Pedágios, a história se repete?

Segundo a operação Lava-jato foram 20 anos de corrupção e os desvios chegaram a 8,4 bilhões de reais por meio de supressões de obras rodoviárias e aumento de tarifas em concessões.

Resumo da roubalheira: ninguém foi preso, tudo acabou um acordão de leniência e plaquinhas de desculpas nas estradas, com a real possibilidade de que os mesmos donatários continuem no domínio das novas concessões.

Como ficaram as obras que deverão ser executadas?

Se os contratos forem encerrados como ficam estas obras futuras?

O governo Temer editou uma medida provisória para resolver isto com a invenção da re-licitação, serviu muito bem para o estado do Rio de Janeiro e outros.

Neste conjunto de ações legislativas foi criada a arbitragem pública para as novas concessões e para afastar o perigo de liminares do poder judiciário e das auditorias dos Tribunais de Contas, e fundamentalmente, afastar o povo disto tudo.

Nomeiam-se advogados privados das empresas concessionárias para que eles decidam as pendências milionárias.

Não se fala em pedágio público para ser administrado por empresas públicas e nem no rigor das bilhetagens das cancelas que são a enorme caixa preta para ocultar os valores arrecadados.

Os primeiros e segundos contratos foram feitos com muitos, mas muitos direitos e pouquíssimos deveres para tornar o negócio atraente e fizeram nascer bilionários, que, atualmente, nem mais residem no Brasil.

Agora quem quer abocanhar as praças de pedágios é o mercado financeiro, e os alguns barões que já enriqueceram às custas de contratos mal feitos e uma modelagem altamente lucrativa com baixíssimo retorno ao povo e tarifas nada módicas.

Também por longos décadas jamais tivemos agência reguladora, com o DER completamente desmontado. Diferente de outros estados que possuem estradas duplicadas com até quatro ou mais vias por sentido.

Os novos modelos são de total interesse do governo federal e seus representantes financeiros e são eles que prevalecerão no Estado. É apenas questão de tempo.

De novo, o povo ficará completamente fora do debate, mas pagará a conta no final, sempre alta.

Ninguém fala em plebiscito para saber se o povo paranaense quer ser espoliado por mais vinte ou trinta anos com pedágios, pois somente assim saberíamos qual o desejo de quem sustenta o Estado do Paraná e esta máquina de fazer fortunas.

Abrir para o povo dizer “sim” o “não” para a continuidade dos pedágios e instalar uma ampla discussão sobre os modelos e sobre as oligarquias que querem se assenhorar das estradas paranaenses é o mínimo que uma democracia deveria fazer.

Havia um projeto de plebiscito para os pedágios na Assembleia Legislativa, mas foi arquivado. Como afirmou o ministro do meio ambiente, em meio à pandemia, devemos passar a boiada.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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