O que venho captando é a fina percepção de que o juiz Sérgio Moro não foi a brastemp sonhada no interrogatório do ex-presidente Lula. Analista de peso, Clóvis Rossi, na Folha de S. Paulo, deu-se ao trabalho de levantar questões que o juiz deveria ter apresentado a Lula e não o fez. E nelas se vê que fariam o contraponto adequado às evasivas do réu. Não há espaço aqui para analisar o interrogatório. Basta ficar num momento dele.
É o momento em que Moro pergunta a Lula se este se ‘sente’ responsável pelos fatos da Lava Jato. Pergunta subjetiva, irrelevante, inócua para a apuração da verdade – a verdade real, buscada no processo. Na hora lembrei dos júris do cinema norte-americano, nos quais esse tipo de pergunta é indeferido pelos juízes, exato pelo seu marcado subjetivismo. Em outras palavras, faltou objetividade no interrogatório de Lula.
A audiência de Lula resgata-me uma conclusão, extraída na advocacia: os juízes federais não são bons interrogadores como os juízes do trabalho e os juízes estaduais das áreas cível e criminal. Os federais trabalham preponderantemente com matérias com pouca ou nenhuma necessidade das provas orais, a testemunhal e o depoimento pessoal. Já os outros fazem isso como rotina; vão direto ao ponto central, o cerne do processo.