Pequeno dicionário da ditadura

Deixa para lá: expressão que traduz a tentativa de conciliação histórica sobre o evento da ditadura, mas que permanece, historicamente, aberto;

Desconhecimento histórico: traduz o baixo nível intelectual ou desconhecimento de pessoas que não estudaram a história recente do país e que defendem bandeiras autoritárias e regimes de exceção;

Desindustrialização: movimento econômico que transforma o país em plantation, isto é, exportador de grãos e alimentos, com o término dos investimentos na pesquisa científica e na indústria nacional, em síntese, transforma o Brasil numa colônia agrícola;

Ditadura nunca mais: livro clássico que descreve eventos, vítimas e algozes da ditadura;

Filhotes da ditadura: expressão cunhada por Leonel Brizola, político brasileiro, que designava as pessoas, famílias e os grupos econômicos que se aproveitaram e engordaram economicamente na ditadura com toda sorte de benesses e privilégios;

Golpe de 1964: movimento empresarial, militar e civil, apoiado pelos EUA que depôs um governo democrático, pelas armas, assassinou, exilou, desapareceu e torturou centenas e milhares de pessoas e que durou até 1985, sem finalizar com uma justiça de transição;

Homenagens póstumas: estátuas em homenagens a ditadores, torturados e apoiadores do regime de exceção, com nomes de ruas, de prédios públicos e particulares, avenidas, títulos de cidadania honorária e outros que elogiam esses personagens;

Justiça de transição: nunca houve no Brasil, isto é, os crimes contra a humanidade, praticados no regime de exceção, permanecem impunes. Em países como Argentina, Uruguai, Chile houve uma justiça de transição que julgou os ditadores e os servidores do regime;

Liberdade de expressão: termo que define a possibilidade do livre exercício de opinião que, em regimes de exceção, é suprimida e combatida com o fim de preservar o regime;

Negacionismo: traduz postura que nega os postulados da ciência e da história, ver pandemia;

Pandemia: palavra que diz respeito a ampla disseminação de doenças, associado ao negacionismo da ciência, das vacinas, do uso de máscaras, do isolamento social e outras medidas científicas. Na ditadura ocorreu um surto de meningite que foi abafado pelas autoridades da época;

Pau de Arara: instrumento de tortura, assim como baldes de afogamento, e tantos outros que foram utilizados na ditadura militar e que são, normalmente, utilizados por regimes de exceção;

Primeiro de abril: dia que ocorreu o golpe militar no Brasil em 1964, que foi antecipado na narrativa histórica para o dia 31 de março para não cair, justamente, no dia da mentira;

Revolução de 1964: contra narrativa histórica que tenta legitimar um golpe em estado democrático chamando-o de revolução.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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