PRIMEIRO, a moça era herdeira do banco suíço. Depois mudou um pouco, herdeira de acionista do banco. A moça não é suíça, sim periguete paulistana. Mas rendeu notícia ao prometer R$ 500 mil para o ex-presidente Lula, que está com dinheiro bloqueado na Justiça. Lula não precisa disso, pois desde que começou a ser Lula o PT paga-lhe todas as contas – e depois de santificado como Lula quem paga é você, eu e a Odebrecht.
A “herdeira do banco suíço” não sabe nada disso, só se informa pela revista Caras, mas sacou o lance para aparecer. Sua doação, no entanto, não é tudo em dinheiro; parte são joias, os sapatos de sola vermelha e as bolsas com alça de metal dourado, distintivos de peruas. Tudo coisa usada, com cheiro de naftalina. Nisso de repassar coisa usada, a moça opera no modo sinhazinha, que sobrevive na república.
Modo sinhazinha é quando a patroa se desfaz de badulaques repassando-os à empregada. Resolve o seu problema e o da empregada. Ela faz caridade e tem motivo para comprar coisas novas. A empregada desfila na vila vestida de madame ou vende os badulaques no brechó, o mais inteligente, se for inteligente. Marisa Letícia, no fino vocabulário pós primeira dama, mandaria a periguete enfiar tudo no c*.
Nossa periguete não faz ironia nem sarcasmo. Porém trata Lula como empregado, repassando-lhe as sobras do clóset. Ainda que não quisesse, deu-lhe um tapa na cara com as bolsas Lui Vomiton, um chiste poético à Bolsa-Família. Mesmo que aceitasse as miçangas oferecidas, Lula não teria onde guarda-las: ele devolveu o depósito, pago pela Odebrecht, onde armazenava os presentes que recebeu quando no governo.