Pâmela Bório, ex-primeira-dama da Paraíba, deu parte na polícia para investigar e punir quem vazou fotos íntimas suas. Como é ex, não mereceu o tratamento VIP, prioritário e célere do secretário da Segurança, como aconteceu em episódio idêntico com Marcela Temer, atual primeira-dama da República. Quem não tem padrinho morre pagão: o hacker das fotos de Marcela foi descoberto em poucos dias e em poucos dias denunciado, julgado e condenado. De quebra, o secretário da Segurança em poucos dias foi alçado a ministro da Justiça e em outros poucos dias à dignidade vitalícia de ministro do STF.
A ex-primeira-dama da Paraíba lembra vagamente Grazi Massafera. É também uma fera. Armou barraco de unhadas e tabefes com a irmã e a sobrinha do governador, na granja oficial. Mais baixa que Marcela e de beleza mais marcante e expressiva, Pâmela tem a vantagem de ser jornalista de formação e profissão, com domínio das redes sociais. Portanto, quando Pâmela põe a boca no mundo, põe a boca no mundo. Com ela não tem disso de “bela, recatada e do lar”. É bela, muito bela, só bela. Mas como jornalista, Pâmela nos deve a informação fundamental: o que continham as fotos íntimas?
Como blogueiro sinto-me jornalista, meia colher, tipo aprendiz de pedreiro. Pâmela, como jornalista, entenderá minha curiosidade, pois a primeira lição do jornalismo, a regra do lide, impõe que a notícia identifique “o quê, quem, quando, como, onde, por quê”. Pâmela, assim como Marcela antes dela, não nos forneceram alguns e fundamentais itens dos hackings: o quê, o onde e o por quê. Quando, quem, quando, como estão implícitos, dispensam explicação. O quê também dispensaria, mas sendo as fotos íntimas, resta a dúvida, “o que foi fotografado?”; idem quanto ao “onde”, especificamente focado na parte fotografada.
O porquê é fundamental, pois remete a dimensões freudianas e antropológicas. Que adolescentes e subcelebridades façam fotos íntimas, os selfies, entende-se: exibicionismo puro. Que amantes apimentem o romance com fotos e mensagens, idem, faz parte. Mas uma primeira-dama, mesmo que assumidamente recatada, para que diabos se presta a fazer fotos íntimas? Dispenso-me, ainda em preito ao recato, de perguntar o que faltou à regra do lide – “para quem?” – pois suponho ter sido o marido o destino das fotos. Faltaria à regra do lide o “para quê?”. Mas conhecendo os políticos, nem precisaria perguntar.