A voz das urnas

No texto lido no lançamento do livro “Com todo o respeito, Excelências” e que foi publicado neste espaço na semana passada, escrevi que “o povo, desgraçadamente, acostumou-se, no correr dos anos, a seguir os falsos profetas, a gostar de mentiras, a conformar-se com ilusões. […] Por isso, o povo tem sido facilmente enganado, movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão. Aliás, o que os políticos e os administradores públicos menos querem é um povo que pense”.

A assertiva continua valendo depois do resultado das eleições de domingo. Na disputa majoritária para a presidência da República, deu o esperado (ou o temido). E o homem da bala, da ditadura militar, da tortura e do “bate e arrebenta” vai enfrentar o boneco amestrado do prisioneiro de Santa Cândida, raspa de tacho petista, com alguma dignidade pessoal, mas nenhuma luz própria, através do qual a malta corrupta sonha retomar a rapinagem. Seja qual for o vencedor, sofreremos as consequências como cidadãos.

No entanto, o resultado das urnas deu-nos certa esperança. O eleitor, ao que parece, está aprendendo. No cansaço, na frustração e no sofrimento, começa a aprender a pensar. Resultado: metade do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas foi mudada. Velhas raposas ambiciosas, safadas e improdutivas foram mandadas para casa. E isso nosenche de satisfação. No lodo da política nacional, brota um raminho verde.

Nesse aprendizado, o eleitor despediu (ou despediu-se de) Romero Jucá, Eunicio Oliveira, Edison Lobão, Garibaldi Alves, Sarney Filho, Marconi Perillo, Magno Malta, Valdir Raupp, Cássio Cunha Lima e até Eduardo Suplicy e, lamentavelmente, Cristovam Buarque, arrastados pelo tsunami renovador.

Da enfurecida matilha defensora de Dilma Rousseff caíram do trono Lindbergh Faria e Vanessa Grazziotin. A terceira ensandecida, Gleisi Hoffmann, foi obrigada a trocar o Senado pela Câmara de Deputados para não perder o foro privilegiado.

Aliás, o eleitorado deu um basta nas pretensões da própria Dilma, arrogante, incompetente e malévola, que, apesar de tudo, continuava solta por obra e graça do ministro Ricardo Lewandowski e já se achava dona de uma cadeira no Senado Federal por Minas Gerais. Recebeu uma banana dos mineiros.

Foram espanados ou tiveram acesso negado, igualmente, os Picciani (pai e filho), o filho de Sérgio Cabral, as filhas de Roberto Jefferson e de Eduardo Cunha e o pai de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, o velho César, ex-prefeito da cidade do Rio de Janeiro.

E o nosso Roberto Requião? O antigo “Zorro das Araucárias” envelheceu, perdeu o viço e a credibilidade. Tomou de assalto o MDB paranaense “velho de guerra” e o aniquilou; passou a adular o prisioneiro Lula, na expectativa de tornar-se o candidato salvador do PT e naufragou junto com a corriola petista. Agora, restar-lhe-á alisar o pelo dos seus corcéis, albergados na Granja do Canguiri.

E Beto Richa, o outrora garboso Charles Albert Richard (apud G. Must), tão envaidecido de sua extraordinária obra governamental? Na corrida para o Senado, não pagou nem placê, como se diz nos hipódromos. Chegou mancando em sexto, atrás da ex-vice-prefeita petista. Agora, volta ao banco dos réus, à disposição da Procuradoria Geral da Justiça e do juiz Sérgio Moro. Não haverá Gilmar Mendes que dê jeito.

Como se vê, talvez o eleitor brasileiro ainda não tenha aprendido a votar, mas está aprendendo. Sofre com o cardápio de opções que lhe é apresentado, mas demonstra não ser mais tão idiota como se dizia. Prova é o banimento de Dilma Rousseff, Roberto Requião e Beto Richa, por exemplo.

P.S. – A avassaladora votação de Jair Bolsonaro no primeiro turno, incluindo a formação da segunda maior bancada na Câmara dos Deputados, e a provável vitória do capitão no segundo turno devem ser creditadas a Lula da Silva, que após haver desencadeado a maior operação de corrupção já ocorrida no Brasil, tentou fazer de Haddad uma nova Dilma. O eleitor brasileiro pode até ser meio idiota, mas não gosta que o façam disso.

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Mural da História

marcha-da-maconha16 de junho, 2011

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Scalco quer derrota de Haddad e alivia empresários

Maior referência política no Paraná, o tucano Euclides Scalco, ex-ministro de FHC, provocou um suspiro de alívio, na terça-feira (9), durante a entrega do troféu “Guerreiro do Paraná” pelo Movimento Pro Paraná ao jurista René Dotti, na Associação Comercial do Paraná.

Pouco antes da cerimônia, um dos presentes perguntou ao ex-ministro qual era a opção dele para o segundo turno nas eleições presidenciais. Sem hesitação, Scalco deu o mote: “temos que derrotar o PT”.

A declaração correu como rastilho de pólvora entre gente do calibre do presidente da Federação das Indústrias, Edson Campagnolo, do presidente da OAB/PR, José Augusto Araújo de Noronha, o recém eleito senador Oriovisto Guimarães e a vereadora Julieta Reis, além de empresários, advogados e desembargadores que foram prestigiar a entrega do troféu a René Dotti. O reitor da Unicuritiba, Arnaldo Rebello, resumiu o sentimento geral: “depois que Scalco, nossa maior referência política, afirmou publicamente que temos que derrotar o PT estamos todos aliviados em votar no Bolsonaro”.

Para outros presentes a frase soou enigmática, pois Scalco não declarou nem recomendou voto em Bolsonaro. Deve ter deixado esta opção à consciência de cada um.

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O bunker dos pijamas – Jair Bolsonaro montou em hotel de Brasília o bunker dos quatro generais da reserva que planejam seu governo. Tem até alfaiate tirando as medidas das fardas civis, os ternos que os militares teimam em vestir completamente abotoados, hábito arraigado em décadas de caserna.

Greici News – Mal emergiu das catacumbas, mama Greici subiu ao monte para revelar ao mundo a ordem do senhor desobrigando Andrade, seu filho e herdeiro, do ato de contrição das segundas, no templo de Santa Cândida.

O primeiro a saber foi o destinatário da ordem, que a recebeu direto do senhor. Mas o que seria de mama Greici se não pudesse revelar o mandamento e mostrar ao mundo que ela é a eleita do senhor?

O grande circo místico – Que Lula, que nada, o misticismo está em Bolsonaro. A querida dona Paula me conta que o médium Chico Xavier previu a vitória do capitão quando disse que o Brasil seria salvo pelo homem cujo nome começasse com B.

Já a amiga Isabela, daquelas crentes de cabelo até a cintura, entrou em transe quando viu o capitão chegar perto dos 50%: “Estava escrito no Evangelho, o Senhor profetizou a vinda dele”.

O ‘dele’ em minúsculas para não confundir com Lula, que se diz messias sem ter sequer o nome do outro, Jair Messias Bolsonaro.

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Antipetismo pendular

Com erros do PSDB, eleitores contrários ao PT trocaram tucanos por Jair Bolsonaro

O antipetismo é um dos principais vetores a explicar a forte votação em Jair Bolsonaro (PSL). Essa é a parte da eleição fácil de entender. Afinal, é normal e esperado que o partido sob cuja administração ocorre uma megarrecessão enfrente a ira do eleitor. E o governo da petista Dilma Rousseff deu causa a uma crise que reduziu o PIB per capita em 9,1% entre 2014 e 2016.

O fato de a Operação Lava Jato ter revelado esquemas bilionários de corrupção em que o PT estava envolvido até a medula tampouco ajudou a sigla, embora houvesse várias outras legendas metidas nos mesmos e em outros casos.

A dupla adversidade custou ao partido os votos da classe média não originalmente petista que haviam sustentado suas vitórias de 2002, 2006 e 2010 (a de 2014 foi bem mais apertada). Ainda assim, o PT mostra uma notável resiliência. É o candidato da sigla, afinal, que disputará o segundo turno contra Bolsonaro. Grifes petistas como Dilma Rousseff, Eduardo Suplicy e Lindbergh Farias não conseguiram assento no Senado, mas o PT foi a legenda que fez a maior bancada federal, ainda que tenha encolhido em relação à legislatura anterior.

A anomalia deste pleito, parece-me, reside no fato de que não foi a centro-direita tradicional, isto é, o PSDB, que se beneficiou das estripulias do PT. Esse era o quadro até as eleições municipais de 2016, em que os tucanos em geral e Alckmin em particular se saíram muito bem. Mas, de lá para cá, uma série de erros do partido, em particular a forma como lidou com o governo Temer e o caso Aécio, fez com que uma massa nada desprezível de eleitores antipetistas trocasse o PSDB por Bolsonaro.

O movimento pendular entre esquerda e direita é parte, talvez a essência, do jogo democrático. O lamentável é que a onda direitista tenha encontrado representação numa candidatura extremista como a de Bolsonaro. O radicalismo é quase sempre um péssimo conselheiro.

Publicado em Hélio Hélio Schwartsman - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Fraga

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Poluicéia Desvairada!

Hospitalidade na Vila Madalena. © Lee Swain

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Da série “Cartas da Campanha 2018”

De Luiz Abi para Beto Richa – Meu querido brimo,

Escrevo esta para explicar que estou muito distante mesmo, aqui em Beirute, e tossindo muito. É por causa dessa tosse que eu vim aqui no médico libanês me consultar e também ainda não retornei para o Brasil pelo mesmo motivo: se eu tossir no avião, os outros passageiros reclamam. Sinto que a tosse vai durar muito, muito tempo e talvez nem passe nunca. Então vou ficando por aqui.

Eu sei que você não foi eleito para o Senado, mas estas coisas a gente tem que enfrentar na política. Uma hora é bom, outra nem tanto. Quero deixar um bom conselho: quando você ficar chateado, pense no Requião.

Parece que agora você vai cuidar da sua vida e isso é bom porque você vai adquirir mais experiência. Tem bons negócios no Paraná e eu posso orientar, como sempre fiz. Confie em mim.

Você é um brimo muito bom, e o Pepe também. Tem que ter muita paciência e esperar mais um pouco, porque como dizem aqui no Líbano, a caravana passa e tudo volta ao normal.

Um abraço,

Luiz Abi

*Estou mandando uns docinhos com tâmaras. É para entregar para o Deonilson, que ainda está lá, coitado.

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Imperdível!

O documentário traça um panorama sobre o ensino médio nas escolas públicas do Brasil sob diferentes pontos de vista, principalmente a partir dos estudantes. Isso é mostrado através de relatos de jovens, professores, diretores de escolas e especialistas. O foco é o valor da educação; Os desafios do presente, as expectativas para o futuro e os sonhos de quem vive essa realidade.

 “Muito Além do Peso”, “O Começo da Vida” e “Tarja Branca” são alguns dos documentários produzidos na última década pela Maria Farinha Filmes tendo por eixo a abordagem de questões centrais da vida social brasileira, combinando instantâneos do cotidiano e a voz de anônimos e especialistas. É exatamente o que faz “Nunca Me Sonharam”, tendo por tema a educação pública no país.

Ouvimos estudantes como Brenda e Carlos, Felipe e Giulia, Gustavo e Jamile, pelos quatro cantos do país. São críticos e sonhadores, generosos e exigentes.

O mosaico se completa com profissionais e pensadores ligados à juventude e a educação. São educadoras com Macaé Evaristo e Bernardete Gati, o filósofo e ex-ministro Renato Janine Ribeiro e o psicanalista Christian Dunker. De certa forma os aproximam o otimismo da ação e o pessimismo do diagnóstico.

“Nunca Me Sonharam” nos deixa a um só tempo mais céticos e mais esperançosos. É disto simbólico o belo título ser um achado de Felipe Lima, estudante do interior do Ceará.

“Nunca me Sonharam”, documentário de Cacau Rhoden, Brasil 2017 – 1h 24min.

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Millôr – Obra gráfica

© José Medeiros/Acervo IMS

Os curadores Cássio Loredano, Julia Kovensky e Paulo Roberto Pires mapeiam os principais temas que estiveram presentes ao longo de 70 anos de produção do artista. Ao ganhar as galerias, os desenhos, feitos principalmente para serem publicados na imprensa, revelam a força e a complexidade de uma obra fundamental para a arte brasileira. Acompanha a mostra um livro que, além de reproduzir os originais, traz ensaios críticos e uma cronologia de vida e obra de Millôr.

A mostra divide em cinco grandes conjuntos a obra gráfica de Millôr, dos autorretratos à crítica implacável da vida brasileira, passando pelas relações humanas, o prazer de desenhar e a imensa e importante produção do “Pif-Paf”, seção que manteve na revista O Cruzeiro entre 1945 e 1963. O acervo de Millôr, que reúne mais de seis mil desenhos e seu arquivo pessoal, está sob a guarda do Instituto Moreira Salles desde 2013.

Nascido no Rio de Janeiro e dono de um estilo próprio e de um humor ácido e inconfundível, Millôr Fernandes definia a si mesmo como jornalista. Para os leitores e admiradores, que o acompanharam ao longo dos seus mais de 70 anos de carreira, a definição parece insuficiente. Grande desenhista, escritor e tradutor, Millôr fugiu, desde sempre, do óbvio. Ficou órfão de pai e mãe muito cedo, mas contornou as adversidades da vida e, de maneira autodidata, aprendeu línguas e desenvolveu seu traço e seu texto.

Visitação – Entrada gratuita|18 de setembro de 2018 a 27 de janeiro de 2019. Galeria 1. Avenida Paulista, 2424. São Paulo/SP

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A vida de Beto Richa em boas mãos

É possível colher algumas notícias boas nesta eleição, especialmente de políticos derrotados que além dos defeitos usuais da classe política brasileira — como a corrupção e a incompetência — são responsáveis também pela estado falimentar de partidos importantes na democracia do país. Um insucesso que vem para o bem da organização política no Brasil é do ex-governador Beto Richa, do Paraná, que sofreu uma derrota na eleição para o Senado. Ficou em sexto lugar, com apenas 377.872 votos. Ele tentou eleger um filho para a Assembleia Legislativa, o que serve também como demonstração da sua falta de qualidade ética, mas falhou também nisso. Richa é um caso de fim de carreira sem volta.

Além de não ter construído legado algum de qualidade como parlamentar e administrador público, o ex-governador teve também um papel nefasto como dirigente partidário, sendo um dos coveiros do PSDB, partido destruído por ele como cacique autoritário, impedindo qualquer desenvolvimento e renovação que viesse a alterar seu poder sobre a máquina partidária. O resultado aí está, não só na falência do projeto tucano de um partido de centro-esquerda, como pela abertura para um candidato de direita, que cresceu em parte estimulado pelo vazio criado pela incompetência, a centralização de poder e a ambição pessoal pelo poder e pelo dinheiro, característico em políticos como o ex-governador do Paraná.

Pelo que disse logo que saiu o resultado da eleição no Paraná, Richa continua encenando para o público. Ao que parece, nem a acachapante derrota serviu para ativar a consciência de que palavras vazias soltas no ar não têm o dom de alterar a realidade difícil que terá de enfrentar, nessa irremediável queda no abismo. O político tucano falou até do “benefício” de ficar fora da vida pública, que vai permitir, conforme suas palavras, para “poder cuidar da minha vida”. O pretensioso afirmou que até agora só cuidou “da dos paranaenses”. Bem, isso faz parte dos absurdos que temos que escutar de políticos, depois deles terem destruído até aquilo que há de mais básico na sustentação do que a população precisa para viver. Mas pelo menos no caso de Richa é provável que tenhamos o prejuízo e também os insultos vingados mais adiante, porque para cuidar de sua vida ele terá a contribuição de promotores, policiais federais e juízes da Lava Jato e de outras operações contra a corrupção que investigam o que ele fez de fato na vida dos paranaenses.

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O mito e o mico

No Jornal Nacional de ontem o debate assincrônico. Mito e Mico falaram com os entrevistadores, não entre si. O Mito, mais para sargento que para capitão, ele e os chavões de sempre, a certeza inabalável na falta de ideias, a visão turvada pelos preconceitos. Não consultou o general vice falastrão, nem o generais calados do estado maior.

O Mico estava sóbrio, presidencial. Bem amestrado, algo receoso, titubeante. Dá para entender, vinha de peregrinação ao Monte de Santa Cândida, chamuscado pela sarça ardente e assolado pela algaravia do comitê central de Canaã – Gleisi, Franklin Martins, Luiz Dulci e Sérgio Gabrielli, o núcleo duro da palavra do Senhor.

Não precisa pertencer às categorias dos céticos, indiferentes, desanimados, desapaixonados e bem pensantes em geral para afirmar que o Mico foi melhor que o Mito. Isso importa? Nem um pouco, pois vivemos a guerra santa. Quem sobreviver, sobreviverá. E o Brasil? Ora, o Brasil é eterno. Enquanto durar.

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Tchans!

Marilyn Monroe. © Bert Stern

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