinados do Brasil. E são cidadãos como quaisquer outros, portanto não há nada que os impeça de ocupar cargos públicos. E estão ou na reserva ou são reformados, portanto não há como voltarem à ativa. A menos, no caso dos primeiros, que o Brasil entre em guerra contra a Venezuela.

Nove generais em postos de primeiro escalão – excluído o vice-presidente, também general – em um governo civil, leva a pensar sobre nosso regime representativo. Os oficiais generais do governo Bolsonaro ocupam cargos que na normalidade democrática – ainda estamos nela – são de extração civil, política ou na sociedade civil. Em  um governo com o de Jair Bolsonaro, que fez sua carreira como deputado em franco antagonismo à política civil e em exaltada celebração das virtudes da ditadura, a presença de tantos generais em funções políticas leva a pensar sobre nossa democracia – assim dita – representativa.

Como se trata de Jair Bolsonaro já fomos longe, como ele este post teria que ser escrito em monossílabos, aos arrancos. Basta dizer o seguinte: nossa democracia representativa só tem representação no Congresso, onde na sua maioria estão os piores, caricatos, desonestos, enfim os que parecem responder ao que espera a sociedade brasileira (excluídos os que estão presos, políticos ou não). Uma representação esquizofrênica: os eleitores escolhem os seus, os que os representam, para o Congresso. Não é novidade nem absurdo, há disso em todo mundo. Entre nós choca pela extensão e pela intensidade, coisa muito nossa.

Mas para o Executivo o eleitorado escolheu, com avassaladora votação, alguém que se cerca de generais. Ou seja, o presidente não confia no povo que o elegeu. Ele chegou à presidência num golpe do destino, o atentado que o manteve longe da interlocução dos comícios e do debate televisivo. Esse povo confia cegamente no presidente – ainda, pois é volúvel. O presidente sabe que em eventual crise não será o povo que o manterá no poder. O presidente sabe que em eventual crise serão os generais que irão mantê-lo no poder. Quem sabe, lá no recôndito inconsciente coletivo, seja isso o que o povo quer: a volta dos generais.

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© Gal Oppido

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Crist

© Cristóbal Reinoso – Clarín

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Áurea Leminski, Antonio Thadeu Wojciechowski e Bárbara  Kirchner. © Anderson Tozzato

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Com ou sem confiança

Somos condenados ao atraso porque confiar nos outros é perigoso no Brasil

Numa das primeiras aulas do curso de paraquedismo, o instrutor mostrou como se dobra um paraquedas. Se você errar, o paraquedas não abrirá direito.

O instrutor acrescentou que, no primeiro pulo, cada um de nós (éramos 15) usaria um paraquedas dobrado por outro, não por ele mesmo.

Era uma pegadinha, mas houve uma longa troca de olhares, tensa e silenciosa, em que tentávamos entender se os outros eram “confiáveis” (e nos perguntávamos: o que eles veem? Será que me acham confiável?).

Nosso instrutor era um sargento paraquedista do Exército suíço. Ele queria instilar na nossa turma de estudantes universitários o nível de cooperação e confiança recíproca que é o padrão de um Exército.

Se estamos no mesmo pelotão, eu preciso confiar que meu camarada de sentinela das 2h às 4h não vai dormir. Sem isso, eu não poderei descansar e estar pronto para tomar o lugar dele às 4h, no turno seguinte.

Nas caçadas do domingo, na minha adolescência, sempre eram grupos de três que entravam num campo de milho ainda não cortado, atrás de faisões. Com os cães na frente, os três caçadores avançavam sem poder enxergar onde estavam exatamente os outros. Mas nunca duvidei: ninguém atiraria numa ave antes de ela levantar voo bem alto.

Esses três exemplos apresentam grupos com um coeficiente alto de cooperação e confiança. Qual seria o exemplo oposto?

Francis Fukuyama, cientista político, publicou o famoso (como de costume, mais discutido do que lido) “O Fim da História e o Último Homem”, em 1992 (Rocco). Três anos depois, veio “Confiança – As Virtudes Sociais e a Criação da Prosperidade” (Rocco), no qual Fukuyama analisa o impacto dos hábitos morais compartilhados sobre a prosperidade de uma sociedade.

A confiança é um dos fatores cruciais que fazem que uma sociedade seja próspera ou não.

Fukuyama define a confiança assim: uma expectativa compartilhada de que o comportamento dos outros será honesto e cooperativo —e isso, claro, fora do quadro familiar (os hábitos morais só têm interesse se funcionarem fora da família e sem intervenção do governo).

É fácil imaginar porque as sociedades com alto nível de confiança seriam mais prósperas. Assim como é fácil imaginar como a falta de confiança recíproca condena uma sociedade (o que sobrar dela sem confiança recíproca) à estagnação na pobreza.

Veja só. Você mora no último andar. Um dia, chove na sua casa, pelo teto. O síndico, solícito, chama uma empresa, a qual, em tese, faz o necessário. Você confia.

Alguns meses depois, num temporal, chove novamente na sua casa. O empreiteiro reaparece, diz que verificou as calhas etc. e vai embora garantindo o resultado. Você confia.

Volta a pingar água. O empreiteiro é convocado, comenta que a chuva foi excepcional e garante que, desta vez, está resolvido. Você não confia mais…

O serviço acabará, enfim, com outro empreiteiro, que saberá o que fazer e, monitorado, usará os materiais certos, que são levemente mais caros.

Essa pequena história só é engraçada porque ela não tem vítimas. Mas ela tem custos: seu custo social não é apenas o tempo desperdiçado por todos (zelador, síndico, empreiteiro, mão de obra, funcionários etc.), mas a própria deterioração da confiança (de todos) na competência, na honestidade e na eficiência do trabalho.

Logo antes do Painel da GloboNews de sábado passado, tomei um café com José Adércio Leite Sampaio, o procurador que coordena as forças-tarefas dos desastres do Rio Doce (Mariana) e de Brumadinho.

Perguntei se ele atribuía as mortes de Brumadinho à incompetência ou à negligência. Ele me respondeu que, no começo, ele tinha dado uma chance à ideia de que fosse um acidente. Rapidamente teve que levantar a hipótese da incompetência, logo a da negligência e, enfim, rendeu-se às provas de que a catástrofe era fruto de uma fraude.

Mariana, Brumadinho, o CT do Flamengo, a boate Kiss, os desmoronamentos da chuva no Rio, para uma amiga, são eventos que anunciam o fim do mundo e provam que, por alguma culpa, somos desafetos de Deus. Para mim, esses eventos só acumulam razões para cultivar a desconfiança social.

Podemos mitigar os riscos pessoais: por exemplo, para quem pode, não viver encostado numa barragem ou no morro do Vidigal. Mas, como comunidade, somos condenados ao atraso porque aqui, no país em que vivemos, confiar nos outros é perigoso.

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Quaxquáx!

 “Jogador tem que ser completo como o pato, que é um bicho aquático e gramático.” (Vicente Matheus, eterno presidente do Corinthians).

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Mural da História

Charge publicada no Jornal do Brasil

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Alcy, Spacca, o cartunista que vos digita, Guazelli e Reinaldo, em algum lugar do passado, no Rio de Janeiro.  © Vera Solda

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Bolsonaro: o mito desmoralizado pelo WhatsApp

As gravações de mensagens de áudio de WhatsApp trocadas entre o ex-ministro Gustavo Bebianno e o presidente Jair Bolsonaro têm um efeito parecido ao das gravações de telefonemas de Lula, liberados pelo então juiz Sérgio Moro na época em que Lula e Dilma Rousseff tentavam encontrar um modo de encaixá-lo em um cargo no governo petista para evitar que fosse preso.

Os diálogos entre Lula e a então presidente da República e outros companheiros, em março de 2016, revelaram uma pessoa mesquinha e grosseira, muito diferente do mito de propaganda que fazia o sucesso de Lula. Com Bolsonaro aconteceu algo parecido. Embora o chamado “mito” não tenha o peso histórico do chefão do PT, Bolsonaro se elegeu com a fama da integridade, da firmeza de propósitos, um político empenhado em atacar os graves problemas públicos brasileiros com rigor e seriedade.

Pois foi pego numa ordinária lavagem de roupa suja, alimentando futricas de uma cama de hospital, enquanto o subordinado que acabou sendo demitido procura colocar panos quentes na crise que o próprio filho do presidente criou e alimentou com um espírito da mais irresponsável molecagem. O diálogo absurdo mostra um presidente da República obcecado com uma questão irrelevante, deixando de lado a responsabilidade do comando de um país ainda atolado em uma crise econômica e moral muito grave. O eleitor brasileiro colocou no comando do país um sujeito que tem cabeça e temperamento de tia do WhatsApp.

Como o papo entre Bebianno e Bolsonaro foi por meio desta revolucionária tecnologia pode-se perguntar se os dois maiorais não tinham louça pra lavar. E todo mundo sabe da pilha de serviço por fazer. Coisas sérias para avaliação e estudo, talvez a Reforma da Previdência, o projeto de Sérgio Moro, assuntos desse tipo. E foi mais ou menos isso que Bebianno tentou dizer na conversa, apontando a irrelevância do tema levantado pelo presidente da República e o filho mimado, no ridículo debate público sobre quem mentiu quanto a existência de uma conversa sem importância. E no final ficou provado que o mentiroso é Bolsonaro. Mentiroso e otário. Hoje em dia não é preciso ser um craque em comunicação digital, como ele acha que é seu filho encrenqueiro, para saber do uso que costuma ser feito de diálogos pelo celular.

Bolsonaro sofreu um golpe forte, de uma forma parecida à repercussão entre a população das conversas privadas de Lula, reveladas pelo ex-juiz federal que hoje é seu ministro da Justiça. O impacto contra um mito pode vir de fatos muito simples como este, de uma conversa atravessada, que desmascara o sujeito que uma grande parcela de brasileiros pensava ser um estadista, revelando que ele não passa de um político tosco obcecado com picuinhas.

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O grelinho e a fila

Ticiane Pinheiro, paulistana, socialite e apresentadora de televisão, caiu na Síndrome Donata Meirelles: postou no Instagram a foto da fila em que estava em aeroporto do Rio. Não fosse o comentário – “está com cara de rodoviária” – o caso passaria batido. Comparar aeroporto com rodoviário foi visto como politicamente incorreto, ofende os brios das classes que viajam de avião, que desprezam ônibus e as respectivas rodoviárias.

O post de Ticiane não menospreza as rodoviárias, mas os aeroportos. Sim, porque excluindo as vésperas de feriadões, as rodoviárias são mais calmas. Viajar de Curitiba para São Paulo, por exemplo, é mais tranquilo de ônibus que de avião. A rodoviária, sem dúvida, não tem ar condicionado, nela só há uma escada rolante, mas não precisamos caminhar dois quilômetros para chegar à sala de embarque, como no aeroporto.

Há preconceito contra as filas dos aeroportos? Um ranço coxinha contra os viajantes mortadelas, porque foi a partir dos governos petistas que os pobres passaram a viajar de avião? Não exatamente os pobres no sentido econômico e social do termo. Na visão de Ticiane seriam os pobres de espírito, gente sem classe, que vai de chinelão e travesseiro para o avião, que esbarra na nossa cara os mochilões nos corredores apertados.

Aqui se abusou do politicamente correto. Ticiane não podia evitar, vive um reality show desde quando foi a senhora Roberto Justus. Ela fascina pelo candor, pela ingenuidade. Uma vez entrevistava Geyse Arruda, que fizera plástica íntima porque se inibia com a própria genitália, “parece uma couve-flor”, dizia. Ticiane quis esclarecer e pergunta para Geyse: “Foi no grelinho, né?” O Insulto fecha com Ticiane e não abre.

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