Parabéns a Netanyahu por condenar declaração anti-muçulmanos de Trump

Parabéns ao premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, por condenar as declarações contra os muçulmanos de Donald Trump, pré-candidato republicano à Presidência dos EUA. Já critiquei uma série de vezes o primeiro-ministro israelense, inclusive quando ele fez uma declaração polêmica sobre árabes – israelenses (cristãos e muçulmanos) nas últimas eleições parlamentares de Israel. Mas hoje acho necessário elogiar publicamente Bibi por sua atitude ao criticar Trump.

Abaixo, declaração oficial de Netanyahu, que governa um país onde 20% da população é muçulmana – o maior percentual em uma nação ocidental.

“Prime Minister Netanyahu rejects Donald Trump’s recent remarks about Muslims. The State of Israel respects all religions and strictly guarantees the rights of all its citizens. At the same time, Israel is fighting against militant Islam that targets Muslims, Christians and Jews alike and threatens the entire world”

Sua condenação levou Trump a cancelar sua viagem a Israel. Lembro que, além de Netanyahu, as principais organizações judaicas dos EUA também condenaram as declarações de Trump, nas quais ele pede que seja barrada a entrada de muçulmanos no país. Os judeus, mais do que ninguém, sabem onde o discurso xenófobo pode chegar. Afinal, foram vítimas do Holocausto, na Alemanha, onde 6 milhões de judeus e outras minorias, como os ciganos, foram mortos escala industrial pelo regime nazista. E tudo começou com o discurso de ódio de Hitler.

Abaixo, comunicado da Anti-Defamation League, uma das principais entidades judaicas dos EUA:

“Mr. Trump’s plan to bar people from entry to the United States based on their religion is unacceptable and antithetical to American values.  The U.S. was founded as a place of refuge for those fleeing religious persecution, and religious pluralism is core to our national identity. A plan that singles out Muslims and denies them entry to the U.S. based on their religion is deeply offensive and runs contrary to our nation’s deepest values. In the Jewish community, we know all too well what can happen when a particular religious group is singled out for stereotyping and scapegoating. We also know that this country must not give into fear by turning its back on its fundamental values, even at a time of great crisis. As we have said so many times, to do otherwise signals to the terrorists that they are winning the battle against democracy and freedom.”

Lembro que, além de Netanyahu, Dick Cheney, ex-vice-presidente dos EUA, também condenou as declarações de Trump. O mesmo vale para Paul Ryan, presidente da Câmara dos Deputados e principal político republicano dos EUA. Portanto, não dá para dizer que se trata de algo de “esquerdistas” a condenação. Trata-se de condenações de pessoas que possuem valores, diferentemente de Trump.

Também recomendo ler as declarações de Muhammad Ali, um dos maiores atletas da história dos EUA, e Kareen Abdul-Jabbar, um dos maiores jogadores de basquete, sobre os recentes ataques contra muçulmanos por parte de Trump. Ambos são muçulmanos e americanos.

Guga Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

Guga-ChacraGustavo Chacra – Estadão

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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