Eles apontam que parte do eleitorado de baixa renda migrou para o capitão reformado
O PT analisava, desde a semana passada, a conveniência de também criticar Jair Bolsonaro (PSL-RJ). A pressão para que isso ocorra vem de candidatos ao parlamento, em especial do Rio de Janeiro. Eles apontam que parte do eleitorado de baixa renda que tradicionalmente votava no partido migrou para o capitão reformado.
NA PAZ
Parte da equipe de Fernando Haddad (PT-SP) defende, no entanto, que enquanto ele continuar subindo nas pesquisas e a rejeição do capitão reformado seguir alta, o PT mantenha a campanha “paz e amor” adotada até agora. Segundo um integrante do grupo, o partido já reuniu arsenal para disparar contra o presidenciável do PSL. Ele ficaria armazenado para o segundo turno.
DE VOLTA
Quando Lula, até agosto, era incluído em pesquisas eleitorais, antes de ter o registro da candidatura indeferido, Bolsonaro tinha 11% entre eleitores de baixa renda, contra 49% do petista. Sem o ex-presidente, ele saltou para 14%, nas primeiras sondagens. E apareceu com 17% na mais recente pesquisa do Datafolha.
DE VOLTA 2
Pela tese do ataque a Bolsonaro, que ainda não é consensual na legenda, apenas o PT teria credibilidade para tirar esses votos de Bolsonaro, mostrando que ele sempre foi adversário implacável do ex-presidente.
Guedes elogiou o petista quando falava do jantar que teve com Dilma Rousseff, em 2015 —Wagner estava à mesa. Ele disse que sugeriu a ela que adotasse o plano econômico então defendido por Michel Temer. Ela teria cravado a faca na mesa e soltado um palavrão. Dilma já disse que ele é “um mentiroso”.
Jair Bolsonaro tem como bandeira de campanha a exaltação da família, porém sua candidatura vem fazendo exatamente o contrário, com um dramático efeito negativo exatamente no centro desta questão. Bolsonaro vem desestabilizando a família no WhatsApp. O clima de extremismo e raiva criado com os destemperos pessoais do candidato de direita e a manipulação política feita para usar em seu favor o velho conceito petista do “nós contra eles” vem demolindo o entendimento entre familiares.
Grupos de famílias do WhatsApp tornaram-se terreno insuportável de bate-bocas constrangedores, com ofensas, acusações e ameaças. Muita gente foi para o WatsApp em grupos menores com amigos e parentes exatamente para fugir da violência dos debates no Facebook. Pois muitos desses grupos foram tomados pelo compartilhamento de ataques, mentiras e materiais totalmente fakes, que vem sendo a norma de comunicação do esquema de Bolsonaro.
Com a convivência nos grupos familiares do WhatsApp sendo atrapalhada pela propaganda política bolsonarista, muitos se veem obrigados a se desligar deste meio de comunicação criado para aproximar as pessoas. Esses ambientes tecnológicos onde famílias se encontravam em harmonia agora estão vivendo um drama que é o mesmo das ruas do país, das redes sociais ou de qualquer lugar de encontro entre as pessoas.
Este é o efeito terrível da política de Bolsonaro, que eu sintetizo no slogan “Armai-vos uns aos outros”. É o que esse político maléfico vem fazendo com o clima político no Brasil, dando seguimento à política de raiva e extremismo do PT, que é nada mais nada menos que sua alma gêmea em um oposto ideológico.
E a coisa vai piorar se o plano bolsonarista der certo, com sua eleição. Teremos então o PT na oposição e Bolsonaro no governo, com petistas e bolsonaristas se alimentando do ódio que até agora vem fortalecendo esses extremistas inimigos da harmonia e do entendimento. Imagine o inferno que esse país vai virar.
Não se engane. Bolsonaro se nutre do fel da cultura política criada no poder por Lula e seu partido. Os petistas criaram esse caldo odioso de cultura e os bolsonaristas estão se lambuzando nele. Sobre políticos nefastos, costuma-se dizer que são farinha do mesmo saco. Com Lula e Bolsonaro é diferente: são escorpiões do mesmo saco.
A “trama diabólica” que o ex-governador Beto Richa alega ter sido montada para derrotá-lo, e à família, pode ser localizada nas investigações da força-tarefa da Lava Jato. Mas só que é ao contrário: a família Richa foi quem tomou atitudes para lucrar com a cobrança do pedágio, o maior assalto que já se praticou contra o bolso dos paranaenses e que já dura 21 anos.
Segundo os investigadores da Lava Jato, em informações divulgadas pela Gazeta do Povo, a família Richa, através de uma empresa designada como BFMAR – e aí se concluiu que o nome constitui as iniciais de Beto, Fernanda, Marcello, André e Rodrigo – formou-se uma outra empresa chamada de Ocaporã Administradora de Bens que, por sua vez, associou-se à Tucumann para constituir a HP Administração de Bens, e a Tucumann foi apresentada pelo governo Richa para se vincular à Odebrecht no consórcio vencedor da licitação para construir a Pr 323, a maior obra da gestão.
A Tucumann pertence ao empresário José Maria Muller, que tem participação na Concessionária Caminhos do Paraná, que opera no Lote 4 do Anel de Integração (BR 277 – Guarapuava, Lapa e Araucária), desde 1997. A sociedade entre os Richa e a Tucumann só durou até outubro, quando as investigações da Lava Jato chegaram no projeto da PR-323.
Mas, apesar do cronograma intricado, deixa explícito a presença da família do ex-governador na exploração da que seria a maior obra do Governo. E a “trama diabólica” mostra justamente os interesses familiares no futuro da rodovia, que seria explorada por concessão pela Odebrecht e pelos integrantes do consórcio por pelo menos mais 30 anos.
A cada nova divulgação das delações premiadas feitas pela Operação “Piloto”, nome dado pelos investigadores numa referência ao hobby automobilístico de Beto Richa, os paranaenses vão conhecendo a ousadia que tomou conta do grupo que comandou o Palácio Iguaçu nos últimos sete anos. Até mesmo a associação com uma concessionária do pedágio.
O mundo marcha para o retardamento mental como opção pedagógica
Um amigo de meu filho, de 35 anos, me contou que numa reunião com professores e pais, na escola de seu filho de sete anos (escola esta frequentada por ele, assim como pelos meus filhos até o vestibular), um pai cobrou que na nota fosse levado em conta o conteúdo “dentro das possibilidades do seu filho”. Há uma recusa ao amadurecimento no ar.
Na mesma escola, anos atrás, numa reunião dessas, ouvi uma mãe cobrar da escola que “heroínas femininas fossem usadas em sala de aula para que as meninas fossem empoderadas”, e, da mesma mãe, “que a escola deveria dar mais atenção à África do que à história romana, grega, hebraica e mesopotâmica”.
Pensei como deveria ser um saco, para uma professora, depois de um dia inteiro de aulas, ter que aturar pais metendo o bedelho no que não entendem e, literalmente, enchendo o saco.
Sim, o mundo está bem chato. O sapiens está saturado de ruídos. Espécie pré-histórica, evoluída num cenário do alto do Paleolítico, em meio à preponderância do silêncio, agora, com iPhones na mão, assola o mundo com opiniões. Falam muito da destruição do ambiente; temo que o sapiens se destrua falando demais.
Exemplos dessa pedagogia contra o amadurecimento já estão na universidade. E logo estarão nas empresas. Pais e psicólogos atacarão o RH das empresas com ameaças de processos jurídicos, como já ensaiam nas escolas e universidades, porque essas empresas não estarão levando em conta a “economia da autoestima” de seus filhos estagiários.
Exagero? Não exagero. O mundo marcha a passos largos para o retardamento mental como uma opção pedagógica. Frase insensível à vulnerabilidade das pessoas?
Há um culto da vulnerabilidade por aí. Pais e profissionais cada vez mais fazem pressão para que as instituições de ensino relativizem normas de avaliação em nome de ficar “dentro das possibilidades” de seus filhos.
Entre as várias hipóteses possíveis, julgo que a raiva reprimida de ter que perder tempo, dinheiro e saúde cuidando dos filhos faz com que muitos pais exagerem nas provas de “amor e cuidado” com eles, exigindo que o resto do mundo os ame, como eles mesmos não são capazes.
Exagero? Talvez um pouco, mas não muito. Lanço mão de uma tática argumentativa chamada hipérbole (quando você exagera num argumento para defender uma hipótese que está aquém da afirmação exagerada), por causa do desespero que dá ver os pais destruírem a vida dos filhos fazendo deles zumbis adictos de formas institucionais de distribuição de autoestima.
Fala-se muito de educação, mas ela já foi para o saco há muito tempo. A fúria de fazer o mundo melhor nos destruirá a todos. O esvaziamento dos vínculos familiares pressiona o Estado e as escolas para cumprir o papel de pais narcisistas e de saco cheio. Aliás, todo mundo está de saco cheio, o Sapiens não se aguenta mais. Uma espécie pré-histórica perdida na redes.
Entre 1990 e 2010, o termo “estudantes vulneráveis” passou de 55 referências para 1.136. De 2015 a 2016 houve 1.407 referências ao mesmo termo. A fonte é LexisNexis Database. Quem a cita é o sociólogo Frank Furedi, no seu mais novo livro, “What’s Happened To The University? A Sociological Exploration of its Infantilisation” (o que aconteceu com a universidade? Uma exploração sociológica de sua infantilização, ed. Routledge, 214 págs.), sem tradução no Brasil. Proponho a leitura para pais, professores e pesquisadores do assunto.
A conclusão do autor, que se dedica a esse campo, no mínimo, desde 2004, quando publicou seu “Therapy Culture” (cultura da terapia), também sem tradução no Brasil, é que ao optarmos por uma narrativa da vulnerabilidade, optamos por estudantes infantis.
Numa linguagem exagerada, estamos criando uma sociedade de inseguros afetivos e cognitivos. Os idiotas da tecnologia acham que porque existem crianças de três anos que mexem em iPads, elas são mais inteligentes. Numa espécie de lamarckismo para idiotas, pensam que, como os pais usam muito iPads, os filhos nascem sabendo mexer neles.
Furedi devia ser leitura obrigatória para quem pede para a escola levar em conta, na avaliação, as possibilidades do filho. E o pior é que esse pai se acha o máximo. Um dos efeitos colaterais da maior escolaridade é que a pessoa fica menos cuidadosa em assuntos que não domina. Fiéis às bobagens fragmentadas que leem, enviesadas por modinhas do Face, esses pais jogam o amadurecimento dos filhos no lixo.
A coligação do candidato João Arruda entrou na noite desse sábado (22) com uma representação no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) intimando as emissoras de rádio e televisão do grupo Massa, de propriedade da família de Ratinho Júnior, a comprovarem se exibiram ou não todas as inserções do candidato do MDB ao governo do Estado no horário eleitoral gratuito.
O pedido foi feito após a coligação de Arruda descobrir que, nos dias 9 e 10 de setembro, a Rádio Massa FM não veiculou nenhuma das cinco inserções a que tinha direito o candidato do MDB. No mesmo período, os candidatos Cida Borghetti e Ratinho Jr tiveram todo o material transmitido.
Após o TRE mandar a emissora se manifestar, a rádio da família do ex-secretário de Beto Richa admitiu que não exibiu as inserções nesses dias, e também nos dias 8 e 11 de setembro, alegando que houve falha no envio do material. O fato, porém, foi desmentido na nova representação enviada pelo MDB, que anexou a cópia do e-mail com os arquivos de todas as inserções, enviado em 5 de setembro a todas as emissoras de rádio da família Ratinho.
O MDB pede que o TRE-PR mande a Rádio Massa FM reexibir imediatamente todas as 20 propagandas de João Arruda que foram sonegadas. E solicita ainda que seja aplicada multa de R$ 200 mil por inserção não divulgada e, se as emissoras de Ratinho Jr insistirem em boicotar João Arruda, que a Justiça determine a prisão dos diretores responsáveis.
Caso seja comprovada a sabotagem com as inserções, o departamento jurídico da candidatura do MDB solicita que a Justiça Eleitoral comunique a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para que abra processo administrativo, de modo a suspender ou cassar a concessão pública das emissoras de Ratinho que infringiram seu dever legal.
A campanha do aliado de Beto Richa enfrenta ainda o agravante de responder por outras investigações judiciais eleitorais: uma por abuso do poder econômico pela utilização do apresentador Ratinho na condição de artista, e outra pelo uso de robôs (bots), programas de propagação na internet, com aumento vertiginoso de reações de seguidores sem lastro real. Neste último caso, o desembargador Tito Campos de Paula, do TRE-PR, determinou inclusive a quebra do sigilo da página de Ratinho Junior no Facebook.
É uma eleição cabulosa, em todos os sentidos, esta que o eleitor brasileiro está quase literalmente tendo que enfrentar. No geral, não é fácil encarar as opções apresentadas, por isso é necessário muita atenção na decisão do voto, com preocupação até com questões básicas, nesta realidade de uma bizarrice espantosa que virou a política brasileira, onde já faz tempo que até a honestidade tornou-se um atributo especial.
E atualmente também a boa educação virou um requisito essencial na escolha do candidato. Eu sei que é absurdo considerar essa qualidade para votar em alguém, mas no país em que já existe o despropósito da honestidade ser tão rara que acabou fazendo parte inclusive da propaganda de candidatos, agora temos que observar se o candidato respeita o próximo, se ele aceita ou ao menos ouve críticas e até se não dá um tapão ou atiça seus seguidores ao ataque feroz nas redes sociais.
Este desrespeito pode ser avaliado até como uma condição técnica, em candidatos que atropelam a fala de entrevistadores em programas de entrevistas, com a falta de respeito até ao ritmo de um diálogo jornalístico, no qual não cabem longas exposições em formato de palestra, nem muito menos o lero-lero para escapar do questionamento. O falatório destrambelhado como escapatória é um insulto ao eleitor.
Numa sociedade com razoável equilíbrio seria desnecessário apontar como absoluta má qualidade jogadinhas bobas, como alegar de forma negativa a condição política ou financeira do veículo no qual está sendo entrevistado — pois então caberia perguntar por que o espertalhão está lá — e até da vida pessoal do jornalista. E cabe acentuar que não vale xingar em palanques, afrontar jornalistas e eleitores, desrespeitar a relação interpessoal com colegas parlamentares, tratar mal pessoas que estão fazendo seu trabalho, tudo isso deve ser avaliado como uma baciada de péssimas qualidades.
O mau comportamento pode até parecer relativamente inofensivo diante de tantas barbaridades na política, podendo inclusive ser tido como expressão de grande habilidade mental do mal educado, mas não é bem assim. Bolsonaro, Haddad e Ciro Gomes fazem isso o tempo todo, mas não é por terem mais qualidade retórica. Essa jogadinha boba qualquer um faz. É certeza que Alckmin, Amoêdo e Marina, além de Alvaro Dias, todos os quatro tem até muito mais habilidade retórica do que os já citados. É por terem senso de responsabilidade que eles não entram nesse esquema cretino de usar acusações para fugir do assunto. O certos políticos costumam fazer não tem mérito algum. Ao contrário, é um abuso contra regras básicas do diálogo, cujo ritmo num trabalho profissional cabe ao entrevistador e não ao entrevistado.
A fuga ao assunto, com jogadinhas que envolvem a vida do entrevistador e a situação dos veículos jornalísticos é um sinal de sérias dificuldades psicológicas para encarar questões importantes. Sem dúvida nenhuma, isso vai ser pior depois, no futuro, caso o mal educado ganhe a eleição. Ao votar em alguém, não pense que o poder irá melhorar este político. Eles pioram. E está aí o Lula e uma porção de companheiros dele que não me deixam mentir. Essa atitude de fuga do debate sério das questões nacionais e dos enroscos políticos de cada um permanecerão ativas no poder, com o agravante do desavergonhado dispor então da maquina governamental para impor sua vontade. O brasileiro deveria saber como isso funciona. Lula e seu partido, como eu já disse, de forma calculada colocaram em prática essa pressão sobre a sociedade, procurando impedir o debate sobre seus erros e malfeitos.
Outra consequência do político apontar o dedo para os outros para não ter de comentar seus próprios defeitos é a influência sobre a opinião pública, efeito já em andamento a partir do comportamento dos candidatos em campanha. Isso contamina a visão dos eleitores, alterando o comportamento da população para um padrão violento e de desrespeito a opiniões contrárias. Já estamos vendo isso na balbúrdia das redes sociais e nas amizades rompidas pelo que deveria ficar restrito a uma simples discussão política.
Mas sigamos adiante. Não basta que o candidato seja bem educado e respeite regras básicas do diálogo. Em conjunto com a boa educação, cabe ao eleitor avaliar com rigor a real representatividade e independência pessoal do político. Alguns fingem muito bem. Um candidato pode ter o costume de ser educado nas relações, com a oportuna frieza para não alterar a voz nem se exaltar nos argumentos, mesmo em situação de clara provocação. Esse tipo suporta mesmo pegadinhas idiotas que hoje em dia são feitas absurdamente até por jornalistas. Existem especialistas para ajudar a desenvolver este desempenho.
Pode-se dizer que é a personalidade de “consiglieri”, aqueles assessores da máfia que faziam o papel de intermediários do interesse do chefão. Não é preciso ter um padrinho, mas alguns deles têm até isso. E quando acontece de um motivo de força maior exigir que o consiglieri tenha que atuar no papel principal, são os azares da história. Ou melhor, da História, com maiúscula.
Em “O poderoso chefão”, de Francis Ford Copolla, o papel de consiglieri é interpretado pelo ator Robert Duvall, numa atuação admirável. Ele é Tom Hagen, que além de secretariar diretamente os negócios mafiosos era quem levava a alguém uma decisão irrefutável encaminhada educadamente como uma oferta do padrinho, que na inesquecível performance de Marlon Brando, dizia que o consiglieri era o portador de uma proposta que a pessoa “não poderá recusar”. Parece com certo tipo de proposta que ouvimos hoje em dia, não é mesmo? Mas, no filme, um pedido feito de forma diplomática por Tom Hagen é repelido por um produtor de Hollywood, terminando numa cena memorável da história do cinema, quando ele acorda numa manhã ao lado da cabeça decepada de seu cavalo premiado. Sei que o símbolo é forte, mas não é muito mais escabroso do que certos projetos para o futuro do país.
Bonzinho no inferno – Toda eleição é a mesma coisa. Na reta de chegada, como agora, aqueles candidatos que se apresentavam como anjos salvadores se transformam em vingadores, porque descobrem que o eleitor sabe que ser humano bonzinho existe tanto como fotonovela de final feliz. Aí, de um dia para o outro, se transforam em anjos vingadores, atacam os adversários com as maiores baixarias – e acabam mesmo queimando no fogo do inferno da derrota.
Zé da Silva –Achei a lua horrorosa naquela noite. Não sabia o motivo. Dava para tomar banho de luz com ela, lembrando da Celly Campello e todos os poetas encantados. A escuridão tinha baixado logo depois do amanhecer. O sol se espatifou ao comando de uma dor no coração que teimava em bater além da capacidade da idade. Os olhos de um caranguejo apareceram na lama do manguezal. Na televisão um homem cobrou a dívida de crack da prostituta com facadas que lhe calaram a súplica pela vida. Por que chorei desamparado ao lado do astronauta na sala branca de 2001 Uma Odisseia no Espaço? Sem pai nem mãe. Eles foram embora antes que eu me aninhasse em seus colos para ensinar o que não tinham recebido e aprendido. Soube que digitalizaram “Viagem à Lua”, do Georges Méliès, mas aqui na terra o foguete não entrou no meu olho direito. Exocet não pediu permissão. Furou e se alojou sem explodir no cipoal da alma.
Em 2015 uma lei de Santa Catarina proibiu a propaganda de medicamentos e similares dentro do estado. Contudo, o Supremo Tribunal Federal julgou a lei estadual inválida, pois já existe uma lei federal que trata do assunto.
No Brasil desde 2001, toda propaganda de remédios deve conter obrigatoriamente a advertência que, a persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado.
As propagandas de remédios normalmente prometem aos consumidores o emagrecimento rápido, a cura para problemas da pele, a cura da queda dos cabelos, a cura da impotência sexual, a cura da azia, da má digestão, da dor de cabeça dentre outros assuntos.
A promessa do resultado aos consumidores, a nosso ver, é enganosa pela razão de induzir em erro o consumidor a respeito da qualidade e das propriedades do produto.
A mera recomendação do insucesso do produto para consultar um médico não afasta o caráter enganoso da propaganda, que promete e não cumpre resultado esperado.
Senão vejamos, o consumidor compra o produto, pois acredita na cura ou no resultado, e se este não ocorre, ele gastou o seu dinheiro na ilusão, na fantasia que foi induzido pela propaganda.
A lei catarinense estava correta em proibir toda e qualquer propaganda de remédios, mas perdeu sua validade em razão da existência da lei federal.
A permissão da propaganda de remédios e similares é que está em desacordo com o Código de Defesa do Consumidor. Esta brecha legal é resultado da força econômica e política dos grandes laboratórios e da indústria farmacêutica.
É possível o consumidor denunciar por meio da página da internet ou pessoalmente junto a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, uma propaganda na qual foi induzido à erro ou enganado.
Desde 2016 há um projeto tramitando na Câmara Federal que proíbe a propaganda de remédios no Brasil.
A lei que permite a propaganda de remédios é a mesma que autoriza a propaganda de bebidas alcóolicas e cigarros no Brasil. Daí a dificuldade em alterá-la ou revogá-la, pois são três indústrias poderosas que querem a permanência das regras atuais.
Por fim, nos países altamente civilizados não é permitida a propaganda de remédios, nem muito menos de produtos que causam dependência física e psíquica, como as bebidas alcóolicas e cigarros.
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