Curitiba do muito pinhão. Curitiba cidade-teste. Curitiba aldeia de ares provincianos. Curitiba urbe de 296 anos. Curitiba modelar em planejamento urbano. Curitiba ponto de luz universal. Curitiba das tantas sociedades filosóficas, operárias, beneficentes, culturais. Curitiba dos imigrantes múltiplos, dos migrantes sem fim. Curitiba dos curitibanos.
É da Curitiba de seu povo, que fala “leite quente”, escandidamente, com peculiaridade única, que tratam as Edições Leite Quente. No lançamento, o tema é “Nossa Linguagem”, neste tempo em que linguagem é modo de se expressar e de se comportar. Quando linguagem é tudo.
Quem trata do assunto é Paulo Leminski, curitibano e polaco, poeta e lingüista, talento múltiplo de muita perseverança e autodidatismo – completando ou substituindo o saber formal. Leminski o faz como “viagem de leve, em asas de andorinha isto “antes que o leite esfrie “.
Edições Leite Quente são ensaios sobre o caráter curitibano. São formas de desvendar o mistério das singularidades com que se processa a vida nesta mui leal Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinliais, recém-dita como das três melhores cidades do mundo para o ato de viver com qualidade.
Leminski passeia pela nossa linguagem, contra-pondo o velho e o novo, brincando – e inventando nomes de época – com as poses das gerações do passado e da contemporaneidade.
Outros “Leite Quente” virão, explicando á luz de elementos históricos e de percepções individuais o singularíssimo modo de ser curitibano. Quando não por mais, para que todo forasteiro seja bem vindo e possa penetrar com maior facilidade no mistério desta Curitiba de 296 anos.
Maí Nascimento Mendonça, Diretora de Patrimônio Cultural (março, 1989)