Miran

Desenho de Miran, do livro “Miran, Um Rapaz de Fino Traço”, Art no Papel, Casa de Ideias.

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Playboy – Anos 70

1970|Madeleine & Mary Collinson. Playboy Centerfold

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Cinquentinha

Madonna, 1985. © Revista Playboy

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Todo dia é dia

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Incontinência…

© César Marchesini

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Hoje!

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Amanhã…

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2019, essa incógnita

© Rafael Sica

Diante das apreensões de grande parte da população acerca do novo ano, adianto o que apurei junto a fontes inseguras quanto à natureza e as principais características de 2019. É o básico do básico, mas serve para acalmar tanto os sem norte quanto aqueles sem a rosa dos ventos.

Meses

Pra começar, estão previstos a dúzia de sempre. Se o orçamento permitir, alguns poderão ser repetidos. Se faltar verba, alguns deixarão de acontecer. Também podem ocorrer ajustes na extensão, como meses com 40 ou mais dias e outros com 10 ou 20. Conforme se defina a realidade, 2019 poderá ter vários agostos, ou um agosto prolongado. Tampouco está descartado que agosto dure de janeiro a dezembro.

Bimestres

Haverá entre 8 e 10, ainda é incerto.

Trimestres

Talvez fiquem em 4, no máximo 5.

Quadrimestres

Pode ser que sejam 2, quem sabe o dobro.

Semestres

Ainda em estudo, mas de 3 não passarão.

Quinzenas

São partes integrantes de cada mês, com uma novidade: poderão, de acordo com a vontade do poder público, serem desmembradas em quins e zenas, espalhadas ao longo do ano.

Semanas

Se 2019 se mostrar folgado, teremos 42. Se parecer apertado, entre 70 e 80.

Dias

O cálculo mais otimista seria de 365, porém, com sensação térmica de 420. Em cálculo pessimista, um ano interminável. (Ainda assim, um ano bem menor que os 3 subsequentes)

Anoiteceres

Um por dia, com oscilações na cintilância a partir das 15h. O lusco-fusco será patrocinado por usinas termoelétricas apagadas.

Noites

Seguirão os cálculos feitos para os dias. Apesar disso, nada impedirá que noites e dias ocorram de forma desparelha. Imaginem a vantagem para pesadelos. Trata-se de experiência: se der certo, será adotada durante todo o período da nova administração.

Madrugadas

Vão durar enquanto houver escuridão, podendo inclusive avançar pelas manhãs a fora. Nesses casos, as insônias estarão liberadas.

Alvoreceres

Pode ser que sejam em igual número dos anoiteceres, pode ser que não, depende das autoridades. Conforme as condições anticlimáticas, talvez o país até tenha auroras boreais na região do Equador.

Horas

Em princípio, as de sempre, sem ordem fixa ou sequência obrigatória. Ah, serão todas hora H.

Minutos

Cada hora terá quantos minutos couberem, todos com cara de último minuto ou, o que é mais provável, aparentando ser o minuto fatal.

Segundos

Vão variar: alguns durarão apenas um átimo de segundo, outros parecerão durar minutos, enfim, o alívio de uns vai compensar a agonia de outros. Como já é atualmente, aliás.

Fora esses detalhes, 2019 poderá ser um ano tipicamente brasileiro.

ExtraClasse

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Hoje!

Aos queridos gêmeos, um abraço do tio cartunista que vos digita.

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A poesia do encontro em Vila Rosa Maria

O carrossel da vida em Vila Rosa Maria

Foi no meu aniversário que o cartunista Solda me presenteou com alguns livros de Sergio Rubens Sossélla. Versos que na primeira ronda, ainda mesmo no bar que acontecia a festa, me estalaram ao que de mais profundo eu conhecia de poesia. Uma erupção, chibatas ouriçadas, poesia mínima que remenda a linguagem até a sua Inquisição. Fui me remendando. Remendei a minha disciplina com os livros, remendei a minha faísca com a palavra, e especialmente remendei a minha saga por mais livros do autor. Livros raros, alguns de tiragens de 15, 20 exemplares, feitos com a parceria de sua mulher-paixão Rosa Maria, estrelas cadentes que aos poucos floriam a minha vereda pueril. Sossélla montou a sua biblioteca, Vila Rosa Maria, e passou a dividir a paixão dos livros com a do cinema americano; outra fagulha embaraçava a minha cabeça: cinema e poesia, gominhos de uma mesma bola. A vida queimava e o Sossélla comigo; dando aula, discussão na academia, madrugadas fechando com o epitáfio de que a poesia de Sossélla é uma rachadura no coração.

a morte

revida

a vida

Depois da explosão, a consequência. Os meus livros de poesia foram nascendo mais beberrões, os versos paparicando abelhas e inchando os meus dedos. Não me importava que uma tia pegasse o meu livro e rechaçasse a poesia mínima. Mas Vinicius, só essas palavrinhas? E esse espaço em branco? Pensava em Sossélla e a sua virtude, a poesia mínima exige muito cuidado. Para se chegar ao nível certo da “flechada-zen” é necessário trabalho, constatação que Leminski-Bresson-Kolody já explicitaram em suas trilhas, e que na aura da leitura se emaranha muito mais. Nessa redoma, o grande mistério da poesia de Sossélla. Ela que te escolhe. Ela que te carbura ao ponto de potencializar a questão do leitor-poeta de Leminski (poesia tanto no emissor quanto no receptor); exige brio ao inatingível.

quem colhe tempestade

nem sempre semeou vento

Uma poesia minha ganhou o prêmio no Femup, Festival de Música e Poesia de Paranavaí. Apenas um verso rangia no meu pensamento, o endereço que está nos livros. Rua Martin Luther King, 3360. Cheguei na rodoviária e me animei com uma estrela desinibida que brincava com o alvorecer. Fui para o hotel, arrumei minhas coisas e na primeira oportunidade, chispei ao destino. O detalhe do muro na esquina me fez levar algumas horinhas, inclusive encontrei a casa depois de passar por todo o comércio arejando o poeta. Fiquei trêmulo, observando a mangueira, as poesias na entrada da casa e no devir da campainha, me retirei já satisfeito com aquele tempo que flanei diluindo uma íntima conversa sobre os espíritos.

 na luta

entre o mar e o rochedo

marisquei

O festival terminou na noite do Sábado, com a descoberta de pessoas irradiantes em suas desventuras, além das cigarras e a sua cantoria. Eu estava voltando para o Hotel, disposto a dormir e encarar a volta no Domingo, até que André e Karina, músicos ilustres, me apresentaram ao Amauri, pai do festival e fonte de uma luz especial. Começamos a conversar, surgiu o assunto da minha poesia mínima, até que retruquei que o prêmio seria uma homenagem ao poeta Sergio Rubens Sossélla. Falei do meu sonho e da minha peregrinação no dia anterior, ao que Amauri me inquietou: eu sou amigo da Rosa e do Serginho, o filho dele. Se quiser amanhã te levo para conhecê-los, já vou mandar um zap! O zumbido bateu e depois que ele confirmou, fui correndo para o Hotel esperar o dia seguinte.

deixem-me

insepulto e nu

urubu não come urubu

Mas a Vila Rosa Maria ainda guardaria mais emoções. Pedi para Rosa assinar um dos livros, ela foi para a mesa e no momento da data, começou a lacrimejar me dizendo: foi o Sossélla que te trouxe aqui. Hoje é a data de morte dele (18/11/18). Caí aos prantos e nos abraçamos, choramos. Eu, Rosa, Sergio, Amauri, André e Karina, fomos desconcertados pelo redemoinho da poesia. Foi o dia mais feliz da minha vida e guardo comigo cada segundo daquele dia. Ganhei uma foto do Sossélla segurando o livro originário de tudo isso, inclusive as poesias citadas estão nele: vida, carrosel da morte (1989). Hoje olho nos seus olhos e agradeço por tudo, inclusive dedico o meu livro O Futum das Birelas para essas pessoas que revoaram comigo o grande carrossel da Vila Rosa Maria.

não me descarto

de mim

Com amor, Vinicius.

*Vinicius Comoti se esconde pelo Ahú, abrolho menor de Curitiba. Costuma se debruçar sob o cinema brasileiro, como também vislumbrar em cada folha que despenca no seu caminho, a força de um verso cínico. Publicou os livros Lanzurapa (2016) e Leite com Manga (2018) e lançará em breve O Futum das Birelas pela Sendas Edições.

Kotter Editorial

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Assim rasteja a humanidade…

© Furnaius Rufus

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Hoje!

© Roberto José da Silva

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Abadiânia

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Hoje – imperdível!

Todo mundo lá!

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