Polônio Radioativo.

Estou alarmado com a descoberta de polônio radiativo em inúmeros locais da Europa. Significa que nós, paranaenses, estamos enrascados. Depois que passei por Prudentópolis na semana passada, onde encontrei diversos polônios, comecei a me sentir fraco, passei a ter delírios de espião russo. Estou neste momento internado no Hospital de Clínicas, realizando exames.

Mas já não tenho esperanças. No leito ao lado deitaram um polônio vindo de Mallet, cujo me parece em piores condições que eu. A contaminação será fatal. O médico perguntou-me se estou perdendo cabelos. Fui obrigado a reconhecer que sim, ainda que este mal venha acontecendo há anos. Talvez tenha sido resultado do breve namoro que tive com uma polônia, há coisa de duas décadas. Significa que há 20 anos estou envenenado. E envenenando amigos, mulher, filhos, parentes. Nenhum inimigo, com certeza, visto todos estarem no, desculpem, gozo de boa saúde.

Peço, encarecido, que os leitores deste blog evitem contatos com polônios. O verdureiro que aparece toda semana lá em casa foi corrido ontem a vassouradas pela nossa empregada, felizmente afro-descendente. Soube que um polônio morador do Abranches foi ameaçado de ser queimado no forno da olaria em que trabalha.

Despeço-me, porque agora foi-me dada a sentença de morte. No leito do meu lado esquerdo acaba de ser colocado um italiano, de nome Scaramella, Scaravelha, Scaralhos me fodam: não foi um italiano de nome assim que jantou com o espião russo?

Adeus.

Ernani Buchmann.

Desde já lamentamos sua partida precoce.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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