“BOLSONARO é o retrato do analfabetismo político do país”. Você tem uma única chance para dizer o autor da frase. Claro, foi Lula, que sacou um Brecht da cartola: Nordeste, semana passada, na sua caravana-comício. Não há como discordar – completamente. Mas também não dá para concordar – completamente. Vamos por partes.
Lula disse a maravilha na região do maior número de analfabetos do Brasil, o Nordeste. Esperto, ele acrescentou o ‘político’ ao ‘analfabetismo’. Significa que há o analfabeto das letras e o analfabeto da política, que podem ser excludentes. Não fossem excludentes, Lula nunca chegaria sequer a presidente do sindicato.
Será que é isso, Bolsonaro o resultante do analfabetismo político? Só ele, ninguém mais. Na formulação de Lula, neste momento, só Bolsonaro. Por quê? Simples: ele quer se contrapor como opção ao ex-capitão direitista, estimulando o medo ao retorno da ditadura. Outro candidato aparecesse, Lula sacaria outro terror.
Claro que os amantes de Bolsonaro têm um parafuso a menos, o homem não tem o menor equilíbrio para ser presidente. Acredita nele a classe média raivosa, cega e recalcada e os cadetes da Escola Militar das Agulhas Negras. São, sim, analfabetos, em todos os sentidos, porque não conhecem ou esqueceram nossa História.
E os amantes de Lula? São como os de Bolsonaro, com um agravante: entre eles há intelectuais, pensadores, filósofos, doutores, gente muito distante do analfabetismo. Se tudo que vem à tona dos treze anos da era Lula não lhes ensinou nada, seu caso é pior que o mero analfabetismo político. O outro tem cura, este, não.