Poesia de pai pra filho

Foto Pedro Seráoio/Gazeta do Povo.

Todo dia útil da semana eu escrevo um pequeno texto poético para meu filho. Este hábito, hoje indispensável, nasceu de uma mudança de outros hábitos. Passava as manhãs com o meu filho e gostava muito. Cafés, conversas, brincadeiras, ajuda nas tarefas escolares. A deliciosa rotina foi quebrada. Meu início de trabalho mudou da tarde para a manhã, para as 8 horas. O contato diário foi cortado. Fiquei triste e imaginei que o filho também. Procurei compensá-lo.
Lembrei de um livro escrito pelo publicitário e escritor Elói Zanetti, chamado O Nó do Afeto. No livro, ele conta a história de um pai que não tinha tempo de ver o filho e passou a fazer um nó no lençol da cama da criança para dizer que ele havia passado por ali. Eu então passei a deixar recados a cada manhã. Nesta nossa brincadeira, a coisa começou ainda sem tomar a forma de poesia.
Era (e ainda é), uma brincadeira com algumas rimas. O filho está aprendendo a ler e por isso os recadinhos são curtos, diretos, simples. Depois, quando vi que ele já lia sem muitos problemas, a brincadeira foi ficando um pouquinho mais complexa, com textos maiores. A primeira destas brincadeiras, destes recados, deste carinho rimado, foi o seguinte: Tito Bonito Pula mais Do que Um Cabrito Atrás da folha com este primeiro recado, o filho escreveu: Já que você é um perito me explique o que é um pito. Depois, no segundo dia, mais uma brincadeirinha, desta vez sobre o costume dele de acordar e não querer trocar de roupa logo: Tito Papai te ama e aposta que você ainda está de pijama. Ao ler o recado, segundo relato da mãe, ele correu de volta para o quarto, trocou de roupa rápido, como nunca havia feito na vida e então escreveu ao final do recadinho: “ERROU”. Assim começou toda a brincadeira. Uma forma de comunicação sem muitas regras, livre e espontânea. Por vezes, o filho pede um tema para eu escrever. Na maioria das vezes eu vou inventando rapidinho enquanto tomo café.
É coisa que vem na hora e não posso demorar mais que 15 minutos, pois senão perco o ônibus e chego atrasado ao trabalho. Começou assim e a essa altura já são mais de 50 textinhos. Resultado, decidi repartir esses momentos e criei mais um blog. Quem já me leu por aqui neste espaço sabe que tenho outros dois blogs, o “Sobretudo”. Agora, surgiu então o “Poesia de pai para filho”.
Nele, farei apenas uma ou outra correção que se mostre necessária, mas a idéia é manter o espírito de espontaneidade e, por que não, urgência na comunicação de pai para filho. Poeminhas que faço correndo enquanto tomo café. No blog, divido com vocês esse pouquinho de carinho rimado de pai para filho. Espero que gostem.
Luiz Claudio Oliveira é editor da Gazeta do Povo Online

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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