Fecha-te, Sésamo

A ideia de jerico do momento, mudar para o parlamentarismo. Seis por meia dúzia. Sai o presidente Ali Babá e o governo será tocado pelos quarenta ladrões.

Basta surgir a grande crise que vem a grande solução. A grande crise Michel Temer seria resolvida pelo parlamentarismo: fica o presidente como a rainha da Inglaterra e o governo é tocado pelo primeiro-ministro, chefe do gabinete sustentado pela maioria parlamentar. Mudou o sistema, muda tudo?

Gabinete parlamentar com os parlamentares que temos! Pode ser como queriam os militares, que impuseram dois partidos. Para imitar a Europa, não seriam o conservador e o liberal, mas o ladrão e o barraqueiro, cuja diferença será só o barulho, porque ambos roubam. Mudam os nomes, permanecem os (mesmos) homens.

Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, que deixou o ministério Dilma e a prefeitura com as mãos limpas, insiste em referendo, que o povo seja ouvido. Ele acredita no povo, bendito seja. Dê-se o desconto, Haddad é o único petista com credibilidade para disputar a presidência. Também sabe que o povo acredita em messias.

Nos acostumbraste

Aumento de impostos, Michel Temer diz que “a população se acostuma”. Tem alguma razão, afinal a população se acostumou com ele. Interessante isso de “população”: é a quantidade de carneirinhos a caminho da tosquia.

Mogadon

Henrique Meirelles caiu no sono durante discurso de Michel Temer, em Buenos Aires. Tem explicação; trabalha demais. Mas se não tivesse, estaria absolvido: não há quem aguente ouvir o presidente sem dormir.

Moro & Newton

O juiz Sérgio Moro pode ser, digamos, elástico na aplicação da lei criminal. Mas tem uma lei que com ele é rígida, a terceira lei de Newton. Vem aí, em agosto, o ‘tribunal’ das esquerdas, que irá julgá-lo pelas ‘maldades’ contra Lula. No dia seguinte – até no mesmo – haverá outro ‘tribunal’ para julgar Lula. Toda ação provoca reação igual, contrária e da mesma intensidade.

O rato roeu a cueca

O secretário Ratinho Júnior anuncia com pompa e circunstância que pavimentou mais de 5 mil km de calçadas no Paraná, distância entre Curitiba e Maceió. Não precisava: Curitiba já está perto de Maceió. Não pela calçada dos ratinhos, mas pelas ratoeiras dos ratões.

Na divulgação do feito o secretário recebe o espírito de Rafael Greca – sem sotaque, língua presa e ademanes – e se regozija com o conforto que as calçadas trarão “às mamães e seus carrinhos de bebê”. Como diria Ratinho Pai, isso é bolodório dos “cuecas de seda”.

Com amor se paga

O olhar aquoso, pastoso e embevecido da loira atrás do líder não é simples adoração, idolatria, interesse, gratidão. É amor. Amor à flor da unha.

Efeito colateral

O australiano transplantou o dedão de seu pé para substituir o polegar perdido em acidente. Se não tiver rejeição vai funcionar. Mas que pode causar um tremendo chulé na mão.

Rogério Distéfano

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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