RIO DE JANEIRO – As imagens são de chorar. Infiltrações nas paredes, reboco caindo, pisos de tábuas podres, água vazando sobre documentos e equipamentos inestimáveis, além de rachaduras, mofo, cupim -donde insalubridade, insegurança e aulas suspensas. Por fora, o símbolo do abandono: fachadas pichadas.
O cenário é o da Faculdade de Educação da UFRJ, na Praia Vermelha, herdeira da antiga FNFi (Faculdade Nacional de Filosofia) da Universidade do Brasil, esta com origens na Real Academia, aberta no Rio em 1792. O que essa instituição terá feito de tão maravilhoso pelo Brasil para merecer tal tratamento?
Enquanto isso, na Uerj, no Maracanã, o panorama não é muito diferente. Em novembro, com salários em atraso, os funcionários terceirizados da limpeza e da segurança sumiram e, também por insalubridade, as aulas foram suspensas. Mesmo porque, com as bolsas de estudo com pagamento igualmente atrasado, o movimento de alunos caiu. A falta de dinheiro atingiu ainda outras instalações da Uerj, como o seu colégio de aplicação e o hospital universitário -neste, cirurgias foram reduzidas a menos da metade por falta de médicos, luvas plásticas e compressas.
As lindas bibliotecas-parque da avenida Presidente Vargas, no Centro, e de Niterói fecharam por falta do repasse de verbas do Estado. Grupos de teatro, leitura e atividades educativas ficaram no sereno. Os funcionários receberam aviso prévio -se o dinheiro não entrar, serão demitidos.
O MEC reduziu verticalmente sua compra anual de livros para adoção. As editoras, mesmo as ricas, não sabem o que as espera em 2016. A Cosac Naify fechou. A livraria Leonardo da Vinci não fechará, mas não será a mesma Da Vinci. A educação e a cultura parecem estar se desfazendo.
Paira uma sensação de que, assim como o presente, nosso futuro já fracassou.
Ruy Castro- Folha de São Paulo