Numa única frase e com uma simples indagação, o leitor da Folha de S.Paulo Milton Córdova Júnior, de Vicente Pires, DF (Painel do Leitor de sexta-feira 21/09), atinge o alvo com certeira pontaria: “Se Haddad é Lula, ele não deveria estar preso lá em Curitiba?”.
Não só Haddad, meu caro Milton, mas também Geisi Hoffmann, Manoela D’Ávila, Dilma Rousseff, Lindberg Farias, Eduardo Suplicy, Dr. Rosinha e todos aqueles que entregaram a alma ao prisioneiro de Santa Cândida. Lula é um meliante condenado e recolhido ao xadrez da Polícia Federal da capital paranaense por conduta criminosa de corrupção e lavagem de dinheiro. A decisão do juiz Sérgio Moro foi confirmada, com ampliação de pena, pelo TRF4. Assim, todos aqueles que se dizem ele devem ter o mesmo destino.
Se Haddad é Lula, está impedido de ser candidato à presidência da República. Em campanha pelo país, ele ludibria o eleitor. Se vencer a eleição, deve ser proibido de assumir, por força da lei.
Aliás, esse culto desesperado à figura barbuda nem Freud explica. Quer dizer, até poderia explicar. Sigmund diria que se trata de aguda carência da figura paterna. Na Teoria da Sedução, ele defende que toda neurose teria origem em abuso sexual. Já em carta a Fliess (Wilhelm Fliess, médico alemão), confessa haver se apercebido“que todas as três neuroses (histeria, neurose obsessiva e paranoia) exibem os mesmo elementos (ao lado da mesma etiologia), quais sejam, fragmentos de memória, impulsos (derivados das lembranças) e ficções protetoras; mas a irrupção na consciência, a formação de solução de compromissos (isto é, sintomas), ocorre nelas em pontos diferentes. Na histeria são as reminiscências, na neurose obsessiva os impulsos perversos, na paranoia as ficções protetoras (fantasias) que penetram na vida normal, em meio a distorções devidas a solução de compromisso”. Complicado? Em se tratando de Freud, não poderia deixar de ser, mas talvez explique parte da questão aqui levantada.
Já arredando Freud do caminho, temos uma explicação bem mais simples: essa dependência é falta de luz própria, ausência de atributos pessoais para conquistar o eleitor. Quer dizer, sem Lula, o PT não existe. Por isso, o presidiário virou ventríloquo, isto é, aquele que projeta a voz, sem que aparentemente abra a boca ou mova os lábios, a fim de que o som pareça vir de fonte diferente de quem fala.
Fernando Haddad é o atual boneco falante de Lula. Sentadinho na perna de Luiz Inácio, diz aquilo que o chefe quer dizer. Com uma inovação na antiga ventriloquia: Haddad tem voz própria, mas faz questão de alardear que quem está falando pela sua boca é o chefe. Pessoalmente, não teria voto. A propósito, a maioria de seus eleitores no Nordeste o conhece como “Andrade”.
Além do que, soa engraçado – se não fosse trágico – quando ele afirma estar preparado para “corrigir o mal que fizeram ao Brasil”. Fizeram quem, ó cara pálida? Michel Temer e quadrilha?! Esses acabaram de chegar, instalaram-se no Planalto há menos de dois anos. Já nos últimos 15 anos o mal foi feito pela companheirada aí do vosso lado: o barbudo que a excelência é agora; a gerentona desqualificada, que o fiel vassalo Lewandowski manteve elegível; a petezada velha de guerra, que se embriagou com o poder e arrecadou dinheiro através da Petrobras; aquele tal Mantega, que já deveria ter virado margarina no xilindró…, enfim, essa fina malta da qual os brasileiros conscientes não querem mais ver nem a sombra.
Sabe, prezado “Andrade”? Se não o encarcerarmos urgentemente, esse vosso discurso demagógico e mentiroso, ditado pelo mentor de Santa Cândida, ainda vai causar um mal maior ao Brasil: entregar o país de bandeja ao desatinado atualmente alojado no hospital paulista Albert Einstein – aquela figura nazistóide saudosa da ditadura militar, cujos métodos perversos e antidemocráticos pretende, uma vez no poder, reintroduzir no Brasil para a desgraça nacional.
Te aguardaremos no Inferno!
P.S. – Na mesma quinta-feira passada e com o mesmo título (Entre a cruz e a caldeirinha), a colunista Mariliz Pereira Jorge, da Folha de S.Paulo tratou do mesmo assunto aqui tratado pelo acima assinado: as possibilidades de as duas piores opções chegarem as segundo turno da eleição presidencial; o clima de ódio reinante ser garantido por mais quatro anos; grande parte do eleitorado, que não quer nem Bolsonaro nem Haddad tornar-se refém de uma guerra entre duas facções; e, por decorrência, ser colocada em xeque a democracia. Vale o registro. Coincidências não existem, mas às vezes elas acontecem.