No jardim de Torquato O novo ministro da Justiça começa como os outros ministros da Justiça do governo Michel Temer: renegando as palavras do passado. Jardim relativiza o que disse sobre a chapa Dilma/Temer no TSE – eleitos juntos, caem juntos; jura amor à PGR e à Lava Jato depois de ter criticado as “prisões intermináveis”. Quando envereda pelo original conta história para Friboi dormir: Osmar Serraglio foi para o ministério da Transparência por ser professor de direito administrativo. Se é assim, por que não está lá desde que saiu da câmara?
E desde quando professor de direito administrativo, só por ser professor de direito administrativo, tem qualificação para cargo político? Aliás, o político Osmar Serraglio sequer mostrou qualificação para ministro da Justiça, cargo essencialmente político. De útil no bolodório de Torquato Jardim apenas saber que Serraglio é professor de direito administrativo. Aviso aos navegantes: Serraglio não é professor concursado de direito administrativo, mas dono da escola onde leciona.
Essa brava gente brasiliense não cansa de abusar de nossa burrência. Até a caixa de isopor da Friboi sabe que Osmar Serraglio só continua no ministério graças a uma especial qualificação: seu foro privilegiado que passou para seu suplente, o deputado-afastado Rodrigo Rocha Loures. Ao invés de matar dois coelhos – Serraglio, tido como inepto, e Loures, tido como trapalhão -, Temer mantém os dois. Motivos, seja de eficiência, seja de moralidade, ele teria. Teria, mas não tem, porque se demite os dois antecipa sua sentença de morte.
Lágrimas de crocodilo Michel Temer chispou para Alagoas, levando ministros e assessores. O que faz o ministro da Justiça na vistoria de calamidade? Nada. Mas faz muito na ida e vinda com o presidente no avião presidencial: dá consultoria sobre o processo contra Temer no TSE. Conforto para as vítimas da calamidade, nenhum – nem espiritual, porque o espírito de Temer está longe, bem longe; nem material, porque boa parte do dinheiro será desviado no trajeto pelos corruptos de sempre, que nem em nome da desgraça perdoam a propina e a comissão. Mas o agrado ao governador Renan Calheiros Filho compensou, pois Renan Calheiros pai elogio Temer no Senado ontem.
Se correr o bicho pega O ministro Osmar Serraglio ainda volta para a câmara dos deputados e o guarda-chuva do foro privilegiado. É que a Operação Carne Fraca, que investiga o Ministério da Agricultura a partir de traficâncias na superintendência de Curitiba, começa a molhar as canelas de Serraglio. Se ficar, o bicho pega Serraglio; se correr, o bicho pega Rodrigo Rocha Loures, suplente de Serraglio.
A frase do dia “Tenho habilidade para governar” – Michel Temer em entrevista para jornalistas estrangeiros, ontem. Tem toda razão. Quem não tem habilidade são os assessores, mensageiros, amigos, mesmo os de boa índole.
Rogério Distéfano