Neutralidade climática significa que todas as emissões de gases de efeito de estufa serão compensadas ou capturadas, de forma que a contribuição do país para o aquecimento global seja zero.
Na prática, o presidente deixou o trabalho real para seus sucessores, pois não anunciou uma nova meta intermediária e manteve a ‘pedalada de carbono’ praticada pelo governo em dezembro de 2020.
Na Cúpula de Líderes sobre o Clima, Bolsonaro citou o princípio de “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, segundo o qual o maior fardo do combate às mudanças climáticas cabe aos países ricos. O mesmo princípio foi citado hoje pelo ditador da China, Xi Jinping, que não anunciou metas novas.
No restante do discurso, Bolsonaro repetiu metas já anunciadas, inclusive eliminar o desmatamento ilegal até 2030.
Em dezembro de 2020, o Brasil apresentou à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) uma atualização da sua meta. Em números, a meta do governo Bolsonaro foi a mesma apresentada por Dilma em 2015, antes do Acordo de Paris: reduzir as emissões em 43% até 2030, comparadas com os níveis de 2005.
Porém, o governo não atualizou a base de cálculo, o que na prática permite chegar a 2030 emitindo cerca de 400 milhões de toneladas de a mais do que o prometido por Dilma.
O Observatório do Clima chamou a jogada de Bolsonaro e Salles de ‘pedalada de carbono’.