ESTA SEMANA foi dos advogados. E dos juízes, uns não vivem sem os outros. Os advogados apanharam mais que “cachorro de índio” – ouvi do candidato a senador Álvaro Dias quando no seu primeiro partido, aquele que perde o ‘p’ para continuar nos fazendo tomar no ‘c’. Começo pelos advogados de Lula, que perderam mais um round no adiamento-presenciamento das audiências do messias do ABC. 

A palma vai para os juízes, e nem falo daquele juiz de Mato Grosso que expôs a classe. Vai passar, sempre passa, dá-se um jeito no contracheque e continua la même chose. O homem da hora é o juiz do mal – ou do bem, questão de gosto -, Gilmar Mendes, que quando o colega Sérgio Moro diz ‘a’ sem mostrar os dentes, ele berra ‘b’, com cara de azedo, mostrando os dentes.

Gilmar bateu nos juízes-marajás, categoria a que ele não pertence, ao que parece, pois não “substituiu na entrância”, como os de Mato Grosso. Bateu ainda no juiz do Rio que mandou prender duas vezes o empresário que Gilmar soltou duas vezes. O novo código de processo penal, em discussão no Congresso, terá que criar o recurso-Gilmar: ressoltar e reprender.

Que dizer do juiz trabalhista de Brasília que passou o sabão na advogada – sentido figurado, não o de Roberto Carlos – que falava na tribuna. Disse que ela estava ali vestida de camiseta, ferindo o decoro. Um vexame para ele, deve ter perdido a concentração com o exemplar moreno-índio ali presente. Ela usava vestido com alças, justo no busto, mais para festa de São João que para tribunal.

(Cara sem noção esse juiz. Tenho esses amigos, ele desembargador, ela advogada, namorados e fetichistas de Têmis, a deusa da Justiça. Os dois adoram fazer amor vestidos a caráter, ele de toga, ela de beca, a mesma coisa com nomes diferentes. Debaixo de toga e beca, Adão e Eva mais a serpente. Nada de balança e espada, que atrapalham. Mas não dispensam a venda nos olhos.)

Não vou elogiar juiz, porque juiz é como a criança que quando os pais pedem uma gracinha, apronta na frente das visitas. Mas beijo as mãos da juíza de Brasília que mandou o advogado do Banco do Brasil reduzir para trinta a petição de cem laudas. Matéria batida, disse ela. Advogado escreve demais, isto aqui é prova. Devia mandar reduzir para cinco laudas. E eu para dois parágrafos.

Rogério Distéfano

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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