Poeminha primaveril


É Primavera e eu nem notei.

Esse perfume na brisa é sem par:
há menos lixívia negra no ar…
Com o brilho das águas do rio apodrecido,
a poluição ganhou maravilhoso colorido.

Esse clima da Natureza é fantástico:
serão os canteiros das flores de plástico?
Ou as aves que voam em debandadas,
a fazer ninhos nas árvores podadas?

Esse verde das ruas é encantador:
o musgo das sarjetas já desabrochou…
Frutas e verduras também deram vida,
Como se houvesse nelas novo pesticida!

Esse sol que vem cedinho nos iluminar:
quase faz esquecer a ameaça nuclear…
E os desertos crescendo ao nosso redor,
têm um não-se-quê de mal menor.

Essa estação é toda feita de paz:
é mais suave a extinçăo dos animais…
E as pessoas matam com todo carinho,
os semelhantes que atravessam seu caminho.

É Primavera e eu não notei.
Como eu sou insensível.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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