ELE NÃO QUERIA, ou se queria tinha medo de agir. Os aliados exigiram e Michel Temer demitiu afilhados de deputados que votaram contra ele no processo da câmara. Questão de justiça e utilidade para os aliados, para quem faltam cargos e sobram afilhados. Feio para Temer, para os aliados que cobraram as demissões, para os padrinhos ou para os afilhados?
Feio para os que venderam e não entregaram a mercadoria, os deputados que nomearam afilhados e votaram contra Temer. Feio para os afilhados, que continuaram, cara de paisagem, a fruir as sinecuras. Quem exigiu e quem demitiu agiu na estrita lógica do comércio político: eu pago, você entrega. Quem votou contra atuou fora da ética: vendeu, tinha que entregar.
Nem precisamos cair no complexo de vira lata e sacar que o Brasil inventou a bandalheira da troca de apoio pelos cargos. Isso veio do parlamentarismo e é conhecida no presidencialismo dos EUA como o spoils system: quem está no poder o compartilha com os aliados. O que nos diferencia dos inventores foi o aperfeiçoamento. Para eles é o poder de pôr em prática o projeto político.
Nosso spoils system também visa ao controle do poder. De igual para avançar projetos. Aqui, no entanto, a diferença. Os inventores fazem do projeto político sua visão de mundo, até para a engenharia social. Aqui o projeto é pessoal, de estrito proveito e lucro pessoais. Tem orientação individualista, de benefício utilitário, material do homem político. Imoral, claro.